Maria João Neto | University of Lisbon (original) (raw)
Books by Maria João Neto
A catedral de Lisboa e os seus restauros, 2023
A catedral de Lisboa é a mais antiga igreja da cidade e um monumento histórico e artístico de rel... more A catedral de Lisboa é a mais antiga igreja da cidade e um monumento histórico e artístico de relevo. A vontade de engrandecimento, a vanguarda artística e o efeito de terramotos estiveram na origem de sucessivas campanhas de obras, as quais lhe foram acrescentando e modificando elementos. O século XX foi responsável por diferentes interpretações da sua suposta imagem medieval, materializadas em diferentes projetos de restauro. O monumento que hoje se admira é o resultado dessa intensa atividade, cujo estudo detalhado se apresenta.
Mulheres Mecenas e as Artes, 2022
Os estudos incluídos neste livro revelam o importante papel que as mulheres têm tido na formação ... more Os estudos incluídos neste livro revelam o importante papel que as mulheres têm tido na formação do gosto, no colecionismo artístico e na proteção às Artes e Letras desde a Antiguidade. A História das Mulheres e de Género só nos últimos anos ganhou espaço próprio. Estudos recentes têm vindo a revelar a ação feminina em diferentes campos numa perspetiva global. Também no domínio da arte a mulher deixou de ser vista apenas como a musa inspiradora de artistas, passando ela própria a ser avaliada enquanto criadora da obra de arte, doadora e mecenas. É este domínio do mecenato artístico que emoldura o presente livro a propósito da evocação da Infanta D. Maria, Duquesa de Viseu, modelo de princesa culta e mecenas.
MDPI Heritage, 2019
ORION is a digital art history research-oriented project focused on the study of art collections ... more ORION is a digital art history research-oriented project focused on the study of art collections and collectors in Portugal, supported on a relational database management system. Besides the obvious advantage of organizing and systematizing an enormous amount of information, promoting its analysis, this database was specifically designed to highlight the relationships between data. Its relational capacity is not only one of the most relevant features of ORION, but a differentiating quality, one step forward in comparison to other international databases and studies that use digital methodologies. This article discusses the methods and the advantages of using ORION in research related to the history of collecting, art markets and provenance of art objects in Portugal, where it is the very first time that an approach such as this is intended, looking for a systematization of data that paves the way to the emergence of new research questions. Furthermore, and because ORION aims to share the data and knowledge with other projects, institutions and researchers, the database uses different international standards, such as data structure (CIDOC-OIC and Getty-CDWA), controlled vocabulary (Iconclass, Art and Architecture Thesaurus (AAT), Thesaurus of Geographic Names (TGN), and Union List of Artist Names (ULAN)) and communication and exchange of information (CIDOC-CRM).
Georgiana Goddard King (1871-1939), prestigiada professora de História da Arte e pioneira nos Es... more Georgiana Goddard King (1871-1939), prestigiada professora de História da Arte e pioneira nos Estados Unidos no estudo da arquitetura medieval espanhola, decidiu, já numa fase avançada da sua vida, viajar até Portugal para estudar a nossa arte da Idade Média ao início dos Descobrimentos. A doença, da qual foi acometida quando percorria o país, em 1935, impediu-a de realizar na íntegra a sua pesquisa. De regresso à América, no ano seguinte, e apesar de muito debilitada, ainda decide iniciar a produção de uma publicação sobre a arte portuguesa que não viria a concluir. São os seus apontamentos e notas sobre Portugal, até agora inéditos, a razão de ser do presente livro.
Georgiana Goddard King (1871-1939), a prestigious professor of art history and a pioneer in the United States in the study of Spanish medieval architecture, decided to travel to Portugal to study our art from the Middle Ages to the beginning of the Discoveries. The illness that affected her when traveling the country in 1935, prevented her from conducting her research in full. Returning to America, the following year, and although very weak, still decides to start producing a publication about Portuguese art that she would not finish. These are her unpublished notes about Portugal, the raison d'être of this book.
A EXPOSIÇÃO MONSERRATE REVISITADO NO DUPLO CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE SIR FRANCIS COOK 1817-2... more A EXPOSIÇÃO MONSERRATE REVISITADO NO DUPLO CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE SIR FRANCIS COOK 1817-2017
É indiscutível a importância e dimensão da coleção de arte reunida por Sir Francis Cook na segunda metade do século xix. Apesar de hoje dispersa, muitos dos melhores museus do mundo e uma elite de privados orgulham-se de possuir nos seus acervos obras adquiridas por este notável colecionador inglês.
Francis Cook teve, desde muito jovem, uma ligação particular com Portugal. Casou em Lisboa e apaixonou-se por Sintra, tal como o jovem rei D. Fernando II, vindo a adquirir a quinta de Monserrate, outrora habitada pelo célebre inglês William Beckford. Esta ilustre ocupação, por parte de uma figura tão carismática no quadro cultural de então, era do conhecimento de toda uma geração romântica, devido
à eloquência das palavras de Lord Byron, que a evoca na sua obra Childe Harold’s Pilgrimage (1812-1818).
Determinado em usufruir do espírito do lugar, Francis Cook vai promover um ambicioso programa de renovação da histórica quinta, restaurando a casa e os jardins, sem nunca deixar de ter presente a alusão a Beckford. A sua iniciativa de grande alcance cultural foi reconhecida pelo rei D. Luís I que, em 1870, lhe confere o título de Visconde. Monserrate transforma-se assim numa preciosa obra do rico industrial inglês, que a ela terá ficado a dever o seu gosto pela arte e o entusiasmo pelo colecionismo.
Ao melhor gosto vitoriano, dotou os interiores da casa de boas antiguidades e peças contemporâneas que terá encomendado expressamente para o efeito, reunindo um notável acervo artístico. A ‘casa do inglês’, como era conhecida, foi apreciada por muitos visitantes notáveis até ao momento em que a propriedade e o valioso recheio do palácio são vendidos, pelo seu bisneto, em 1946. Das peças é feito leilão, sem que o Estado português tenha adquirido alguma obra diretamente, e a própria quinta com o palácio apenas se tornam propriedade estatal em 1949. Vazio, fechado e sem projeto de utilização, o palácio sofreu com as injúrias do tempo danos severos até que a Parques de Sintra – Monte da Lua iniciou um programa sistemático de restauro do histórico edifício, em 2007, ao mesmo tempo que se reabilitavam, igualmente, os jardins. Concluídos os trabalhos em 2015, o Palácio de Monserrate recuperou o seu esplendor arquitetónico de outrora e passou a estar totalmente aberto ao público.
Desde então tem vindo a ser pensado um programa museológico para o interior do palácio que procure dar ao visitante o conhecimento de como este sintetizava um particular gosto romântico inglês, em contexto doméstico. Neste estudo em progresso, conta-se com uma aturada pesquisa histórico-artística que tem vindo a permitir conhecer, com pormenor, como as diversas salas do palácio se encontravam decoradas no tempo dos Cook, a qualidade das peças expostas, o seu número e origem. Para o efeito, os inventários dos bens móveis do Palácio, bem como um conjunto de fotografias antigas dos interiores têm sido auxiliares preciosos nesta matéria. Também a identificação das peças vendidas no leilão de 1946 e que coleções integram na atualidade, constituem importantes aspetos
da pesquisa em curso. Esta identificação de peças, tem permitido conhecer atuais proprietários e propor aquisições, por parte da Parques de Sintra, com o objetivo de fazer regressar ao Palácio obras emblemáticas, que outrora pertenceram ao seu precioso recheio e que simultaneamente ilustram a cultura doméstica romântica inglesa. Sob este objetivo de reunião de peças da Coleção Cook em Monserrate,
a Parques de Sintra adquiriu recentemente um relevo renascentista em mármore, da autoria de Gregorio di Lorenzo, com uma representação escultórica da Virgem com o Menino (77,5 cm x 58,5 cm).
Os resultados entretanto alcançados com estas linhas de pesquisa, fizeram nascer o presente projeto de conceber uma exposição sobre a designação Monserrate Revisitado, onde algumas das mais importantes peças colecionadas no palácio no século xix são exibidas de novo, num diálogo íntimo com aquele espaço arquitetónico.
2017 era o momento de realizar esta exposição, porque nada melhor para evocar Monserrate e prestar reconhecido tributo ao seu grande empreendedor, que trazer de novo ao palácio um conjunto de notáveis obras aí reunidas pela primeira vez por Sir Francis Cook, quando se assinalam os duzentos anos do seu nascimento.
A todas as entidades públicas e privadas que cederam temporariamente as suas peças para exposição, os nossos reconhecidos agradecimentos.
MONSERRATE REVISITED – AN EXHIBITION TO MARK THE BICENTENARY OF THE BIRTH OF SIR FRANCIS COOK 181... more MONSERRATE REVISITED – AN EXHIBITION TO MARK THE BICENTENARY OF THE BIRTH OF SIR FRANCIS COOK 1817-2017
The significance and scale of the art collection assembled by Sir Francis Cook in the second half of the nineteenth century is undeniable. Although it has now been dispersed, many of the best museums in the world and an elite group of private individuals are proud to hold works acquired by this remarkable English collector within their collections.
Francis Cook had a particular connection to Portugal from a very young age. He married in Lisbon and fell in love with Sintra, just like the young king Ferdinand II, and later bought Monserrate Estate, previously inhabited by the famous Englishman William Beckford. This illustrious occupancy by such a famous figure of the cultural landscape of the time was familiar to an entire Romantic generation, thanks to Lord Byron’s eloquent evocation in his work Childe Harold’s Pilgrimage (1812-1818).
Determined to make the most of the spirit of the place, Francis Cook began an ambitious programme to renovate this historic estate, restoring the house and gardens, whilst always bearing in mind the allusion to Beckford. The great cultural importance of his initiative
was recognised by King Luís I who, in 1870, honoured him with the title of Viscount. Monserrate thus became the wealthy English industrialist’s great work, and instilled in him a taste for art and an enthusiasm for collecting.
In the best Victorian taste, he filled the house with fine antiques and contemporary pieces commissioned especially for this purpose, assembling a remarkable artistic collection. The ‘Englishman’s house’, as it was known, was appreciated by many notable visitors until the time the property and the palace’s valuable contents were sold, by Cook’s grandson, in 1946. An auction was held of the pieces, with no work directly bought by the Portuguese state, and the estate itself only became state property in 1949. Empty, closed and with no plans for use, the palace deteriorated severely over time until Parques de Sintra – Monte da Lua began a systematic programme to restore the historic building in 2007, at the same time as the gardens were also restored. When the work was finished in 2015, the Palace of Monserrate was returned to its former architectural splendour and was fully opened to the public.
Since that time, plans have been in progress for a museum programme for the palace interior designed to convey to visitors how this space encapsulated a specific English Romantic taste, in a domestic context. This ongoing project has benefitted from constant historical and artistic research that has uncovered in detail how the various rooms of the palace would have been decorated during the time of the Cook family,
the quality of the pieces exhibited, their number and origin. In doing this, the inventories of the contents of the Palace, as well as a collection of old photographs of the interiors, have been of invaluable assistance. The identification of the pieces sold at the 1946 auction and details of the collections in which they are currently held are also important aspects of this research. This identification of pieces has made it possible to contact current owners and propose acquisition, on behalf of Parques de Sintra, with the aim of returning key works to the Palace that were previously part of its valuable contents and which also illustrate English Romantic domestic culture. As part of this programme to reunite pieces from the Cook collection in Monserrate, Parques de Sintra recently acquired a Renaissance relief in marble, attributed to Gregorio di Lorenzo, with a sculptural representation of the Virgin and Child (77.5 cm x 58.5 cm).
The results that have so far been achieved through this research led to the Monserrate Revisited exhibition, in which some of the most important pieces collected in the palace during the nineteenth century are once again displayed, in intimate dialogue with this architectural space.
2017 was the ideal moment for this exhibition to take place, since there was no better way to evoke the spirit of Monserrate and pay due tribute to its great founder than by bringing back to the palace a collection of remarkable works that were first assembled there by Sir Francis Cook, 200 years after his birth.
To all the public institutions and individuals who have loaned pieces for this exhibition, we extend our warmest gratitude.
O ano de 2016 concentrou a celebração de três efemérides em torno da Igreja de Santa Engrácia-Pan... more O ano de 2016 concentrou a celebração de três efemérides em torno da Igreja de Santa Engrácia-Panteão Nacional: os 180 anos da instituição do Panteão Nacional, em 1836; os 100 anos da consagração da inacabada igreja de Santa Engrácia como Panteão Nacional, em 1916; e os 50 anos da conclusão desta igreja e da inauguração do Panteão de Heróis Nacionais, em 1966. O estudo agora apresentado resulta da pesquisa realizada por ocasião da exposição Reis e Heróis-Os Panteões em Portugal, comemorativa das efemérides referidas, patente ao público no Panteão Nacional, entre 13 de dezembro de 2016 e 7 de maio de 2017. A presente publicação aglutina ainda anteriores trabalhos que as autoras têm vindo a dedicar aos temas dos panteões régios e dos "templos da fama", destinados a homenagear os heróis da Pátria, agora revistos, aumentados e integrados.
Sidónio Pais No ano em que se assinalam 100 anos da morte de Sidónio Pais, 4.º Presidente da Repú... more Sidónio Pais No ano em que se assinalam 100 anos da morte de Sidónio Pais, 4.º Presidente da República, este livro procura dar a conhecer aspetos relevantes da vida e obra deste carismático professor, militar e político, tomando ainda como cenário o Portugal de então, aquando do exercício da sua presidência, numa altura apocalíptica de guerra, fome, epidemias e grandes convulsões sociais e políticas, à escala mundial.
No conturbado período da Primeira República, Manuel de Arriaga afirmou ser propósito do seu manda... more No conturbado período da Primeira República, Manuel de Arriaga afirmou ser propósito do seu mandato presidencial, e cito, a «simpática missão de chamar à conciliação, à paz, à ordem, à harmonia social a família portuguesa, em nome da Liberdade, em nome da República, em nome da nossa libérrima Constituição». Quase se poderia afirmar que, decorridos cem anos, ontem como hoje, estas palavras sábias condensam o essencial do mandato do Presidente da República: contribuir para a coesão nacional, fomentar os consensos e a conciliação dos Portugueses em torno dos grandes desígnios do País, trazer esperança e incutir ânimo no espírito dos cidadãos, com realismo e sentido de missão, uma missão que Manuel de Arriaga, note-se, definiu como «simpática». In Discurso de sua Excelência O Presidente da República de Portugal Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa na Inauguração da Exposição Manuel de Arriaga e a construção da imagem da República no Panteão Nacional a 12 de julho de 2017.
A igreja românica de São Pedro de Rates tem vindo a merecer a atenção de grandes historiadores na... more A igreja românica de São Pedro de Rates tem vindo a merecer a atenção de grandes historiadores nacionais e estrangeiros ao longo da última centúria, pelas suas peculiaridades arquitetónicas e riqueza decorativa. Protagonizou, já no século XIX, uma arrojada intervenção de restauro e é hoje uma referência de considerável importância para a História da Arte Europeia. Em traços gerais, o presente estudo trata da consagração da figura de S. Pedro de Rates enquanto primeiro bispo de Braga; analisa os grandes contributos da historiografia sobre o monumento; o restauro sofrido pela Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais no tempo do Estado Novo; e os desafios atuais, de acordo com uma moderna política de Gestão Integrada do Património Artístico.
The Romanesque church of São Pedro de Rates has received the attention of great national and foreign historians throughout the last century, for its architectural peculiarities and decorative richness. Already in the nineteenth century, it underwent a bold restoration intervention and is today a reference of considerable importance for the History of European Art. In general terms, the present study deals with the consecration of the figure of S. Pedro de Rates as the first bishop of Braga; analyzes the major contributions of historiography about the monument; the restoration undergone by the Directorate-General of National Buildings and Monuments in the time of the Estado Novo; and the current challenges, according to a modern policy of Integrated Management of Artistic Heritage.
A história e os valores artísticos da quinta de Monserrate, projetada por De Visme, habitada por ... more A história e os valores artísticos da quinta de Monserrate, projetada por De Visme, habitada por William Beckford e nomeada por Lord Byron, são uma referência no quadro internacional do Romantismo e fazem parte da herança cultural de Sintra classificada como Paisagem Cultural e Património da Humanidade pela UNESCO. A vida mundana de Beckford, o seu espirito inquieto e, naturalmente, a sua fortuna, permitem fixá-lo a muitos lugares e residências. Mas julgamos que nenhuma delas recebeu uma evocação póstuma tão digna, criativa e eloquente como aquela que Sir Francis Cook teve o mérito de conceber e patrocinar, na segunda metade do século XIX, fazendo de Monserrate um dos mais belos lugares de Portugal.
Perante a ameaça ou efetividade de guerras e revoluções, perseguições políticas ou religiosas, fo... more Perante a ameaça ou efetividade de guerras e revoluções, perseguições políticas ou religiosas, foram vários aqueles que saíram dos seus países e procuram refúgio em terras de adoção, nos séculos XIX e XX. Levaram consigo as suas coleções de arte a fim de as salvar do roubo ou da destruição, mas também como bens valiosos de fácil transação. Devido aos laços estreitos entre Portugal e Brasil, em diversos momentos da história dos últimos 200 anos, é possível observar estas migrações forçadas de coleções e colecionadores de arte entre os dois países.
A presente edição reúne as comunicações apresentadas no III Colóquio Inter- nacional Coleções de ... more A presente edição reúne as comunicações apresentadas no III Colóquio Inter- nacional Coleções de Arte em Portugal e Brasil nos Séculos XIX e XX, dedicado ao tema As Academias de Belas-Artes do Rio de Janeiro, de Lisboa e do Porto 1816-1836: Ensino, Artistas, Mecenas e Coleções. O encontro visa estudar e de- bater a história e o importante papel das Academias no meio cultural e artístico dos dois países, bem como as preciosas coleções de arte que estas instituições possuem. São tesouros nacionais merecedores de serem divulgados e admirados por todos e por isso carentes de cuidados especiais de salvaguarda.
A presente edição reúne as comunicações apresentadas no Congresso Internacional SPHERA MUNDI-Arte... more A presente edição reúne as comunicações apresentadas no Congresso Internacional SPHERA MUNDI-Arte e Cultura no Tempo dos Descobrimentos. O encontro visa estudar e debater a cultura artística no Portugal do tempo de D. Manuel I, O Venturoso (1495-1521), no momento em que se celebram quinhentos anos da edificação da Torre de Belém, o «Baluarte do Restelo» como era referido ao tempo. Tal acontecimento é evocado numa perspetiva multidisciplinar histórico-política, militar, artística, cultural e patrimonial de âmbito científico propositadamente abrangente. O ideário manuelino assumiu repercussões culturais e artísticas além-fronteiras, quer nos espaços políticos e sociais da Europa, quer nos espaços imperiais no Atlântico e do Índico, tanto no Brasil e em África, como na Índia, na China ou no Japão.
As obras de arte e os artefactos são coisas que transitam, navegam, compõem coleções, domesticam-... more As obras de arte e os artefactos são coisas que transitam, navegam, compõem coleções, domesticam-se, acomodam-se e, com frequência, retomam movimentos e empreendem novas rotas. Essa natureza tanto errante quanto seden-tária das coisas promoveu, ao longo da era moderna e contemporânea, um importante cruzamento de fronteiras, convivências com a alteridade e relevante promoção de transculturações por meio da prática colecionística, apre-sentando este livro um conjunto de exemplos relevantes de reconhecidos elos e intercâmbios artísticos entre Portugal e o Brasil no domínio das coleções de arte.
A catedral de Lisboa e os seus restauros, 2023
A catedral de Lisboa é a mais antiga igreja da cidade e um monumento histórico e artístico de rel... more A catedral de Lisboa é a mais antiga igreja da cidade e um monumento histórico e artístico de relevo. A vontade de engrandecimento, a vanguarda artística e o efeito de terramotos estiveram na origem de sucessivas campanhas de obras, as quais lhe foram acrescentando e modificando elementos. O século XX foi responsável por diferentes interpretações da sua suposta imagem medieval, materializadas em diferentes projetos de restauro. O monumento que hoje se admira é o resultado dessa intensa atividade, cujo estudo detalhado se apresenta.
Mulheres Mecenas e as Artes, 2022
Os estudos incluídos neste livro revelam o importante papel que as mulheres têm tido na formação ... more Os estudos incluídos neste livro revelam o importante papel que as mulheres têm tido na formação do gosto, no colecionismo artístico e na proteção às Artes e Letras desde a Antiguidade. A História das Mulheres e de Género só nos últimos anos ganhou espaço próprio. Estudos recentes têm vindo a revelar a ação feminina em diferentes campos numa perspetiva global. Também no domínio da arte a mulher deixou de ser vista apenas como a musa inspiradora de artistas, passando ela própria a ser avaliada enquanto criadora da obra de arte, doadora e mecenas. É este domínio do mecenato artístico que emoldura o presente livro a propósito da evocação da Infanta D. Maria, Duquesa de Viseu, modelo de princesa culta e mecenas.
MDPI Heritage, 2019
ORION is a digital art history research-oriented project focused on the study of art collections ... more ORION is a digital art history research-oriented project focused on the study of art collections and collectors in Portugal, supported on a relational database management system. Besides the obvious advantage of organizing and systematizing an enormous amount of information, promoting its analysis, this database was specifically designed to highlight the relationships between data. Its relational capacity is not only one of the most relevant features of ORION, but a differentiating quality, one step forward in comparison to other international databases and studies that use digital methodologies. This article discusses the methods and the advantages of using ORION in research related to the history of collecting, art markets and provenance of art objects in Portugal, where it is the very first time that an approach such as this is intended, looking for a systematization of data that paves the way to the emergence of new research questions. Furthermore, and because ORION aims to share the data and knowledge with other projects, institutions and researchers, the database uses different international standards, such as data structure (CIDOC-OIC and Getty-CDWA), controlled vocabulary (Iconclass, Art and Architecture Thesaurus (AAT), Thesaurus of Geographic Names (TGN), and Union List of Artist Names (ULAN)) and communication and exchange of information (CIDOC-CRM).
Georgiana Goddard King (1871-1939), prestigiada professora de História da Arte e pioneira nos Es... more Georgiana Goddard King (1871-1939), prestigiada professora de História da Arte e pioneira nos Estados Unidos no estudo da arquitetura medieval espanhola, decidiu, já numa fase avançada da sua vida, viajar até Portugal para estudar a nossa arte da Idade Média ao início dos Descobrimentos. A doença, da qual foi acometida quando percorria o país, em 1935, impediu-a de realizar na íntegra a sua pesquisa. De regresso à América, no ano seguinte, e apesar de muito debilitada, ainda decide iniciar a produção de uma publicação sobre a arte portuguesa que não viria a concluir. São os seus apontamentos e notas sobre Portugal, até agora inéditos, a razão de ser do presente livro.
Georgiana Goddard King (1871-1939), a prestigious professor of art history and a pioneer in the United States in the study of Spanish medieval architecture, decided to travel to Portugal to study our art from the Middle Ages to the beginning of the Discoveries. The illness that affected her when traveling the country in 1935, prevented her from conducting her research in full. Returning to America, the following year, and although very weak, still decides to start producing a publication about Portuguese art that she would not finish. These are her unpublished notes about Portugal, the raison d'être of this book.
A EXPOSIÇÃO MONSERRATE REVISITADO NO DUPLO CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE SIR FRANCIS COOK 1817-2... more A EXPOSIÇÃO MONSERRATE REVISITADO NO DUPLO CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE SIR FRANCIS COOK 1817-2017
É indiscutível a importância e dimensão da coleção de arte reunida por Sir Francis Cook na segunda metade do século xix. Apesar de hoje dispersa, muitos dos melhores museus do mundo e uma elite de privados orgulham-se de possuir nos seus acervos obras adquiridas por este notável colecionador inglês.
Francis Cook teve, desde muito jovem, uma ligação particular com Portugal. Casou em Lisboa e apaixonou-se por Sintra, tal como o jovem rei D. Fernando II, vindo a adquirir a quinta de Monserrate, outrora habitada pelo célebre inglês William Beckford. Esta ilustre ocupação, por parte de uma figura tão carismática no quadro cultural de então, era do conhecimento de toda uma geração romântica, devido
à eloquência das palavras de Lord Byron, que a evoca na sua obra Childe Harold’s Pilgrimage (1812-1818).
Determinado em usufruir do espírito do lugar, Francis Cook vai promover um ambicioso programa de renovação da histórica quinta, restaurando a casa e os jardins, sem nunca deixar de ter presente a alusão a Beckford. A sua iniciativa de grande alcance cultural foi reconhecida pelo rei D. Luís I que, em 1870, lhe confere o título de Visconde. Monserrate transforma-se assim numa preciosa obra do rico industrial inglês, que a ela terá ficado a dever o seu gosto pela arte e o entusiasmo pelo colecionismo.
Ao melhor gosto vitoriano, dotou os interiores da casa de boas antiguidades e peças contemporâneas que terá encomendado expressamente para o efeito, reunindo um notável acervo artístico. A ‘casa do inglês’, como era conhecida, foi apreciada por muitos visitantes notáveis até ao momento em que a propriedade e o valioso recheio do palácio são vendidos, pelo seu bisneto, em 1946. Das peças é feito leilão, sem que o Estado português tenha adquirido alguma obra diretamente, e a própria quinta com o palácio apenas se tornam propriedade estatal em 1949. Vazio, fechado e sem projeto de utilização, o palácio sofreu com as injúrias do tempo danos severos até que a Parques de Sintra – Monte da Lua iniciou um programa sistemático de restauro do histórico edifício, em 2007, ao mesmo tempo que se reabilitavam, igualmente, os jardins. Concluídos os trabalhos em 2015, o Palácio de Monserrate recuperou o seu esplendor arquitetónico de outrora e passou a estar totalmente aberto ao público.
Desde então tem vindo a ser pensado um programa museológico para o interior do palácio que procure dar ao visitante o conhecimento de como este sintetizava um particular gosto romântico inglês, em contexto doméstico. Neste estudo em progresso, conta-se com uma aturada pesquisa histórico-artística que tem vindo a permitir conhecer, com pormenor, como as diversas salas do palácio se encontravam decoradas no tempo dos Cook, a qualidade das peças expostas, o seu número e origem. Para o efeito, os inventários dos bens móveis do Palácio, bem como um conjunto de fotografias antigas dos interiores têm sido auxiliares preciosos nesta matéria. Também a identificação das peças vendidas no leilão de 1946 e que coleções integram na atualidade, constituem importantes aspetos
da pesquisa em curso. Esta identificação de peças, tem permitido conhecer atuais proprietários e propor aquisições, por parte da Parques de Sintra, com o objetivo de fazer regressar ao Palácio obras emblemáticas, que outrora pertenceram ao seu precioso recheio e que simultaneamente ilustram a cultura doméstica romântica inglesa. Sob este objetivo de reunião de peças da Coleção Cook em Monserrate,
a Parques de Sintra adquiriu recentemente um relevo renascentista em mármore, da autoria de Gregorio di Lorenzo, com uma representação escultórica da Virgem com o Menino (77,5 cm x 58,5 cm).
Os resultados entretanto alcançados com estas linhas de pesquisa, fizeram nascer o presente projeto de conceber uma exposição sobre a designação Monserrate Revisitado, onde algumas das mais importantes peças colecionadas no palácio no século xix são exibidas de novo, num diálogo íntimo com aquele espaço arquitetónico.
2017 era o momento de realizar esta exposição, porque nada melhor para evocar Monserrate e prestar reconhecido tributo ao seu grande empreendedor, que trazer de novo ao palácio um conjunto de notáveis obras aí reunidas pela primeira vez por Sir Francis Cook, quando se assinalam os duzentos anos do seu nascimento.
A todas as entidades públicas e privadas que cederam temporariamente as suas peças para exposição, os nossos reconhecidos agradecimentos.
MONSERRATE REVISITED – AN EXHIBITION TO MARK THE BICENTENARY OF THE BIRTH OF SIR FRANCIS COOK 181... more MONSERRATE REVISITED – AN EXHIBITION TO MARK THE BICENTENARY OF THE BIRTH OF SIR FRANCIS COOK 1817-2017
The significance and scale of the art collection assembled by Sir Francis Cook in the second half of the nineteenth century is undeniable. Although it has now been dispersed, many of the best museums in the world and an elite group of private individuals are proud to hold works acquired by this remarkable English collector within their collections.
Francis Cook had a particular connection to Portugal from a very young age. He married in Lisbon and fell in love with Sintra, just like the young king Ferdinand II, and later bought Monserrate Estate, previously inhabited by the famous Englishman William Beckford. This illustrious occupancy by such a famous figure of the cultural landscape of the time was familiar to an entire Romantic generation, thanks to Lord Byron’s eloquent evocation in his work Childe Harold’s Pilgrimage (1812-1818).
Determined to make the most of the spirit of the place, Francis Cook began an ambitious programme to renovate this historic estate, restoring the house and gardens, whilst always bearing in mind the allusion to Beckford. The great cultural importance of his initiative
was recognised by King Luís I who, in 1870, honoured him with the title of Viscount. Monserrate thus became the wealthy English industrialist’s great work, and instilled in him a taste for art and an enthusiasm for collecting.
In the best Victorian taste, he filled the house with fine antiques and contemporary pieces commissioned especially for this purpose, assembling a remarkable artistic collection. The ‘Englishman’s house’, as it was known, was appreciated by many notable visitors until the time the property and the palace’s valuable contents were sold, by Cook’s grandson, in 1946. An auction was held of the pieces, with no work directly bought by the Portuguese state, and the estate itself only became state property in 1949. Empty, closed and with no plans for use, the palace deteriorated severely over time until Parques de Sintra – Monte da Lua began a systematic programme to restore the historic building in 2007, at the same time as the gardens were also restored. When the work was finished in 2015, the Palace of Monserrate was returned to its former architectural splendour and was fully opened to the public.
Since that time, plans have been in progress for a museum programme for the palace interior designed to convey to visitors how this space encapsulated a specific English Romantic taste, in a domestic context. This ongoing project has benefitted from constant historical and artistic research that has uncovered in detail how the various rooms of the palace would have been decorated during the time of the Cook family,
the quality of the pieces exhibited, their number and origin. In doing this, the inventories of the contents of the Palace, as well as a collection of old photographs of the interiors, have been of invaluable assistance. The identification of the pieces sold at the 1946 auction and details of the collections in which they are currently held are also important aspects of this research. This identification of pieces has made it possible to contact current owners and propose acquisition, on behalf of Parques de Sintra, with the aim of returning key works to the Palace that were previously part of its valuable contents and which also illustrate English Romantic domestic culture. As part of this programme to reunite pieces from the Cook collection in Monserrate, Parques de Sintra recently acquired a Renaissance relief in marble, attributed to Gregorio di Lorenzo, with a sculptural representation of the Virgin and Child (77.5 cm x 58.5 cm).
The results that have so far been achieved through this research led to the Monserrate Revisited exhibition, in which some of the most important pieces collected in the palace during the nineteenth century are once again displayed, in intimate dialogue with this architectural space.
2017 was the ideal moment for this exhibition to take place, since there was no better way to evoke the spirit of Monserrate and pay due tribute to its great founder than by bringing back to the palace a collection of remarkable works that were first assembled there by Sir Francis Cook, 200 years after his birth.
To all the public institutions and individuals who have loaned pieces for this exhibition, we extend our warmest gratitude.
O ano de 2016 concentrou a celebração de três efemérides em torno da Igreja de Santa Engrácia-Pan... more O ano de 2016 concentrou a celebração de três efemérides em torno da Igreja de Santa Engrácia-Panteão Nacional: os 180 anos da instituição do Panteão Nacional, em 1836; os 100 anos da consagração da inacabada igreja de Santa Engrácia como Panteão Nacional, em 1916; e os 50 anos da conclusão desta igreja e da inauguração do Panteão de Heróis Nacionais, em 1966. O estudo agora apresentado resulta da pesquisa realizada por ocasião da exposição Reis e Heróis-Os Panteões em Portugal, comemorativa das efemérides referidas, patente ao público no Panteão Nacional, entre 13 de dezembro de 2016 e 7 de maio de 2017. A presente publicação aglutina ainda anteriores trabalhos que as autoras têm vindo a dedicar aos temas dos panteões régios e dos "templos da fama", destinados a homenagear os heróis da Pátria, agora revistos, aumentados e integrados.
Sidónio Pais No ano em que se assinalam 100 anos da morte de Sidónio Pais, 4.º Presidente da Repú... more Sidónio Pais No ano em que se assinalam 100 anos da morte de Sidónio Pais, 4.º Presidente da República, este livro procura dar a conhecer aspetos relevantes da vida e obra deste carismático professor, militar e político, tomando ainda como cenário o Portugal de então, aquando do exercício da sua presidência, numa altura apocalíptica de guerra, fome, epidemias e grandes convulsões sociais e políticas, à escala mundial.
No conturbado período da Primeira República, Manuel de Arriaga afirmou ser propósito do seu manda... more No conturbado período da Primeira República, Manuel de Arriaga afirmou ser propósito do seu mandato presidencial, e cito, a «simpática missão de chamar à conciliação, à paz, à ordem, à harmonia social a família portuguesa, em nome da Liberdade, em nome da República, em nome da nossa libérrima Constituição». Quase se poderia afirmar que, decorridos cem anos, ontem como hoje, estas palavras sábias condensam o essencial do mandato do Presidente da República: contribuir para a coesão nacional, fomentar os consensos e a conciliação dos Portugueses em torno dos grandes desígnios do País, trazer esperança e incutir ânimo no espírito dos cidadãos, com realismo e sentido de missão, uma missão que Manuel de Arriaga, note-se, definiu como «simpática». In Discurso de sua Excelência O Presidente da República de Portugal Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa na Inauguração da Exposição Manuel de Arriaga e a construção da imagem da República no Panteão Nacional a 12 de julho de 2017.
A igreja românica de São Pedro de Rates tem vindo a merecer a atenção de grandes historiadores na... more A igreja românica de São Pedro de Rates tem vindo a merecer a atenção de grandes historiadores nacionais e estrangeiros ao longo da última centúria, pelas suas peculiaridades arquitetónicas e riqueza decorativa. Protagonizou, já no século XIX, uma arrojada intervenção de restauro e é hoje uma referência de considerável importância para a História da Arte Europeia. Em traços gerais, o presente estudo trata da consagração da figura de S. Pedro de Rates enquanto primeiro bispo de Braga; analisa os grandes contributos da historiografia sobre o monumento; o restauro sofrido pela Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais no tempo do Estado Novo; e os desafios atuais, de acordo com uma moderna política de Gestão Integrada do Património Artístico.
The Romanesque church of São Pedro de Rates has received the attention of great national and foreign historians throughout the last century, for its architectural peculiarities and decorative richness. Already in the nineteenth century, it underwent a bold restoration intervention and is today a reference of considerable importance for the History of European Art. In general terms, the present study deals with the consecration of the figure of S. Pedro de Rates as the first bishop of Braga; analyzes the major contributions of historiography about the monument; the restoration undergone by the Directorate-General of National Buildings and Monuments in the time of the Estado Novo; and the current challenges, according to a modern policy of Integrated Management of Artistic Heritage.
A história e os valores artísticos da quinta de Monserrate, projetada por De Visme, habitada por ... more A história e os valores artísticos da quinta de Monserrate, projetada por De Visme, habitada por William Beckford e nomeada por Lord Byron, são uma referência no quadro internacional do Romantismo e fazem parte da herança cultural de Sintra classificada como Paisagem Cultural e Património da Humanidade pela UNESCO. A vida mundana de Beckford, o seu espirito inquieto e, naturalmente, a sua fortuna, permitem fixá-lo a muitos lugares e residências. Mas julgamos que nenhuma delas recebeu uma evocação póstuma tão digna, criativa e eloquente como aquela que Sir Francis Cook teve o mérito de conceber e patrocinar, na segunda metade do século XIX, fazendo de Monserrate um dos mais belos lugares de Portugal.
Perante a ameaça ou efetividade de guerras e revoluções, perseguições políticas ou religiosas, fo... more Perante a ameaça ou efetividade de guerras e revoluções, perseguições políticas ou religiosas, foram vários aqueles que saíram dos seus países e procuram refúgio em terras de adoção, nos séculos XIX e XX. Levaram consigo as suas coleções de arte a fim de as salvar do roubo ou da destruição, mas também como bens valiosos de fácil transação. Devido aos laços estreitos entre Portugal e Brasil, em diversos momentos da história dos últimos 200 anos, é possível observar estas migrações forçadas de coleções e colecionadores de arte entre os dois países.
A presente edição reúne as comunicações apresentadas no III Colóquio Inter- nacional Coleções de ... more A presente edição reúne as comunicações apresentadas no III Colóquio Inter- nacional Coleções de Arte em Portugal e Brasil nos Séculos XIX e XX, dedicado ao tema As Academias de Belas-Artes do Rio de Janeiro, de Lisboa e do Porto 1816-1836: Ensino, Artistas, Mecenas e Coleções. O encontro visa estudar e de- bater a história e o importante papel das Academias no meio cultural e artístico dos dois países, bem como as preciosas coleções de arte que estas instituições possuem. São tesouros nacionais merecedores de serem divulgados e admirados por todos e por isso carentes de cuidados especiais de salvaguarda.
A presente edição reúne as comunicações apresentadas no Congresso Internacional SPHERA MUNDI-Arte... more A presente edição reúne as comunicações apresentadas no Congresso Internacional SPHERA MUNDI-Arte e Cultura no Tempo dos Descobrimentos. O encontro visa estudar e debater a cultura artística no Portugal do tempo de D. Manuel I, O Venturoso (1495-1521), no momento em que se celebram quinhentos anos da edificação da Torre de Belém, o «Baluarte do Restelo» como era referido ao tempo. Tal acontecimento é evocado numa perspetiva multidisciplinar histórico-política, militar, artística, cultural e patrimonial de âmbito científico propositadamente abrangente. O ideário manuelino assumiu repercussões culturais e artísticas além-fronteiras, quer nos espaços políticos e sociais da Europa, quer nos espaços imperiais no Atlântico e do Índico, tanto no Brasil e em África, como na Índia, na China ou no Japão.
As obras de arte e os artefactos são coisas que transitam, navegam, compõem coleções, domesticam-... more As obras de arte e os artefactos são coisas que transitam, navegam, compõem coleções, domesticam-se, acomodam-se e, com frequência, retomam movimentos e empreendem novas rotas. Essa natureza tanto errante quanto seden-tária das coisas promoveu, ao longo da era moderna e contemporânea, um importante cruzamento de fronteiras, convivências com a alteridade e relevante promoção de transculturações por meio da prática colecionística, apre-sentando este livro um conjunto de exemplos relevantes de reconhecidos elos e intercâmbios artísticos entre Portugal e o Brasil no domínio das coleções de arte.
Heritage, 2021
Heritage conservation and cultural tourism are central features of academic debates, as this rela... more Heritage conservation and cultural tourism are central features of academic debates, as this relationship has not been always peaceful. This paper seeks to evaluate the correlation between the extensive conservation and restoration of the wall and castle of the medieval town of Óbidos (1930–1950) and the tourism-oriented projects developed since this period. Due to the criticism of several previous studies, one of the primary aims of this research was to assess whether this Portuguese town constitutes a good example of medieval reconstitution, or if it is a fanciful twentieth-century intervention. Another main goal was to establish our position regarding the challenges inherent to the management of this historic centre, especially those concerning current tourism challenges and the preservation of and regard for historical buildings and monuments. By means of a long-term study based on the common history of art methodology (cross-analysis of bibliography, archival research, in situ observation of the heritage and attendance of festivals and events), we were able to make the following contributions to advance the debate: although the earlier interventions in Óbidos abided by strict criteria which merited international praise, the management model of the town as a tourist destination over the last two decades calls for a revaluation, placing greater importance on history, historic and artistic heritage and the identity of the location.
Conservar Património, 2017
O incêndio de Londres em 1666 e o terramoto de 1755 em Lisboa contam-se entre os acontecimentos q... more O incêndio de Londres em 1666 e o terramoto de 1755 em Lisboa contam-se entre os acontecimentos que maior destruição causaram, nomeadamente sobre o Património, na Europa da Época Moderna. As circunstâncias políticas e culturais distintas das duas capitais e dos respetivos reinos traduziram-se em modos diversos de recuperar aquelas duas cidades. Não obstante as diferentes opções assumidas no plano urbanístico, observa-se que as preocupações e os preceitos de prevenção testemunhados na reedificação de ambas, bem como as práticas de demolir, reaproveitar ou reparar o Património que sobreviveu aos cataclismos foram comuns. Neste artigo, consideram-se as decisões tomadas no quadro das respetivas reabilitações e as várias matizes de sensibilidade ou consciência patrimonial manifestadas nas ocasiões.
MDCCC 1800, 2021
William Beckford's statue of Saint Anthony, sculpted by John Rossi, included one of the most valu... more William Beckford's statue of Saint Anthony, sculpted by John Rossi, included one of the most valued pieces of his art collection. As this paper argues, this statue was modeled after a sixteenth century sculpture of the Church of Saint Anthony located in Lisbon. The statue played a major role at Fonthill Abbey, where it was displayed in a sumptuous sanctuary. The same occurred in Lansdown Tower, enthroned in a new oratory. After Beckford's death, the art collector Francis Cook purchased the statue for his Monserrate estate in Sintra, where Beckford lived between 1794 and 1795. The Lansdown sanctuary was then recreated in Monserrateas an intriguing homage to Beckford.
The Hospital of Desterro, located on the Colina de Santana, in Lisbon, was closed in 2007, after ... more The Hospital of Desterro, located on the Colina de Santana, in Lisbon, was closed in 2007, after having been a hospital of reference for more than 150 years in the area of venereal diseases and dermatology. The building, constructed at the end of the 16th century, as a monastery of the Cistercian order, carries within its walls various centuries of history, consequence of multiple occupations and reuses that tended to dilute the architectural coherence of the old monastery. The object of a recent architectural project providing for multifunctional uses, that include housing, tourism, leisure and health, after a decades long debate about the inadequacy of the building for use as a hospital. Today, the focus of the debate is on safeguarding the building, with new functions, and the defence of its historical and heritage values. This study aims to present new historical data and new readings of the ancient Royal Monastery of Nossa Senhora do Desterro, particularly as regards the last two centuries, while the work on the building remains suspended and its future remains open. RESUMO O Hospital do Desterro, situado na Colina de Santana, em Lisboa, foi desativado em 2007, depois de ter sido um hospital de referência no domínio das doenças venéreas e da dermatologia durante mais de 150 anos. O edifício, concebido como mosteiro da ordem de Cister, em fi nais do século XVI, transporta consigo vários séculos de história, mas cuja coerência arquitetónica, as suas múltiplas utilizações tenderam a diluir. Alvo de um recente projeto de reutilização multifuncional de habitação, turismo, lazer e saúde, depois de largas décadas de discussão sobre a inadequabilidade das instalações para uso hospitalar, o debate voltou-se para a salvaguarda do edifício, com novas funções, e para a defesa dos seus valores históricos e patrimoniais. O presente estudo procura trazer novos dados históricos e novas leituras sobre o edifício do antigo Real Mosteiro de Nossa Senhora do Desterro, em particular para as duas últimas centúrias, enquanto as obras se mantêm suspensas e o seu futuro em aberto.
This paper aims to analyse the conversion of the former Desterro Hospital, in Lisbon, the capital... more This paper aims to analyse the conversion of the former Desterro Hospital, in Lisbon, the capital of Portugal, both throughout its history and regarding its recent transformation into an innovative project with touristic and cultural purposes. Dating back to 1591, the then Desterro Monastery was transformed into a hospital in 1848, after the extinction of religious orders in Portugal. It kept these hospital functions until 2007, when the Portuguese state decided to close it and to sell the building. The project of comprehensive rehabilitation of the former monastery intended to create a new point of interest in the city of Lisbon, a mix-used building for both locals and foreigners. The restoration project conforms to the historic building, adapting it to present-day requirements. This raises questions on the preservation and identity, also taking into consideration key aspects in terms of sustainability. This paper intends to analyse this case study as an example of maintenance and restoration of a historic building which served various purposes related to religion and healthcare, and which is now starting a "new life", while evaluating such project within the scope of sustainable tourism.
Património Estudos, 9, 2006
Artis-ON, 2019
KEYWORDS Canopy | Monastery of Batalha | Restoration | Micro-architecture | MET Cloisters. ABSTRA... more KEYWORDS Canopy | Monastery of Batalha | Restoration | Micro-architecture | MET Cloisters. ABSTRACT The MET Cloisters acquired a peculiar architectural canopy in 2016 that belonged to the main portal of the medieval monastery of Santa Maria da Vitória in the Portuguese village of Batalha. This piece, now in New York, surmounted one of the twelve statues of the Apostles. In the 19th century, during restoration works, the portal was altered from its initial dimension and many of its original sculptural elements were replaced by copies. This research note intends to trace the current location of all the original elements, in both public and private collections, as well as their path in the art market. It also analyzes how this canopy represents a unique example of micro-architecture, relating its composition to the monastery's architecture. The canopy seems to allude to the dual function and meaning of the Portuguese medieval monastery: the divine temple is represented by the fi ve small buildings and their tile-roofs, as the church's chevet with fi ve radiating chapels; and royal funerary place as represented by the vertical segment, a sectioned octagonal volume evoking King John's funeral chapel. In its simplicity and micro-scale, this canopy displays remarkable artistic quality, constituting an excellent example of the fourteenth-century production led by the master Huguet in the Portuguese construction site of Batalha.
Maria João Neto, Marize Malta (Coords.) Coleções de Arte em Portugal e Brasil nos Séculos XIX E XX - Perfis e Trânsitos, 2014
Portugal em meados do século XIX viu transacionar obras de arte de singular qualidade. Vieram a m... more Portugal em meados do século XIX viu transacionar obras de arte de singular qualidade. Vieram a mercado pinturas, esculturas, livros e outras peças dos melhores artistas e das mais variadas épocas. A extinção das ordens religiosas e a abolição dos morgadios proporcionaram a possibilidade de venda de obras há muito guardadas. Contudo, a par das procedências nacionais, circulavam entre nós importantes obras adquiridas no estrangeiro, nomeadamente, em Roma. As invasões francesas vieram alterar a ordem naquele centro cultural e artístico da civilização europeia. A partir dos relatos dos nossos diplomatas, procura-se perceber as implicações tidas no domínio do mercado da arte e as relações com coleções e colecionadores nacionais.
Portugal, throughout the 19th century, oversaw the transaction of high quality artwork. Paintings, sculptures, books and other pieces made by great artists and belonging to several different epochs, emerged in the art market. The extinction of religious orders and the abolishment of majorats (morgadios) allowed the possibility of selling artwork that had been kept concealed until then. However, at the same time as these national procedures, foreign artwork was circulating freely, emerging from Rome. The French invasions came to alter the natural order in that cultural and artistic centre of the European civilization. Through the reports of our diplomats, we seek to understand the implications on the art markets and the relations between national collections and collectors.
MONSERRATE REVISITED THE COOK COLLECTION IN PORTUGAL, 2017
MONSERRATE REVISITED – AN EXHIBITION TO MARK THE BICENTENARY OF THE BIRTH OF SIR FRANCIS COOK 181... more MONSERRATE REVISITED – AN EXHIBITION TO MARK THE BICENTENARY OF THE BIRTH OF SIR FRANCIS COOK 1817-2017
The signi cance and scale of the art collection assembled by Sir Francis Cook in the second half of the nineteenth century is undeniable. Although it has now been dispersed, many of the best museums in the world and an elite group of private individuals are proud to hold works acquired by this remarkable English collector within their collections.
Francis Cook had a particular connection to Portugal from a very young age. He married in Lisbon and fell in love with Sintra, just like the young king Ferdinand II, and later bought Monserrate Estate, previously inhabited by the famous Englishman William Beckford. This illustrious occupancy by such a famous gure of the cultural landscape of the time was familiar to an entire Romantic generation, thanks to Lord Byron’s eloquent evocation in his work Childe Harold’s Pilgrimage (1812-1818).
Determined to make the most of the spirit of the place, Francis Cook began an ambitious programme to renovate this historic estate, restoring the house and gardens, whilst always bearing in mind the allusion to Beckford. The great cultural importance of his initiative
was recognised by King Luís I who, in 1870, honoured him with the title of Viscount. Monserrate thus became the wealthy English industrialist’s great work, and instilled in him a taste for art and an enthusiasm for collecting.
In the best Victorian taste, he lled the house with ne antiques and contemporary pieces commissioned especially for this purpose, assembling a remarkable artistic collection. The ‘Englishman’s house’, as it was known, was appreciated by many notable visitors until the time the property and the palace’s valuable contents were sold, by Cook’s grandson, in 1946. An auction was held of the pieces, with no work directly bought by the Portuguese state, and the estate itself only became state property in 1949. Empty, closed and with no plans for use, the palace deteriorated severely over time until Parques de Sintra – Monte da Lua began a systematic programme to restore the historic building in 2007, at the same time as the gardens were also restored. When the work was nished in 2015, the Palace of Monserrate was returned to its former architectural splendour and was fully opened to the public.
Since that time, plans have been in progress for a museum programme for the palace interior designed to convey to visitors how this space encapsulated a speci c English Romantic taste, in a domestic context. This ongoing project has bene tted from constant historical and artistic research that has uncovered in detail how the various rooms of the palace would have been decorated during the time of the Cook family,
the quality of the pieces exhibited, their number and origin. In doing this, the inventories of the contents of the Palace, as well as a collection of old photographs of the interiors, have been of invaluable assistance. The identi cation of the pieces sold at the 1946 auction and details of the collections in which they are currently held are also important aspects of this research. This identi cation of pieces has made it possible to contact current owners and propose acquisition, on behalf of Parques de Sintra, with the aim of returning key works to the Palace that were previously part of its valuable contents and which also illustrate English Romantic domestic culture. As part of this programme to reunite pieces from the Cook collection in Monserrate, Parques de Sintra recently acquired a Renaissance relief in marble, attributed to Gregorio di Lorenzo, with a sculptural representation of the Virgin and Child (77.5 cm x 58.5 cm).
The results that have so far been achieved through this research led to the Monserrate Revisited exhibition, in which some of the most important pieces collected in the palace during the nineteenth century are once again displayed, in intimate dialogue with this architectural space.
2017 was the ideal moment for this exhibition to take place, since there was no better way to evoke the spirit of Monserrate and pay due tribute to its great founder than by bringing back to the palace a collection of remarkable works that were first assembled there by Sir Francis Cook, 200 years after his birth.
To all the public institutions and individuals who have loaned pieces for this exhibition, we extend our warmest gratitude.
MONSERRATE REVISITADO A COLEÇÃO COOK EM PORTUGAL MARIA JOÃO NETO (COORD.), 2017
A EXPOSIÇÃO MONSERRATE REVISITADO NO DUPLO CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE SIR FRANCIS COOK 1817-2... more A EXPOSIÇÃO MONSERRATE REVISITADO NO DUPLO CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE SIR FRANCIS COOK 1817-2017
É indiscutível a importância e dimensão da coleção de arte reunida por Sir Francis Cook na segunda metade do século xix. Apesar de hoje dispersa, muitos dos melhores museus do mundo e uma elite de privados orgulham-se de possuir nos seus acervos obras adquiridas por este notável colecionador inglês.
Francis Cook teve, desde muito jovem, uma ligação particular com Portugal. Casou em Lisboa e apaixonou-se por Sintra, tal como o jovem rei D. Fernando II, vindo a adquirir a quinta de Monserrate, outrora habitada pelo célebre inglês William Beckford. Esta ilustre ocupação, por parte de uma gura tão carismática no quadro cultural de então, era do conhecimento de toda uma geração romântica, devido
à eloquência das palavras de Lord Byron, que a evoca na sua obra Childe Harold’s Pilgrimage (1812-1818).
Determinado em usufruir do espírito do lugar, Francis Cook vai promover um ambicioso programa de renovação da histórica quinta, restaurando a casa e os jardins, sem nunca deixar de ter presente a alusão a Beckford. A sua iniciativa de grande alcance cultural foi reconhecida pelo rei D. Luís I que, em 1870, lhe confere o título de Visconde. Monserrate transforma-se assim numa preciosa obra do rico industrial inglês, que a ela terá cado a dever o seu gosto pela arte e o entusiasmo pelo colecionismo.
Ao melhor gosto vitoriano, dotou os interiores da casa de boas antiguidades e peças contemporâneas que terá encomendado expressamente para o efeito, reunindo um notável acervo artístico. A ‘casa do inglês’, como era conhecida, foi apreciada por muitos visitantes notáveis até ao momento em que a propriedade e o valioso recheio do palácio são vendidos, pelo seu bisneto, em 1946. Das peças é feito leilão, sem que o Estado português tenha adquirido alguma obra diretamente, e a própria quinta com o palácio apenas se tornam propriedade estatal em 1949. Vazio, fechado e sem projeto de utilização, o palácio sofreu com as injúrias do tempo danos severos até que a Parques de Sintra – Monte da Lua iniciou um programa sistemático de restauro do histórico edifício, em 2007, ao mesmo tempo que se reabilitavam, igualmente, os jardins. Concluídos os trabalhos em 2015, o Palácio de Monserrate recuperou o seu esplendor arquitetónico de outrora e passou a estar totalmente aberto ao público.
Desde então tem vindo a ser pensado um programa museológico para o interior do palácio que procure dar ao visitante o conhecimento de como este sintetizava
um particular gosto romântico inglês, em contexto doméstico. Neste estudo
em progresso, conta-se com uma aturada pesquisa histórico-artística que tem vindo a permitir conhecer, com pormenor, como as diversas salas do palácio se encontravam decoradas no tempo dos Cook, a qualidade das peças expostas,
o seu número e origem. Para o efeito, os inventários dos bens móveis do Palácio, bem como um conjunto de fotogra as antigas dos interiores têm sido auxiliares preciosos nesta matéria. Também a identi cação das peças vendidas no leilão de 1946 e que coleções integram na atualidade, constituem importantes aspetos
da pesquisa em curso. Esta identi cação de peças, tem permitido conhecer atuais proprietários e propor aquisições, por parte da Parques de Sintra, com o objetivo de fazer regressar ao Palácio obras emblemáticas, que outrora pertenceram ao seu precioso recheio e que simultaneamente ilustram a cultura doméstica romântica inglesa. Sob este objetivo de reunião de peças da Coleção Cook em Monserrate,
a Parques de Sintra adquiriu recentemente um relevo renascentista em mármore, da autoria de Gregorio di Lorenzo, com uma representação escultórica da Virgem com o Menino (77,5 cm x 58,5 cm).
Os resultados entretanto alcançados com estas linhas de pesquisa, zeram nascer
o presente projeto de conceber uma exposição sobre a designação Monserrate Revisitado, onde algumas das mais importantes peças colecionadas no palácio no século xix são exibidas de novo, num diálogo íntimo com aquele espaço arquitetónico.
2017 era o momento de realizar esta exposição, porque nada melhor para evocar Monserrate e prestar reconhecido tributo ao seu grande empreendedor, que trazer de novo ao palácio um conjunto de notáveis obras aí reunidas pela primeira vez por Sir Francis Cook, quando se assinalam os duzentos anos do seu nascimento.
A todas as entidades públicas e privadas que cederam temporariamente as suas peças para exposição, os nossos reconhecidos agradecimentos.
Neugotik global -Kolonial - postkolonial, 2020
Clara Moura Soares, Marize Malta (Edts) D. Maria II, princesa do Brasil, rainha de Portugal. Arte, Património e Identidade., 2019
RESUMO: A realização, nas últimas três décadas, de vários estudos monográficos centrados no patri... more RESUMO: A realização, nas últimas três décadas, de vários estudos monográficos centrados no património artístico nacional no século XIX, com base numa exaustiva pesquisa documental, permite hoje alcançar uma visão de conjunto sobre o tema e substituir uma velha historiografia eivada de lugares comuns e apreciações sem fundamento. A propósito do segundo centenário do nascimento da rainha D. Maria II, fomos tentados a repassar em análise os diplomas legais publicados durante o seu reinado referentes à nossa herança cultural, nas suas diversas vertentes. Pretendemos fazer essa leitura enquadrada sob os contributos dos estudos recentes, pois estamos certos que tal ensaio trará perspectivas mais amplas e globais àquelas que tínhamos quando, em 1990, concluímos o nosso trabalho sobre o restauro do Mosteiro da Batalha no século XIX.
CAVALCANTI, Ana, MALTA, Marize, PEREIRA, Sonia Gomes (org.), Modelos na Arte. Ensino, Práticas e Crítica. 200 anos de Escola de Belas Artes do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro: Nau Editora, 2017
Ensino artístico na corte portuguesa do Rio de Janeiro: a escolha entre os modelos francês e ital... more Ensino artístico na corte portuguesa do Rio de Janeiro: a escolha entre os modelos francês e italiano
Michela Degortes, Maria João Neto
ARTIS - Universidade de Lisboa
A correspondência diplomática revela-nos que, em 1808, sete anos antes de Joaquim Lebreton apresentar à legação portuguesa em Paris o projeto para a criação duma Escola de Artes no Rio de Janeiro, cujo corpo docente seria composto por artistas franceses, já tinha havido uma outra proposta nesse sentido, porém envolvendo artistas sediados em Roma.
Aos olhos dos diplomatas portugueses em missão na Cidade Eterna, era claro que a precariedade do mercado da arte romano, fortemente abalado pelos espólios e destruições causados pelas invasões francesas em Itália, podia facilitar a adquisição de obras de arte contemporâneas, bem como o recrutamento de artistas então afetados pela penúria de encomendas.
Além do mais, a existência de uma Academia Portuguesa de Belas Artes em Roma, fundada em 1790 e extinta em 1805, devido às invasões napoleónicas, tinha fortalecido as relações portuguesas no meio artístico da cidade papal.
Talvez por esta razão, em 1817 — já a missão francesa estava sediada no Rio de Janeiro há mais de um ano — o ministro plenipotenciário em Roma enviava à Corte um projeto que propunha a refundação da Academia na cidade eterna. Na detalhada proposta, baseada na legislação italiana em matéria de ensino artístico, relembrava-se que o próprio conde da Barca tinha-se mostrado favorável a um plano semelhante, em 1806.
É notório que nem a ideia de enviar artistas italianos para a corte portuguesa no Rio, nem a de refundar uma academia em Roma se chegaram a concretizar. Todavia, importa refletir sobre as possíveis consequências no contexto artístico luso-brasileiro se realmente tais projetos tivessem tido consequência. Ao invés do modelo francês introduzido, que diferenças teria imposto o modelo italiano, não apenas na própria Escola do Rio de Janeiro, mas também através de uma articulação direta com Roma, por via de uma academia própria sediada na capital das artes e dos modelos neoclássicos, onde os mais poderosos países europeus, havia já muitos anos, tinham estabelecido as suas escolas de formação artística.