Entre o narrador e matéria narrativa: notas de leitura de "O cortiço (original) (raw)

Constituição, literatura e reconhecimento na obra “O cortiço”

ANAMORPHOSIS - Revista Internacional de Direito e Literatura

Este artigo analisa o direito fundamental à moradia previsto na Constituição Federal de 1988 e as consequências negativas advindas da negação desse direito, por meio de acontecimentos relativos a vida de três personagens do romance O cortiço, de Aluísio Azevedo, e com fundamento nas teorias do reconhecimento de Charles Taylor e Axel Honneth. Com esse objetivo, inicialmente, são tecidas considerações sobre o período literário em que a obra se situa, a época em que foi escrita e o contexto sócio-jurídico em que a intriga se desenvolve. Posteriormente, são trazidos dados recentes a respeito da precariedade das condições de moradia no Brasil. O artigo finaliza abordando a importância da inclusão da moradia como direito fundamental na Constituição de 1988 e a sua relação com o reconhecimento de identidades cidadãs. PALAVRAS-CHAVE: direito à moradia; O cortiço; política do reconhecimento; dignidade humana; cidadania. 1 Este texto reflete parcialmente as pesquisas desenvolvidas a partir da disciplina "Constituição, Identidade e Luta por reconhecimento", no PPGD-FDV, e do Projeto "Direito e Literatura" (Café, Direito e Literatura), na FDV.

O montado e a cortiça. Livro de Resumos

2014

A regeneração natural do sobreiro inicia-se com a germinação de plântulas, após a queda das bolotas. Estas plântulas estabelecem-se, crescem e formam árvores que continuarão o ciclo da regeneração florindo, frutificando e produzindo novas bolotas. Ao longo deste processo vários factores podem limitar o recrutamento de jovens árvores. Apesar da produção de bolota variar entre árvores e anos, e as bolotas serem muito predadas e terem longevidade curta, a limitação do recrutamento não se deve, em geral, à escassez de sementes mas concentra-se nos dois primeiros anos de vida.

Notas sobre o narrador midiatizado

2023

Retoma-se e se sistematiza, aqui, as reflexões em torno do conceito de narrador midiatizado. A hipótese central é que a processualidade da midiatização, ao afetar as narrativas, acaba por interferir também em sua estrutura discursiva; nesta, o que chamamos de narrador midiatizado, que sucede, em temos evolutivos, aos narradores moderno e pós-moderno. A abordagem é, a um tempo, tipológica, ligada à natureza essencial do extrato narrativo, e topológica, relacionado ao “lugar” que ocupa na discursividade midiática. Metodologicamente, com Ferreira (2013), propõe-se superar a epistemologia dos “objetos separados” e se buscar camadas mais profundas de significação. Os objetos analisados são os programas do youtube Greg News e Buenas Ideias.

O narrador-tirano: notas para uma poética da narrativa

O artigo discute o uso do termo diegesis na República de Platão como um princípio fundamental de uma poética da narrativa, relacionando-o com o conceito de liberdade pura (ákratos eleutheria) em Luciano de Samósata. Considerando ambos os parâmetros, explora o estatuto do narrador (diegetés) e seu poder tirânico, ou seja, a capacidade de reportar o crível e o incrível. Palavras chave: Platão, Luciano de Samósata, narrador, narrativa, narrador-tirano. Gragoatá Jacyntho Lins Brandão

O narrador e o viajante: notas sobre a retórica do olhar em Os sertões

História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, 2009

O artigo traça uma reflexão sobre as estratégias de escrita utilizadas por Euclides da Cunha na feitura de seu Os sertões, notadamente no recorte discursivo que separa as figuras do narrador, enquanto aquele que relata, e do viajante, enquantoaquele que observa. A partir da análise da “retórica do olhar” euclidiana, sugiro que um dos elementos constituidores da força argumentativa do livro reside na idéia de distância, no caso, a que cria o hiato entre narrativa e observação.

Os movimentos do narrador e a matéria rural: notas sobre "Vidas secas

Terceira Margem, 2021

Resumo: O artigo analisa o narrador e as suas relações com a matéria rural no romance Vida secas, de Graciliano Ramos. O objetivo é caracterizar os movimentos contraditórios do narrador que se configuram no instante mesmo de ele se aproximar, captar e enunciar a experiência de vida de Fabiano, da sua família e da cachorra Baleia. Esses movimentos contraditórios são vistos como formalização da linguagem transpassada pelos impasses e conflitos de classe derivados do estatuto social narrador e sua relação com a matéria rural. Palavras-chave: Vidas secas; matéria rural; estatuto social do narrador; os pobres na literatura.

O cortiço em três versões: adaptações literárias em sala de aula

Revista Educação e Emancipação, 2020

O artigo resulta de uma dissertação de mestrado que investigou, em uma escola pública de Ensino Fundamental e Médio do município de Guarapari (ES), as relações entre livro, leitor e leitura por meio das contribuições teóricas e metodológicas da Nova História Cultural. A pesquisa foi desenvolvida a partir de três versões da obra O cortiço, de Aluísio Azevedo: adaptação por Fabio Pinto da coleção "É só o começo" (2009); adaptação com roteiro de Ivan Jaf e arte de Rodrigo Rosa em história em quadrinhos (2010) distribuída pelo PNBE; e versão integral (2014 [1890]). A primeira parte do trabalho-bibliográfi cadocumental-investigou livro e leitura no contexto brasileiro, educação literária no Brasil e procurou saber como se dá a leitura na escola e nos documentos ofi ciais. Na segunda parte, foi desenvolvido um estudo de caso com grupo focal em que, com alunos pré-selecionados, objetivouse entender as diferenças de apropriação entre texto integral e suas adaptações. A investigação tornou possível traçar um perfi l de leitor de leitura literária da escola campo e chegou à conclusão de que algumas adaptações podem ser instrumentos de mediação de leitura em sala de aula.

A cor na narrativa

Revista Criação & Crítica, 2019

RESUMO: A partir de uma análise da relação entre o texto verbal e o visual no livro Pequeno Azul e Pequeno Amarelo, de Leo Lionni (2011), este artigo tem como objetivo estabelecer um estudo intermidiático da obra, buscando compreender, principalmente, o papel da cor neste espaço narrativo, conferindo-lhe relevância em relação à história e desdobrando as suas potencialidades de sentido. Para isso, será considerada a função da cor como personagem, incorporando suas especificidades na criação de um texto mixmídia, cujos signos possuem coerência no momento em que são lidos juntos, sem que haja subordinação entre palavra e imagem-cor.

Aspectos da Forma Narrativa em “Estória do ladrão e do papagaio”, de Luandino Vieira

Revista Literartes, 2018

RESUMO: O presente artigo analisa aspectos do conto “Estória do ladrão e do papagaio”, de Luandino Vieira, com foco em dois eixos centrais: o primeiro diz respeito à presença da estrutura colonial portuguesa na composição de sua própria estrutura textual; o segundo oferece justamente o vetor oposto, revelando-se em elementos que tensionam os limites sociais e ideológicos colocados pelo imperialismo. O intuito é estabelecer como ambas as dimensões contribuem para a qualidade estética da narrativa, em que uma das características mais importantes é a coesão interna. PALAVRAS-CHAVE: Luandino Vieira; Luuanda; contos; forma narrativa; ideologia ABSTRACT: This article analyzes aspects of the tale “Estória do ladrão e do papagaio”, by Luandino Vieira, focusing on two central axes: the first concerns the presence of the Portuguese colonial structure in the composition of its own textual structure; the second offers just the opposite vector, revealing itself in elements that stress the social and ideological limits posed by imperialism. The aim is to establish how both dimensions contribute to the aesthetic quality of the narrative, in which one of the most important characteristics is its internal cohesion. KEYWORDS: Luandino Vieira; Luuanda; short-stories; narrative form; ideology