Marcus Held | Universidade Estadual de Campinas (original) (raw)
Tese de Doutorado (USP) by Marcus Held
HELD, M. The Road to Emulation: Francesco Geminiani and the consolidation of the eighteenth-centu... more HELD, M. The Road to Emulation: Francesco Geminiani and the consolidation of the eighteenth-century English style (1714-1762).
Dissertação de Mestrado (USP) by Marcus Held
A presente pesquisa contempla a teoria e a prática da música instrumental do século XVIII, sobret... more A presente pesquisa contempla a teoria e a prática da música instrumental do século XVIII, sobretudo na Inglaterra, sob o ponto de vista da obra teórica do violinista, compositor e tratadista italiano Francesco Geminiani (1687-1762). O trabalho objetiva comentar e traduzir - pela primeira vez em língua portuguesa - a integral da obra teórica desse autor: Rules for Playing in a True Taste (c.1748), A Treatise of Good Taste in the Art of Musick (1749), The Art of Playing on the Violin (1751), The Art of Accompaniament (1756/7), Guida Armonica (1756/8), The Harmonical Miscellany (1758) e The Art of Playing the Guitar or Cittra (1760). A escolha de Geminiani se deve ao fato de seus sete escritos se alinharem a importantes preceptistas filosóficos, como Batteux, Montesquieu e Hume, e musicais, como Quantz, C. P. E. Bach e L. Mozart. Além disso, dissertam sobre aspectos importantes da música setecentista sob os pontos de vista prático (como a performance em instrumentos como violino, violoncelo, cravo - com ênfase no baixo contínuo -, cistre e traverso) e teórico (com discussões sobre o ensino e o aprendizado de harmonia, além de discutir, em toda sua obra, o conceito de bom gosto em música). As análises e estudos oferecidos em forma de comentários, bem como as traduções aqui presentes não só permitirão o leitor atual a observar a obra de Geminiani inserida em seu contexto histórico-filosófico-musical adequado, mas também fornecerão ferramentas importantes para pesquisas posteriores sobre o tratadista e a música do século XVIII.
Artigos em Peródicos/Papers by Marcus Held
Revista 4'33", 2022
Nas preceptivas europeias setecentistas, constam, com frequência, comparações entre a música voca... more Nas preceptivas europeias setecentistas, constam, com frequência, comparações entre a música vocal e a música instrumental. A primeira, sempre subsidiada pelo texto, é capaz de mover os afetos de seus ouvintes com maior facilidade e precisão. A segunda, pela ampla possibilidade de artifícios, provê maior liberdade inventiva ao compositor. Em O mestre-de-capela perfeito (1739), o maior tratado escrito por Johann Mattheson (1681-1764) e um dos mais importantes do século XVIII, o autor formula um capítulo inteiramente dedicado "às diferenças entre as melodias cantáveis e tocáveis". Nas 17 "diferenças" postuladas, é possível verificar que o autor se distancia da querela corrente ao descrever tanto as potencialidades quanto as fragi-lidades de uma e de outra, instruindo o leitor a discernir, com vistas ao bom gosto, a adequação de decoro apropriada a cada uma delas. Neste sentido, este artigo se propõe a analisar o texto de Mattheson com base nos pressupostos da retórica latina. A partir deste estudo, ficará claro que, no pensamento musical representado por Mattheson, a gramática e a retórica discursiva regem tanto a música cantada quanto a tocada, pois ambas constituem práticas de bom gosto, desde que respeitado o decoro conveniente, bem como formas de representação eficazes para alcançar a edificação moral.
Art Research Journal, 2023
Nas práticas musicais contemporâneas, termos como virtuoso ou virtuose são, com frequência, empre... more Nas práticas musicais contemporâneas, termos como virtuoso ou virtuose são, com frequência, empregados com vistas à qualificação de instrumentistas ou cantores cujas habilidades técnicas avançadas se destacam pelo aparente apelo do impossível, do inconcebível e do inexplicável. Tal conceituação de virtude coaduna-se às correntes de pensamento oitocentista, e está tradicionalmente associada à ideia de gênio. No presente texto, procuramos recuperar as acepções de virtude próprias ao século XVIII. Traçamos um histórico do termo, visando recontextualizá-lo no âmbito de escritos de dois teóricos musicais setecentistas: o alemão Johann Mattheson (1681-1767) e o ítalo-britânico Francesco Geminiani (1687-1762). Nesse sentido, fica claro que a ideia de virtuosismo não se restringe às habilidades no instrumento ou na voz, mas tampouco se refere à esfera do inexplicável: ela depende, sobretudo, das condutas morais em constante processo de aperfeiçoamento.
Per Musi, 2022
In this interview granted to Marcus Held, Clive Brown discourses about his career dedicated to th... more In this interview granted to Marcus Held, Clive Brown discourses about his career dedicated to the historical investigations related to the 18th and 19th centuries music, with emphasis on past performance practices. Brown, who witnessed the consolidation of the Early Music in England, recalls the processes of (re)discovery not only of the past repertoire, but also of the musical thought. With particular interest in musical notation and its intellectual processes, the researcher points that the approach to the score has definitely changed throughout the centuries and, from that, many challenges are posed for the activity of contemporary musical editing.
Revista Música, 2022
In this interview granted to Marcus Held, Walter Reiter discourses on his ideas regarding the fie... more In this interview granted to Marcus Held, Walter Reiter discourses on his ideas regarding the field of knowledge known as Early Music. Having witnessed and actively participated in the consolidation of this movement in the 1960's and the 1970's, the violinist, chamber musician, teacher and director talks about the challenges and the successes of teaching and thinking music from previous times in the contemporary world. Furthermore, he presents his recently published book, The Baroque Violin & Viola: a fifty-lesson course (Oxford University Press, 2020) and, in the end, narrates his experience of teaching Early Music in Cuba.
Per Musi, 2022
Resumo: Na historiografia do arco de violino, é comum defrontar-se com a concepção de uma sequênc... more Resumo: Na historiografia do arco de violino, é comum defrontar-se com a concepção de uma sequência linear e progressiva em seu desenvolvimento no transcorrer dos séculos, marcada pelo aperfeiçoamento de um espécime rudimentar rumo à perfeição do arco moderno. Violinistas referenciais do século XIX, como Woldemar e Baillot, bem como o historiador Fétis, desenvolveram quadros que ensejam a caracterização de uma evolução do arco. Trata-se, no entanto, de uma noção marcada pelo pensamento positivista. Essas imagens, amplamente reproduzidas em livros e artigos, cristalizaram uma realidade distinta daquela apresentada pela tratadística e pela iconografia dos séculos XVII ao XIX. Neste artigo, procuramos demonstrar, por meio de extensa revisão bibliográfica e análise iconográfica, que inúmeros modelos de arco coexistiram na prática musical entre 1600 e 1850-tendo em vista a diversidade das necessidades impostas pelos instrumentistas, gêneros e estilos-, e que uma compreensão histórica destes, somente através de um prisma evolutivo, seria reducionista.
Palavras-chave: Arco de violino; Arco barroco; Arcos de transição; Arco moderno; Positivismo e música.
Revista 4'33, 2021
Francesco Geminiani (1687-1762) foi um dos músicos mais destacados da Inglaterra setecentista. Na... more Francesco Geminiani (1687-1762) foi um dos músicos mais destacados da Inglaterra setecentista. Natural de Lucca, foi discípulo de Arcangelo Corelli (1653-1713) em Roma até radicar-se em Londres em 1714. Na capital britânica, exerceu uma carreira notável como instrumentista, compositor, professor e autor de tratados musicais. Desde o início, foi respeitado como
um modelo de referência. Isto se verifica pelas várias menções nos periódicos da época, pelas referências laudatórias a ele dirigidas e, também, por suas representações iconográficas. O retrato encomiástico
que, à luz da retórica, segue as diretrizes epidíticas, é um dos principais modos de louvar as virtudes do sujeito. Geminiani foi, durante décadas, objeto central de obras de artistas proeminentes de seu meio e, nesta pesquisa, procuramos demonstrar – a partir da análise e interpretação de seus retratos – que ele foi considerado modelo de autoridade para a música britânica do século XVIII, contribuindo para a consolidação do estilo instrumental.
Opus, 2021
O presente artigo discute a aplicabilidade do conceito de escolas de violino, outrora influentes... more O presente artigo discute a aplicabilidade do conceito de escolas de violino,
outrora influentes, no Brasil de hoje. A partir de uma pesquisa que coletou dados de 110 violinistas residentes no país, foi constatado que expressiva fração dos participantes se declarava inserida em alguma escola de violino, como franco-belga, alemã ou russa. No entanto, a maioria absoluta também afirmava possuir em sua formação elementos oriundos das mais variadas fontes de aprendizado, incluindo diversos professores com visões técnicas, musicais e interpretativas distintas. Posto isto, buscamos então entender o que de fato constituiria uma escola de violino, para que possamos refletir sobre a real validação de vertentes oitocentistas na contemporaneidade brasileira globalizada. Por meio de revisão bibliográfica e questionário direcionado ao nosso público-alvo, tratamos o assunto sob as perspectivas histórica e pedagógica. Procuramos demonstrar que reduzir a noção de escola de violino a critérios técnicos e mecânicos, desvinculados de aspectos estilísticos associados a valores estéticos pregressos, não sustenta um sistema que seria hermético em si mesmo.
Revista Música, 2018
Na literatura dos séculos XVII e XVIII, centenas de tratados dedicados à composição, interpretaçã... more Na literatura dos séculos XVII e XVIII, centenas de tratados dedicados à composição, interpretação, ensino e reflexão musicais foram publicados e difundidos por todo o continente Europeu. Tais obras, que variam enormemente em relação à metodologia abordada por seus autores, costumam, frequentemente, trazer consigo a noção de que a música é análoga ao discurso verbal, ambos guiados pelas regras da retórica, e que sua finalidade seja ensinar, deleitar e mover o ouvinte. No caso de Francesco Geminiani (1687-1762), esta mesma ideia pode ser lida em sua obra tratadística. Neste artigo, pretende-se discorrer sobre diversas emulações retóricas almejadas por Geminiani (1687-1762) em sua obra tratadística, sobretudo nas Regras para tocar com verdadeiro gosto (c.1748), Tratado sobre o bom gosto na arte da música (1749) e A arte de tocar violino (1751). Nesses tratados, o autor não apenas alinhou-se às correntes de pensamento de sua época, representadas por Batteux, Hume e Montesquieu – na filosofia – e por Quantz, C. P. E. Bach e L. Mozart – na música –, mas também recuperou acepções do discurso falado, escrito e proferido, presentes nas retóricas clássicas De Oratore, de Cícero, e Institutio Oratoria, de Quintiliano. Observaremos que, no tocante à discussão filosófico-musical setecentista em torno da tópica do Gosto – lugar-comum no conjunto total de sua tratadística –, Geminiani apoia-se na recuperação e no debate de diver- sos preceitos sobre imaginação, juízo, decoro, ornamentação, performance e recepção, abordados pelos autores mencionados, tornando, assim, evidente sua visão da composição musical espelhada no discurso retórico.
Opus, 2017
Embora o estudo da música antiga tenha se consolidado no último século tanto nas salas de concert... more Embora o estudo da música antiga tenha se consolidado no último século tanto nas salas de concerto quanto na investigação acadêmica, ainda são diversos os compositores e, naturalmente, as obras que carecem de atenção por parte dos especialistas. No caso do italiano Francesco Geminiani (1687-1762), sua vida e obra são temas de poucos estudos no campo da musicologia histórica e, no tocante à sua produção teórica, Guida Armonica (1756/8) e The Harmonical Miscellany (1758) configuram tratados praticamente desconhecidos do leitor atual. Nesse sentido, o presente artigo objetiva elaborar um estudo sobre esses escritos, sendo assim um ponto de partida para o aprofundamento devido a esses documentos. Serão expostos os percalços editoriais e a contextualização histórica de ambos, de modo que perceberemos a persistência de Geminiani no que diz respeito ao ensino da harmonia, bem como as diversas críticas – positivas e negativas – recebidas antes, durante e depois das tentativas de publicação das obras aqui estudadas.
Revista Música, 2016
A música para violino é tema recorrente em diversas pesquisas da musicologia histórica. No entant... more A música para violino é tema recorrente em diversas pesquisas da musicologia histórica. No entanto, uma abordagem mais detalhada sobre os primeiros passos de seu repertório carece de atenção. Desde seu aparecimento na renascença tardia, a música para violino esteve ligada à música de dança. Seja nas tavernas, nas casas, ou nas ruas, a posição que esse instrumento conquistou na sociedade levou-o a um papel de destaque nas cortes europeias. Na Inglaterra, foco deste artigo, o violino serviu, primeiramente, como instrumento integrante das English Masques e dos consorts reais. Isto deu ao violino e sua família maior autonomia de repertório, de modo que este passou a atuar em gêneros essencialmente instrumentais, como a fantasia-suíte, a sonata e o trio-sonata. Neste estudo, observaremos como o instrumento em questão influenciou o panorama da dança na Inglaterra do século XVII, utilizando-se de obras de compositores representativos daquele período: John Playford (1623-1687) e Peter Prelleur (1705-1741). Em seguida, estudaremos, com mais detalhes, os gêneros citados previamente, a fim de esclarecer a relação do violino para com o estilo italiano em ascensão, bem como sua execução pelos músicos amadores, fundamentais para o desenvolvimento da popularidade e reputação desse instrumento além de sua perpetuação na cultura britânica
Opus, 2016
Nascido em Lucca, Itália, em 1687, Francesco Geminiani foi discípulo de Alessandro Scarlatti e d... more Nascido em Lucca, Itália, em 1687, Francesco Geminiani foi discípulo de Alessandro Scarlatti e de Arcangelo Corelli em Roma. Em 1714, radicou-se em Londres, e, lá, guiou a construção do gosto musical inglês, tendo sido reconhecido como violinista virtuose, bem como compositor e professor destacados. Ao final de sua vida, dedicou-se à elaboração de seis tratados musicais: Rules for Playing in a True Taste (1748), A Treatise of Good Taste in the Art of Musick (1749), The Art of Playing on the Violin (1751), Guida Armonica (1752), The Art of Accompaniament (1754) e The Art of Playing the Guitar or Cittra (1760). Embora breves, seus textos demonstram o domínio do escritor sobre a linguagem da música instrumental, e discutem conceitos fundamentais da performance musical, aliando-os a preceptivas retóricas amplamente abordadas por teóricos setecentistas, como o gosto. Neste artigo estudaremos cada obra individualmente, ressaltando suas características históricas, textuais e musicais, bem como as diversas qualidades que este músico demonstrou dominar.
Capítulos de Livro/Book Chapters by Marcus Held
Teorias, Poéticas e Práticas da Música Antiga, 2021
Apresentações/Conference Presentations by Marcus Held
Anais do V Performa Clavis Internacional - 2018: diálogos entre repertórios históricos e atuais para instrumentos de teclado, 2018
O presente artigo contempla o tratado "A arte do acompanhamento" de Francesco Geminiani (1687-176... more O presente artigo contempla o tratado "A arte do acompanhamento" de Francesco Geminiani (1687-1762). Após mencionarmos informações biográficas de seu autor, abordaremos o conceito de Gosto em seu ambiente setecentista. Uma vez localizado na obra de Geminiani, poderemos seguir às considerações sobre seu frontispício, prefácio e exemplos. Conclui-se que o autor integra a tópica do Gosto em sua abordagem, bem como fornece meios para uma execução justa, correta e deleitável do baixo-contínuo.
International Society for the History of Rhetoric - Twenty-Third Biennial Conference, 2022
During the 16th, 17th and 18th centuries, Rhetoric was a prime factor in both musical composition... more During the 16th, 17th and 18th centuries, Rhetoric was a prime factor in both musical composition and performance. The comparison of the latte with oratory - delivery - is frequently found in many treatises throughout those years, especially on eighteenth century writers, such as Geminiani (1751), Quantz (1752), L. Mozart (1756) and C.P.E. Bach (1762). According to primary and secondary sources, an effective delivery of (musical) discourse aims to move the audience's emotion. This kind of thinking is precisely alike - and almost verbatim to - what Aristotle, Cicero and Quintilian had also defended in their works, many centuries before. This paper discusses and analyzes, in order to clarify the notions of this rhetorical style of music, various correspondences on the subject of performance and its relation to the so-called pronuntiatio among the greek and roman philosophers mentioned above. Since contemporary sources lack on summarizing them, this paper will contribute to parallel and further studies on the usage of Rhetoric throughout the 1700s, above all on music. Firstly, the concept of delivery - found in the theoretical oeuvre of Francesco Geminiani (an influential eighteenth-century musical thinker, yet not thoroughly regarded by musicological surveys), and of pronuntiatio - found in those rhetorical tomes – will be defined. Secondly, the various evidence that relate to the classical writers will be shown, compared, deliberated and scrutinized. This will lead us to provide a clear notion of eighteenth-century musical performance. It will be evident that its conception is intrinsically related to oral speech: both discourses must arouse, move and delight the listener's passions.
International Society for the History of Rhetoric: Tenta-Third Biennial Conference, 2022
This panel aims to provide a broad discussion on eighteenth-century music and musicians and its c... more This panel aims to provide a broad discussion on eighteenth-century music and musicians and its close relationship with Rhetoric. Focused on violin music and/or violin-preceptors, our papers eye on the musical discourse in a rhetorical approach, analyzing its connection to inventio, elocutio and pronuntiatio.
Modera: Cassiano de Almeida Barros Ponentes: Cassiano de Almeida Barros (coord.), Clarisa Eugeni... more Modera: Cassiano de Almeida Barros
Ponentes: Cassiano de Almeida Barros (coord.), Clarisa Eugenia Pedrotti, Gabriel Persico, Marcus Held, Mônica Lucas, Paulo M. Kühl
V Congreso ARLAC/IMs
Asociación Regional para América Latina y el Caribe de la Sociedad Internacional de Musicologia
UniversIdad Internacional de Andalucía
HELD, M. The Road to Emulation: Francesco Geminiani and the consolidation of the eighteenth-centu... more HELD, M. The Road to Emulation: Francesco Geminiani and the consolidation of the eighteenth-century English style (1714-1762).
A presente pesquisa contempla a teoria e a prática da música instrumental do século XVIII, sobret... more A presente pesquisa contempla a teoria e a prática da música instrumental do século XVIII, sobretudo na Inglaterra, sob o ponto de vista da obra teórica do violinista, compositor e tratadista italiano Francesco Geminiani (1687-1762). O trabalho objetiva comentar e traduzir - pela primeira vez em língua portuguesa - a integral da obra teórica desse autor: Rules for Playing in a True Taste (c.1748), A Treatise of Good Taste in the Art of Musick (1749), The Art of Playing on the Violin (1751), The Art of Accompaniament (1756/7), Guida Armonica (1756/8), The Harmonical Miscellany (1758) e The Art of Playing the Guitar or Cittra (1760). A escolha de Geminiani se deve ao fato de seus sete escritos se alinharem a importantes preceptistas filosóficos, como Batteux, Montesquieu e Hume, e musicais, como Quantz, C. P. E. Bach e L. Mozart. Além disso, dissertam sobre aspectos importantes da música setecentista sob os pontos de vista prático (como a performance em instrumentos como violino, violoncelo, cravo - com ênfase no baixo contínuo -, cistre e traverso) e teórico (com discussões sobre o ensino e o aprendizado de harmonia, além de discutir, em toda sua obra, o conceito de bom gosto em música). As análises e estudos oferecidos em forma de comentários, bem como as traduções aqui presentes não só permitirão o leitor atual a observar a obra de Geminiani inserida em seu contexto histórico-filosófico-musical adequado, mas também fornecerão ferramentas importantes para pesquisas posteriores sobre o tratadista e a música do século XVIII.
Revista 4'33", 2022
Nas preceptivas europeias setecentistas, constam, com frequência, comparações entre a música voca... more Nas preceptivas europeias setecentistas, constam, com frequência, comparações entre a música vocal e a música instrumental. A primeira, sempre subsidiada pelo texto, é capaz de mover os afetos de seus ouvintes com maior facilidade e precisão. A segunda, pela ampla possibilidade de artifícios, provê maior liberdade inventiva ao compositor. Em O mestre-de-capela perfeito (1739), o maior tratado escrito por Johann Mattheson (1681-1764) e um dos mais importantes do século XVIII, o autor formula um capítulo inteiramente dedicado "às diferenças entre as melodias cantáveis e tocáveis". Nas 17 "diferenças" postuladas, é possível verificar que o autor se distancia da querela corrente ao descrever tanto as potencialidades quanto as fragi-lidades de uma e de outra, instruindo o leitor a discernir, com vistas ao bom gosto, a adequação de decoro apropriada a cada uma delas. Neste sentido, este artigo se propõe a analisar o texto de Mattheson com base nos pressupostos da retórica latina. A partir deste estudo, ficará claro que, no pensamento musical representado por Mattheson, a gramática e a retórica discursiva regem tanto a música cantada quanto a tocada, pois ambas constituem práticas de bom gosto, desde que respeitado o decoro conveniente, bem como formas de representação eficazes para alcançar a edificação moral.
Art Research Journal, 2023
Nas práticas musicais contemporâneas, termos como virtuoso ou virtuose são, com frequência, empre... more Nas práticas musicais contemporâneas, termos como virtuoso ou virtuose são, com frequência, empregados com vistas à qualificação de instrumentistas ou cantores cujas habilidades técnicas avançadas se destacam pelo aparente apelo do impossível, do inconcebível e do inexplicável. Tal conceituação de virtude coaduna-se às correntes de pensamento oitocentista, e está tradicionalmente associada à ideia de gênio. No presente texto, procuramos recuperar as acepções de virtude próprias ao século XVIII. Traçamos um histórico do termo, visando recontextualizá-lo no âmbito de escritos de dois teóricos musicais setecentistas: o alemão Johann Mattheson (1681-1767) e o ítalo-britânico Francesco Geminiani (1687-1762). Nesse sentido, fica claro que a ideia de virtuosismo não se restringe às habilidades no instrumento ou na voz, mas tampouco se refere à esfera do inexplicável: ela depende, sobretudo, das condutas morais em constante processo de aperfeiçoamento.
Per Musi, 2022
In this interview granted to Marcus Held, Clive Brown discourses about his career dedicated to th... more In this interview granted to Marcus Held, Clive Brown discourses about his career dedicated to the historical investigations related to the 18th and 19th centuries music, with emphasis on past performance practices. Brown, who witnessed the consolidation of the Early Music in England, recalls the processes of (re)discovery not only of the past repertoire, but also of the musical thought. With particular interest in musical notation and its intellectual processes, the researcher points that the approach to the score has definitely changed throughout the centuries and, from that, many challenges are posed for the activity of contemporary musical editing.
Revista Música, 2022
In this interview granted to Marcus Held, Walter Reiter discourses on his ideas regarding the fie... more In this interview granted to Marcus Held, Walter Reiter discourses on his ideas regarding the field of knowledge known as Early Music. Having witnessed and actively participated in the consolidation of this movement in the 1960's and the 1970's, the violinist, chamber musician, teacher and director talks about the challenges and the successes of teaching and thinking music from previous times in the contemporary world. Furthermore, he presents his recently published book, The Baroque Violin & Viola: a fifty-lesson course (Oxford University Press, 2020) and, in the end, narrates his experience of teaching Early Music in Cuba.
Per Musi, 2022
Resumo: Na historiografia do arco de violino, é comum defrontar-se com a concepção de uma sequênc... more Resumo: Na historiografia do arco de violino, é comum defrontar-se com a concepção de uma sequência linear e progressiva em seu desenvolvimento no transcorrer dos séculos, marcada pelo aperfeiçoamento de um espécime rudimentar rumo à perfeição do arco moderno. Violinistas referenciais do século XIX, como Woldemar e Baillot, bem como o historiador Fétis, desenvolveram quadros que ensejam a caracterização de uma evolução do arco. Trata-se, no entanto, de uma noção marcada pelo pensamento positivista. Essas imagens, amplamente reproduzidas em livros e artigos, cristalizaram uma realidade distinta daquela apresentada pela tratadística e pela iconografia dos séculos XVII ao XIX. Neste artigo, procuramos demonstrar, por meio de extensa revisão bibliográfica e análise iconográfica, que inúmeros modelos de arco coexistiram na prática musical entre 1600 e 1850-tendo em vista a diversidade das necessidades impostas pelos instrumentistas, gêneros e estilos-, e que uma compreensão histórica destes, somente através de um prisma evolutivo, seria reducionista.
Palavras-chave: Arco de violino; Arco barroco; Arcos de transição; Arco moderno; Positivismo e música.
Revista 4'33, 2021
Francesco Geminiani (1687-1762) foi um dos músicos mais destacados da Inglaterra setecentista. Na... more Francesco Geminiani (1687-1762) foi um dos músicos mais destacados da Inglaterra setecentista. Natural de Lucca, foi discípulo de Arcangelo Corelli (1653-1713) em Roma até radicar-se em Londres em 1714. Na capital britânica, exerceu uma carreira notável como instrumentista, compositor, professor e autor de tratados musicais. Desde o início, foi respeitado como
um modelo de referência. Isto se verifica pelas várias menções nos periódicos da época, pelas referências laudatórias a ele dirigidas e, também, por suas representações iconográficas. O retrato encomiástico
que, à luz da retórica, segue as diretrizes epidíticas, é um dos principais modos de louvar as virtudes do sujeito. Geminiani foi, durante décadas, objeto central de obras de artistas proeminentes de seu meio e, nesta pesquisa, procuramos demonstrar – a partir da análise e interpretação de seus retratos – que ele foi considerado modelo de autoridade para a música britânica do século XVIII, contribuindo para a consolidação do estilo instrumental.
Opus, 2021
O presente artigo discute a aplicabilidade do conceito de escolas de violino, outrora influentes... more O presente artigo discute a aplicabilidade do conceito de escolas de violino,
outrora influentes, no Brasil de hoje. A partir de uma pesquisa que coletou dados de 110 violinistas residentes no país, foi constatado que expressiva fração dos participantes se declarava inserida em alguma escola de violino, como franco-belga, alemã ou russa. No entanto, a maioria absoluta também afirmava possuir em sua formação elementos oriundos das mais variadas fontes de aprendizado, incluindo diversos professores com visões técnicas, musicais e interpretativas distintas. Posto isto, buscamos então entender o que de fato constituiria uma escola de violino, para que possamos refletir sobre a real validação de vertentes oitocentistas na contemporaneidade brasileira globalizada. Por meio de revisão bibliográfica e questionário direcionado ao nosso público-alvo, tratamos o assunto sob as perspectivas histórica e pedagógica. Procuramos demonstrar que reduzir a noção de escola de violino a critérios técnicos e mecânicos, desvinculados de aspectos estilísticos associados a valores estéticos pregressos, não sustenta um sistema que seria hermético em si mesmo.
Revista Música, 2018
Na literatura dos séculos XVII e XVIII, centenas de tratados dedicados à composição, interpretaçã... more Na literatura dos séculos XVII e XVIII, centenas de tratados dedicados à composição, interpretação, ensino e reflexão musicais foram publicados e difundidos por todo o continente Europeu. Tais obras, que variam enormemente em relação à metodologia abordada por seus autores, costumam, frequentemente, trazer consigo a noção de que a música é análoga ao discurso verbal, ambos guiados pelas regras da retórica, e que sua finalidade seja ensinar, deleitar e mover o ouvinte. No caso de Francesco Geminiani (1687-1762), esta mesma ideia pode ser lida em sua obra tratadística. Neste artigo, pretende-se discorrer sobre diversas emulações retóricas almejadas por Geminiani (1687-1762) em sua obra tratadística, sobretudo nas Regras para tocar com verdadeiro gosto (c.1748), Tratado sobre o bom gosto na arte da música (1749) e A arte de tocar violino (1751). Nesses tratados, o autor não apenas alinhou-se às correntes de pensamento de sua época, representadas por Batteux, Hume e Montesquieu – na filosofia – e por Quantz, C. P. E. Bach e L. Mozart – na música –, mas também recuperou acepções do discurso falado, escrito e proferido, presentes nas retóricas clássicas De Oratore, de Cícero, e Institutio Oratoria, de Quintiliano. Observaremos que, no tocante à discussão filosófico-musical setecentista em torno da tópica do Gosto – lugar-comum no conjunto total de sua tratadística –, Geminiani apoia-se na recuperação e no debate de diver- sos preceitos sobre imaginação, juízo, decoro, ornamentação, performance e recepção, abordados pelos autores mencionados, tornando, assim, evidente sua visão da composição musical espelhada no discurso retórico.
Opus, 2017
Embora o estudo da música antiga tenha se consolidado no último século tanto nas salas de concert... more Embora o estudo da música antiga tenha se consolidado no último século tanto nas salas de concerto quanto na investigação acadêmica, ainda são diversos os compositores e, naturalmente, as obras que carecem de atenção por parte dos especialistas. No caso do italiano Francesco Geminiani (1687-1762), sua vida e obra são temas de poucos estudos no campo da musicologia histórica e, no tocante à sua produção teórica, Guida Armonica (1756/8) e The Harmonical Miscellany (1758) configuram tratados praticamente desconhecidos do leitor atual. Nesse sentido, o presente artigo objetiva elaborar um estudo sobre esses escritos, sendo assim um ponto de partida para o aprofundamento devido a esses documentos. Serão expostos os percalços editoriais e a contextualização histórica de ambos, de modo que perceberemos a persistência de Geminiani no que diz respeito ao ensino da harmonia, bem como as diversas críticas – positivas e negativas – recebidas antes, durante e depois das tentativas de publicação das obras aqui estudadas.
Revista Música, 2016
A música para violino é tema recorrente em diversas pesquisas da musicologia histórica. No entant... more A música para violino é tema recorrente em diversas pesquisas da musicologia histórica. No entanto, uma abordagem mais detalhada sobre os primeiros passos de seu repertório carece de atenção. Desde seu aparecimento na renascença tardia, a música para violino esteve ligada à música de dança. Seja nas tavernas, nas casas, ou nas ruas, a posição que esse instrumento conquistou na sociedade levou-o a um papel de destaque nas cortes europeias. Na Inglaterra, foco deste artigo, o violino serviu, primeiramente, como instrumento integrante das English Masques e dos consorts reais. Isto deu ao violino e sua família maior autonomia de repertório, de modo que este passou a atuar em gêneros essencialmente instrumentais, como a fantasia-suíte, a sonata e o trio-sonata. Neste estudo, observaremos como o instrumento em questão influenciou o panorama da dança na Inglaterra do século XVII, utilizando-se de obras de compositores representativos daquele período: John Playford (1623-1687) e Peter Prelleur (1705-1741). Em seguida, estudaremos, com mais detalhes, os gêneros citados previamente, a fim de esclarecer a relação do violino para com o estilo italiano em ascensão, bem como sua execução pelos músicos amadores, fundamentais para o desenvolvimento da popularidade e reputação desse instrumento além de sua perpetuação na cultura britânica
Opus, 2016
Nascido em Lucca, Itália, em 1687, Francesco Geminiani foi discípulo de Alessandro Scarlatti e d... more Nascido em Lucca, Itália, em 1687, Francesco Geminiani foi discípulo de Alessandro Scarlatti e de Arcangelo Corelli em Roma. Em 1714, radicou-se em Londres, e, lá, guiou a construção do gosto musical inglês, tendo sido reconhecido como violinista virtuose, bem como compositor e professor destacados. Ao final de sua vida, dedicou-se à elaboração de seis tratados musicais: Rules for Playing in a True Taste (1748), A Treatise of Good Taste in the Art of Musick (1749), The Art of Playing on the Violin (1751), Guida Armonica (1752), The Art of Accompaniament (1754) e The Art of Playing the Guitar or Cittra (1760). Embora breves, seus textos demonstram o domínio do escritor sobre a linguagem da música instrumental, e discutem conceitos fundamentais da performance musical, aliando-os a preceptivas retóricas amplamente abordadas por teóricos setecentistas, como o gosto. Neste artigo estudaremos cada obra individualmente, ressaltando suas características históricas, textuais e musicais, bem como as diversas qualidades que este músico demonstrou dominar.
Anais do V Performa Clavis Internacional - 2018: diálogos entre repertórios históricos e atuais para instrumentos de teclado, 2018
O presente artigo contempla o tratado "A arte do acompanhamento" de Francesco Geminiani (1687-176... more O presente artigo contempla o tratado "A arte do acompanhamento" de Francesco Geminiani (1687-1762). Após mencionarmos informações biográficas de seu autor, abordaremos o conceito de Gosto em seu ambiente setecentista. Uma vez localizado na obra de Geminiani, poderemos seguir às considerações sobre seu frontispício, prefácio e exemplos. Conclui-se que o autor integra a tópica do Gosto em sua abordagem, bem como fornece meios para uma execução justa, correta e deleitável do baixo-contínuo.
International Society for the History of Rhetoric - Twenty-Third Biennial Conference, 2022
During the 16th, 17th and 18th centuries, Rhetoric was a prime factor in both musical composition... more During the 16th, 17th and 18th centuries, Rhetoric was a prime factor in both musical composition and performance. The comparison of the latte with oratory - delivery - is frequently found in many treatises throughout those years, especially on eighteenth century writers, such as Geminiani (1751), Quantz (1752), L. Mozart (1756) and C.P.E. Bach (1762). According to primary and secondary sources, an effective delivery of (musical) discourse aims to move the audience's emotion. This kind of thinking is precisely alike - and almost verbatim to - what Aristotle, Cicero and Quintilian had also defended in their works, many centuries before. This paper discusses and analyzes, in order to clarify the notions of this rhetorical style of music, various correspondences on the subject of performance and its relation to the so-called pronuntiatio among the greek and roman philosophers mentioned above. Since contemporary sources lack on summarizing them, this paper will contribute to parallel and further studies on the usage of Rhetoric throughout the 1700s, above all on music. Firstly, the concept of delivery - found in the theoretical oeuvre of Francesco Geminiani (an influential eighteenth-century musical thinker, yet not thoroughly regarded by musicological surveys), and of pronuntiatio - found in those rhetorical tomes – will be defined. Secondly, the various evidence that relate to the classical writers will be shown, compared, deliberated and scrutinized. This will lead us to provide a clear notion of eighteenth-century musical performance. It will be evident that its conception is intrinsically related to oral speech: both discourses must arouse, move and delight the listener's passions.
International Society for the History of Rhetoric: Tenta-Third Biennial Conference, 2022
This panel aims to provide a broad discussion on eighteenth-century music and musicians and its c... more This panel aims to provide a broad discussion on eighteenth-century music and musicians and its close relationship with Rhetoric. Focused on violin music and/or violin-preceptors, our papers eye on the musical discourse in a rhetorical approach, analyzing its connection to inventio, elocutio and pronuntiatio.
Modera: Cassiano de Almeida Barros Ponentes: Cassiano de Almeida Barros (coord.), Clarisa Eugeni... more Modera: Cassiano de Almeida Barros
Ponentes: Cassiano de Almeida Barros (coord.), Clarisa Eugenia Pedrotti, Gabriel Persico, Marcus Held, Mônica Lucas, Paulo M. Kühl
V Congreso ARLAC/IMs
Asociación Regional para América Latina y el Caribe de la Sociedad Internacional de Musicologia
UniversIdad Internacional de Andalucía
5th international meeting of music theory and analysis - volume of abstracts, 2020
Pages 146-149
O Gosto é tópica constante nos inúmeros tratados e preceptivas elaboradas ao longo do século XVII... more O Gosto é tópica constante nos inúmeros tratados e preceptivas elaboradas ao longo do século XVIII. Para Montesquieu (2009, p. 11), um dos filósofos mais representativos desse tempo, os diferentes prazeres da alma, como o belo, o bom, o agradável, o ingênuo, o delicado, o terno, o gracioso, o majestoso e tantos outros formam os atributos abordados pelo Gosto. Além dele, muitos foram os pensadores que elaboraram teorias acerca dos efeitos causados no espectador pela obra de arte, como Locke, Hume, Batteux, Kames e Rousseau. Não apenas sobre as sensações enunciadas acima, mas as diversas maneiras de como obter êxito em provocar no apreciador da arte tais afetos. Em música, diversos tratados trabalharam a questão do Gosto, ou melhor, do Bom Gosto, seja em textos com esta única especificidade, seja em métodos de instrumentos que continham capítulos especiais para abordar esta questão tão importante para aquele século.
Revista Música
In this interview granted to Marcus Held, Walter Reiter discourses on his ideas regarding the fie... more In this interview granted to Marcus Held, Walter Reiter discourses on his ideas regarding the field of knowledge known as Early Music. Having witnessed and actively participated in the consolidation of this movement in the 1960's and the 1970's, the violinist, chamber musician, teacher and director talks about the challenges and the successes of teaching and thinking music from previous times in the contemporary world. Furthermore, he presents his recently published book, The Baroque Violin & Viola: a fifty-lesson course (Oxford University Press, 2020) and, in the end, narrates his experience of teaching Early Music in Cuba.