Magda L Mascarello | Universidade Federal do Paraná (original) (raw)
Papers by Magda L Mascarello
Sociologias Plurais, Feb 7, 2019
Desde a década de 80 tem-se assistido a emergência de inúmeras inciativas e empreendimentos de ge... more Desde a década de 80 tem-se assistido a emergência de inúmeras inciativas e empreendimentos de geração de renda e redução da pobreza. Entre essas experiências encontram-se as alocadas no campo da Economia Solidária compreendendo empreendimentos que partilham de um determinado conjunto de princípios e valores, entre eles o respeito aos saberes, a relações horizontais de poder através da autogestão e distribuição equitativa dos recursos. Na medida em que se expande o leque de iniciativas algumas se destacam ganhando notoriedade em função do potencial humano e financeiro que mobilizam, em especial cooperativas de crédito e agrícolas. Contudo, ainda no bojo dos empreendimentos solidários, há um conjunto de iniciativas relegadas à invisibilidade, em especial Clubes de Troca e Cooperativas de Catadores de Materiais Recicláveis, sobre os quais há poucos estudos ou mesmo referências na literatura especializada sobre o campo. Nesse sentido nos perguntamos sobre os processos engendrados nessa dupla invisibilização: são grupos que estão fora do mercado formal de trabalho e à margem dos empreendimentos considerados suficientemente relevantes para reivindicar recursos e políticas públicas. Qual seria o lugar social sobre o qual se inscreve o trabalho produzido por esses agentes? Quais os impactos objetivos e subjetivos dessa dupla invisibilização? A partir de levantamentos empíricos se pretende problematizar questões acerca de conceitos como trabalho, gênero e desigualdade.
Sociologias Plurais, 2019
Desde a década de 80 tem-se assistido a emergência de inúmeras inciativas e empreendimentos de ge... more Desde a década de 80 tem-se assistido a emergência de inúmeras inciativas e empreendimentos de geração de renda e redução da pobreza. Entre essas experiências encontram-se as alocadas no campo da Economia Solidária compreendendo empreendimentos que partilham de um determinado conjunto de princípios e valores, entre eles o respeito aos saberes, a relações horizontais de poder através da autogestão e distribuição equitativa dos recursos. Na medida em que se expande o leque de iniciativas algumas se destacam ganhando notoriedade em função do potencial humano e financeiro que mobilizam, em especial cooperativas de crédito e agrícolas. Contudo, ainda no bojo dos empreendimentos solidários, há um conjunto de iniciativas relegadas à invisibilidade, em especial Clubes de Troca e Cooperativas de Catadores de Materiais Recicláveis, sobre os quais há poucos estudos ou mesmo referências na literatura especializada sobre o campo. Nesse sentido nos perguntamos sobre os processos engendrados nessa...
Since the 90's in Brazil there are many Solidarity Economy initiatives. Researches has been d... more Since the 90's in Brazil there are many Solidarity Economy initiatives. Researches has been devoted to the evaluation of these experiments seeking to measure its economic and political sustainability and their meanings. Gain relevance the projects that mobilize greater resources in the process of production of goods or services over others formats whose axis is focused more in the circulation than the purchase and sale of products. We start from ethnographic studies in the Pire Network in Dourados-MS and than Clubs of Exchanges in the network Pinion in Curitiba, PR, front the gap the studies about such groups, we intend questioning the materiality of solidarity economy from the things that are produced and put into circulation. The hypothesis is that the solidarity economy beyond the particular forms of sociality, also produces, through the materiality of things, their uses and meanings, a process of disalienation, once it operates in the cracks of the capital using material and...
Nos últimos anos os catadores de materiais recicláveis passaram a apresentar-se como um segmento ... more Nos últimos anos os catadores de materiais recicláveis passaram a apresentar-se como um segmento ocupacional que demanda ser reconhecido e valorizado pelas políticas públicas, mobilizando demandas que acionam diversos atores e organizações sociais e estabelecendo-se paulatinamente enquanto sujeitos de direito.Nesse processo, eles vêm buscando uma redefinição da categoria transformando-se de pessoas que vivem do lixo em trabalhadores imprescindíveis para a cidade e agentes ambientais que coletam materiais recicláveis. Por meio de pesquisa etnográfica realizada entre os anos de 2013 e 2015 junto a Associação de Catadores Mutirão em Curitiba – PR, este estudo traz uma reflexão sobre as experiências e práticas políticas dos trabalhadores desta organização e, por meio das singularidades de seu modo de vida, busca apreender o jogo político da catação de matérias recicláveis de Curitiba. A partir da reconstituição da trajetória do Mutirão e no movimento vivido por seus protagonistas, pode-se perceber que ao mesmo tempo em que os catadores catam materiais recicláveis também recolhem e tecem relações, conexões e projetos de autonomia que impulsionam e modulam suas práticas e estratégias políticas.
Otra Economía, Apr 4, 2016
Resumo. A Economia Solidária vem crescendo no Brasil, tanto em número de participantes nos empree... more Resumo. A Economia Solidária vem crescendo no Brasil, tanto em número de participantes nos empreendimentos econômicos quanto em iniciativas do Estado e estudos acadêmicos. Situado neste contexto, o objetivo deste artigo é discutir as significações deste fenômeno social na organização específica que existe no município de Dourados-MS, tomando como ponto de partida a narrativa dos sujeitos que o constroem ao mesmo tempo em que dele participam. Trata-se de uma reflexão antropológica sobre os significados imbricados nas relações cotidianas das pessoas que compõem a rede de economia solidária da cidade, assumindo a etnografia e o registro de memória e trajetórias de vida como método de pesquisa. Os resultados indicam que a Economia Solidária em Dourados aparece, sobretudo, como um ato de fé que impulsiona um deslocamento das pessoas em um caminho de busca por uma sonhada libertação cristã. Um projeto e, ao mesmo tempo, um horizonte, ambos articulados definindo símbolos, ações, identidades, compromissos, sentimentos e também política pública. Uma missão, portanto, ora de caráter universal como vida entregada a serviço de certa comunhão planetária, ora como atuação local, como redimensionamento das relações na própria família.
Revista Eclesiastica Brasileira, 2013
Este artigo é resultado de uma pesquisa, cujo objetivo foi o de identificar as representações sob... more Este artigo é resultado de uma pesquisa, cujo objetivo foi o de identificar as representações sobre a morte e seus rituais que circulam em nossa sociedade e os significados que se mobilizam nesse processo. Para isso, foram utilizados os mecanismos de marketing e comercialização de objetos fúnebres em funerárias da região central de Curitiba/PR e a etnografia de um velório. A morte é compreendida como um ritual que condensa simultaneamente a separação, a passagem e a agregação. O estudo revela como os significados, que emergem desses rituais, foram se transformando ao longo da história das sociedades ocidentais, passando por importantes processos de medicalização e, inclusive de higienização, que agora são mobilizados e comercializados pelas funerárias. Esses processos incidiram diretamente na forma como as pessoas expressam seus sentimentos frente à morte de alguém e à inevitabilidade de seu próprio morrer, bem como na maneira de organizar e compreender os cerimoniais fúnebres. Estas transformações estabelecem novos significados para as noções de público e privado, redefinindo suas fronteiras e constituindo novas configurações semânticas sobre a morte.: This article is the result of a piece of research the objective of which was to identify the representations about death and its rituals that circulate in our society and the meanings that are mobilized in this process. For this purpose, we used the marketing and commercialization mechanisms surrounding funereal objects in undertakers in the central region of Curitiba/Paraná and the ethnography of a wake ceremony. Death is understood as a ritual that condenses separation, passage and aggregation simultaneously. The study reveals how the meanings that emerge from these rites gradually changed along the history of the Western societies, going through important medicalization processes, (including hygiene) that are now mobilized and commercialized by the undertakers. These processes influenced directly the way people express their feelings when confronted with someone’s death and the inevitability of their own dying, as well as the way they organize and understand the funereal ceremonies. These changes established new meanings for the notions of public and private, redefining their borders and developing new semantic configurations about death.Keywords: Death. Funereal rites. Emotions. Medicalization.
Revista Eclesiastica Brasileira, 2013
Este artigo é resultado de uma pesquisa, cujo objetivo foi o de identificar as representações sob... more Este artigo é resultado de uma pesquisa, cujo objetivo foi o de identificar as representações sobre a morte e seus rituais que circulam em nossa sociedade e os significados que se mobilizam nesse processo. Para isso, foram utilizados os mecanismos de marketing e comercialização de objetos fúnebres em funerárias da região central de Curitiba/PR e a etnografia de um velório. A morte é compreendida como um ritual que condensa simultaneamente a separação, a passagem e a agregação. O estudo revela como os significados, que emergem desses rituais, foram se transformando ao longo da história das sociedades ocidentais, passando por importantes processos de medicalização e, inclusive de higienização, que agora são mobilizados e comercializados pelas funerárias. Esses processos incidiram diretamente na forma como as pessoas expressam seus sentimentos frente à morte de alguém e à inevitabilidade de seu próprio morrer, bem como na maneira de organizar e compreender os cerimoniais fúnebres. Estas transformações estabelecem novos significados para as noções de público e privado, redefinindo suas fronteiras e constituindo novas configurações semânticas sobre a morte.: This article is the result of a piece of research the objective of which was to identify the representations about death and its rituals that circulate in our society and the meanings that are mobilized in this process. For this purpose, we used the marketing and commercialization mechanisms surrounding funereal objects in undertakers in the central region of Curitiba/Paraná and the ethnography of a wake ceremony. Death is understood as a ritual that condenses separation, passage and aggregation simultaneously. The study reveals how the meanings that emerge from these rites gradually changed along the history of the Western societies, going through important medicalization processes, (including hygiene) that are now mobilized and commercialized by the undertakers. These processes influenced directly the way people express their feelings when confronted with someone’s death and the inevitability of their own dying, as well as the way they organize and understand the funereal ceremonies. These changes established new meanings for the notions of public and private, redefining their borders and developing new semantic configurations about death.Keywords: Death. Funereal rites. Emotions. Medicalization.
Revista Vernáculo, 2013
Em 2000 foi criado no Brasil o Programa Nacional de Patrimônio Imaterial abrindo uma nova vertent... more Em 2000 foi criado no Brasil o Programa Nacional de Patrimônio Imaterial abrindo uma nova vertente de políticas públicas para a cultura incluindo entre as ações do Estado os bens imateriais. Neste contexto, a capoeira foi registrada pelo IPHAN como Patrimônio Nacional em 2008 a partir de duas perspectivas: a roda de capoeira e o ofício dos mestres. Isso, além de consolidar a relevância da prática no país permite uma reflexão sobre os processos do registro e seus resultados limitados e ambíguos na consolidação de direitos dos capoeiristas. O artigo, baseado metodologicamente na análise do dossiê produzido pelo IPHAN e no documento do Seminário Nacional de Políticas Públicas para Culturas Populares - 2005, em diálogo com entrevistas feitas com mestres de capoeira de Curitiba, objetiva discutir a relação entre capoeira e Estado e as históricas significações que dela emergem até seu registro.
Em 2000 foi criado no Brasil o Programa Nacional de Patrimônio Imaterial abrindo uma nova vertent... more Em 2000 foi criado no Brasil o Programa Nacional de Patrimônio Imaterial abrindo uma nova vertente de
políticas públicas para a cultura incluindo entre as ações do Estado os bens imateriais. Neste contexto, a
capoeira foi registrada pelo IPHAN como Patrimônio Nacional em 2008 a partir de duas perspectivas: a roda
de capoeira e o ofício dos mestres. Isso, além de consolidar a relevância da prática no país permite uma
reflexão sobre os processos do registro e seus resultados limitados e ambíguos na consolidação de direitos
dos capoeiristas. O artigo, baseado metodologicamente na análise do dossiê produzido pelo IPHAN e no
documento do Seminário Nacional de Políticas Públicas para Culturas Populares - 2005, em diálogo com
entrevistas feitas com mestres de capoeira de Curitiba, objetiva discutir a relação entre capoeira e Estado e
as históricas significações que dela emergem até seu registro.
Palavras-chave: Capoeira. Estado. Políticas Públicas.
Fazer antropologia é apreender a vida social em seu constante rearranjo de pessoas e coisas, expe... more Fazer antropologia é apreender a vida social em seu constante rearranjo de pessoas e coisas, experimentando continuamente com a experiência dos outros. Quando estes “outros” se misturam ao “nós” como em casos de etnografia em grupos dos quais o pesquisador participa de alguma maneira, o empreendimento antropológico levanta questões importantes sobre as implicações científicas, éticas e políticas da investigação. Inserido neste contexto o presente artigo tem por objetivo discutir questões teórico-metodológicas que emergiram durante a pesquisa na Rede Pirê de Economia Solidária, localizada no município de Dourados – MS, tanto no que remete às dinâmicas do trabalho de campo, quanto àquelas inerentes à escrita do texto etnográfico, ambas intrinsecamente ligadas ao lugar e experiência do pesquisador. A partir das proposições teóricas de Bakhtin, o contexto de pesquisa é assumido como relacional e dialógico, onde os processos de interação pesquisador-pesquisados definem seus resultados. Relações nem sempre estabelecidas com o claro objetivo do conhecer, muitas vezes permeadas pela amizade e confiança, pela intencionalidade política e, até mesmo, pela coincidência e compartilhamento de valores e crenças. Uma vez que estas relações vão sendo transformadas em textos etnográficos emergem outros problemas relativos à transcrição e ao uso das falas para compor a escrita antropológica – já que para isso elas são retiradas de seu contexto enunciativo de origem - e às influências deste texto na vida dos agentes uma vez que depois de concluído para eles retorna carregando em si o estatuto de reflexão científica.
Palavras-chave: Etnografia. Dialogia. Implicações éticas. Escrita antropológica.
O objetivo do artigo é apresentar uma discussão teórica sobre as principais transformações no cen... more O objetivo do artigo é apresentar uma discussão teórica sobre as principais transformações no cenário brasileiro que influenciaram a emergência da Economia Solidaria e alguns desdobramentos semânticos que se consolidaram com sua expansão. Uma caracterização do contexto que corresponde às décadas de 1980 e 1990 e o período subsequente, a partir de três mudanças fundamentais: a grande crise econômica que deixou no desemprego significativa parcela da população ou então precarizou o trabalho; transformações ocorridas nas políticas de bem-estar social e na organização do Estado trazidas pela Constituição Federal de 1988 e as reformas neoliberais posteriores que transferiram aos trabalhadores desempregados a responsabilidade pelo seu próprio destino obrigando-os à busca por alternativas de trabalho e renda e tercerizando os serviços públicos; e modificações no interior dos movimentos sociais com a multiplicação de ONGs e ampliação da parceria destas com o Estado. Os resultados indicam que, a pesar da relevância destas mudanças na gênese da economia solidária, também os estudos acadêmicos, as estatísticas resultantes do primeiro mapeamento nacional e a inclusão de alguns agentes contribuem para seu surgimento e pluralizam seus significados. Destaque será dado aqui à presença de Cáritas na economia solidaria do Brasil e as proximidades desta com princípios da cosmologia cristã.
Palavras-chave: Economia solidária. Contexto. Mapeamento. Significados. Cosmologia Cristã.
Desde a década de 90 há no Brasil iniciativas de Economia Solidaria. Muitas pesquisas têm se dedi... more Desde a década de 90 há no Brasil iniciativas de Economia Solidaria. Muitas pesquisas têm se
dedicado à avaliação dessas experiências buscando mensurar sua sustentabilidade econômico-política e
seus significados. Nelas ganham relevância os empreendimentos que mobilizam maiores recursos no
processo de produção de bens ou serviços em detrimento de outros formatos que tem como eixo mais a
circulação de produtos do que sua produção. Através de etnografia junto à Rede Pirê em Dourados-MS e à
Rede Pinhão de Clubes de Troca em Curitiba-PR, pretende-se adentrar nesta lacuna problematizando a
materialidade da economia solidaria a partir das coisas que são nela produzidas e postas em circulação. A
hipótese é que a economia solidaria além das formas particulares de socialidade, também produz, através
da materialidade das coisas, seus usos e significados, um processo de desalienação, já que opera nas fissuras
do capital acionando recursos materiais e simbólicos que prescindem da lógica mercantil.
Palavras-Chaves: Economia Solidaria; Materialidade; Socialidade
Desde a década de 1980 tem-se assistido a emergência de inúmeras iniciativas e empreendimentos de... more Desde a década de 1980 tem-se assistido a emergência de inúmeras iniciativas e empreendimentos de geração de renda e redução da pobreza. Entre essas experiências encontra-se as alocadas no campo da Economia Solidaria compreendendo empreendimentos que partilham de um determinado conjunto de princípios e valores, entre eles o respeito aos saberes, as relações horizontais de poder através da autogestão e distribuição equitativa dose recursos. Na medida em que se expande o leque de iniciativas algumas se destacam ganhando notoriedade em função do potencial humano e financeiro que mobilizam, em especial cooperativas de crédito e agrícolas. Contudo, ainda no bojo dos empreendimentos solidários, há um conjunto de iniciativas relegadas à invisibilidade, em especial Clubes de Trocas e Cooperativas de Catadores de Materiais Recicláveis, sobre os quais há poucos estudos ou mesmo referências na literatura especializada sobre o campo. Nesse sentido, nos perguntamos sobre os processos engendrados nessa dupla invisibilização: são grupos que estão fora do mercado formal de trabalho e à margem dos empreendimentos considerados suficientemente relevantes para reivindicar recursos e políticas públicas. Qual seria o lugar social sobre o qual se inscreve o trabalho produzido por esses agentes? Quais os impactos objetivos e subjetivos dessa dupla invisibilização? a partir de levantamentos empíricos se pretende problematizar questões acerca de conceitos como trabalho, gênero e desigualdade.
Palavras-chave: Economia Solidaria; Catadores; Clubes de Trocas; Mapeamento.
O presente artigo traz uma discussão sobre a definição de Economia Solidaria encontrada na organi... more O presente artigo traz uma discussão sobre a definição de Economia Solidaria encontrada na organização específica da cidade de Dourados - MS, segundo a enunciação de seus agentes. O objetivo é refletir sobre as significações deste fenômeno social tomando como ponto de partida a narrativa dos sujeitos que o constroem ao mesmo tempo que dele participam. Trata-se, portanto, de uma reflexão sobre os significados imbricados nas relações cotidianas onde acontecem os processos de interação - e não nos marcos institucionais e macro-sociais do fenômeno definidos comumente a partir da pressuposta dicotomia capitalismo versus socialismo - e assumir a etnografia e o registro de memória e trajetórias de vida como método investigativo. A reflexão foi elaborada a partir de sete entrevistas realizadas exclusivamente com mulheres que fazem ou fizeram parte da Rede de Economia Solidaria de Dourados, cujos critérios para a escolha foram pautados na diversidade das agentes da rede, divididas nas três categorias clássicas reconhecidas na literatura sobre o tema - empreendimentos, assessores ou entidades de apoio e gestores públicos -, a posição que nela ocupam e o reconhecimento dos demais membros da organização. A análise de suas narrativas mostra que a economia solidaria em Dourados é um conceito que, ao mesmo tempo em que apresenta significados múltiplos, traz generalizações nas quais estes imbricam-se e complementam-se mutuamente.
Palavras-chave: Economia Solidaria; Memoria; Trajetoria.
Books by Magda L Mascarello
Sociologias Plurais, Feb 7, 2019
Desde a década de 80 tem-se assistido a emergência de inúmeras inciativas e empreendimentos de ge... more Desde a década de 80 tem-se assistido a emergência de inúmeras inciativas e empreendimentos de geração de renda e redução da pobreza. Entre essas experiências encontram-se as alocadas no campo da Economia Solidária compreendendo empreendimentos que partilham de um determinado conjunto de princípios e valores, entre eles o respeito aos saberes, a relações horizontais de poder através da autogestão e distribuição equitativa dos recursos. Na medida em que se expande o leque de iniciativas algumas se destacam ganhando notoriedade em função do potencial humano e financeiro que mobilizam, em especial cooperativas de crédito e agrícolas. Contudo, ainda no bojo dos empreendimentos solidários, há um conjunto de iniciativas relegadas à invisibilidade, em especial Clubes de Troca e Cooperativas de Catadores de Materiais Recicláveis, sobre os quais há poucos estudos ou mesmo referências na literatura especializada sobre o campo. Nesse sentido nos perguntamos sobre os processos engendrados nessa dupla invisibilização: são grupos que estão fora do mercado formal de trabalho e à margem dos empreendimentos considerados suficientemente relevantes para reivindicar recursos e políticas públicas. Qual seria o lugar social sobre o qual se inscreve o trabalho produzido por esses agentes? Quais os impactos objetivos e subjetivos dessa dupla invisibilização? A partir de levantamentos empíricos se pretende problematizar questões acerca de conceitos como trabalho, gênero e desigualdade.
Sociologias Plurais, 2019
Desde a década de 80 tem-se assistido a emergência de inúmeras inciativas e empreendimentos de ge... more Desde a década de 80 tem-se assistido a emergência de inúmeras inciativas e empreendimentos de geração de renda e redução da pobreza. Entre essas experiências encontram-se as alocadas no campo da Economia Solidária compreendendo empreendimentos que partilham de um determinado conjunto de princípios e valores, entre eles o respeito aos saberes, a relações horizontais de poder através da autogestão e distribuição equitativa dos recursos. Na medida em que se expande o leque de iniciativas algumas se destacam ganhando notoriedade em função do potencial humano e financeiro que mobilizam, em especial cooperativas de crédito e agrícolas. Contudo, ainda no bojo dos empreendimentos solidários, há um conjunto de iniciativas relegadas à invisibilidade, em especial Clubes de Troca e Cooperativas de Catadores de Materiais Recicláveis, sobre os quais há poucos estudos ou mesmo referências na literatura especializada sobre o campo. Nesse sentido nos perguntamos sobre os processos engendrados nessa...
Since the 90's in Brazil there are many Solidarity Economy initiatives. Researches has been d... more Since the 90's in Brazil there are many Solidarity Economy initiatives. Researches has been devoted to the evaluation of these experiments seeking to measure its economic and political sustainability and their meanings. Gain relevance the projects that mobilize greater resources in the process of production of goods or services over others formats whose axis is focused more in the circulation than the purchase and sale of products. We start from ethnographic studies in the Pire Network in Dourados-MS and than Clubs of Exchanges in the network Pinion in Curitiba, PR, front the gap the studies about such groups, we intend questioning the materiality of solidarity economy from the things that are produced and put into circulation. The hypothesis is that the solidarity economy beyond the particular forms of sociality, also produces, through the materiality of things, their uses and meanings, a process of disalienation, once it operates in the cracks of the capital using material and...
Nos últimos anos os catadores de materiais recicláveis passaram a apresentar-se como um segmento ... more Nos últimos anos os catadores de materiais recicláveis passaram a apresentar-se como um segmento ocupacional que demanda ser reconhecido e valorizado pelas políticas públicas, mobilizando demandas que acionam diversos atores e organizações sociais e estabelecendo-se paulatinamente enquanto sujeitos de direito.Nesse processo, eles vêm buscando uma redefinição da categoria transformando-se de pessoas que vivem do lixo em trabalhadores imprescindíveis para a cidade e agentes ambientais que coletam materiais recicláveis. Por meio de pesquisa etnográfica realizada entre os anos de 2013 e 2015 junto a Associação de Catadores Mutirão em Curitiba – PR, este estudo traz uma reflexão sobre as experiências e práticas políticas dos trabalhadores desta organização e, por meio das singularidades de seu modo de vida, busca apreender o jogo político da catação de matérias recicláveis de Curitiba. A partir da reconstituição da trajetória do Mutirão e no movimento vivido por seus protagonistas, pode-se perceber que ao mesmo tempo em que os catadores catam materiais recicláveis também recolhem e tecem relações, conexões e projetos de autonomia que impulsionam e modulam suas práticas e estratégias políticas.
Otra Economía, Apr 4, 2016
Resumo. A Economia Solidária vem crescendo no Brasil, tanto em número de participantes nos empree... more Resumo. A Economia Solidária vem crescendo no Brasil, tanto em número de participantes nos empreendimentos econômicos quanto em iniciativas do Estado e estudos acadêmicos. Situado neste contexto, o objetivo deste artigo é discutir as significações deste fenômeno social na organização específica que existe no município de Dourados-MS, tomando como ponto de partida a narrativa dos sujeitos que o constroem ao mesmo tempo em que dele participam. Trata-se de uma reflexão antropológica sobre os significados imbricados nas relações cotidianas das pessoas que compõem a rede de economia solidária da cidade, assumindo a etnografia e o registro de memória e trajetórias de vida como método de pesquisa. Os resultados indicam que a Economia Solidária em Dourados aparece, sobretudo, como um ato de fé que impulsiona um deslocamento das pessoas em um caminho de busca por uma sonhada libertação cristã. Um projeto e, ao mesmo tempo, um horizonte, ambos articulados definindo símbolos, ações, identidades, compromissos, sentimentos e também política pública. Uma missão, portanto, ora de caráter universal como vida entregada a serviço de certa comunhão planetária, ora como atuação local, como redimensionamento das relações na própria família.
Revista Eclesiastica Brasileira, 2013
Este artigo é resultado de uma pesquisa, cujo objetivo foi o de identificar as representações sob... more Este artigo é resultado de uma pesquisa, cujo objetivo foi o de identificar as representações sobre a morte e seus rituais que circulam em nossa sociedade e os significados que se mobilizam nesse processo. Para isso, foram utilizados os mecanismos de marketing e comercialização de objetos fúnebres em funerárias da região central de Curitiba/PR e a etnografia de um velório. A morte é compreendida como um ritual que condensa simultaneamente a separação, a passagem e a agregação. O estudo revela como os significados, que emergem desses rituais, foram se transformando ao longo da história das sociedades ocidentais, passando por importantes processos de medicalização e, inclusive de higienização, que agora são mobilizados e comercializados pelas funerárias. Esses processos incidiram diretamente na forma como as pessoas expressam seus sentimentos frente à morte de alguém e à inevitabilidade de seu próprio morrer, bem como na maneira de organizar e compreender os cerimoniais fúnebres. Estas transformações estabelecem novos significados para as noções de público e privado, redefinindo suas fronteiras e constituindo novas configurações semânticas sobre a morte.: This article is the result of a piece of research the objective of which was to identify the representations about death and its rituals that circulate in our society and the meanings that are mobilized in this process. For this purpose, we used the marketing and commercialization mechanisms surrounding funereal objects in undertakers in the central region of Curitiba/Paraná and the ethnography of a wake ceremony. Death is understood as a ritual that condenses separation, passage and aggregation simultaneously. The study reveals how the meanings that emerge from these rites gradually changed along the history of the Western societies, going through important medicalization processes, (including hygiene) that are now mobilized and commercialized by the undertakers. These processes influenced directly the way people express their feelings when confronted with someone’s death and the inevitability of their own dying, as well as the way they organize and understand the funereal ceremonies. These changes established new meanings for the notions of public and private, redefining their borders and developing new semantic configurations about death.Keywords: Death. Funereal rites. Emotions. Medicalization.
Revista Eclesiastica Brasileira, 2013
Este artigo é resultado de uma pesquisa, cujo objetivo foi o de identificar as representações sob... more Este artigo é resultado de uma pesquisa, cujo objetivo foi o de identificar as representações sobre a morte e seus rituais que circulam em nossa sociedade e os significados que se mobilizam nesse processo. Para isso, foram utilizados os mecanismos de marketing e comercialização de objetos fúnebres em funerárias da região central de Curitiba/PR e a etnografia de um velório. A morte é compreendida como um ritual que condensa simultaneamente a separação, a passagem e a agregação. O estudo revela como os significados, que emergem desses rituais, foram se transformando ao longo da história das sociedades ocidentais, passando por importantes processos de medicalização e, inclusive de higienização, que agora são mobilizados e comercializados pelas funerárias. Esses processos incidiram diretamente na forma como as pessoas expressam seus sentimentos frente à morte de alguém e à inevitabilidade de seu próprio morrer, bem como na maneira de organizar e compreender os cerimoniais fúnebres. Estas transformações estabelecem novos significados para as noções de público e privado, redefinindo suas fronteiras e constituindo novas configurações semânticas sobre a morte.: This article is the result of a piece of research the objective of which was to identify the representations about death and its rituals that circulate in our society and the meanings that are mobilized in this process. For this purpose, we used the marketing and commercialization mechanisms surrounding funereal objects in undertakers in the central region of Curitiba/Paraná and the ethnography of a wake ceremony. Death is understood as a ritual that condenses separation, passage and aggregation simultaneously. The study reveals how the meanings that emerge from these rites gradually changed along the history of the Western societies, going through important medicalization processes, (including hygiene) that are now mobilized and commercialized by the undertakers. These processes influenced directly the way people express their feelings when confronted with someone’s death and the inevitability of their own dying, as well as the way they organize and understand the funereal ceremonies. These changes established new meanings for the notions of public and private, redefining their borders and developing new semantic configurations about death.Keywords: Death. Funereal rites. Emotions. Medicalization.
Revista Vernáculo, 2013
Em 2000 foi criado no Brasil o Programa Nacional de Patrimônio Imaterial abrindo uma nova vertent... more Em 2000 foi criado no Brasil o Programa Nacional de Patrimônio Imaterial abrindo uma nova vertente de políticas públicas para a cultura incluindo entre as ações do Estado os bens imateriais. Neste contexto, a capoeira foi registrada pelo IPHAN como Patrimônio Nacional em 2008 a partir de duas perspectivas: a roda de capoeira e o ofício dos mestres. Isso, além de consolidar a relevância da prática no país permite uma reflexão sobre os processos do registro e seus resultados limitados e ambíguos na consolidação de direitos dos capoeiristas. O artigo, baseado metodologicamente na análise do dossiê produzido pelo IPHAN e no documento do Seminário Nacional de Políticas Públicas para Culturas Populares - 2005, em diálogo com entrevistas feitas com mestres de capoeira de Curitiba, objetiva discutir a relação entre capoeira e Estado e as históricas significações que dela emergem até seu registro.
Em 2000 foi criado no Brasil o Programa Nacional de Patrimônio Imaterial abrindo uma nova vertent... more Em 2000 foi criado no Brasil o Programa Nacional de Patrimônio Imaterial abrindo uma nova vertente de
políticas públicas para a cultura incluindo entre as ações do Estado os bens imateriais. Neste contexto, a
capoeira foi registrada pelo IPHAN como Patrimônio Nacional em 2008 a partir de duas perspectivas: a roda
de capoeira e o ofício dos mestres. Isso, além de consolidar a relevância da prática no país permite uma
reflexão sobre os processos do registro e seus resultados limitados e ambíguos na consolidação de direitos
dos capoeiristas. O artigo, baseado metodologicamente na análise do dossiê produzido pelo IPHAN e no
documento do Seminário Nacional de Políticas Públicas para Culturas Populares - 2005, em diálogo com
entrevistas feitas com mestres de capoeira de Curitiba, objetiva discutir a relação entre capoeira e Estado e
as históricas significações que dela emergem até seu registro.
Palavras-chave: Capoeira. Estado. Políticas Públicas.
Fazer antropologia é apreender a vida social em seu constante rearranjo de pessoas e coisas, expe... more Fazer antropologia é apreender a vida social em seu constante rearranjo de pessoas e coisas, experimentando continuamente com a experiência dos outros. Quando estes “outros” se misturam ao “nós” como em casos de etnografia em grupos dos quais o pesquisador participa de alguma maneira, o empreendimento antropológico levanta questões importantes sobre as implicações científicas, éticas e políticas da investigação. Inserido neste contexto o presente artigo tem por objetivo discutir questões teórico-metodológicas que emergiram durante a pesquisa na Rede Pirê de Economia Solidária, localizada no município de Dourados – MS, tanto no que remete às dinâmicas do trabalho de campo, quanto àquelas inerentes à escrita do texto etnográfico, ambas intrinsecamente ligadas ao lugar e experiência do pesquisador. A partir das proposições teóricas de Bakhtin, o contexto de pesquisa é assumido como relacional e dialógico, onde os processos de interação pesquisador-pesquisados definem seus resultados. Relações nem sempre estabelecidas com o claro objetivo do conhecer, muitas vezes permeadas pela amizade e confiança, pela intencionalidade política e, até mesmo, pela coincidência e compartilhamento de valores e crenças. Uma vez que estas relações vão sendo transformadas em textos etnográficos emergem outros problemas relativos à transcrição e ao uso das falas para compor a escrita antropológica – já que para isso elas são retiradas de seu contexto enunciativo de origem - e às influências deste texto na vida dos agentes uma vez que depois de concluído para eles retorna carregando em si o estatuto de reflexão científica.
Palavras-chave: Etnografia. Dialogia. Implicações éticas. Escrita antropológica.
O objetivo do artigo é apresentar uma discussão teórica sobre as principais transformações no cen... more O objetivo do artigo é apresentar uma discussão teórica sobre as principais transformações no cenário brasileiro que influenciaram a emergência da Economia Solidaria e alguns desdobramentos semânticos que se consolidaram com sua expansão. Uma caracterização do contexto que corresponde às décadas de 1980 e 1990 e o período subsequente, a partir de três mudanças fundamentais: a grande crise econômica que deixou no desemprego significativa parcela da população ou então precarizou o trabalho; transformações ocorridas nas políticas de bem-estar social e na organização do Estado trazidas pela Constituição Federal de 1988 e as reformas neoliberais posteriores que transferiram aos trabalhadores desempregados a responsabilidade pelo seu próprio destino obrigando-os à busca por alternativas de trabalho e renda e tercerizando os serviços públicos; e modificações no interior dos movimentos sociais com a multiplicação de ONGs e ampliação da parceria destas com o Estado. Os resultados indicam que, a pesar da relevância destas mudanças na gênese da economia solidária, também os estudos acadêmicos, as estatísticas resultantes do primeiro mapeamento nacional e a inclusão de alguns agentes contribuem para seu surgimento e pluralizam seus significados. Destaque será dado aqui à presença de Cáritas na economia solidaria do Brasil e as proximidades desta com princípios da cosmologia cristã.
Palavras-chave: Economia solidária. Contexto. Mapeamento. Significados. Cosmologia Cristã.
Desde a década de 90 há no Brasil iniciativas de Economia Solidaria. Muitas pesquisas têm se dedi... more Desde a década de 90 há no Brasil iniciativas de Economia Solidaria. Muitas pesquisas têm se
dedicado à avaliação dessas experiências buscando mensurar sua sustentabilidade econômico-política e
seus significados. Nelas ganham relevância os empreendimentos que mobilizam maiores recursos no
processo de produção de bens ou serviços em detrimento de outros formatos que tem como eixo mais a
circulação de produtos do que sua produção. Através de etnografia junto à Rede Pirê em Dourados-MS e à
Rede Pinhão de Clubes de Troca em Curitiba-PR, pretende-se adentrar nesta lacuna problematizando a
materialidade da economia solidaria a partir das coisas que são nela produzidas e postas em circulação. A
hipótese é que a economia solidaria além das formas particulares de socialidade, também produz, através
da materialidade das coisas, seus usos e significados, um processo de desalienação, já que opera nas fissuras
do capital acionando recursos materiais e simbólicos que prescindem da lógica mercantil.
Palavras-Chaves: Economia Solidaria; Materialidade; Socialidade
Desde a década de 1980 tem-se assistido a emergência de inúmeras iniciativas e empreendimentos de... more Desde a década de 1980 tem-se assistido a emergência de inúmeras iniciativas e empreendimentos de geração de renda e redução da pobreza. Entre essas experiências encontra-se as alocadas no campo da Economia Solidaria compreendendo empreendimentos que partilham de um determinado conjunto de princípios e valores, entre eles o respeito aos saberes, as relações horizontais de poder através da autogestão e distribuição equitativa dose recursos. Na medida em que se expande o leque de iniciativas algumas se destacam ganhando notoriedade em função do potencial humano e financeiro que mobilizam, em especial cooperativas de crédito e agrícolas. Contudo, ainda no bojo dos empreendimentos solidários, há um conjunto de iniciativas relegadas à invisibilidade, em especial Clubes de Trocas e Cooperativas de Catadores de Materiais Recicláveis, sobre os quais há poucos estudos ou mesmo referências na literatura especializada sobre o campo. Nesse sentido, nos perguntamos sobre os processos engendrados nessa dupla invisibilização: são grupos que estão fora do mercado formal de trabalho e à margem dos empreendimentos considerados suficientemente relevantes para reivindicar recursos e políticas públicas. Qual seria o lugar social sobre o qual se inscreve o trabalho produzido por esses agentes? Quais os impactos objetivos e subjetivos dessa dupla invisibilização? a partir de levantamentos empíricos se pretende problematizar questões acerca de conceitos como trabalho, gênero e desigualdade.
Palavras-chave: Economia Solidaria; Catadores; Clubes de Trocas; Mapeamento.
O presente artigo traz uma discussão sobre a definição de Economia Solidaria encontrada na organi... more O presente artigo traz uma discussão sobre a definição de Economia Solidaria encontrada na organização específica da cidade de Dourados - MS, segundo a enunciação de seus agentes. O objetivo é refletir sobre as significações deste fenômeno social tomando como ponto de partida a narrativa dos sujeitos que o constroem ao mesmo tempo que dele participam. Trata-se, portanto, de uma reflexão sobre os significados imbricados nas relações cotidianas onde acontecem os processos de interação - e não nos marcos institucionais e macro-sociais do fenômeno definidos comumente a partir da pressuposta dicotomia capitalismo versus socialismo - e assumir a etnografia e o registro de memória e trajetórias de vida como método investigativo. A reflexão foi elaborada a partir de sete entrevistas realizadas exclusivamente com mulheres que fazem ou fizeram parte da Rede de Economia Solidaria de Dourados, cujos critérios para a escolha foram pautados na diversidade das agentes da rede, divididas nas três categorias clássicas reconhecidas na literatura sobre o tema - empreendimentos, assessores ou entidades de apoio e gestores públicos -, a posição que nela ocupam e o reconhecimento dos demais membros da organização. A análise de suas narrativas mostra que a economia solidaria em Dourados é um conceito que, ao mesmo tempo em que apresenta significados múltiplos, traz generalizações nas quais estes imbricam-se e complementam-se mutuamente.
Palavras-chave: Economia Solidaria; Memoria; Trajetoria.