Ana Lucia Vieira dos Santos | UFF - Universidade Federal Fluminense (original) (raw)

Papers by Ana Lucia Vieira dos Santos

Research paper thumbnail of Caderno de resumos do II Colóquio Internacional A Casa Senhorial: anatomia de interiores

Research paper thumbnail of Grandjean de Montigny e os negociantes: a praça,o arquiteto e a clientela

Gosto neoclássico: atores e práticas artísticas no Brasil no século XIX., 2019

Esta apresentação é uma contribuição aos estudos empreendidos pelalinha de pesquisa O gosto neoc... more Esta apresentação é uma contribuição aos estudos empreendidos pelalinha de pesquisa
O gosto neoclássico , que tem entre os seus objetivosconsiderar as condições de desenvolvimento do gosto neoclássico no Brasil, os fatores e agentes responsáveis por sua valoração, em meioà complexa sociedade brasileira da primeira metade do século XIX. O artigo aborda a construção do edifício da Praça do Comércio, oprimeiro exemplar do neoclassicismo erguido por Grandjean deMontignyno Rio de Janeiro,e dialoga com a rede de sociabilidade e oshábitos de moradia dos negociantes de grosso

Research paper thumbnail of Tratar-se à lei da nobreza

CLAECQ/UPel, 2017

Este artigo apresenta um estudo, a partir de fontes diversas, de reforma de um palacete situado à... more Este artigo apresenta um estudo, a partir de fontes diversas, de reforma de um palacete situado à Rua do Passeio, esquina com a Rua das Marrecas, encomendada pela família Oliveira Barbosa a Grandjean de Montigny, ainda no início da estada do arquiteto no Rio de Janeiro.

Research paper thumbnail of Gosto Neoclássico: Grandjean de Montigny e a arquitetura no Brasil (1816-1850). Inventário e Questões de méto

Escola de Belas Artes, 2016

Esse artigo apresenta o estágio atual do projeto de pesquisa Gosto Neoclássico: Grandjean de Mont... more Esse artigo apresenta o estágio atual do projeto de pesquisa Gosto Neoclássico: Grandjean de Montigny e a arquitetura no Brasil (1816-1850), que visa sistematizar fontes biobibliográficas sobre a trajetória de Grandjean de Montigny. Desenvolvido em parceria pelos grupos de pesquisa Museu casa: memória, espaço e representações, da Fundação Casa de Rui Barbosa e Laboratório de Estudos Urbanos (leU) do Programa de Pós-Graduação em Urbanismo da Faculdade de Arquitetura da UFRJ, o projeto traz subsídios tanto para a discussão interdisciplinar da cidade oitocentista e do movimento neoclássico no Rio de Janeiro quanto do pensamento urbanístico no Brasil, temas que norteiam as investigações das duas instituições envolvidas

Research paper thumbnail of A CIRCULAÇÃO DE MATERIAIS, TÉCNICAS E MODELOS NO IMPÉRIO COLONIAL PORTUGUÊS: PRIMEIRAS ABORDAGENS.

Anais 3o. CIHCLB, 2019

Esta comunicação se insere em pesquisa luso-brasileira que busca encontrar e analisar elementos c... more Esta comunicação se insere em pesquisa luso-brasileira que busca encontrar e analisar elementos comuns em casas brasileiras, portuguesas e goesas. A circulação de técnicas e elementos culturais no vasto império colonial português é um tema ainda com lacunas no que diz respeito à construção. Nesta pesquisa buscamos desenvolver e contextualizar essas trocas culturais a partir de quatro linhas de investigação: a varanda e suas variações tipológicas; a casa pátio; a casa grande das fazendas brasileiras de piso térreo sobre elevado com varandas corridas; a circulação de profissionais da construção, funcionários régios e eclesiásticos, bens e costumes. O primeiro problema a ser enfrentado é a quase impossibilidade de encontrar edifícios residenciais dos primeiros tempos da colonização, o que nos levou a situar a pesquisa nos séculos XVIII e XIX. No entanto, fez-se necessário recolher e organizar dados do início do período colonial, especialmente em fontes textuais como tratados, inventários, documentos da administração colonial, teses e dissertações. A compreensão dos materiais e técnicas construtivas disponíveis no momento do contato cultural é indispensável para o estabelecimento dos diversos fluxos de circulação de informações. Da mesma forma, busca-se conhecer os hábitos e sistemas de crenças que influíram na conformação do espaço doméstico. Está sendo organizado um banco de imagens desses edifícios mais antigos, ainda que em ruínas, de forma que se possam avaliar seus aspectos construtivos, definir o núcleo original da edificação e eventuais acréscimos, perdas e modificações. Apresentamos neste trabalho os primeiros resultados da pesquisa, e discutimos aspectos metodológicos que a interpretação das fontes impõe.

Research paper thumbnail of TH. MARX, UM ARQUITETO NA CORTE DE D. PEDRO II

Anais 3o. CICLB, 2019

Esse artigo comenta a trajetória do arquiteto, nascido no Grão-Ducado de Baden, Theodor Heinrich ... more Esse artigo comenta a trajetória do arquiteto, nascido no Grão-Ducado de Baden, Theodor Heinrich Marx (1833-1890), auto- denominado Th. Marx, que esteve no Rio de Janeiro de 1856 a 1867, quando serviu com destaque na Casa Imperial. Por meio de documentação localizada na Biblioteca Nacional, no Iphan e no arquivo do Museu Imperial pode-se situar sua presença em meio a arregimentação de mão de obra especializada para atender a cidade do Rio de Janeiro em momento em acelerada expansão, bem como compreender melhor sua atuação junto às obras da Casa Imperial. A pesquisa tem por objetivos conhecer a trajetória pessoal e profissional de Theodor Marx, formado pela Escola Politécnica de Carlsruhe; compreender sua atuação junto às obras da Casa Imperial, e, em especial, na Quinta da Boa Vista, e melhor identificar e classificar o extenso espólio de desenhos existentes na Biblioteca Nacional, com cerca de 170 itens, atribuídos ao arquiteto. A motivação inicial do estudo é dar continuidade à construção de biografias dos profissionais atuantes no Brasil do século XIX, iniciada no projeto A casa senhorial em Lisboa e no Rio de Janeiro, de modo a conhecer melhor a configuração do campo profissional, formado por arquitetos e engenheiros nacionais e estrangeiros. Nesse caso, o espólio de desenhos técnicos produzidos ao longo da extensa empreitada de nove anos em que Marx atuou nas obras da Casa Imperial constitui um singular registro sobre a prática projetiva e construtiva no período. O estudo envolve pesquisa de fontes genealógicas e arquivísticas junto a instituições alemães, bem como a consulta a periódicos de época, relatórios da Casa Imperial, correspondências e o espólio arquitetônico já mencionado. Como resultados, espera-se consolidar a identificação do conjunto de desenhos, bem como estabelecer a trajetória do arquiteto no Brasil.

Research paper thumbnail of Gosto Neoclássico: Grandjean de MontGrandjean de Montigny e a arquitetura no Brasil (1816-1850). Inventário e Questões de método

Histórias da Escola de Belas Artes: revisão crítica de sua trajetória EBA/CLA/UFRJ, 2016

Esse artigo apresenta o estágio atual do projeto de pesquisa Gosto Neoclássico: Grandjean de Mont... more Esse artigo apresenta o estágio atual do projeto de pesquisa Gosto Neoclássico: Grandjean de Montigny e a arquitetura no Brasil (1816-1850), que visa sistematizar fontes biobibliográficas sobre a trajetória de Grandjean de Montigny. Desenvolvido em parceria pelos grupos de pesquisa Museu casa: memória, espaço e representações, da Fundação Casa de Rui Barbosa e Laboratório de Estudos Urbanos (leU) do Programa de Pós-Graduação em Urbanismo da Faculdade de Arquitetura da UFRJ, o projeto traz subsídios tanto para a discussão interdisciplinar da cidade oitocentista e do movimento neoclássico no Rio de Janeiro quanto do pensamento urbanístico no Brasil, temas que norteiam as investigações das duas instituições envolvidas

Research paper thumbnail of ESTUCADORES PORTUGUESES NO RIO DE JANEIRO

RESUMO O presente artigo apresenta um panorama da atividade dos estucadores no Rio de Janeiro no ... more RESUMO O presente artigo apresenta um panorama da atividade dos estucadores no Rio de Janeiro no século XIX, com ênfase na atuação daqueles oriundos do norte de Portugal. A partir dos nomes de profissionais de projeção, buscaram-se fontes que permitissem acompanhar a evolução da referida atividade, localizar profissionais ainda desconhecidos e assinalar a introdução de novas técnicas e materiais de acabamento e decoração. O estudo encontra-se ainda em fase inicial, porém os resultados preliminares apontam para uma grande circulação de profissionais entre a Europa e as Américas. Sugere-se, por fim, um aprofundamento do estudo de manuais e catálogos bem como do histórico do ensino profissional das artes decorativas. PALAVRAS-CHAVES: estuque; artes decorativas; ornato ABSTRACT This article provides a panorama of the activity of stucco-workers in Rio de Janeiro in the 19 th century, focusing on the work of those who had emigrated from northern Portugal. Starting from the names of well-established professionals, we sought sources that might equip us with the means to trace the evolution of said activity, to locate professionals that remain unknown and to signal the introduction of new decoration techniques and materials. The study is still in its introductory stage, but preliminary results point to a substantial circulation of professionals between Europe and the Americas. We suggest, at last, that future research go deeper into the study of manuals and catalogues and into the history of the professional teaching of the decorative arts. KEYWORDS: stucco; decorative arts; ornament 1 INTRODUÇÃO Apresentamos o estudo, em fase preliminar, sobre a atuação de artífices estucadores no Rio de Janeiro na segunda metade do século XIX, compreendendo o quadro geral da aplicação do estuque na prática decorativa, a formação técnica, o mapeamento dos profissionais e serviços oferecidos, e a presença portuguesa no setor.

Research paper thumbnail of VILA SERRA DO NAVIO: “TOMBADA” Y SIN PROTECCIÓN.

4 RIGPAC, 2016

Villa Serra do Navio nació como una company-town de la minería en la década de 1950 en plena selv... more Villa Serra do Navio nació como una
company-town de la minería en la
década de 1950 en plena selva
amazónica brasileña. Fue diseñada
respetando los principios de la
arquitectura y el urbanismo moderno,
por lo que recibió en 2011, el máximo
grado de protección del patrimonio
nacional brasileño: el “tombamento”.
La experiencia del proyecto de
extensión realizado por la
Universidad Federal Fluminense en
2015 mostró que: la naturaleza y la
conducción del proceso de
conservación; no entender el
"moderno" como un patrimonio para
preservar; los problemas de la
administración local relacionados a la
transición de company town a la
ciudad abierta; la renovación casi
total de la población y sus nuevas
relaciones con el territorio, son
factores que dificultan la práctica de
la conservación del patrimonio en un
escenario de notables
transformaciones. Este trabajo
muestra que el hecho de ser
legalmente "tombada" no ha
garantizado, en la práctica, su
protección.

Research paper thumbnail of Grandjean de Montigny e os negociantes: a praça, o arquiteto e a clientela

GOSTO NEOCLÁSSICO Atores e práticas artísticas no Brasil do século XIX, 2019

Grandjean de Montigny e os negociantes da Praça do Rio de Janeiro: o arquiteto e a clientelaA com... more Grandjean de Montigny e os negociantes da Praça do Rio de
Janeiro: o arquiteto e a clientelaA comunicação pretende comentar os primeiros momentos de Grandjean de Montigny no Rio de Janeiro, e sua relação com os Negociantes do grosso, no período de 1816 a 1820, contexto da elevação do Brasil a parte do Reino Unido, e de transformações econômicas, políticas e sociais. Como se
sabe, os Negociantes de Grosso eram o principal segmento econômico da colônia, com controle de boa parte do comercio transatlântico e, em especial, o de escravos da costa da África. O grupo estabeleceu uma intensa relação com a Coroa, onde empréstimos de recursos e imóveis eram recompensados não só com cargos e mercês como, em especial, com interlocução para a definição das novas regras de comércio.
Estava em curso mudanças nas práticas e regras comerciais estabelecidas ao longo de séculos pelo pacto colonial, por força das pressões da Inglaterra que, por meio de tratados comerciais, impunha a internacionalização de produtos e serviços, com vantagens alfandegarias para seus negociantes, e o fim do tráfico negreiro.Nesse
período, a sociabilidade introduzida pela Corte, e a circulação de novos produtos importados – inicialmente ingleses, e depois, também franceses -, vinham modificando gradativamente os hábitos e costumes das elites. Homens e mulheres de famílias de negociantes aderiram aos novos modos de enobrecimento, e se inseriram junto a corte, por meio de títulos e cargos, sendo que D. Ana Francisca Rosa Maciel da Costa,
viúva de Brás Carneiro Leão, e mãe de Fernando Carneiro Leão, líder dos negociantes, recebeu o título de baronesa de São Salvador de Campos.Grandjean de Montigny teve negociantes como clientes na decorações efêmeras das cerimônias reais (recepção da
princesa Leopoldina e coroação de D. João VI) e na reforma de casas, como de Luiz de Sousa Dias e do Tenente General José de Oliveira Barbosa.E sua principal encomenda no período foi para o Corpo do Comercio, o ‘risco e execução” da Praça de Comércio,
desenvolvido entre 1819 e 1820, sob administração do negociante e comendador José Marcelino Gonçalves. O edifício estava destinado a abrigar o Tribunal do Comercio, instituído em 1811, e as reuniões do Corpo do Comercio, e havia sido antecedido pelo edifício da Praça do Comercio da Bahia, em 1816. Os custos da construção foram por
conta dos negociantes, por meio de subscrição, e do Banco do Brasil, que aplicou 168:356$433. Concluído para os festejos do aniversário do Rei, a 13 de maio 1820, o edifício foi visitado pela família real a 14 de julho de 1820, quando foi recebida pelo corpo dos negociantes e arquiteto apresentado ao rei.Devido a incidente político
ocorrido na Praça do Comercio, que resultou em mortos e feridos, levaram o Corpo do Comercio a abandonar o prédio. Em 1836, Grandjean de Montigny voltaria a colaborar com os negociantes, para a reforma de outro espaço para a Praça do Comercio.

Research paper thumbnail of Palácios imperiais do Rio de Janeiro no segundo reinado: transformações e novos padrões distributivos.

ACTAS DO III COLÓQUIO INTERNACIONAL A Casa Senhorial: Anatomia de Interiores, 2016

Quando o imperador D. Pedro I renunciou ao trono do Brasil e retornou a Portugal para restabelece... more Quando o imperador D. Pedro I renunciou ao trono do Brasil e retornou a Portugal para restabelecer seus direitos à sucessão naquele país, deixou no Rio de Janeiro seus filhos e diversas propriedades imobiliárias. Suas propriedades particulares foram objeto de longo inventário, complicado por outras heranças, como a de D. João VI e Dona Carlota Joaquina. Os bens da Coroa ficaram sob administração das sucessivas regências, com uso restrito devido a pouca idade dos príncipes, em especial do futuro imperador.
Por volta de 1837 esses edifícios começaram a necessitar maiores intervenções de conservação. É também nesse momento que começam as articulações para antecipação da maioridade do príncipe herdeiro.
Em 23 de julho de 1840 o jovem príncipe D. Pedro foi declarado maior de idade, para que pudesse assumir o trono do Brasil. A coroação aconteceu em 18 de julho de 1841. Em setembro de 184, ele já estava casado com a princesa Dona Teresa Cristina das Duas Sicílias.
As rápidas mudanças no status do jovem imperador e a criação de uma nova família real levaram a mudanças nos palácios, adaptando-os a novos modos de vida e de representação social e política da monarquia brasileira.
O acompanhamento das obras, bem como a criação do novo palácio de verão em Petrópolis pode ser feito através da documentação escrita. É possível constatar a introdução de novos usos, bem como mudanças na distribuição tradicional das casas senhoriais cariocas.A documentação também nos esclarece quanto a técnicas construtivas e materiais de acabamento, bem como indica os profissionais atuantes no projeto e execução das obras. O trabalho com relatórios de obras permite penetrar nas motivações e limitações que justificam as soluções adotadas, sejam elas definitivas ou provisórias.
Através da análise de casas da alta burguesia e nobreza do mesmo período, podemos avaliar a repercussão das escolhas imperiais, e seu potencial de induzir mudanças na casa carioca.

Research paper thumbnail of A família real e a introdução de novos usos na casa carioca

Anais do II Colóquio Internacional A Casa Senhorial: Anatomia dos Interiores, 2015

Este artigo examina as mudanças detectadas nas formas de morar do Rio de Janeiro após a transferê... more Este artigo examina as mudanças detectadas nas formas de morar do Rio de Janeiro após a transferência da Corte portuguesa para a cidade em 1808.

Research paper thumbnail of O inventário de Maria Thomásia: liberalismo e distinção

Anais do IV Colóquio Internacional A Casa Senhorial : Anatomia dos Interiores, 2017

A 7 de agosto de 1825, morre a senhora Maria Thomásia de Oliveira Gonçalves, mãe de filhos menore... more A 7 de agosto de 1825, morre a senhora Maria Thomásia de Oliveira Gonçalves, mãe de filhos menores, cujo inventário foi conduzido pelo viúvo. Ela era filha do comendador Tomás Gonçalves, “professo na Ordem Militar de Cristo e negociante desta praça”, considerado uma das maiores fortunas da corte, detentor de várias propriedades na cidade, inclusive na rua das Marrecas, falecido em 1817, e de D. Maria Angélica de Oliveira Gonçalves, que deu continuidades aos negócios como Viúva Gonçalves e filho. Seu marido era o tenente general José de Oliveira Barbosa, antigo Governador e Capitão-General de Angola, de 1810 a 1815, e que tivera atuação destacada nos primeiros momentos da Independência quando, entre 10 e 14 de novembro de 1823, como Ministro da Guerra, referendou o decreto que dissolveu a Assembleia Constituinte. Comendador da Imperial Ordem de Avis em 1813, ele receberia o título de Barão do Passeio Público, em 24 de outubro de 1829 e, finalmente, o de Visconde do Rio Comprido, em 18 de julho de 1841.
O casal morava em um amplo sobrado, situado na aprazível rua do Passeio, esquina com a rua das Marrecas, que havia sido reformado sob a orientação de Grandjean de Montigny, quando foi erguido um inovador hemiciclo.
A comunicação pretende comentar os itens que integram o inventário, na perspectiva da análise do estilo de vida das famílias em ascensão, o “tratar-se à lei da nobreza”, em meio à transição do Antigo Regime para o da consolidação de uma nação autônoma, momento de construção de uma nova ordem política e social trazida pelo constitucionalismo e a Independência.
O documento descreve as casas urbanas − o sobrado da rua do Passeio e outras casas da rua das Marrecas, e casas de chácara no Catumbi, com variado arvoredo, com mangueiras, parreiras, laranjeiras, limoeiros, pessegueiros, etc., 33 escravos que atendem as propriedades, identificados pelo nome, idade e habilidades para lidas rurais ou domésticas; as mulas, vacas e bois.
Quanto aos objetos de luxo e de uso cotidiano, são mencionados 39 itens de ourivesaria, entre colares, brincos, pulseiras, etc, muito deles cravejados de brilhantes; 37 itens de peças em prata, em talheres, bandejas, copos e bacias; um piano; quatro relógio, um de ouro, outro de prata e dois de sala, estilo francês e inglês; sete itens de transporte, com uma rica carruagem, seges e serpentinas; cerca de 50 peças de mobiliário em madeira, entre mesas, camas, e cadeiras, algumas estofadas, outras com palhinha; um conjunto de itens de maior valor, como tocadores franceses, quadros, espelhos de salão e castiçais.
O casal dispunha de biblioteca com cerca de 50 títulos, entre romances, dicionários, livros científicos e sobre técnicas militares; e a senhora possuía vestidos de seda e cetim, como roupa de cama e mesa, além de rendas e outros ornamentos.

Research paper thumbnail of “TRATAR-SE À LEI DA NOBREZA”: A FAMÍLIA OLIVEIRA BARBOSA E GRANDJEAN DE MONTIGNY

Anais do IV Colóquio Internacional A Casa Senhorial: Anatomia dos Interiores, 2017

A 7 de agosto de 1825, morre a senhora Maria Thomásia de Oliveira Gonçalves, mãe de filhos menore... more A 7 de agosto de 1825, morre a senhora Maria Thomásia de Oliveira Gonçalves, mãe de filhos menores, cujo inventário foi conduzido pelo viúvo. Ela era filha do comendador Tomás Gonçalves, “professo na Ordem Militar de Cristo e negociante desta praça”, considerado uma das maiores fortunas da corte, falecido em 1817, detentor de várias propriedades na cidade, inclusive na rua das Marrecas. Seu marido era o tenente general José de Oliveira Barbosa, antigo Governador e Capitão-General de Angola, de 1810 a 1815, e que tivera atuação destacada nos primeiros momentos da Independência quando, entre 10 e 14 de novembro de 1823, como Ministro da Guerra, referendou o decreto que dissolveu a Assembleia Constituinte. Ele receberia o título de Barão do Passeio Público, em 24 de outubro de 1829 e, finalmente, o de Visconde do Rio Comprido, em 18 de julho de 1841.
O casal morava em um amplo sobrado, situado na aprazível rua do Passeio, esquina com a rua das Marrecas, que havia sido reformado sob a orientação de Grandjean de Montigny, conforme indicado no processo do inventário, que coloca o arquiteto francês dentre os favorecidos de pagamentos devidos.
Essa informação confirma a atribuição feita no Diário Fluminense no. 10 (12.jan.1828), em meio a polêmica que opôs profissionais luso-brasileiros e franceses, quanto a atuação e competências profissionais e artísticas. De acordo com o articulista anônimo, Grandjean havia sido requisitado pela sociedade da Corte, e teria sido “arquiteto das casas do excelentíssimo José de Oliveira Barbosa e do Senhor Luiz de Souza Dias”.
O inventário apresenta inéditas e detalhadas descrições das casas da família, hoje desaparecidas, na rua do Passeio, conhecida por seu hemiciclo, e em chácara no Catumbi, o que permite seu confronto com outras fontes textuais, iconográficas e cartográficas que as contemplam, como desenhos e comentários de Debret. A intervenção arquitetônica de Grandjean sobre um edifício tradicional da cidade permite discutir influências, mudanças e permanências decorrentes da abertura do mercado carioca a profissionais estrangeiros.

Thesis Chapters by Ana Lucia Vieira dos Santos

Research paper thumbnail of A CASA CARIOCA: ESTUDO SOBRE AS FORMAS DE MORAR NO RIO DE JANEIRO -1750-1850

Thesis, 2005

Esta tese se propõe a apresentar uma reconstituição da casa do Rio de Janeiro, no período entre 1... more Esta tese se propõe a apresentar uma reconstituição da casa do Rio de Janeiro, no período entre 1776 e 1850. Na ausência de exemplares arquitetônicos remanescentes deste período e de documentação em linguagem gráfica, recorremos às avaliações de imóveis
encontradas em inventários post- mortem do acervo do Arquivo Nacional do Rio de Janeiro.
A análise foi conduzida a partir do tratamento estatístico de dados dimensionais dos lotes e edifícios, e da interpretação de sua divisão interna e fachadas. Os conceitos de tipo e de tipologia histórica foram o ponto de partida para o estabelecimento de uma metodologia
que permitisse interpretar edifícios a partir de descrições textuais.
Além de dados numéricos, o material coletado forneceu informações sobre materiais e técnicas construtivas, usos, setorização e programas. Estes últimos apresentaram enorme variedade, em discordância com a imagem geral de uniformidade da casa brasileira preconizada pela literatura especializada.
Ao longo desta pesquisa, uma nova imagem da casa carioca no final do período
colonial foi sendo formada. Distante dos grandes edifícios acadêmicos, que até então vêm sendo objeto dos estudos de Arquitetura brasileira, a casa que compunha a maior parte do tecido urbano e destinava- se a abrigar a grande massa da população sem acesso aos bens
imóveis tomou forma e dimensão.

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Research paper thumbnail of Grandjean de Montigny e os negociantes: a praça,o arquiteto e a clientela

Gosto neoclássico: atores e práticas artísticas no Brasil no século XIX., 2019

Esta apresentação é uma contribuição aos estudos empreendidos pelalinha de pesquisa O gosto neoc... more Esta apresentação é uma contribuição aos estudos empreendidos pelalinha de pesquisa
O gosto neoclássico , que tem entre os seus objetivosconsiderar as condições de desenvolvimento do gosto neoclássico no Brasil, os fatores e agentes responsáveis por sua valoração, em meioà complexa sociedade brasileira da primeira metade do século XIX. O artigo aborda a construção do edifício da Praça do Comércio, oprimeiro exemplar do neoclassicismo erguido por Grandjean deMontignyno Rio de Janeiro,e dialoga com a rede de sociabilidade e oshábitos de moradia dos negociantes de grosso

Research paper thumbnail of Tratar-se à lei da nobreza

CLAECQ/UPel, 2017

Este artigo apresenta um estudo, a partir de fontes diversas, de reforma de um palacete situado à... more Este artigo apresenta um estudo, a partir de fontes diversas, de reforma de um palacete situado à Rua do Passeio, esquina com a Rua das Marrecas, encomendada pela família Oliveira Barbosa a Grandjean de Montigny, ainda no início da estada do arquiteto no Rio de Janeiro.

Research paper thumbnail of Gosto Neoclássico: Grandjean de Montigny e a arquitetura no Brasil (1816-1850). Inventário e Questões de méto

Escola de Belas Artes, 2016

Esse artigo apresenta o estágio atual do projeto de pesquisa Gosto Neoclássico: Grandjean de Mont... more Esse artigo apresenta o estágio atual do projeto de pesquisa Gosto Neoclássico: Grandjean de Montigny e a arquitetura no Brasil (1816-1850), que visa sistematizar fontes biobibliográficas sobre a trajetória de Grandjean de Montigny. Desenvolvido em parceria pelos grupos de pesquisa Museu casa: memória, espaço e representações, da Fundação Casa de Rui Barbosa e Laboratório de Estudos Urbanos (leU) do Programa de Pós-Graduação em Urbanismo da Faculdade de Arquitetura da UFRJ, o projeto traz subsídios tanto para a discussão interdisciplinar da cidade oitocentista e do movimento neoclássico no Rio de Janeiro quanto do pensamento urbanístico no Brasil, temas que norteiam as investigações das duas instituições envolvidas

Research paper thumbnail of A CIRCULAÇÃO DE MATERIAIS, TÉCNICAS E MODELOS NO IMPÉRIO COLONIAL PORTUGUÊS: PRIMEIRAS ABORDAGENS.

Anais 3o. CIHCLB, 2019

Esta comunicação se insere em pesquisa luso-brasileira que busca encontrar e analisar elementos c... more Esta comunicação se insere em pesquisa luso-brasileira que busca encontrar e analisar elementos comuns em casas brasileiras, portuguesas e goesas. A circulação de técnicas e elementos culturais no vasto império colonial português é um tema ainda com lacunas no que diz respeito à construção. Nesta pesquisa buscamos desenvolver e contextualizar essas trocas culturais a partir de quatro linhas de investigação: a varanda e suas variações tipológicas; a casa pátio; a casa grande das fazendas brasileiras de piso térreo sobre elevado com varandas corridas; a circulação de profissionais da construção, funcionários régios e eclesiásticos, bens e costumes. O primeiro problema a ser enfrentado é a quase impossibilidade de encontrar edifícios residenciais dos primeiros tempos da colonização, o que nos levou a situar a pesquisa nos séculos XVIII e XIX. No entanto, fez-se necessário recolher e organizar dados do início do período colonial, especialmente em fontes textuais como tratados, inventários, documentos da administração colonial, teses e dissertações. A compreensão dos materiais e técnicas construtivas disponíveis no momento do contato cultural é indispensável para o estabelecimento dos diversos fluxos de circulação de informações. Da mesma forma, busca-se conhecer os hábitos e sistemas de crenças que influíram na conformação do espaço doméstico. Está sendo organizado um banco de imagens desses edifícios mais antigos, ainda que em ruínas, de forma que se possam avaliar seus aspectos construtivos, definir o núcleo original da edificação e eventuais acréscimos, perdas e modificações. Apresentamos neste trabalho os primeiros resultados da pesquisa, e discutimos aspectos metodológicos que a interpretação das fontes impõe.

Research paper thumbnail of TH. MARX, UM ARQUITETO NA CORTE DE D. PEDRO II

Anais 3o. CICLB, 2019

Esse artigo comenta a trajetória do arquiteto, nascido no Grão-Ducado de Baden, Theodor Heinrich ... more Esse artigo comenta a trajetória do arquiteto, nascido no Grão-Ducado de Baden, Theodor Heinrich Marx (1833-1890), auto- denominado Th. Marx, que esteve no Rio de Janeiro de 1856 a 1867, quando serviu com destaque na Casa Imperial. Por meio de documentação localizada na Biblioteca Nacional, no Iphan e no arquivo do Museu Imperial pode-se situar sua presença em meio a arregimentação de mão de obra especializada para atender a cidade do Rio de Janeiro em momento em acelerada expansão, bem como compreender melhor sua atuação junto às obras da Casa Imperial. A pesquisa tem por objetivos conhecer a trajetória pessoal e profissional de Theodor Marx, formado pela Escola Politécnica de Carlsruhe; compreender sua atuação junto às obras da Casa Imperial, e, em especial, na Quinta da Boa Vista, e melhor identificar e classificar o extenso espólio de desenhos existentes na Biblioteca Nacional, com cerca de 170 itens, atribuídos ao arquiteto. A motivação inicial do estudo é dar continuidade à construção de biografias dos profissionais atuantes no Brasil do século XIX, iniciada no projeto A casa senhorial em Lisboa e no Rio de Janeiro, de modo a conhecer melhor a configuração do campo profissional, formado por arquitetos e engenheiros nacionais e estrangeiros. Nesse caso, o espólio de desenhos técnicos produzidos ao longo da extensa empreitada de nove anos em que Marx atuou nas obras da Casa Imperial constitui um singular registro sobre a prática projetiva e construtiva no período. O estudo envolve pesquisa de fontes genealógicas e arquivísticas junto a instituições alemães, bem como a consulta a periódicos de época, relatórios da Casa Imperial, correspondências e o espólio arquitetônico já mencionado. Como resultados, espera-se consolidar a identificação do conjunto de desenhos, bem como estabelecer a trajetória do arquiteto no Brasil.

Research paper thumbnail of Gosto Neoclássico: Grandjean de MontGrandjean de Montigny e a arquitetura no Brasil (1816-1850). Inventário e Questões de método

Histórias da Escola de Belas Artes: revisão crítica de sua trajetória EBA/CLA/UFRJ, 2016

Esse artigo apresenta o estágio atual do projeto de pesquisa Gosto Neoclássico: Grandjean de Mont... more Esse artigo apresenta o estágio atual do projeto de pesquisa Gosto Neoclássico: Grandjean de Montigny e a arquitetura no Brasil (1816-1850), que visa sistematizar fontes biobibliográficas sobre a trajetória de Grandjean de Montigny. Desenvolvido em parceria pelos grupos de pesquisa Museu casa: memória, espaço e representações, da Fundação Casa de Rui Barbosa e Laboratório de Estudos Urbanos (leU) do Programa de Pós-Graduação em Urbanismo da Faculdade de Arquitetura da UFRJ, o projeto traz subsídios tanto para a discussão interdisciplinar da cidade oitocentista e do movimento neoclássico no Rio de Janeiro quanto do pensamento urbanístico no Brasil, temas que norteiam as investigações das duas instituições envolvidas

Research paper thumbnail of ESTUCADORES PORTUGUESES NO RIO DE JANEIRO

RESUMO O presente artigo apresenta um panorama da atividade dos estucadores no Rio de Janeiro no ... more RESUMO O presente artigo apresenta um panorama da atividade dos estucadores no Rio de Janeiro no século XIX, com ênfase na atuação daqueles oriundos do norte de Portugal. A partir dos nomes de profissionais de projeção, buscaram-se fontes que permitissem acompanhar a evolução da referida atividade, localizar profissionais ainda desconhecidos e assinalar a introdução de novas técnicas e materiais de acabamento e decoração. O estudo encontra-se ainda em fase inicial, porém os resultados preliminares apontam para uma grande circulação de profissionais entre a Europa e as Américas. Sugere-se, por fim, um aprofundamento do estudo de manuais e catálogos bem como do histórico do ensino profissional das artes decorativas. PALAVRAS-CHAVES: estuque; artes decorativas; ornato ABSTRACT This article provides a panorama of the activity of stucco-workers in Rio de Janeiro in the 19 th century, focusing on the work of those who had emigrated from northern Portugal. Starting from the names of well-established professionals, we sought sources that might equip us with the means to trace the evolution of said activity, to locate professionals that remain unknown and to signal the introduction of new decoration techniques and materials. The study is still in its introductory stage, but preliminary results point to a substantial circulation of professionals between Europe and the Americas. We suggest, at last, that future research go deeper into the study of manuals and catalogues and into the history of the professional teaching of the decorative arts. KEYWORDS: stucco; decorative arts; ornament 1 INTRODUÇÃO Apresentamos o estudo, em fase preliminar, sobre a atuação de artífices estucadores no Rio de Janeiro na segunda metade do século XIX, compreendendo o quadro geral da aplicação do estuque na prática decorativa, a formação técnica, o mapeamento dos profissionais e serviços oferecidos, e a presença portuguesa no setor.

Research paper thumbnail of VILA SERRA DO NAVIO: “TOMBADA” Y SIN PROTECCIÓN.

4 RIGPAC, 2016

Villa Serra do Navio nació como una company-town de la minería en la década de 1950 en plena selv... more Villa Serra do Navio nació como una
company-town de la minería en la
década de 1950 en plena selva
amazónica brasileña. Fue diseñada
respetando los principios de la
arquitectura y el urbanismo moderno,
por lo que recibió en 2011, el máximo
grado de protección del patrimonio
nacional brasileño: el “tombamento”.
La experiencia del proyecto de
extensión realizado por la
Universidad Federal Fluminense en
2015 mostró que: la naturaleza y la
conducción del proceso de
conservación; no entender el
"moderno" como un patrimonio para
preservar; los problemas de la
administración local relacionados a la
transición de company town a la
ciudad abierta; la renovación casi
total de la población y sus nuevas
relaciones con el territorio, son
factores que dificultan la práctica de
la conservación del patrimonio en un
escenario de notables
transformaciones. Este trabajo
muestra que el hecho de ser
legalmente "tombada" no ha
garantizado, en la práctica, su
protección.

Research paper thumbnail of Grandjean de Montigny e os negociantes: a praça, o arquiteto e a clientela

GOSTO NEOCLÁSSICO Atores e práticas artísticas no Brasil do século XIX, 2019

Grandjean de Montigny e os negociantes da Praça do Rio de Janeiro: o arquiteto e a clientelaA com... more Grandjean de Montigny e os negociantes da Praça do Rio de
Janeiro: o arquiteto e a clientelaA comunicação pretende comentar os primeiros momentos de Grandjean de Montigny no Rio de Janeiro, e sua relação com os Negociantes do grosso, no período de 1816 a 1820, contexto da elevação do Brasil a parte do Reino Unido, e de transformações econômicas, políticas e sociais. Como se
sabe, os Negociantes de Grosso eram o principal segmento econômico da colônia, com controle de boa parte do comercio transatlântico e, em especial, o de escravos da costa da África. O grupo estabeleceu uma intensa relação com a Coroa, onde empréstimos de recursos e imóveis eram recompensados não só com cargos e mercês como, em especial, com interlocução para a definição das novas regras de comércio.
Estava em curso mudanças nas práticas e regras comerciais estabelecidas ao longo de séculos pelo pacto colonial, por força das pressões da Inglaterra que, por meio de tratados comerciais, impunha a internacionalização de produtos e serviços, com vantagens alfandegarias para seus negociantes, e o fim do tráfico negreiro.Nesse
período, a sociabilidade introduzida pela Corte, e a circulação de novos produtos importados – inicialmente ingleses, e depois, também franceses -, vinham modificando gradativamente os hábitos e costumes das elites. Homens e mulheres de famílias de negociantes aderiram aos novos modos de enobrecimento, e se inseriram junto a corte, por meio de títulos e cargos, sendo que D. Ana Francisca Rosa Maciel da Costa,
viúva de Brás Carneiro Leão, e mãe de Fernando Carneiro Leão, líder dos negociantes, recebeu o título de baronesa de São Salvador de Campos.Grandjean de Montigny teve negociantes como clientes na decorações efêmeras das cerimônias reais (recepção da
princesa Leopoldina e coroação de D. João VI) e na reforma de casas, como de Luiz de Sousa Dias e do Tenente General José de Oliveira Barbosa.E sua principal encomenda no período foi para o Corpo do Comercio, o ‘risco e execução” da Praça de Comércio,
desenvolvido entre 1819 e 1820, sob administração do negociante e comendador José Marcelino Gonçalves. O edifício estava destinado a abrigar o Tribunal do Comercio, instituído em 1811, e as reuniões do Corpo do Comercio, e havia sido antecedido pelo edifício da Praça do Comercio da Bahia, em 1816. Os custos da construção foram por
conta dos negociantes, por meio de subscrição, e do Banco do Brasil, que aplicou 168:356$433. Concluído para os festejos do aniversário do Rei, a 13 de maio 1820, o edifício foi visitado pela família real a 14 de julho de 1820, quando foi recebida pelo corpo dos negociantes e arquiteto apresentado ao rei.Devido a incidente político
ocorrido na Praça do Comercio, que resultou em mortos e feridos, levaram o Corpo do Comercio a abandonar o prédio. Em 1836, Grandjean de Montigny voltaria a colaborar com os negociantes, para a reforma de outro espaço para a Praça do Comercio.

Research paper thumbnail of Palácios imperiais do Rio de Janeiro no segundo reinado: transformações e novos padrões distributivos.

ACTAS DO III COLÓQUIO INTERNACIONAL A Casa Senhorial: Anatomia de Interiores, 2016

Quando o imperador D. Pedro I renunciou ao trono do Brasil e retornou a Portugal para restabelece... more Quando o imperador D. Pedro I renunciou ao trono do Brasil e retornou a Portugal para restabelecer seus direitos à sucessão naquele país, deixou no Rio de Janeiro seus filhos e diversas propriedades imobiliárias. Suas propriedades particulares foram objeto de longo inventário, complicado por outras heranças, como a de D. João VI e Dona Carlota Joaquina. Os bens da Coroa ficaram sob administração das sucessivas regências, com uso restrito devido a pouca idade dos príncipes, em especial do futuro imperador.
Por volta de 1837 esses edifícios começaram a necessitar maiores intervenções de conservação. É também nesse momento que começam as articulações para antecipação da maioridade do príncipe herdeiro.
Em 23 de julho de 1840 o jovem príncipe D. Pedro foi declarado maior de idade, para que pudesse assumir o trono do Brasil. A coroação aconteceu em 18 de julho de 1841. Em setembro de 184, ele já estava casado com a princesa Dona Teresa Cristina das Duas Sicílias.
As rápidas mudanças no status do jovem imperador e a criação de uma nova família real levaram a mudanças nos palácios, adaptando-os a novos modos de vida e de representação social e política da monarquia brasileira.
O acompanhamento das obras, bem como a criação do novo palácio de verão em Petrópolis pode ser feito através da documentação escrita. É possível constatar a introdução de novos usos, bem como mudanças na distribuição tradicional das casas senhoriais cariocas.A documentação também nos esclarece quanto a técnicas construtivas e materiais de acabamento, bem como indica os profissionais atuantes no projeto e execução das obras. O trabalho com relatórios de obras permite penetrar nas motivações e limitações que justificam as soluções adotadas, sejam elas definitivas ou provisórias.
Através da análise de casas da alta burguesia e nobreza do mesmo período, podemos avaliar a repercussão das escolhas imperiais, e seu potencial de induzir mudanças na casa carioca.

Research paper thumbnail of A família real e a introdução de novos usos na casa carioca

Anais do II Colóquio Internacional A Casa Senhorial: Anatomia dos Interiores, 2015

Este artigo examina as mudanças detectadas nas formas de morar do Rio de Janeiro após a transferê... more Este artigo examina as mudanças detectadas nas formas de morar do Rio de Janeiro após a transferência da Corte portuguesa para a cidade em 1808.

Research paper thumbnail of O inventário de Maria Thomásia: liberalismo e distinção

Anais do IV Colóquio Internacional A Casa Senhorial : Anatomia dos Interiores, 2017

A 7 de agosto de 1825, morre a senhora Maria Thomásia de Oliveira Gonçalves, mãe de filhos menore... more A 7 de agosto de 1825, morre a senhora Maria Thomásia de Oliveira Gonçalves, mãe de filhos menores, cujo inventário foi conduzido pelo viúvo. Ela era filha do comendador Tomás Gonçalves, “professo na Ordem Militar de Cristo e negociante desta praça”, considerado uma das maiores fortunas da corte, detentor de várias propriedades na cidade, inclusive na rua das Marrecas, falecido em 1817, e de D. Maria Angélica de Oliveira Gonçalves, que deu continuidades aos negócios como Viúva Gonçalves e filho. Seu marido era o tenente general José de Oliveira Barbosa, antigo Governador e Capitão-General de Angola, de 1810 a 1815, e que tivera atuação destacada nos primeiros momentos da Independência quando, entre 10 e 14 de novembro de 1823, como Ministro da Guerra, referendou o decreto que dissolveu a Assembleia Constituinte. Comendador da Imperial Ordem de Avis em 1813, ele receberia o título de Barão do Passeio Público, em 24 de outubro de 1829 e, finalmente, o de Visconde do Rio Comprido, em 18 de julho de 1841.
O casal morava em um amplo sobrado, situado na aprazível rua do Passeio, esquina com a rua das Marrecas, que havia sido reformado sob a orientação de Grandjean de Montigny, quando foi erguido um inovador hemiciclo.
A comunicação pretende comentar os itens que integram o inventário, na perspectiva da análise do estilo de vida das famílias em ascensão, o “tratar-se à lei da nobreza”, em meio à transição do Antigo Regime para o da consolidação de uma nação autônoma, momento de construção de uma nova ordem política e social trazida pelo constitucionalismo e a Independência.
O documento descreve as casas urbanas − o sobrado da rua do Passeio e outras casas da rua das Marrecas, e casas de chácara no Catumbi, com variado arvoredo, com mangueiras, parreiras, laranjeiras, limoeiros, pessegueiros, etc., 33 escravos que atendem as propriedades, identificados pelo nome, idade e habilidades para lidas rurais ou domésticas; as mulas, vacas e bois.
Quanto aos objetos de luxo e de uso cotidiano, são mencionados 39 itens de ourivesaria, entre colares, brincos, pulseiras, etc, muito deles cravejados de brilhantes; 37 itens de peças em prata, em talheres, bandejas, copos e bacias; um piano; quatro relógio, um de ouro, outro de prata e dois de sala, estilo francês e inglês; sete itens de transporte, com uma rica carruagem, seges e serpentinas; cerca de 50 peças de mobiliário em madeira, entre mesas, camas, e cadeiras, algumas estofadas, outras com palhinha; um conjunto de itens de maior valor, como tocadores franceses, quadros, espelhos de salão e castiçais.
O casal dispunha de biblioteca com cerca de 50 títulos, entre romances, dicionários, livros científicos e sobre técnicas militares; e a senhora possuía vestidos de seda e cetim, como roupa de cama e mesa, além de rendas e outros ornamentos.

Research paper thumbnail of “TRATAR-SE À LEI DA NOBREZA”: A FAMÍLIA OLIVEIRA BARBOSA E GRANDJEAN DE MONTIGNY

Anais do IV Colóquio Internacional A Casa Senhorial: Anatomia dos Interiores, 2017

A 7 de agosto de 1825, morre a senhora Maria Thomásia de Oliveira Gonçalves, mãe de filhos menore... more A 7 de agosto de 1825, morre a senhora Maria Thomásia de Oliveira Gonçalves, mãe de filhos menores, cujo inventário foi conduzido pelo viúvo. Ela era filha do comendador Tomás Gonçalves, “professo na Ordem Militar de Cristo e negociante desta praça”, considerado uma das maiores fortunas da corte, falecido em 1817, detentor de várias propriedades na cidade, inclusive na rua das Marrecas. Seu marido era o tenente general José de Oliveira Barbosa, antigo Governador e Capitão-General de Angola, de 1810 a 1815, e que tivera atuação destacada nos primeiros momentos da Independência quando, entre 10 e 14 de novembro de 1823, como Ministro da Guerra, referendou o decreto que dissolveu a Assembleia Constituinte. Ele receberia o título de Barão do Passeio Público, em 24 de outubro de 1829 e, finalmente, o de Visconde do Rio Comprido, em 18 de julho de 1841.
O casal morava em um amplo sobrado, situado na aprazível rua do Passeio, esquina com a rua das Marrecas, que havia sido reformado sob a orientação de Grandjean de Montigny, conforme indicado no processo do inventário, que coloca o arquiteto francês dentre os favorecidos de pagamentos devidos.
Essa informação confirma a atribuição feita no Diário Fluminense no. 10 (12.jan.1828), em meio a polêmica que opôs profissionais luso-brasileiros e franceses, quanto a atuação e competências profissionais e artísticas. De acordo com o articulista anônimo, Grandjean havia sido requisitado pela sociedade da Corte, e teria sido “arquiteto das casas do excelentíssimo José de Oliveira Barbosa e do Senhor Luiz de Souza Dias”.
O inventário apresenta inéditas e detalhadas descrições das casas da família, hoje desaparecidas, na rua do Passeio, conhecida por seu hemiciclo, e em chácara no Catumbi, o que permite seu confronto com outras fontes textuais, iconográficas e cartográficas que as contemplam, como desenhos e comentários de Debret. A intervenção arquitetônica de Grandjean sobre um edifício tradicional da cidade permite discutir influências, mudanças e permanências decorrentes da abertura do mercado carioca a profissionais estrangeiros.

Research paper thumbnail of A CASA CARIOCA: ESTUDO SOBRE AS FORMAS DE MORAR NO RIO DE JANEIRO -1750-1850

Thesis, 2005

Esta tese se propõe a apresentar uma reconstituição da casa do Rio de Janeiro, no período entre 1... more Esta tese se propõe a apresentar uma reconstituição da casa do Rio de Janeiro, no período entre 1776 e 1850. Na ausência de exemplares arquitetônicos remanescentes deste período e de documentação em linguagem gráfica, recorremos às avaliações de imóveis
encontradas em inventários post- mortem do acervo do Arquivo Nacional do Rio de Janeiro.
A análise foi conduzida a partir do tratamento estatístico de dados dimensionais dos lotes e edifícios, e da interpretação de sua divisão interna e fachadas. Os conceitos de tipo e de tipologia histórica foram o ponto de partida para o estabelecimento de uma metodologia
que permitisse interpretar edifícios a partir de descrições textuais.
Além de dados numéricos, o material coletado forneceu informações sobre materiais e técnicas construtivas, usos, setorização e programas. Estes últimos apresentaram enorme variedade, em discordância com a imagem geral de uniformidade da casa brasileira preconizada pela literatura especializada.
Ao longo desta pesquisa, uma nova imagem da casa carioca no final do período
colonial foi sendo formada. Distante dos grandes edifícios acadêmicos, que até então vêm sendo objeto dos estudos de Arquitetura brasileira, a casa que compunha a maior parte do tecido urbano e destinava- se a abrigar a grande massa da população sem acesso aos bens
imóveis tomou forma e dimensão.