Marcelo P. Marques | UFMG - The Federal University of Minas Gerais (original) (raw)

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Papers by Marcelo P. Marques

Research paper thumbnail of A encenação do poder tirânico

A encenação do poder tirânico 1. A cena trágica do tirano 2 Interessa-me explicitar em que medida... more A encenação do poder tirânico 1. A cena trágica do tirano 2 Interessa-me explicitar em que medida, nos livros VIII e IX da Repú-blica, para " penetrar no caráter " do tirano, a estratégia argumentativa de Sócrates é descrever suas ações como uma encenação montada no palco da cidade, desenvolvendo uma reflexão política que oscila entre as dimensões psicológica (da natureza da alma) e ontológica (do objeto do prazer). Fica manifesto que a proposta do filósofo governante de-pende de modo decisivo da desmontagem crítica da encenação política do tirano (do drama de sua ação). Parto da análise daquela que me parece uma passagem exemplar, para meu propósito: SOC – (…) mas, é preciso, entrando na cidade (eiselthóntas), obser-vá-la (theásasthai) como um todo, penetrando e olhando (katadýntes eis hápasan kaí idóntes) todos os lugares, para então manifestarmos (dóxan apophainómetha) nossa opinião. GLA – Ora (disse ele) é correto o que propões. E fica manifesto (dê-lon) para todos que não há nenhuma cidade mais infeliz do que a que é governada de modo tirânico, e nenhuma mais feliz do que a que é governada por um rei. SOC – Então (disse eu) se eu propusesse proceder do mesmo modo com relação aos homens (individuais) também, eu estaria correto? Eu consideraria digno de julgá-los (krínein) aquele que, ao penetrar pelo pensamento (tê dianoía-diideîn) no caráter de um homem, fosse capaz 1 Universidade Federal de Belo Horizonte. 2 Este texto faz parte de meu projeto maior de pesquisa sobre " os modos do apa-recer na República " , no qual estudo as múltiplas dimensões do problema da aparência e da imagem em Platão, com diversas publicações parciais.

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Research paper thumbnail of Sobre o Aleph de Borges

Borges começa o conto O Aleph 1 contando como uma mulher pela qual se apaixonara, Beatriz Viterbo... more Borges começa o conto O Aleph 1 contando como uma mulher pela qual se apaixonara, Beatriz Viterbo, não poderia nunca ver o novo anúncio de cigarros nos painéis de uma praça de Buenos Aires, porque morrera naquela manhã. Essa e outras infinitas mudanças indicam que ela já está excluída do vasto e incessante universo. A partir de sua morte, em 1929, Borges passa a visitar regularmente o primo-irmão de Beatriz, o também escritor Carlos Argentino Daneri, com quem constrói um curioso relacionamento literário. Numa dessas visitas, em 1941, Daneri observa que, para o homem moderno, o ato de viajar é inútil, por causa da parafernália tecnológica que tem a sua disposição (telefones, telégrafos, fonógrafos, aparelhos de radiotelefonia, cinematógrafos,

Research paper thumbnail of Plato Diogenes Laertius

Reservados todos os direitos. Nos termos legais fica expressamente proibida a reprodução total ou... more Reservados todos os direitos. Nos termos legais fica expressamente proibida a reprodução total ou parcial por qualquer meio, em papel ou em edição eletrónica, sem autorização expressa dos titulares dos direitos. É desde já excecionada a utilização em circuitos académicos fechados para apoio a lecionação ou extensão cultural por via de e-learning. POCI/2010 Todos os volumes desta série são sujeitos a arbitragem científica independente.

Research paper thumbnail of Prazer e memória no Filebo

Research paper thumbnail of Resenha de VAZ, H. C. L. Escritos de Filosofia VIII

Research paper thumbnail of A TROCA DE PRAZERES E DORES NO FÉDON

Resumo: Neste artigo, procuro explorar a relação entre o prazeroso e o doloroso compreendidos com... more Resumo: Neste artigo, procuro explorar a relação entre o prazeroso e o doloroso compreendidos como 'contrários' e o tema da 'troca' como o uso de bens dirigido (ou não) pela pensamento reflexivo (phrónesis) no Fédon (60b; 69a-b). Em contraposição, o texto analisa alguns fragmentos de Antifonte (DK87B49; B57-62 entre outros) com o propósito de evidenciar a crítica operada por Sócrates do dito "comércio" entre prazeres e dores, esperanças e medos. Esse confronto esclarece a diferença entre o modo de vida filosófico e os valores predominantes entre os cidadãos atenienses.

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A encenação do poder tirânico 1. A cena trágica do tirano 2 Interessa-me explicitar em que medida... more A encenação do poder tirânico 1. A cena trágica do tirano 2 Interessa-me explicitar em que medida, nos livros VIII e IX da Repú-blica, para " penetrar no caráter " do tirano, a estratégia argumentativa de Sócrates é descrever suas ações como uma encenação montada no palco da cidade, desenvolvendo uma reflexão política que oscila entre as dimensões psicológica (da natureza da alma) e ontológica (do objeto do prazer). Fica manifesto que a proposta do filósofo governante de-pende de modo decisivo da desmontagem crítica da encenação política do tirano (do drama de sua ação). Parto da análise daquela que me parece uma passagem exemplar, para meu propósito: SOC – (…) mas, é preciso, entrando na cidade (eiselthóntas), obser-vá-la (theásasthai) como um todo, penetrando e olhando (katadýntes eis hápasan kaí idóntes) todos os lugares, para então manifestarmos (dóxan apophainómetha) nossa opinião. GLA – Ora (disse ele) é correto o que propões. E fica manifesto (dê-lon) para todos que não há nenhuma cidade mais infeliz do que a que é governada de modo tirânico, e nenhuma mais feliz do que a que é governada por um rei. SOC – Então (disse eu) se eu propusesse proceder do mesmo modo com relação aos homens (individuais) também, eu estaria correto? Eu consideraria digno de julgá-los (krínein) aquele que, ao penetrar pelo pensamento (tê dianoía-diideîn) no caráter de um homem, fosse capaz 1 Universidade Federal de Belo Horizonte. 2 Este texto faz parte de meu projeto maior de pesquisa sobre " os modos do apa-recer na República " , no qual estudo as múltiplas dimensões do problema da aparência e da imagem em Platão, com diversas publicações parciais.

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       ... more                                                  

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Borges começa o conto O Aleph 1 contando como uma mulher pela qual se apaixonara, Beatriz Viterbo... more Borges começa o conto O Aleph 1 contando como uma mulher pela qual se apaixonara, Beatriz Viterbo, não poderia nunca ver o novo anúncio de cigarros nos painéis de uma praça de Buenos Aires, porque morrera naquela manhã. Essa e outras infinitas mudanças indicam que ela já está excluída do vasto e incessante universo. A partir de sua morte, em 1929, Borges passa a visitar regularmente o primo-irmão de Beatriz, o também escritor Carlos Argentino Daneri, com quem constrói um curioso relacionamento literário. Numa dessas visitas, em 1941, Daneri observa que, para o homem moderno, o ato de viajar é inútil, por causa da parafernália tecnológica que tem a sua disposição (telefones, telégrafos, fonógrafos, aparelhos de radiotelefonia, cinematógrafos,

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Reservados todos os direitos. Nos termos legais fica expressamente proibida a reprodução total ou... more Reservados todos os direitos. Nos termos legais fica expressamente proibida a reprodução total ou parcial por qualquer meio, em papel ou em edição eletrónica, sem autorização expressa dos titulares dos direitos. É desde já excecionada a utilização em circuitos académicos fechados para apoio a lecionação ou extensão cultural por via de e-learning. POCI/2010 Todos os volumes desta série são sujeitos a arbitragem científica independente.

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Resumo: Neste artigo, procuro explorar a relação entre o prazeroso e o doloroso compreendidos com... more Resumo: Neste artigo, procuro explorar a relação entre o prazeroso e o doloroso compreendidos como 'contrários' e o tema da 'troca' como o uso de bens dirigido (ou não) pela pensamento reflexivo (phrónesis) no Fédon (60b; 69a-b). Em contraposição, o texto analisa alguns fragmentos de Antifonte (DK87B49; B57-62 entre outros) com o propósito de evidenciar a crítica operada por Sócrates do dito "comércio" entre prazeres e dores, esperanças e medos. Esse confronto esclarece a diferença entre o modo de vida filosófico e os valores predominantes entre os cidadãos atenienses.