Bruno Marcondes | Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) (original) (raw)

Papers by Bruno Marcondes

Research paper thumbnail of A linguagem é o limite (?) - sobre as relações entre Arte, Linguagem e Ente

INTRODUÇÃO Balzac, na sua A Obra-prima Ignorada, apresentou importantes questões a respeito do pa... more INTRODUÇÃO Balzac, na sua A Obra-prima Ignorada, apresentou importantes questões a respeito do papel do artista e da obra de arte na Modernidade. Essas questões abriram os caminhos por que a arte contemporânea, tanto da parte dos artistas quanto da parte dos teóricos e dos especialistas, se embrenharia, na Modernidade, e até os dias atuais. De modo sucinto, o papel do artista, representado nessa obra pelo personagem do Mestre Freinhofer, seria o de, pelos próprios meios da arte, implodir esses meios, de modo a fazer aparecer o Absoluto. A linguagem da arte seria o limite para fazer aparecer o real pleno -este sempre aparecerá mediado por aquela -de modo que, para o Real aparecer em sua plenitude, deve-se levar a linguagem ao seu próprio limite. Deve-se fazer o Real aparecer sem linguagem. Esse tipo de artista seria o tipo definido por Paulhan, em citação de Giorgio Agamben, como o tipo do Terrorista. Seriam os artistas que buscariam não a perfeição da forma na arte, mas a sua participação vital 1 . Já o outro tipo de artista seria aquele cujo objetivo seria atingir a perfeita medida formal de uma obra de arte. Estes buscariam o desenvolvimento da forma, e estariam preocupados não com o aparecimento do Real, mas com a satisfação de um ideal de gosto consensual entre os espectadores que essa arte tinha então. Esses artistas estariam mais afinados com a figura do homem de gosto, que, segundo Paulhan, aparece no Século XVII como o indivíduo capaz de perceber o ponto de perfeição de uma obra. Seriam, assim, os do tipo Retórico 2 . Como se pode inferir a partir dessa breve exposição, os artistas do primeiro tipo estariam mais ligados à atividade do criador, enquanto que os do segundo estariam mais afinados com a perspectiva do espectador. Na Obra de Balzac, os artistas do segundo tipo estão representados principalmente por Porbus. O presente trabalho tem como tarefa, a partir d'A Obra-prima Ignorada de Balzac, questionar essas tentativas de se chegar ao Absoluto por meio da arte, e tentar responder se, é forçando a linguagem ao seu limite, que é o silêncio, que se chega ao Absoluto, ou, que não se chega a Absoluto algum e que o silêncio é apenas o modo mais radical de se revolver, ou de se criar uma outra linguagem. A grande questão é: qual é o grande limite? O silêncio, ou a linguagem? exibição de técnicas executadas com perfeição, é um falar sem vigor. Mas, levada aos seus limites, se torna um dizer, porque mostra outras possibilidades e outros mundos. O silêncio passa a ser, assim, um revolver radical da linguagem.

Research paper thumbnail of A ascensão do social e o Estado de Exceção - sobre Hannah Arendt e Giorgio Agamben

Giorgio Agamben inicia sua obra Homo Sacer: O poder soberano e a vida nua com a distinção dos gre... more Giorgio Agamben inicia sua obra Homo Sacer: O poder soberano e a vida nua com a distinção dos gregos para o conceito de vida. Os gregos, segundo o autor, tinham dois termos para distinguir esse conceito. Zoé era a vida comum, partilhada com os outros animais, e bíos era um modo de vida qualificado, particular, que se situava para além da mera vida animal 1 . Também, ainda segundo o autor, havia a opinião comum dos gregos, que afirmava que a vida em prol da mera subsistência (oîkos) era uma vida partilhada com a vida animal (ou pré-política, no entender de Hannah Arendt) e a vida política (bíos políticos) um modo de vida particular, para além da mera esfera da sobrevivência 2 . Hannah Arendt, em um dos capítulos de sua obra A Condição Humana, discute justamente essa diferença entre uma mera vida e uma vida qualificada, identificando com a primeira a esfera privada, da família e dos negócios, e a segunda com a esfera pública, livre da necessidade, da sobrevivência 3 . Hannah Arendt, segundo a leitura de Agamben, vê, na modernidade, a vida biológica (zoé) ocupar cada vez mais o espaço da política, e nisso ela vê a transformação e a decadência do espaço público na sociedade 4 . O presente trabalho propõe-se a ler um dos capítulos de A Condição Humana, em que Arendt trata justamente da evolução dos assuntos privados para a esfera pública, na chegada da modernidade. Pode-se até falar de uma hegemonia da esfera da mera sobrevivência na esfera política, ou pública. A aposta política do homem moderno passa a ser sua vida biológica, nos dizeres de Foucault, em citação também de Agamben 5 . Giorgio Agamben identifica o estado de exceção como o grande paradigma biopolítico moderno, cujo principal modus operandi é a captura da vida nua, a mera vida. O estado de exceção inclui a vida nua no ordenamento pela sua exclusão, ou seja, pela sua matabilidade 6 . O espaço em que isso ocorre é o campo. O estado de exceção, no campo, abre um limiar em que vida e política, situação de fato e de direito, zoé e bíos tornam-se indiscerníveis entre si, e tudo pode acontecer. Tal situação, em que direito e fato, exclusão e inclusão, vida e política, se confundem, esse limiar, enfim, caracteriza propriamente o Totalitarismo, o grande problema político do tempo atual. Não apenas há a suspensão da lei, mas abre-se um horizonte em que apenas uma decisão, com base, não em uma norma, mas em critérios porventura pessoais de um juiz, autoridade ou funcionário, torna-se a própria lei 7 . Todavia, ainda que o Homo Sacer, a vida matável e insacrificável, seja a forma originária de implicação da vida nua no direito, em Agamben, este trabalho não desenvolverá a questão da sacratio. A questão central, aqui, será a da implicação cada vez maior da vida nua nos cálculos e procedimentos políticos. Essa é a perspectiva do trabalho de Agamben que será interessante para a leitura do capítulo de A Condição Humana de Hannah Arendt. A ascensão do social e a crise da política clássica O espaço em que será realizada a exceção, em que a vida nua ficará completamente exposta ao poder, será o campo 18 . Os campos de concentração nazistas trarão a peculiaridade de ser a concretização de um estado de exceção, não em uma situação de emergência, mas de um estado de exceção deliberado. No III Reich nazista, através da emanação do decreto Verordnung zum Schutz Von Volk und Staat, o estado de exceção deixa de ser referido a uma situação de perigo para a segurança do Estado e tende a se tornar a própria norma 19 . Cria-se um estado de exceção com vistas à instauração do Estado nacional-socialista. No caso, o campo, segundo Agamben, é o espaço que se abre quando o estado de exceção tende a se tornar a própria regra. E uma das características mais marcantes do campo, que é uma materialização da exceção, é a mais completa indeterminação possível, seja por meio de cláusulas gerais, seja por relatórios imprecisos, seja por instruções contraditórias, por indefinições por parte de autoridades, entre outros, que garante justamente que, no campo, seja possível essa indeterminação e que esta, por sua vez, faculte a decisão sobre a vida, que caracteriza o soberano, aos que trabalham nos campos, em relação aos prisioneiros, completamente expostos, sem mediações, como vida nua. Assim, o que é importante entender, na parte analisada do livro de Hannah

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A Carta a D'Alembert sobre os espetáculos, de Jean-Jacques Rousseau, traz à luz uma série de ques... more A Carta a D'Alembert sobre os espetáculos, de Jean-Jacques Rousseau, traz à luz uma série de questões muito curiosas a respeito de sua grande contribuição à História da Filosofia, que é a concepção do homem como possuindo, na origem, uma natureza boa, sendo o processo civilizatório o principal responsável por sua corrupção.

Drafts by Bruno Marcondes

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Os filósofos e sua relação com o banal – breve exposição sobre o papel dos filósofos e da Filosof... more Os filósofos e sua relação com o banal – breve exposição sobre o papel dos filósofos e da Filosofia, segundo algumas afirmações de Pierre Hadot, René Descartes e Michel Foucault. O presente trabalho pretende expor, em linhas gerais, o que seria o papel dos filósofos, em relação ao cotidiano. Segundo Pierre Hadot, o filósofo seria o amante de um saber divino, que o distanciaria da visão cotidiana e, até mesmo, da vida cotidiana. A Filosofia se torna um saber que, desse modo, põe em questão o que é do cotidiano. Cotidiano sendo tomado, aqui, como o conhecimento mais imediato das coisas1. No entanto, o que é cotidiano, sendo algo que se conhece de modo imediato e que se satisfaz com esse, ou seja, se conhece de modo imediato e não se questiona, pode ser ampliado para a noção de banal. Banal é tudo o que ainda não passou pelo crivo de uma investigação filosófica. Assim, o cotidiano, sendo ampliado para o banal, aqui, neste trabalho, pode se estender para além do âmbito da oposição entre idealismo e empirismo, como aparece no Prefácio de Descartes, e abranger o questionamento que um filósofo faz em relação a uma tradição interpretativa que recebe. Afinal de contas, uma tradição de interpretação filosófica de uma obra pode se tornar habitual, comum, cotidiana e, assim, se tornar banalizada, deixando de ser Filosofia. Para um filósofo, nesses termos, ficar preso a uma tradição, sem o devido questionamento, pode significar a banalização da própria Filosofia. Dessa forma, nesse trabalho, as noções de cotidiano e de banal podem ser aproximadas, o que vai ser importante quando falarmos de Descartes e sua relação com a tradição escolástica que recebeu e da posição de Foucault com relação às histórias dos saberes.

Research paper thumbnail of A felicidade e a contingência uma tentativa de conciliação.doc

faz uma separação entre filósofos que, segundo ele, ocuparam-se mais de questões relativas à esfe... more faz uma separação entre filósofos que, segundo ele, ocuparam-se mais de questões relativas à esfera privada, e filósofos que se ocuparam de questões mais relativas à esfera pública. Partindo de uma pergunta de Platão, "por que é do interesse de alguém ser justo", Rorty faz uma tentativa de conciliar esses dois grupos de filósofos 1 .

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INTRODUÇÃO Balzac, na sua A Obra-prima Ignorada, apresentou importantes questões a respeito do pa... more INTRODUÇÃO Balzac, na sua A Obra-prima Ignorada, apresentou importantes questões a respeito do papel do artista e da obra de arte na Modernidade. Essas questões abriram os caminhos por que a arte contemporânea, tanto da parte dos artistas quanto da parte dos teóricos e dos especialistas, se embrenharia, na Modernidade, e até os dias atuais. De modo sucinto, o papel do artista, representado nessa obra pelo personagem do Mestre Freinhofer, seria o de, pelos próprios meios da arte, implodir esses meios, de modo a fazer aparecer o Absoluto. A linguagem da arte seria o limite para fazer aparecer o real pleno -este sempre aparecerá mediado por aquela -de modo que, para o Real aparecer em sua plenitude, deve-se levar a linguagem ao seu próprio limite. Deve-se fazer o Real aparecer sem linguagem. Esse tipo de artista seria o tipo definido por Paulhan, em citação de Giorgio Agamben, como o tipo do Terrorista. Seriam os artistas que buscariam não a perfeição da forma na arte, mas a sua participação vital 1 . Já o outro tipo de artista seria aquele cujo objetivo seria atingir a perfeita medida formal de uma obra de arte. Estes buscariam o desenvolvimento da forma, e estariam preocupados não com o aparecimento do Real, mas com a satisfação de um ideal de gosto consensual entre os espectadores que essa arte tinha então. Esses artistas estariam mais afinados com a figura do homem de gosto, que, segundo Paulhan, aparece no Século XVII como o indivíduo capaz de perceber o ponto de perfeição de uma obra. Seriam, assim, os do tipo Retórico 2 . Como se pode inferir a partir dessa breve exposição, os artistas do primeiro tipo estariam mais ligados à atividade do criador, enquanto que os do segundo estariam mais afinados com a perspectiva do espectador. Na Obra de Balzac, os artistas do segundo tipo estão representados principalmente por Porbus. O presente trabalho tem como tarefa, a partir d'A Obra-prima Ignorada de Balzac, questionar essas tentativas de se chegar ao Absoluto por meio da arte, e tentar responder se, é forçando a linguagem ao seu limite, que é o silêncio, que se chega ao Absoluto, ou, que não se chega a Absoluto algum e que o silêncio é apenas o modo mais radical de se revolver, ou de se criar uma outra linguagem. A grande questão é: qual é o grande limite? O silêncio, ou a linguagem? exibição de técnicas executadas com perfeição, é um falar sem vigor. Mas, levada aos seus limites, se torna um dizer, porque mostra outras possibilidades e outros mundos. O silêncio passa a ser, assim, um revolver radical da linguagem.

Research paper thumbnail of A ascensão do social e o Estado de Exceção - sobre Hannah Arendt e Giorgio Agamben

Giorgio Agamben inicia sua obra Homo Sacer: O poder soberano e a vida nua com a distinção dos gre... more Giorgio Agamben inicia sua obra Homo Sacer: O poder soberano e a vida nua com a distinção dos gregos para o conceito de vida. Os gregos, segundo o autor, tinham dois termos para distinguir esse conceito. Zoé era a vida comum, partilhada com os outros animais, e bíos era um modo de vida qualificado, particular, que se situava para além da mera vida animal 1 . Também, ainda segundo o autor, havia a opinião comum dos gregos, que afirmava que a vida em prol da mera subsistência (oîkos) era uma vida partilhada com a vida animal (ou pré-política, no entender de Hannah Arendt) e a vida política (bíos políticos) um modo de vida particular, para além da mera esfera da sobrevivência 2 . Hannah Arendt, em um dos capítulos de sua obra A Condição Humana, discute justamente essa diferença entre uma mera vida e uma vida qualificada, identificando com a primeira a esfera privada, da família e dos negócios, e a segunda com a esfera pública, livre da necessidade, da sobrevivência 3 . Hannah Arendt, segundo a leitura de Agamben, vê, na modernidade, a vida biológica (zoé) ocupar cada vez mais o espaço da política, e nisso ela vê a transformação e a decadência do espaço público na sociedade 4 . O presente trabalho propõe-se a ler um dos capítulos de A Condição Humana, em que Arendt trata justamente da evolução dos assuntos privados para a esfera pública, na chegada da modernidade. Pode-se até falar de uma hegemonia da esfera da mera sobrevivência na esfera política, ou pública. A aposta política do homem moderno passa a ser sua vida biológica, nos dizeres de Foucault, em citação também de Agamben 5 . Giorgio Agamben identifica o estado de exceção como o grande paradigma biopolítico moderno, cujo principal modus operandi é a captura da vida nua, a mera vida. O estado de exceção inclui a vida nua no ordenamento pela sua exclusão, ou seja, pela sua matabilidade 6 . O espaço em que isso ocorre é o campo. O estado de exceção, no campo, abre um limiar em que vida e política, situação de fato e de direito, zoé e bíos tornam-se indiscerníveis entre si, e tudo pode acontecer. Tal situação, em que direito e fato, exclusão e inclusão, vida e política, se confundem, esse limiar, enfim, caracteriza propriamente o Totalitarismo, o grande problema político do tempo atual. Não apenas há a suspensão da lei, mas abre-se um horizonte em que apenas uma decisão, com base, não em uma norma, mas em critérios porventura pessoais de um juiz, autoridade ou funcionário, torna-se a própria lei 7 . Todavia, ainda que o Homo Sacer, a vida matável e insacrificável, seja a forma originária de implicação da vida nua no direito, em Agamben, este trabalho não desenvolverá a questão da sacratio. A questão central, aqui, será a da implicação cada vez maior da vida nua nos cálculos e procedimentos políticos. Essa é a perspectiva do trabalho de Agamben que será interessante para a leitura do capítulo de A Condição Humana de Hannah Arendt. A ascensão do social e a crise da política clássica O espaço em que será realizada a exceção, em que a vida nua ficará completamente exposta ao poder, será o campo 18 . Os campos de concentração nazistas trarão a peculiaridade de ser a concretização de um estado de exceção, não em uma situação de emergência, mas de um estado de exceção deliberado. No III Reich nazista, através da emanação do decreto Verordnung zum Schutz Von Volk und Staat, o estado de exceção deixa de ser referido a uma situação de perigo para a segurança do Estado e tende a se tornar a própria norma 19 . Cria-se um estado de exceção com vistas à instauração do Estado nacional-socialista. No caso, o campo, segundo Agamben, é o espaço que se abre quando o estado de exceção tende a se tornar a própria regra. E uma das características mais marcantes do campo, que é uma materialização da exceção, é a mais completa indeterminação possível, seja por meio de cláusulas gerais, seja por relatórios imprecisos, seja por instruções contraditórias, por indefinições por parte de autoridades, entre outros, que garante justamente que, no campo, seja possível essa indeterminação e que esta, por sua vez, faculte a decisão sobre a vida, que caracteriza o soberano, aos que trabalham nos campos, em relação aos prisioneiros, completamente expostos, sem mediações, como vida nua. Assim, o que é importante entender, na parte analisada do livro de Hannah

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A Carta a D'Alembert sobre os espetáculos, de Jean-Jacques Rousseau, traz à luz uma série de ques... more A Carta a D'Alembert sobre os espetáculos, de Jean-Jacques Rousseau, traz à luz uma série de questões muito curiosas a respeito de sua grande contribuição à História da Filosofia, que é a concepção do homem como possuindo, na origem, uma natureza boa, sendo o processo civilizatório o principal responsável por sua corrupção.

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Os filósofos e sua relação com o banal – breve exposição sobre o papel dos filósofos e da Filosof... more Os filósofos e sua relação com o banal – breve exposição sobre o papel dos filósofos e da Filosofia, segundo algumas afirmações de Pierre Hadot, René Descartes e Michel Foucault. O presente trabalho pretende expor, em linhas gerais, o que seria o papel dos filósofos, em relação ao cotidiano. Segundo Pierre Hadot, o filósofo seria o amante de um saber divino, que o distanciaria da visão cotidiana e, até mesmo, da vida cotidiana. A Filosofia se torna um saber que, desse modo, põe em questão o que é do cotidiano. Cotidiano sendo tomado, aqui, como o conhecimento mais imediato das coisas1. No entanto, o que é cotidiano, sendo algo que se conhece de modo imediato e que se satisfaz com esse, ou seja, se conhece de modo imediato e não se questiona, pode ser ampliado para a noção de banal. Banal é tudo o que ainda não passou pelo crivo de uma investigação filosófica. Assim, o cotidiano, sendo ampliado para o banal, aqui, neste trabalho, pode se estender para além do âmbito da oposição entre idealismo e empirismo, como aparece no Prefácio de Descartes, e abranger o questionamento que um filósofo faz em relação a uma tradição interpretativa que recebe. Afinal de contas, uma tradição de interpretação filosófica de uma obra pode se tornar habitual, comum, cotidiana e, assim, se tornar banalizada, deixando de ser Filosofia. Para um filósofo, nesses termos, ficar preso a uma tradição, sem o devido questionamento, pode significar a banalização da própria Filosofia. Dessa forma, nesse trabalho, as noções de cotidiano e de banal podem ser aproximadas, o que vai ser importante quando falarmos de Descartes e sua relação com a tradição escolástica que recebeu e da posição de Foucault com relação às histórias dos saberes.

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faz uma separação entre filósofos que, segundo ele, ocuparam-se mais de questões relativas à esfe... more faz uma separação entre filósofos que, segundo ele, ocuparam-se mais de questões relativas à esfera privada, e filósofos que se ocuparam de questões mais relativas à esfera pública. Partindo de uma pergunta de Platão, "por que é do interesse de alguém ser justo", Rorty faz uma tentativa de conciliar esses dois grupos de filósofos 1 .