Antônio Marcos Vieira Sanseverino | Universidade Federal do Rio Grande do Sul (original) (raw)
Conference Presentations by Antônio Marcos Vieira Sanseverino
No presente artigo discutimos critérios de avaliação de periódicos científicos, tanto no que se r... more No presente artigo discutimos critérios de avaliação de periódicos científicos, tanto no que se refere ao conteúdo a ser avaliado pelos pares, quanto aos aspectos formais e materiais da apresentação do texto. Buscamos problematizar algumas convenções a eles relacionadas, evidenciando necessidades de uma comunidade acadêmica no que tange à comunicação científica. Enquanto construções historicamente delimitadas, tais critérios devem ser continuamente reavaliados e discutidos.
Papers by Antônio Marcos Vieira Sanseverino
Textura Ulbra, Oct 22, 2013
A partir do conceito de realismo, como função estética, compara-se O Tempo e o Vento e U.S.A. Em ... more A partir do conceito de realismo, como função estética, compara-se O Tempo e o Vento e U.S.A. Em Erico, o princípio de estrutura é interno, dado pela ação da personagem e sua formação como sujeito. Em Dos Passos, a cronologia liga as partes da obra. Nela a sociedade norte-americana forma-se como potência, mas os indivíduos vivem submetidos a condicionamentos externos ou a impulsos interiores. A mimese realista dá-se de modo distinto nos dois romances.
Conexao Comunicacao E Cultura, Aug 7, 2010
A crônica, mediação entre a realidade e o leitor de jornal, é um texto híbrido, mistura de litera... more A crônica, mediação entre a realidade e o leitor de jornal, é um texto híbrido, mistura de literatura e jornalismo. A crônica machadiana, mediação irônica, questiona o suposto progresso do Brasil novecentista. João do Rio, fascinado pelo Rio de Janeiro cosmopolita, mostra ao leitor os excluídos da modernidade. O contraste entre os cronistas revela a diferença entre o olhar distanciado e irônico de Machado e o olhar fascinado de João do Rio, petrificado ao olhar a modernidade e o arcaísmo brasileiros. Palavras-chave: crônica, Machado de Assis, João do Rio, modernidade brasileira.
Nau Literária, 2005
O presente artigo analisa Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar. O ponto de partida é a situação hist... more O presente artigo analisa Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar. O ponto de partida é a situação histórica em que o romance é escrito, considerando a singularidade da obra. A seguir, é considerada a situação limite do incesto e da punição apresentadas no discurso delirante de André. Por fim, vê-se como o tema se articula com a forma narrativa. Palavras-chave: Literatura Brasileira; Raduan Nassar; Lavoura Arcaica.
Tendo “Evocação de Recife” como ponto de partida, o presente artigo analisa a Poética de Libertin... more Tendo “Evocação de Recife” como ponto de partida, o presente artigo analisa a Poética de Libertinagem, de Manuel Bandeira, no esforço de caracterizar um paradoxo fundante da lírica presente neste livro: libertação / libertinagem. A seguir, é feita a leitura de “Cunhantã”, que revela discretamente as relações sociais violentas, entranhadas no cotidiano brasileiro. Como ponto de chegada, toma-se o conceito de imagem dialética para pensar a força do lirismo de Libertinagem.From Evocação de Recife as a starting point, the present article analyzes “Poética”, Libertinagem(Manuel Bandeira), in the effort to characterize a founding paradox of the lyrical present in this book: liberation / libertine. Next, the poem “Cunhantã” reveals discreetly the violent social relations, embodied in Brazilian daily life. As a point of arrival, the concept of a dialectical image is taken to think the strength of Libertinagem´s lyricism.Teniendo a “Evocação de Recife” como punto de partida, el presente artí...
No presente ensaio, a partir da leitura de dois contos de Machado de Assis, é analisada e discuti... more No presente ensaio, a partir da leitura de dois contos de Machado de Assis, é analisada e discutida a representação feminina no conto realista, de um lado, e uma teoria do gênero elaborada de forma alegórica, de outro. Dona Paula traz um elemento singular na ficção novecentista, uma senhora viúva, mais velha como protagonista de uma história de adultério. Academias do Sião, uma alegoria, apresenta a história que ilustra um problema: por que é que há homens femininos e mulheres masculinas? Como ponto de articulação entre diferentes modalidades de conto, o foco recai sobre a posição do narrador, que, mesmo estando na terceira pessoa, pode ser caracterizado como parte da elite patriarcal burguesa, masculino.In the present essay, from two short stories by Machado de Assis, the female representation in the realistic story, on the one hand, and an allegorically elaborated theory of the genre is analyzed and discussed. Dona Paula brings a singular element in fiction of Nineteen Century, a ...
Terceira Margem, Mar 26, 2021
Nonada Letras Em Revista, May 14, 2014
O presente artigo analisa Contos Gauchescos, de Simoes Lopes Neto, enquanto produto da tensao ent... more O presente artigo analisa Contos Gauchescos, de Simoes Lopes Neto, enquanto produto da tensao entre o projeto de folclore regional (subtitulo da primeira edicao do livro) e de criacao literaria de Blau Nunes. A partir da comparacao entre Melancia –coco verde e Melancia, coco mole, conto popular recolhido por Silvio Romero, analisa-se a novidade simoniana posta em seu conto, nas figuras de Blau Nunes e de Reduzo. No primeiro, recuperam-se as marcas da narracao; no segundo, particulariza-se um personagem mais complexo.
O presente artigo analisa Contos Gauchescos, de Simões Lopes Neto, enquanto produto da tensão ent... more O presente artigo analisa Contos Gauchescos, de Simões Lopes Neto, enquanto produto da tensão entre o projeto de folclore regional (subtítulo da primeira edição do livro) e de criação literária de Blau Nunes. A partir da comparação entre Melancia –coco verde e Melancia, coco mole, conto popular recolhido por Sílvio Romero, analisa-se a novidade simoniana posta em seu conto, nas figuras de Blau Nunes e de Reduzo. No primeiro, recuperam-se as marcas da narração; no segundo, particulariza-se um personagem mais complexo.The present article analyses the work of Simões Lopes Neto, Contos Gauchescos, as a product of the tension between the project of regional folklore (subtitle of the books first edition) and the literally creation of Blau Nunes. From the comparison between Melancia-coco verde and Melancia coco mole, a popular tale collected by Silvio Romero, we analyze the novelty of Simões Lopes Neto, shown in the tale, in the figures of Blau Nunes and Reduzo. In the first, we recover th...
O presente artigo apresenta a leitura de “O espelho”, de Machado de Assis, a partir da articulaçã... more O presente artigo apresenta a leitura de “O espelho”, de Machado de Assis, a partir da articulação do conto, forma moderna, com a escravidão brasileira. Para isso, primeiro empreende-se a apresentação de algumas leituras anteriores do conto machadiano (Augusto Meyer, Raimundo Faoro, Alfredo Bosi, Abel B. Baptista e John Gledson). Na sequência, o conto machadiano é visto como expressão moderna submetida ao desvio do chão histórico brasileiro.This article presents a interpretation of “O espelho”, by Machadode Assis. The modern short story is related with the Brazilianslavery. At first we discuss some of the previous readings ofMacha do (Augusto Meyer, Raimundo Faoro, Alfredo Bosi, B.Abel Baptista and John Gledson). Following the Machado de Assis’ short story is seen as modern expression referred to the turn of Brazilian historical ground
Nau Literária, 2019
Antonio Candido identifica em O Cortiço, de Aluísio Azevedo, um descompasso entre a narração e a ... more Antonio Candido identifica em O Cortiço, de Aluísio Azevedo, um descompasso entre a narração e a intriga. O narrador seria um homem branco, livre, brasileiro que olharia com desprezo para negros e portugueses. Ao preconceito, alia-se o ponto de vista aderente à moda científica de fins do século XIX. Neste artigo, defendemos que a história do cortiço, em Botafogo, Rio de Janeiro, apresenta tensões sociais que escapam ao modelo explicativo do narrador. A partir daí, é feita a análise de três aspectos da obra. Em primeiro lugar, é detalhada a leitura desse narrador. A seguir, é feita a análise do protagonista, João Romão, que ascende socialmente através da exploração do cortiço. Na terceira seção, é destacada a transformação por que passam Jerônimo e Pombinha. Por fim, a linha geral da leitura trabalha com a oposição dialética entre a exploração capitalista de Romão e os moradores do cortiço, que se orientam por costumes e valores pré-capitalistas.
Revista Cerrados, 2018
No presente ensaio, a partir da leitura de dois contos de Machado de Assis, e analisada e discuti... more No presente ensaio, a partir da leitura de dois contos de Machado de Assis, e analisada e discutida a representacao feminina no conto realista, de um lado, e uma teoria do genero elaborada de forma alegorica, de outro. Dona Paula traz um elemento singular na ficcao novecentista, uma senhora viuva, mais velha como protagonista de uma historia de adulterio. Academias do Siao, uma alegoria, apresenta a historia que ilustra um problema: por que e que ha homens femininos e mulheres masculinas? Como ponto de articulacao entre diferentes modalidades de conto, o foco recai sobre a posicao do narrador, que, mesmo estando na terceira pessoa, pode ser caracterizado como parte da elite patriarcal burguesa, masculino.
Resumo: A comunicabilidade de Morte e Vida Severina articula-se a renovacao rigorosa da forma. No... more Resumo: A comunicabilidade de Morte e Vida Severina articula-se a renovacao rigorosa da forma. Nos anos de 1950, Joao Cabral de Melo Neto constroi um projeto poetico em que a critica a miseria social de Pernambuco se desenvolve em conjunto a experimentacao em poemas longos, como Cao sem Plumas (1950) , O Rio (1953) e Morte e Vida Severina (1954-1955) . Neste ultimo, poema dramatico de 18 partes, Severino viaja da Caatinga ao Recife, passando pelo Agreste e pela Zona da Mata, em busca de uma vida melhor, mas o protagonista encontra apenas morte em sua trajetoria e na chegada a cidade. Em Recife, Severino interroga um habitante do mangue, Mestre Carpina, sobre o sentido de permanecer vivo. Apenas ao final, depois do nascimento e da celebracao, Carpina fala do valor da vida, mesmo que severina, mas Severino nada responde. O poema, no contexto de publicacao dos anos 1950, apresenta uma imagem em negativo da modernizacao conservadora. Seja no agreste, seja na caatinga, os camponeses sao ...
Palimpsesto - Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da UERJ, 2020
O presente trabalho pretende analisar o romance Cidade de Deus (1997), de Paulo Lins, observando ... more O presente trabalho pretende analisar o romance Cidade de Deus (1997), de Paulo Lins, observando como o autor estrutura em forma de romance a violência e o racismo denunciados pela dicção negra da literatura brasileira. A partir de Formação da Literatura Brasileira (1962), questiona-se que lugar tem a narrativa negra (CUTI, 2010) nesta linha sucessória de obras, considerando sua recepção. Conclui-se que há uma segunda formação da literatura brasileira não expressa por Candido, que é negra, e que a crítica literária branca não dá conta de analisá-la e interpretá-la em profundidade, levando em consideração as questões étnico-raciais que provocam mudanças significativas no modo de organização das narrativas.
No presente artigo discutimos critérios de avaliação de periódicos científicos, tanto no que se r... more No presente artigo discutimos critérios de avaliação de periódicos científicos, tanto no que se refere ao conteúdo a ser avaliado pelos pares, quanto aos aspectos formais e materiais da apresentação do texto. Buscamos problematizar algumas convenções a eles relacionadas, evidenciando necessidades de uma comunidade acadêmica no que tange à comunicação científica. Enquanto construções historicamente delimitadas, tais critérios devem ser continuamente reavaliados e discutidos.
Textura Ulbra, Oct 22, 2013
A partir do conceito de realismo, como função estética, compara-se O Tempo e o Vento e U.S.A. Em ... more A partir do conceito de realismo, como função estética, compara-se O Tempo e o Vento e U.S.A. Em Erico, o princípio de estrutura é interno, dado pela ação da personagem e sua formação como sujeito. Em Dos Passos, a cronologia liga as partes da obra. Nela a sociedade norte-americana forma-se como potência, mas os indivíduos vivem submetidos a condicionamentos externos ou a impulsos interiores. A mimese realista dá-se de modo distinto nos dois romances.
Conexao Comunicacao E Cultura, Aug 7, 2010
A crônica, mediação entre a realidade e o leitor de jornal, é um texto híbrido, mistura de litera... more A crônica, mediação entre a realidade e o leitor de jornal, é um texto híbrido, mistura de literatura e jornalismo. A crônica machadiana, mediação irônica, questiona o suposto progresso do Brasil novecentista. João do Rio, fascinado pelo Rio de Janeiro cosmopolita, mostra ao leitor os excluídos da modernidade. O contraste entre os cronistas revela a diferença entre o olhar distanciado e irônico de Machado e o olhar fascinado de João do Rio, petrificado ao olhar a modernidade e o arcaísmo brasileiros. Palavras-chave: crônica, Machado de Assis, João do Rio, modernidade brasileira.
Nau Literária, 2005
O presente artigo analisa Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar. O ponto de partida é a situação hist... more O presente artigo analisa Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar. O ponto de partida é a situação histórica em que o romance é escrito, considerando a singularidade da obra. A seguir, é considerada a situação limite do incesto e da punição apresentadas no discurso delirante de André. Por fim, vê-se como o tema se articula com a forma narrativa. Palavras-chave: Literatura Brasileira; Raduan Nassar; Lavoura Arcaica.
Tendo “Evocação de Recife” como ponto de partida, o presente artigo analisa a Poética de Libertin... more Tendo “Evocação de Recife” como ponto de partida, o presente artigo analisa a Poética de Libertinagem, de Manuel Bandeira, no esforço de caracterizar um paradoxo fundante da lírica presente neste livro: libertação / libertinagem. A seguir, é feita a leitura de “Cunhantã”, que revela discretamente as relações sociais violentas, entranhadas no cotidiano brasileiro. Como ponto de chegada, toma-se o conceito de imagem dialética para pensar a força do lirismo de Libertinagem.From Evocação de Recife as a starting point, the present article analyzes “Poética”, Libertinagem(Manuel Bandeira), in the effort to characterize a founding paradox of the lyrical present in this book: liberation / libertine. Next, the poem “Cunhantã” reveals discreetly the violent social relations, embodied in Brazilian daily life. As a point of arrival, the concept of a dialectical image is taken to think the strength of Libertinagem´s lyricism.Teniendo a “Evocação de Recife” como punto de partida, el presente artí...
No presente ensaio, a partir da leitura de dois contos de Machado de Assis, é analisada e discuti... more No presente ensaio, a partir da leitura de dois contos de Machado de Assis, é analisada e discutida a representação feminina no conto realista, de um lado, e uma teoria do gênero elaborada de forma alegórica, de outro. Dona Paula traz um elemento singular na ficção novecentista, uma senhora viúva, mais velha como protagonista de uma história de adultério. Academias do Sião, uma alegoria, apresenta a história que ilustra um problema: por que é que há homens femininos e mulheres masculinas? Como ponto de articulação entre diferentes modalidades de conto, o foco recai sobre a posição do narrador, que, mesmo estando na terceira pessoa, pode ser caracterizado como parte da elite patriarcal burguesa, masculino.In the present essay, from two short stories by Machado de Assis, the female representation in the realistic story, on the one hand, and an allegorically elaborated theory of the genre is analyzed and discussed. Dona Paula brings a singular element in fiction of Nineteen Century, a ...
Terceira Margem, Mar 26, 2021
Nonada Letras Em Revista, May 14, 2014
O presente artigo analisa Contos Gauchescos, de Simoes Lopes Neto, enquanto produto da tensao ent... more O presente artigo analisa Contos Gauchescos, de Simoes Lopes Neto, enquanto produto da tensao entre o projeto de folclore regional (subtitulo da primeira edicao do livro) e de criacao literaria de Blau Nunes. A partir da comparacao entre Melancia –coco verde e Melancia, coco mole, conto popular recolhido por Silvio Romero, analisa-se a novidade simoniana posta em seu conto, nas figuras de Blau Nunes e de Reduzo. No primeiro, recuperam-se as marcas da narracao; no segundo, particulariza-se um personagem mais complexo.
O presente artigo analisa Contos Gauchescos, de Simões Lopes Neto, enquanto produto da tensão ent... more O presente artigo analisa Contos Gauchescos, de Simões Lopes Neto, enquanto produto da tensão entre o projeto de folclore regional (subtítulo da primeira edição do livro) e de criação literária de Blau Nunes. A partir da comparação entre Melancia –coco verde e Melancia, coco mole, conto popular recolhido por Sílvio Romero, analisa-se a novidade simoniana posta em seu conto, nas figuras de Blau Nunes e de Reduzo. No primeiro, recuperam-se as marcas da narração; no segundo, particulariza-se um personagem mais complexo.The present article analyses the work of Simões Lopes Neto, Contos Gauchescos, as a product of the tension between the project of regional folklore (subtitle of the books first edition) and the literally creation of Blau Nunes. From the comparison between Melancia-coco verde and Melancia coco mole, a popular tale collected by Silvio Romero, we analyze the novelty of Simões Lopes Neto, shown in the tale, in the figures of Blau Nunes and Reduzo. In the first, we recover th...
O presente artigo apresenta a leitura de “O espelho”, de Machado de Assis, a partir da articulaçã... more O presente artigo apresenta a leitura de “O espelho”, de Machado de Assis, a partir da articulação do conto, forma moderna, com a escravidão brasileira. Para isso, primeiro empreende-se a apresentação de algumas leituras anteriores do conto machadiano (Augusto Meyer, Raimundo Faoro, Alfredo Bosi, Abel B. Baptista e John Gledson). Na sequência, o conto machadiano é visto como expressão moderna submetida ao desvio do chão histórico brasileiro.This article presents a interpretation of “O espelho”, by Machadode Assis. The modern short story is related with the Brazilianslavery. At first we discuss some of the previous readings ofMacha do (Augusto Meyer, Raimundo Faoro, Alfredo Bosi, B.Abel Baptista and John Gledson). Following the Machado de Assis’ short story is seen as modern expression referred to the turn of Brazilian historical ground
Nau Literária, 2019
Antonio Candido identifica em O Cortiço, de Aluísio Azevedo, um descompasso entre a narração e a ... more Antonio Candido identifica em O Cortiço, de Aluísio Azevedo, um descompasso entre a narração e a intriga. O narrador seria um homem branco, livre, brasileiro que olharia com desprezo para negros e portugueses. Ao preconceito, alia-se o ponto de vista aderente à moda científica de fins do século XIX. Neste artigo, defendemos que a história do cortiço, em Botafogo, Rio de Janeiro, apresenta tensões sociais que escapam ao modelo explicativo do narrador. A partir daí, é feita a análise de três aspectos da obra. Em primeiro lugar, é detalhada a leitura desse narrador. A seguir, é feita a análise do protagonista, João Romão, que ascende socialmente através da exploração do cortiço. Na terceira seção, é destacada a transformação por que passam Jerônimo e Pombinha. Por fim, a linha geral da leitura trabalha com a oposição dialética entre a exploração capitalista de Romão e os moradores do cortiço, que se orientam por costumes e valores pré-capitalistas.
Revista Cerrados, 2018
No presente ensaio, a partir da leitura de dois contos de Machado de Assis, e analisada e discuti... more No presente ensaio, a partir da leitura de dois contos de Machado de Assis, e analisada e discutida a representacao feminina no conto realista, de um lado, e uma teoria do genero elaborada de forma alegorica, de outro. Dona Paula traz um elemento singular na ficcao novecentista, uma senhora viuva, mais velha como protagonista de uma historia de adulterio. Academias do Siao, uma alegoria, apresenta a historia que ilustra um problema: por que e que ha homens femininos e mulheres masculinas? Como ponto de articulacao entre diferentes modalidades de conto, o foco recai sobre a posicao do narrador, que, mesmo estando na terceira pessoa, pode ser caracterizado como parte da elite patriarcal burguesa, masculino.
Resumo: A comunicabilidade de Morte e Vida Severina articula-se a renovacao rigorosa da forma. No... more Resumo: A comunicabilidade de Morte e Vida Severina articula-se a renovacao rigorosa da forma. Nos anos de 1950, Joao Cabral de Melo Neto constroi um projeto poetico em que a critica a miseria social de Pernambuco se desenvolve em conjunto a experimentacao em poemas longos, como Cao sem Plumas (1950) , O Rio (1953) e Morte e Vida Severina (1954-1955) . Neste ultimo, poema dramatico de 18 partes, Severino viaja da Caatinga ao Recife, passando pelo Agreste e pela Zona da Mata, em busca de uma vida melhor, mas o protagonista encontra apenas morte em sua trajetoria e na chegada a cidade. Em Recife, Severino interroga um habitante do mangue, Mestre Carpina, sobre o sentido de permanecer vivo. Apenas ao final, depois do nascimento e da celebracao, Carpina fala do valor da vida, mesmo que severina, mas Severino nada responde. O poema, no contexto de publicacao dos anos 1950, apresenta uma imagem em negativo da modernizacao conservadora. Seja no agreste, seja na caatinga, os camponeses sao ...
Palimpsesto - Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da UERJ, 2020
O presente trabalho pretende analisar o romance Cidade de Deus (1997), de Paulo Lins, observando ... more O presente trabalho pretende analisar o romance Cidade de Deus (1997), de Paulo Lins, observando como o autor estrutura em forma de romance a violência e o racismo denunciados pela dicção negra da literatura brasileira. A partir de Formação da Literatura Brasileira (1962), questiona-se que lugar tem a narrativa negra (CUTI, 2010) nesta linha sucessória de obras, considerando sua recepção. Conclui-se que há uma segunda formação da literatura brasileira não expressa por Candido, que é negra, e que a crítica literária branca não dá conta de analisá-la e interpretá-la em profundidade, levando em consideração as questões étnico-raciais que provocam mudanças significativas no modo de organização das narrativas.
Revista Brasileira de Literatura Comparada, 2020
Resumo: No presente artigo, o interesse é percorrer as referências à épica na prosa machadiana. O... more Resumo: No presente artigo, o interesse é percorrer as referências à épica na prosa machadiana. O ponto de partida é a atuação crítica de Machado de Assis, chamado a debater as tentativas de poesia épica, principalmente nos anos de 1860. A crônica machadiana incorpora as referências épicas, em termos elevados, para ironizar a precariedade do cotidiano fluminense. No romance e no conto, a referência à épica também se apresenta enquanto ironia a personagens e ações rebaixadas. De certo modo, o crítico aprendeu o campo literário e o lugar da poesia épica no Brasil. O ficcionista, por sua vez, fez uma prosa em que o discurso incorpora os autores da tradição, as cenas e as personagens épicas, mas apenas no vocabulário. Esse descompasso entre cenas e discurso narrativo indica a impossibilidade da ação heroica, revelando uma prosa moderna, que rompe com a tradição épica.