Ivo Di Camargo Jr. | UFSCar - Federal University of São Carlos (original) (raw)
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Papers by Ivo Di Camargo Jr.
Chama-se mecânico ao todo se alguns de seus elementos estão unificados apenas no espaço e no temp... more Chama-se mecânico ao todo se alguns de seus elementos estão unificados apenas no espaço e no tempo por uma relação externa e não os penetra a unidade interna do sentido. As partes desse todo, ainda que estejam lado a lado e se toquem, em si mesma são estranhas umas às outras. Os três campos da cultura humana — a ciência, a arte e a vida — só adquirem unidade no indivíduo que os incorpora à sua própria unidade. Mas essa relação pode tornar-se mecânica, externa. Lamentavelmente, é o que acontece com maior frequência. O artista e o homem estão unificados em um indivíduo de forma ingênua, o mais das vezes mecânica: temporariamente o homem sai da " agitação do dia-a-dia " para a criação como para outro mundo de " inspiração " , sons doces e orações: o que resulta daí? A arte é de uma presunção excessivamente atrevida, é patética demais, pois não lhe cabe responder pela vida que, é claro, não lhe anda no encalço. " Sim, mas onde é que nós temos essa arte — diz a vida —, nós temos a prosa do dia-a-dia. " Quando o homem está na arte não está na vida e vice-versa. Entre eles, não há unidade e interpenetração do interno na unidade do indivíduo.O que garante o nexo interno entre os elementos do indivíduo? Só a unidade da responsabilidade. Pelo que vivenciei e compreendi na arte, devo responder com a minha vida para que todo o vivenciado e compreendido nela não permaneçam inativos. No entanto, a culpa também está vinculada à responsabilidade. A vida e a arte não devem só arcar com a responsabilidade mútua mas também com a culpa mútua. O poeta deve compreender que a sua poesia tem culpa pela prosa trivial da vida, e é bom que o homem da vida saiba que a sua falta de exigência e a falta de seriedade das suas questões vitais respondem pela esterilidade da arte. O indivíduo deve tornar-se inteiramente responsável: todos os seus momentos devem não só estar lado a lado na série temporal de sua vida mas também devem penetrar uns nos outros na unidade da culpa e da responsabilidade. E nada de citar a " inspiração " para justificar a irresponsabilidade. A inspiração que ignora a vida e é ela mesma ignorada pela vida não é inspiração, mas obsessão. O sentido correto e não o falso de todas as questões antigas relativas à inter-relação de arte e vida, arte pura, etc, é o seu verdadeiro pathos apenas no sentido de que arte e vida desejam facilitar mutuamente a sua tarefa, eximir-se da sua responsabilidade, pois é mais fácil criar sem responder pela vida e mais fácil viver sem contar com a arte. Arte e vida não são a mesma coisa, mas devem tornar-se algo singular em mim, na unidade da minha responsabilidade. (trad. de paulo bezerra) BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2013.
2000 Ivo Pereira de Camargo / Evaristo Mauro de Castro / Manuel Losada Gavilanes ASPECTOS DA ANAT... more 2000 Ivo Pereira de Camargo / Evaristo Mauro de Castro / Manuel Losada Gavilanes ASPECTOS DA ANATOMIA E MORFOLOGIA DE AMÊNDOAS E PLÂNTULAS DE CASTANHEIRA-DO-BRASIL – Cerne, año/vol. 6, número 002 Universidade ...
Pesquisa Agropecuaria Brasileira, Aug 1, 1997
RESUMO -O presente trabalho teve por objetivo estabelecer padrões de coloração mediante o teste d... more RESUMO -O presente trabalho teve por objetivo estabelecer padrões de coloração mediante o teste de tetrazólio, que permitam avaliar aqualidade fisiológica de sementes de castanheira-do-brasil (Benhoiletia excelsa }Iumb. & Bompl.). Trinta dias após o armazenamento sob condições ambientais de laboratório, e, posteriormente, a cada 15 dias, até um total de 105 dias, foram avaliados o grau de umidade e os padrões de coloração na secção interna das amêndoas. Com o tempo de armazenamento, houve diminuição no grau de umidade, na porcentagem de amêndoas com coloração rósea, e aumento na porcentagem de amêndoas com manchas brancas. A coloração branca tendeu a tomar toda a secção intema da amêndoa, o que indica evolução da perda de água e deterioração das sementes.
Inicialmente trataremos da leitura a partir da ordem na qual as aulas do curso proferido por Fouc... more Inicialmente trataremos da leitura a partir da ordem na qual as aulas do curso proferido por Foucault foi organizado na obra. A maior questão levantada na primeira aula está relacionada com o nascimento da filosofia. A partir desse aprofundamento entende-se a relação estabelecida entre o preceito délfico "gnôthi seautón" (conhece-te a ti mesmo) dentro de uma ideia mais abrangente que é a "epiméleia heautoû" (cuidado de si). Dentro dessa discussão Foucault parte para uma discussão entre as relações do sujeito com a verdade. Ao se apropriar desse cuidado de si e utilizando-o como paramentro, o gnôthi seautón pode ser percebido como uma questão basilar na filosofia, contudo seu significado não se relaciona totalmente com o que lhe conferimos, que é o conhece a ti mesmo. Foucault então ressalta que a filosofia não deve ser concebida como algo exclusivamente provinda do campo cognitivo. De acordo com o pensador francês, "o que estava prescrito nesta fórmula não era o conhecimento de si, nem como fundamento da moral, nem como princípio de uma relação com os deuses". A partir desse modo de pensar podemos entender que a filosofia busca, antes de tudo, um modo de se viver com mais felicidade. O pensar de maneira filosófica pode ser utilizado como uma forma de terapia diante de sofrimentos. Por Foucault, percebemos que a ideia da epiméleia heautoû caiu em desvalorização na tradição filosófica e este foi um dos objetivos mais provocadores deste curso, já que o autor parte para uma investigação histórica, indo buscar em perspectivas que geralmente fogem às interpretações tradicionalistas. Foucault, neste trabalho, não considera que as sociedades que disciplinam e nem as que exercem soberania, porém procura as que lhes deram suporte, que são as sociedades arcaicas. Busca nos estratos históricos Socrático-Platônico, Helenístico-Romano, Ascético-Monástico as bases para sua explanação filosófica. De todo esse aparato ele trata das " técnicas de si " , cuja finalidade é o que pode se referir ao cuidar de si mesmo com o objetivo de governos maiores, tal como o da cidade. Daí trabalha a noção de governamentalidade. Em um segundo momento perceber-se-á que esse objetivo do cuidar de si partiu para uma prática do eu, que seria destinada a todos como uma lei universalizada. Dentro da abordagem intelectual feita no período Socrático-Platônico, do século IV a.C., realiza-se através da pedagogia uma transmissão de um ideal de verdade que dota um sujeito de aptidões e saberes aos quais ele anteriormente não tinha. É na presença do Mestre que tudo se realiza e a ele que se postam as obrigações maiores para com a Verdade. Este deverá trabalhar com a verdade de acordo com regras intrinsecamente relacionadas ao discurso que ele transmite. Surge aqui a noção do " franco-falar " ou a parrhesía. São questionados dois aspectos pedagógicos na sociedade ateniense: um déficit pedagógico em relação às sociedades espartana e persa e em relação à erótica, explicado pela noção de aproximação do mestre aos adolescentes que depois os abandona. O que se busca é um modo de assegurar boas maneiras, coragem, resistência física diante dos
Chama-se mecânico ao todo se alguns de seus elementos estão unificados apenas no espaço e no temp... more Chama-se mecânico ao todo se alguns de seus elementos estão unificados apenas no espaço e no tempo por uma relação externa e não os penetra a unidade interna do sentido. As partes desse todo, ainda que estejam lado a lado e se toquem, em si mesma são estranhas umas às outras. Os três campos da cultura humana — a ciência, a arte e a vida — só adquirem unidade no indivíduo que os incorpora à sua própria unidade. Mas essa relação pode tornar-se mecânica, externa. Lamentavelmente, é o que acontece com maior frequência. O artista e o homem estão unificados em um indivíduo de forma ingênua, o mais das vezes mecânica: temporariamente o homem sai da " agitação do dia-a-dia " para a criação como para outro mundo de " inspiração " , sons doces e orações: o que resulta daí? A arte é de uma presunção excessivamente atrevida, é patética demais, pois não lhe cabe responder pela vida que, é claro, não lhe anda no encalço. " Sim, mas onde é que nós temos essa arte — diz a vida —, nós temos a prosa do dia-a-dia. " Quando o homem está na arte não está na vida e vice-versa. Entre eles, não há unidade e interpenetração do interno na unidade do indivíduo.O que garante o nexo interno entre os elementos do indivíduo? Só a unidade da responsabilidade. Pelo que vivenciei e compreendi na arte, devo responder com a minha vida para que todo o vivenciado e compreendido nela não permaneçam inativos. No entanto, a culpa também está vinculada à responsabilidade. A vida e a arte não devem só arcar com a responsabilidade mútua mas também com a culpa mútua. O poeta deve compreender que a sua poesia tem culpa pela prosa trivial da vida, e é bom que o homem da vida saiba que a sua falta de exigência e a falta de seriedade das suas questões vitais respondem pela esterilidade da arte. O indivíduo deve tornar-se inteiramente responsável: todos os seus momentos devem não só estar lado a lado na série temporal de sua vida mas também devem penetrar uns nos outros na unidade da culpa e da responsabilidade. E nada de citar a " inspiração " para justificar a irresponsabilidade. A inspiração que ignora a vida e é ela mesma ignorada pela vida não é inspiração, mas obsessão. O sentido correto e não o falso de todas as questões antigas relativas à inter-relação de arte e vida, arte pura, etc, é o seu verdadeiro pathos apenas no sentido de que arte e vida desejam facilitar mutuamente a sua tarefa, eximir-se da sua responsabilidade, pois é mais fácil criar sem responder pela vida e mais fácil viver sem contar com a arte. Arte e vida não são a mesma coisa, mas devem tornar-se algo singular em mim, na unidade da minha responsabilidade. (trad. de paulo bezerra) BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2013.
2000 Ivo Pereira de Camargo / Evaristo Mauro de Castro / Manuel Losada Gavilanes ASPECTOS DA ANAT... more 2000 Ivo Pereira de Camargo / Evaristo Mauro de Castro / Manuel Losada Gavilanes ASPECTOS DA ANATOMIA E MORFOLOGIA DE AMÊNDOAS E PLÂNTULAS DE CASTANHEIRA-DO-BRASIL – Cerne, año/vol. 6, número 002 Universidade ...
Pesquisa Agropecuaria Brasileira, Aug 1, 1997
RESUMO -O presente trabalho teve por objetivo estabelecer padrões de coloração mediante o teste d... more RESUMO -O presente trabalho teve por objetivo estabelecer padrões de coloração mediante o teste de tetrazólio, que permitam avaliar aqualidade fisiológica de sementes de castanheira-do-brasil (Benhoiletia excelsa }Iumb. & Bompl.). Trinta dias após o armazenamento sob condições ambientais de laboratório, e, posteriormente, a cada 15 dias, até um total de 105 dias, foram avaliados o grau de umidade e os padrões de coloração na secção interna das amêndoas. Com o tempo de armazenamento, houve diminuição no grau de umidade, na porcentagem de amêndoas com coloração rósea, e aumento na porcentagem de amêndoas com manchas brancas. A coloração branca tendeu a tomar toda a secção intema da amêndoa, o que indica evolução da perda de água e deterioração das sementes.
Inicialmente trataremos da leitura a partir da ordem na qual as aulas do curso proferido por Fouc... more Inicialmente trataremos da leitura a partir da ordem na qual as aulas do curso proferido por Foucault foi organizado na obra. A maior questão levantada na primeira aula está relacionada com o nascimento da filosofia. A partir desse aprofundamento entende-se a relação estabelecida entre o preceito délfico "gnôthi seautón" (conhece-te a ti mesmo) dentro de uma ideia mais abrangente que é a "epiméleia heautoû" (cuidado de si). Dentro dessa discussão Foucault parte para uma discussão entre as relações do sujeito com a verdade. Ao se apropriar desse cuidado de si e utilizando-o como paramentro, o gnôthi seautón pode ser percebido como uma questão basilar na filosofia, contudo seu significado não se relaciona totalmente com o que lhe conferimos, que é o conhece a ti mesmo. Foucault então ressalta que a filosofia não deve ser concebida como algo exclusivamente provinda do campo cognitivo. De acordo com o pensador francês, "o que estava prescrito nesta fórmula não era o conhecimento de si, nem como fundamento da moral, nem como princípio de uma relação com os deuses". A partir desse modo de pensar podemos entender que a filosofia busca, antes de tudo, um modo de se viver com mais felicidade. O pensar de maneira filosófica pode ser utilizado como uma forma de terapia diante de sofrimentos. Por Foucault, percebemos que a ideia da epiméleia heautoû caiu em desvalorização na tradição filosófica e este foi um dos objetivos mais provocadores deste curso, já que o autor parte para uma investigação histórica, indo buscar em perspectivas que geralmente fogem às interpretações tradicionalistas. Foucault, neste trabalho, não considera que as sociedades que disciplinam e nem as que exercem soberania, porém procura as que lhes deram suporte, que são as sociedades arcaicas. Busca nos estratos históricos Socrático-Platônico, Helenístico-Romano, Ascético-Monástico as bases para sua explanação filosófica. De todo esse aparato ele trata das " técnicas de si " , cuja finalidade é o que pode se referir ao cuidar de si mesmo com o objetivo de governos maiores, tal como o da cidade. Daí trabalha a noção de governamentalidade. Em um segundo momento perceber-se-á que esse objetivo do cuidar de si partiu para uma prática do eu, que seria destinada a todos como uma lei universalizada. Dentro da abordagem intelectual feita no período Socrático-Platônico, do século IV a.C., realiza-se através da pedagogia uma transmissão de um ideal de verdade que dota um sujeito de aptidões e saberes aos quais ele anteriormente não tinha. É na presença do Mestre que tudo se realiza e a ele que se postam as obrigações maiores para com a Verdade. Este deverá trabalhar com a verdade de acordo com regras intrinsecamente relacionadas ao discurso que ele transmite. Surge aqui a noção do " franco-falar " ou a parrhesía. São questionados dois aspectos pedagógicos na sociedade ateniense: um déficit pedagógico em relação às sociedades espartana e persa e em relação à erótica, explicado pela noção de aproximação do mestre aos adolescentes que depois os abandona. O que se busca é um modo de assegurar boas maneiras, coragem, resistência física diante dos