Aline Da Cruz | Universidade Federal de Goiás (original) (raw)
Papers by Aline Da Cruz
Via Litterae, 2019
Este trabalho tem como objetivo examinar as construções com três participantes em documentos do s... more Este trabalho tem como objetivo examinar as construções com três participantes em documentos do século XIX que registram o Nheengatu, tradicionalmente conhecido como Língua Geral Amazônica, que teria se desenvolvido na região a partir das mudanças sintáticas a que foram submetidas o Tupinambá desde o século XVII. De acordo com Cruz (2014), em construções com três participantes em Nheengatu atual, há uma cisão na forma de marcação de recipientes e beneficiários extralocutivos e intralocutivos ao discurso. Trata-se de uma inovação do Nheengatu, uma vez que não havia tal cisão no Tupinambá. Neste trabalho, após uma breve abordagem da história do Nheengatu, analisa-se a obra Poranduba Amazonense de Barbosa Rodrigues (1890), para verificar a forma e função das construções com três participantes no Nheengatu registrado no século XIX. A partir da análise, constatou-se que a referida cisão na marcação do terceiro participante estava em variação no século XIX.
Revista Articulando e Construindo Saberes, 2020
As tecnologias de descrição linguística e a formação docente, com vistas, respectivamente, à docu... more As tecnologias de descrição linguística e a formação docente, com vistas, respectivamente, à documentação, à conservação linguística e à educação escolar diferenciada, são importantes ações de fortalecimento das línguas e dos povos minorizados. Nessa linha de raciocínio, o presente texto objetiva discutir processos de formação docente na perspectiva intercultural, sustentados por ações que levem os estudantes a refletirem sobre a gramática de suas próprias línguas. Para tanto, o ponto de partida e o fundamento empírico da discussão são três experiências de formação de professores plurilíngues, realizadas pela pesquisadora durante seu próprio processo de formação como linguista, elaborando uma descrição gramatical de língua indígena e: 1) como monitora no magistério indígena de São Gabriel da Cachoeira-AM (SGC); 2) como professora no mesmo magistério; e 3) em curso voluntário na comunidade de Nova Vida-SGC. Essas experiências permitem repensar a suposta oposição entre formação docente e descrição gramatical, além de reconsiderar a complementaridade entre essas duas práticas.
REVISTA DE LETRAS NORTE@MENTOS, 2020
Expressões Sinalizadas, 2020
LIAMES, 2018
Este texto resulta da edição de uma entrevista concedida por Lucy Seki ao Projeto Primeira Pessoa... more Este texto resulta da edição de uma entrevista concedida por Lucy Seki ao Projeto Primeira Pessoa do Singular. A presente edição, seguindo diretrizes do projeto, procurou manter a espontaneidade e o conteúdo do depoimento da entrevistada, mas omite perguntas, altera a ordem de certas informações, evita repetições e digressões próprias da fala. As fitas e as transcrições da entrevista foram agregadas ao acervo do CEDOCH. Agradecemos a Cristina Altman, idealizadora e coordenadora do Projeto Primeira Pessoa do Singular, pelo incentivo para que, nós, então jovens pesquisadoras do cedoch, realizássemos a entrevista; e a Lucy Seki, pela generosidade com que nos recebeu em sua casa e pela atenção em rever este material, dez anos após aquele encontro. Os erros e omissões são de responsabilidade das editoras, Aline da Cruz e Olga Coelho.
FORMA Y FUNCION, 2019
O tipo omnipredicativo de língua é definido pelo fenômeno de a maioria das entradas lexicais pode... more O tipo omnipredicativo de língua é definido pelo fenômeno de a maioria das entradas lexicais poderem funcionar por si só como predicados. O presente artigo investiga as características apresentadas por quatro línguas da família Tupi-Guarani (Tupinambá, Guajá, Apyãwa e Nheengatú) que, além da indistinção entre nomes e verbos que funcionam como predicado, apresentam outras características omnipredicativas. A manifestação diferenciada dessas características nas quatro línguas permite avaliar que há uma tendência à perda gradativa da omnipredicatividade quando se comparam as línguas mais conservadoras com as menos conservadoras e atesta que, sincronicamente, as línguas se encontram em diferentes fases de mudança de um padrão mais prototipicamente omnipredicativo para padrões menos prototipicamente omnipredicativos.
CRUZ, A; MAGALHÃES, M. M. S.; PRAÇA, W. N. A morfologia transcategorial e sua relação com o padr... more CRUZ, A; MAGALHÃES, M. M. S.; PRAÇA, W. N. A morfologia transcategorial e sua relação com o padrão omnipredicativo em línguas da família Tupi-Guarani. ReVEL, vol. 17, n. 32, 2019. [www.revel.inf.br]
Este texto resulta da edição de uma entrevista concedida por Lucy Seki ao Projeto Primeira Pessoa... more Este texto resulta da edição de uma entrevista concedida por Lucy Seki ao Projeto Primeira Pessoa do Singular, do Centro de Documentação em Historiografia Linguística do Departamento de Linguística da Universidade de São Paulo (CEDOCH – DL – USP). A entrevista, gravada, foi realizada na casa da pesquisadora em Campinas, em 2000, por Aline da Cruz e Olga Coelho. A presente edição, seguindo diretrizes do projeto, procurou manter a espontaneidade e o conteúdo do depoimento da entrevistada, mas omite perguntas, altera a ordem de certas informações, evita repetições e digressões próprias da fala. As fitas e as transcrições da entrevista foram agregadas ao acervo do CEDOCH. Agradecemos a Cristina Altman, idealizadora e coordenadora do Projeto Primeira Pessoa do Singular, pelo incentivo para que, nós, então jovens pesquisadoras do CEDOCH, realizássemos a entrevista; e a Lucy Seki, pela generosidade com que nos recebeu em sua casa e pela atenção em rever este material, dez anos após a realização da entrevista. Os erros e omissões são de responsabilidade das editoras, Aline da Cruz e Olga Coelho
Em 1863, o naturalista Karl Friedrich von Martius (1794 – 1868) publicou os Glossaria Linguarum B... more Em 1863, o naturalista Karl Friedrich von Martius (1794 – 1868) publicou os Glossaria Linguarum Brasiliensium, uma coleção de vocabulários e listas de palavras sobre língua indígenas brasileiras. Nesse material, incluiu dois documentos que registravam línguas gerais (fam. Tupi-Guarani) do século XVIII: o Diccionario da Lingua Geral Brasílica, que registra a língua falada na Amazônia e o Diccionario de Verbos do Tupi Austral, que registra a língua que teria sido falada em São Paulo. Para von Martius, a língua geral amazônica era superior àquela falada em São Paulo, Cuiabá e Rio Grande do Sul. A partir da análise comparativa dos critérios de notação utilizados nos dois materiais, esta pesquisa procurou mostrar que as oscilações de representação das unidades lingüísticas no Diccionario de Verbos podem ter levado von Martius a manifestar opiniões depreciativas sobre o Tupi Austral em relação à Língua Geral Brasílica.
Nesta pesquisa, analisa-se as especificidades de um grupo de verbos que tem sido chamado na liter... more Nesta pesquisa, analisa-se as especificidades de um grupo de verbos que tem sido chamado na literatura ora de verbos indicadores (LIDDELL, 2003, MOREIRA, 2007), ora de verbos de concordância (BRITO, 1995, QUADROS; KARNOPP, 2004). O objetivo é identificar o elemento dêixis de pessoa na Língua de Sinais Brasileira e mais especificamente, discutir a noção de distanciamento na articulação dos verbos de indicação. Esta pesquisa se justifica devido à escassez de estudos na área e pela necessidade de entendermos mais sobre os verbos de indicação. Os dados (corpus) de análise desta pesquisa foram 54 piadas, contadas por 35 participantes surdos, sendo 26 homens e 9 mulheres. Na análise dos vídeos, foram encontrados 113 verbos de indicação. Uma característica de grande relevância encontrada nessa pesquisa foi quando os referentes estão distantes, os verbos de indicação tendem a ser articulados com trajetória distante e com posição da mão à altura da cabeça do sinalizador.
Este artigo tem como objetivo apresentar uma nova interpretação para a estrutura tradicionalmente... more Este artigo tem como objetivo apresentar uma nova interpretação para a estrutura tradicionalmente conhecida como Indicativo II, no âmbito da família Tupí-Guaraní, um subgrupo do tronco linguístico Tupí, por meio da análise de quatro línguas da família: Tupinambá, Apyãwa, Guajá e Nheengatú. O estudo apresenta a hipótese de que as expressões adverbiais deslocadas para a primeira posição da sentença ativam um tipo de nominalização do predicado que na oração básica funcionava como o predicado principal. Além disso, apresentamos uma possível interpretação para o desenvolvimento histórico de tais construções e relacionamos suas características a diferentes graus de preservação do padrão tipológico omnipredicativo. Como resultado, observamos que a redução da produtividade da referida construção parece estar associada à perda gradativa das propriedades omnipredicativas das línguas.
Com base em dados do ALINGO – Atlas Linguístico de Goiás, este trabalho investiga os usos de dimi... more Com base em dados do ALINGO – Atlas Linguístico de Goiás, este trabalho investiga os usos de diminutivos em uma variedade de portugueses brasileiros falados no noroeste da província de Goiás, Brasil. Com uma abordagem sócio-histórica, o artigo mostra os usos do diminutivo nessa região e dá novas evidências para a observação clássica de Sérgio Buarque de Holanda (1936) de que a alta frequência de diminutivos no português brasileiro pode estar associada à cordialidade que ocorre nas relações sociais no Brasil. Além disso, o artigo investiga os usos do diminutivo em combinação com marcas de gênero.
This paper provides the first in-depth look at reduplication in Nheengatu. Phonological analysis ... more This paper provides the first in-depth look at reduplication in Nheengatu. Phonological analysis shows that reduplication in Nheengatu is either full or partial, has the prosodic foot as the reduplicant, and is prefixational. Like other Tupi-Guarani languages, the main use of reduplication in Nheengatu is pluractionality, and it is also used for intensification. Reduplication expressing pluractionality can occur with all types of verbs. With active intransitive verbs, reduplication indicates both repetition of the event on a single occasion or on different occasions. When reduplication occurs with transitive verbs, the NP object can be omitted. Analysis shows that reduplication expressing pluractionality forces the event to be atelic, which in combination with plural indefinite NP objects leads to object omission. Reduplication expressing intensification is restricted to stative verbs. In this latter verb class, the uses of reduplication have changed over time, leading to the emergence of new varieties of Nheengatu. In the conservative variety, reduplicated stative verbs indicate distributivity of an intensified property over multiple participants; while in the progressive variety, reduplicated stative verbs only indicate intensification of a property. Nheengatu differs from other Tupi-Guarani languages in that it combines reduplication with a morpheme of 'reflexivity/reciprocity' in order to partially distinguish reciprocal from reflexive constructions.
Number agreement systems often present traces of older elements common to different languages of ... more Number agreement systems often present traces of older elements common to different languages of the same
family; thus, their emergence is difficult to reconstruct. One possible origin of such systems is the grammaticalization
of plural words into bound morphemes, which, as a result of a long process, develop into agreement markers and
may become obligatory. Various investigations have provided evidence for this hypothesis. However, the complete
process of change from a system with no number as grammatical category into a number agreement system in a single
language has not been documented. This paper analyses documents covering different stages of the development
of the Nheengatu language from Tupinambá in order to observe how the number agreement system emerged in
modern Nheengatu. By doing so, this paper supports the idea that grammaticalization may have occurred rapidly
in intense contact situations
Via Litterae, 2019
Este trabalho tem como objetivo examinar as construções com três participantes em documentos do s... more Este trabalho tem como objetivo examinar as construções com três participantes em documentos do século XIX que registram o Nheengatu, tradicionalmente conhecido como Língua Geral Amazônica, que teria se desenvolvido na região a partir das mudanças sintáticas a que foram submetidas o Tupinambá desde o século XVII. De acordo com Cruz (2014), em construções com três participantes em Nheengatu atual, há uma cisão na forma de marcação de recipientes e beneficiários extralocutivos e intralocutivos ao discurso. Trata-se de uma inovação do Nheengatu, uma vez que não havia tal cisão no Tupinambá. Neste trabalho, após uma breve abordagem da história do Nheengatu, analisa-se a obra Poranduba Amazonense de Barbosa Rodrigues (1890), para verificar a forma e função das construções com três participantes no Nheengatu registrado no século XIX. A partir da análise, constatou-se que a referida cisão na marcação do terceiro participante estava em variação no século XIX.
Revista Articulando e Construindo Saberes, 2020
As tecnologias de descrição linguística e a formação docente, com vistas, respectivamente, à docu... more As tecnologias de descrição linguística e a formação docente, com vistas, respectivamente, à documentação, à conservação linguística e à educação escolar diferenciada, são importantes ações de fortalecimento das línguas e dos povos minorizados. Nessa linha de raciocínio, o presente texto objetiva discutir processos de formação docente na perspectiva intercultural, sustentados por ações que levem os estudantes a refletirem sobre a gramática de suas próprias línguas. Para tanto, o ponto de partida e o fundamento empírico da discussão são três experiências de formação de professores plurilíngues, realizadas pela pesquisadora durante seu próprio processo de formação como linguista, elaborando uma descrição gramatical de língua indígena e: 1) como monitora no magistério indígena de São Gabriel da Cachoeira-AM (SGC); 2) como professora no mesmo magistério; e 3) em curso voluntário na comunidade de Nova Vida-SGC. Essas experiências permitem repensar a suposta oposição entre formação docente e descrição gramatical, além de reconsiderar a complementaridade entre essas duas práticas.
REVISTA DE LETRAS NORTE@MENTOS, 2020
Expressões Sinalizadas, 2020
LIAMES, 2018
Este texto resulta da edição de uma entrevista concedida por Lucy Seki ao Projeto Primeira Pessoa... more Este texto resulta da edição de uma entrevista concedida por Lucy Seki ao Projeto Primeira Pessoa do Singular. A presente edição, seguindo diretrizes do projeto, procurou manter a espontaneidade e o conteúdo do depoimento da entrevistada, mas omite perguntas, altera a ordem de certas informações, evita repetições e digressões próprias da fala. As fitas e as transcrições da entrevista foram agregadas ao acervo do CEDOCH. Agradecemos a Cristina Altman, idealizadora e coordenadora do Projeto Primeira Pessoa do Singular, pelo incentivo para que, nós, então jovens pesquisadoras do cedoch, realizássemos a entrevista; e a Lucy Seki, pela generosidade com que nos recebeu em sua casa e pela atenção em rever este material, dez anos após aquele encontro. Os erros e omissões são de responsabilidade das editoras, Aline da Cruz e Olga Coelho.
FORMA Y FUNCION, 2019
O tipo omnipredicativo de língua é definido pelo fenômeno de a maioria das entradas lexicais pode... more O tipo omnipredicativo de língua é definido pelo fenômeno de a maioria das entradas lexicais poderem funcionar por si só como predicados. O presente artigo investiga as características apresentadas por quatro línguas da família Tupi-Guarani (Tupinambá, Guajá, Apyãwa e Nheengatú) que, além da indistinção entre nomes e verbos que funcionam como predicado, apresentam outras características omnipredicativas. A manifestação diferenciada dessas características nas quatro línguas permite avaliar que há uma tendência à perda gradativa da omnipredicatividade quando se comparam as línguas mais conservadoras com as menos conservadoras e atesta que, sincronicamente, as línguas se encontram em diferentes fases de mudança de um padrão mais prototipicamente omnipredicativo para padrões menos prototipicamente omnipredicativos.
CRUZ, A; MAGALHÃES, M. M. S.; PRAÇA, W. N. A morfologia transcategorial e sua relação com o padr... more CRUZ, A; MAGALHÃES, M. M. S.; PRAÇA, W. N. A morfologia transcategorial e sua relação com o padrão omnipredicativo em línguas da família Tupi-Guarani. ReVEL, vol. 17, n. 32, 2019. [www.revel.inf.br]
Este texto resulta da edição de uma entrevista concedida por Lucy Seki ao Projeto Primeira Pessoa... more Este texto resulta da edição de uma entrevista concedida por Lucy Seki ao Projeto Primeira Pessoa do Singular, do Centro de Documentação em Historiografia Linguística do Departamento de Linguística da Universidade de São Paulo (CEDOCH – DL – USP). A entrevista, gravada, foi realizada na casa da pesquisadora em Campinas, em 2000, por Aline da Cruz e Olga Coelho. A presente edição, seguindo diretrizes do projeto, procurou manter a espontaneidade e o conteúdo do depoimento da entrevistada, mas omite perguntas, altera a ordem de certas informações, evita repetições e digressões próprias da fala. As fitas e as transcrições da entrevista foram agregadas ao acervo do CEDOCH. Agradecemos a Cristina Altman, idealizadora e coordenadora do Projeto Primeira Pessoa do Singular, pelo incentivo para que, nós, então jovens pesquisadoras do CEDOCH, realizássemos a entrevista; e a Lucy Seki, pela generosidade com que nos recebeu em sua casa e pela atenção em rever este material, dez anos após a realização da entrevista. Os erros e omissões são de responsabilidade das editoras, Aline da Cruz e Olga Coelho
Em 1863, o naturalista Karl Friedrich von Martius (1794 – 1868) publicou os Glossaria Linguarum B... more Em 1863, o naturalista Karl Friedrich von Martius (1794 – 1868) publicou os Glossaria Linguarum Brasiliensium, uma coleção de vocabulários e listas de palavras sobre língua indígenas brasileiras. Nesse material, incluiu dois documentos que registravam línguas gerais (fam. Tupi-Guarani) do século XVIII: o Diccionario da Lingua Geral Brasílica, que registra a língua falada na Amazônia e o Diccionario de Verbos do Tupi Austral, que registra a língua que teria sido falada em São Paulo. Para von Martius, a língua geral amazônica era superior àquela falada em São Paulo, Cuiabá e Rio Grande do Sul. A partir da análise comparativa dos critérios de notação utilizados nos dois materiais, esta pesquisa procurou mostrar que as oscilações de representação das unidades lingüísticas no Diccionario de Verbos podem ter levado von Martius a manifestar opiniões depreciativas sobre o Tupi Austral em relação à Língua Geral Brasílica.
Nesta pesquisa, analisa-se as especificidades de um grupo de verbos que tem sido chamado na liter... more Nesta pesquisa, analisa-se as especificidades de um grupo de verbos que tem sido chamado na literatura ora de verbos indicadores (LIDDELL, 2003, MOREIRA, 2007), ora de verbos de concordância (BRITO, 1995, QUADROS; KARNOPP, 2004). O objetivo é identificar o elemento dêixis de pessoa na Língua de Sinais Brasileira e mais especificamente, discutir a noção de distanciamento na articulação dos verbos de indicação. Esta pesquisa se justifica devido à escassez de estudos na área e pela necessidade de entendermos mais sobre os verbos de indicação. Os dados (corpus) de análise desta pesquisa foram 54 piadas, contadas por 35 participantes surdos, sendo 26 homens e 9 mulheres. Na análise dos vídeos, foram encontrados 113 verbos de indicação. Uma característica de grande relevância encontrada nessa pesquisa foi quando os referentes estão distantes, os verbos de indicação tendem a ser articulados com trajetória distante e com posição da mão à altura da cabeça do sinalizador.
Este artigo tem como objetivo apresentar uma nova interpretação para a estrutura tradicionalmente... more Este artigo tem como objetivo apresentar uma nova interpretação para a estrutura tradicionalmente conhecida como Indicativo II, no âmbito da família Tupí-Guaraní, um subgrupo do tronco linguístico Tupí, por meio da análise de quatro línguas da família: Tupinambá, Apyãwa, Guajá e Nheengatú. O estudo apresenta a hipótese de que as expressões adverbiais deslocadas para a primeira posição da sentença ativam um tipo de nominalização do predicado que na oração básica funcionava como o predicado principal. Além disso, apresentamos uma possível interpretação para o desenvolvimento histórico de tais construções e relacionamos suas características a diferentes graus de preservação do padrão tipológico omnipredicativo. Como resultado, observamos que a redução da produtividade da referida construção parece estar associada à perda gradativa das propriedades omnipredicativas das línguas.
Com base em dados do ALINGO – Atlas Linguístico de Goiás, este trabalho investiga os usos de dimi... more Com base em dados do ALINGO – Atlas Linguístico de Goiás, este trabalho investiga os usos de diminutivos em uma variedade de portugueses brasileiros falados no noroeste da província de Goiás, Brasil. Com uma abordagem sócio-histórica, o artigo mostra os usos do diminutivo nessa região e dá novas evidências para a observação clássica de Sérgio Buarque de Holanda (1936) de que a alta frequência de diminutivos no português brasileiro pode estar associada à cordialidade que ocorre nas relações sociais no Brasil. Além disso, o artigo investiga os usos do diminutivo em combinação com marcas de gênero.
This paper provides the first in-depth look at reduplication in Nheengatu. Phonological analysis ... more This paper provides the first in-depth look at reduplication in Nheengatu. Phonological analysis shows that reduplication in Nheengatu is either full or partial, has the prosodic foot as the reduplicant, and is prefixational. Like other Tupi-Guarani languages, the main use of reduplication in Nheengatu is pluractionality, and it is also used for intensification. Reduplication expressing pluractionality can occur with all types of verbs. With active intransitive verbs, reduplication indicates both repetition of the event on a single occasion or on different occasions. When reduplication occurs with transitive verbs, the NP object can be omitted. Analysis shows that reduplication expressing pluractionality forces the event to be atelic, which in combination with plural indefinite NP objects leads to object omission. Reduplication expressing intensification is restricted to stative verbs. In this latter verb class, the uses of reduplication have changed over time, leading to the emergence of new varieties of Nheengatu. In the conservative variety, reduplicated stative verbs indicate distributivity of an intensified property over multiple participants; while in the progressive variety, reduplicated stative verbs only indicate intensification of a property. Nheengatu differs from other Tupi-Guarani languages in that it combines reduplication with a morpheme of 'reflexivity/reciprocity' in order to partially distinguish reciprocal from reflexive constructions.
Number agreement systems often present traces of older elements common to different languages of ... more Number agreement systems often present traces of older elements common to different languages of the same
family; thus, their emergence is difficult to reconstruct. One possible origin of such systems is the grammaticalization
of plural words into bound morphemes, which, as a result of a long process, develop into agreement markers and
may become obligatory. Various investigations have provided evidence for this hypothesis. However, the complete
process of change from a system with no number as grammatical category into a number agreement system in a single
language has not been documented. This paper analyses documents covering different stages of the development
of the Nheengatu language from Tupinambá in order to observe how the number agreement system emerged in
modern Nheengatu. By doing so, this paper supports the idea that grammaticalization may have occurred rapidly
in intense contact situations
MiniEnapol de Historiografia Linguística, 2017
Neste trabalho, propõe-se uma reflexão acerca do papel dos estudos linguísticos na constituição d... more Neste trabalho, propõe-se uma reflexão acerca do papel dos estudos linguísticos na constituição do projeto de elaboração de uma história do Brasil, e, por conseguinte, do próprio conceito de nação brasileira. Para tanto, focaliza-se no trabalho do naturalista bávaro Karl Friedrich Philipp von Martius (1794 – 1868), autor reconhecido e premiado pelos membros do IHGB como um líder intelectual, por sua atuação no estabelecimento de propostas para a elaboração de uma história do Brasil (MARTIUS 1845), e por seus estudos acerca da diversidade biológica, cultural e linguística do território brasileiro.