Laila Correa e Silva | Universidade de São Paulo (original) (raw)

Papers by Laila Correa e Silva

Research paper thumbnail of Dos projetos literários dos "homens de letras" ဠliteratura combativa das "mulheres de letras”: imprensa, literatura e gênero no brasil de fins do século XIX

Caderno Espaço Feminino, 2017

Resumo Neste artigo pretendo analisar o cenário literário carioca no momento de transição entre... more Resumo Neste artigo pretendo analisar o cenário literário carioca no momento de transição entre a Monarquia e a República, a partir da problematização do fato de que até agora a maioria dos estudos nos campos da sociologia, história cultural ou história social apenas exploram a atuação literária e política dos "homens de letras”, especialmente durante esse período. Proponho, portanto, uma leitura que conecta homens e mulheres de letras, centrando em Machado de Assis, Arthur Azevedo, Ignez Sabino, Maria Benedicta Cá‚mara Bormann [Délia] e Josephina Álvares de Azevedo, atuantes na imprensa feminina e na de grande circulação na Corte Imperial dos anos 1880 e na Capital Federal dos anos 1890. A imprensa é aqui compreendida como o campo no qual se estabeleceu uma rede de contatos entre esses homens e mulheres. A literatura produzida no espaço dos jornais do Rio de Janeiro promove a possibilidade da investigação dos significados de projetos políticos e literários de cu...

Research paper thumbnail of The belief in the external world and the mitigated scepticism in Hume

Orientador: José Oscar de Almeida MarquesDissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campin... more Orientador: José Oscar de Almeida MarquesDissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências HumanasResumo: David Hume, no Tratado da Natureza Humana, livro 1, parte 4, seção 2, "Do ceticismo quanto aos sentidos", pretende explicar a causa de nossa crença na existência do mundo exterior, isto é, a crença em existências contínuas e distintas da mente e da percepção. Ele inicia a seção com a seguinte afirmação: devemos dar nosso assentimento ao princípio referente à existência dos corpos, embora não possamos ter a pretensão de sustentar a sua veracidade por meio de argumentos filosóficos (T 1.4.2.1). Mas, ao final da seção, sua postura diante da crença na existência do mundo exterior muda totalmente, como Hume mesmo diz, em T 1.4.2.56, penúltimo parágrafo: "iniciei este tema com a premissa de que deveria ter uma fé implícita em nossos sentidos, e que essa é a conclusão que extrairia da totalidade de meu raciocínio", contudo...

Research paper thumbnail of A política imperial em Quincas Borba: um diálogo entre a história e a literatura

Humanidades em diálogo, 2017

Desenvolve-se uma breve análise histórica do romance-folhetim de Machado de Assis Quincas Borba, ... more Desenvolve-se uma breve análise histórica do romance-folhetim de Machado de Assis Quincas Borba, publicado pela revista feminina A Estação entre 1886 e 1891, enfatizando as interlocuções sociais entre a obra machadiana e os debates parlamentares do final da década de 1860 e meados da década de 1880. Com isso, mostra-se que a política imperial e os impasses da Coroa para a promoção da reforma da escravidão são o centro de significação da narrativa de Quincas.

Research paper thumbnail of Ignez Sabino

Tematicas

A escritora baiana Maria Ignez Sabino Pinho Maia (1853-1911) dedicou-se ao estudo de trajetórias ... more A escritora baiana Maria Ignez Sabino Pinho Maia (1853-1911) dedicou-se ao estudo de trajetórias de mulheres brasileiras célebres em sua obra Mulheres Ilustres do Brasil (1899). Lançamos mão de sua produção literária e jornalística para explorar a hipótese interpretativa de uma proposta de historiografia feminista atrelada ao projeto literário de Ignez Sabino. Para tanto, utilizaremos romances, poemas, contos, artigos e perfis biográficos publicados pela escritora na imprensa nacional e portuguesa, a fim de: 1) apresentar ao público leitor um panorama da extensa obra de Sabino e 2) mostrar como ela se articula à interpretação da escritora sobre a história do Brasil e o papel das mulheres na construção da política, da cultura e da sociedade brasileira, sobretudo no contexto de transição entre a Monarquia e a República, momento decisivo de reivindicação de direitos para as mulheres e embates travados pelo feminismo na imprensa nacional.

Research paper thumbnail of Pensamento afrodiaspórico em perspectiva: abordagens no campo da História e Literatura - Volume 1: História

Research paper thumbnail of O direito à literatura de autoria feminina brasileira do século XIX: a atuação política e literária de escritoras e o confronto com o cânone literário nacional.

Conferências FFLCH - USP\ Seminário “Antonio Candido” 100 anos, Universidade Estadual de São Paulo, USP. , 2018

A presente comunicação pretende apresentar os resultados parciais obtidos na pesquisa de doutoram... more A presente comunicação pretende apresentar os resultados parciais obtidos na pesquisa de doutoramento em desenvolvimento e financiada pela FAPESP, com o título Dos projetos literários dos “homens de letras” à literatura combativa das “mulheres de letras”: imprensa, literatura e gênero no Brasil de fins do século XIX. A partir de obras literárias de autoria feminina no Brasil analisadas durante a pesquisa e refletindo
acerca da proposta deste seminário, propomos uma interlocução entre história, sociologia e literatura com a finalidade de analisar a produção literária e jornalística de três escritoras brasileiras atuantes no cenário das letras cariocas de fins do século XIX: Josephina Alvares de Azevedo (1851-1913), Ignez Sabino (1853-1911) e Maria Benedita Câmara Bormann, que escreveu com o pseudônimo Délia (1853-1895).
Traçando redes de comunicação e solidariedade entre essas três escritoras, notamos uma destacada atuação política, por meio das letras e da imprensa feminista do Rio de Janeiro, em prol da emancipação feminina. Nesse sentido, encontramos uma raiz social
e histórica que alimentou a produção escrita dessas mulheres, sobretudo entre 1880 e 1890, no contexto de transição entre o Império e a República. A mais proeminente de todas as bandeiras foi a defesa da escrita e da inserção da mulher no âmbito literário com igualdade de oportunidades em relação aos homens de letras. A literatura era,
então, compreendida como uma forma ou um meio de reivindicar direitos e o exercício da escrita de autoria feminina transformou-se num palco de disseminação das demandas sociais das mulheres, indo, portanto, ao encontro da literatura como ―instrumento de desmascaramento, nas palavras de Antonio Candido em O Direito à Literatura (1988), travestindo-se de uma potência enorme no período estudado, dado que a pena feminina era uma arma de combate para o conquista de direitos e um modo de participação feminina na esfera política e social. Por outro lado, justamente como resultado das
barreiras sociais impostas às escritoras, grande parte da produção literária das mulheres de letras não foi incorporada ao chamado cânone literário, negando o reconhecimento devido à escrita de autoria feminina e, principalmente, dificultando o acesso aos textos dessas autoras, por parte do público leitor que, de modo geral, não logrou usufruir da capacidade ―humanizadora contida nessa importante literatura, ainda hoje, para o estudo da literatura nacional e para a narrativa social e histórica da trajetória de mulheres no campo das letras e da política, perdendo-se, portanto, parte significativa da história nacional e da história das mulheres em busca de direitos sociais e políticos.
Atualmente, precisamos, portanto, pesquisar, debater e divulgar a escrita de autoria feminina do século XIX, restabelecendo sua importância e seu pertencimento à literatura e à história nacionais.

Palavras- chave: Délia [Maria Benedita Camara Bormann]; Ignez Sabino; Josephina Álvares de Azevedo; Escrita feminina brasileira no século XIX; Imprensa feminista.

Research paper thumbnail of A 'MULHER LIVRE' E A 'MULHER ESCRAVIZADA': relações entre gênero, raça e classe em Til e A família Medeiros

Littera Online, Programa de Pós-Graduação em Letras | Universidade Federal do Maranhão, n. 17, 2018

Resumo: A partir das personagens femininas, da mulher livre e da mulher escravizada, em Til (1872... more Resumo: A partir das personagens femininas, da mulher livre e da mulher escravizada, em Til (1872), de José de Alencar e A família Medeiros (1891), de Júlia Lopes de Almeida, abordaremos o potencial manifesto pelas personagens femininas como agentes civilizatórios e humanizadores, no sentido da humanização das relações sociais, permeadas pela violência e pela 'não-racionalidade' em momentos históricos importantes referidos no enredo desses romances, nos quais as relações sociais estavam pautadas no mando patriarcal e na ausência de direitos, num estado caracterizado como não civilizado, seja porque se encontra regido por relações de violência e mando, ou mesmo por não garantir a integridade do ser humano enquanto livre e dotado de vontade e arbítrio. Nossa leitura parte de estudos clássicos da sociologia do romance brasileiro e da história social, refletindo acerca dos processos sociais em curso no século XIX. No caso das mulheres livres e das mulheres escravizadas, o patriarcalismo atingiu níveis mais evidentes e violentos, destacando a marginalidade social da mulher e as estratégias que poderiam ser empregadas por elas com a finalidade de superar tais lugares sociais. Palavras-chave: A família Medeiros; Til; Personagens femininas. The 'free woman' and the 'enslaved woman': relations between gender, race and class in Til and A família Medeiros. Abstract: From the feminine character and the enslaved in Til (1872), by José de Alencar and A família Medeiros ([1886-1888], 1891), by Júlia Lopes de Almeida, we will discuss the potential manifested by the female characters as civilizing and humanizing agents , in the sense of the humanization of social relations, permeated by violence and 'non-rationality' in important historical moments referred to in the plot of these novels, in which social relations were based on patriarchal control and the absence of rights, in a state characterized as not civilized, either because it is governed by relations of violence and command, or even by not guaranteeing the integrity of the human being as free and endowed with will and will. Our reading is based on classical studies of the sociology of the Brazilian novel and social history, reflecting on the social processes in progress in the nineteenth century. In the case of women and the enslaved, patriarchalism reached more evident and violent levels, highlighting the social marginality of women and the strategies that could be employed by them in order to overcome such social places.

Research paper thumbnail of O direito ao voto feminino no século XIX brasileiro: a atuação política de Josephina Álvares de Azevedo (1851-1913)

Aedos, Porto Alegre, v. 10, n. 23, p. 114-131, Dez. 2018., 2018

Resumo: Josephina Álvares de Azevedo (1851-1913) foi uma importante literata, jornalista e femini... more Resumo: Josephina Álvares de Azevedo (1851-1913) foi uma importante literata, jornalista e feminista, atuante na imprensa carioca no período de transição entre o regime monárquico e a República. Com a fundação do jornal feminista A Família (São Paulo\ Rio de Janeiro, 1888-1897), a jornalista congregou escritoras de vários locais do Brasil formando uma rede de literatas defensoras dos direitos das mulheres, tais como o direito à educação, ao trabalho e ao voto, sendo este último um direito fundamental que deveria ser garantido pela República. Os embates de Josephina Azevedo com o governo republicano nascente são a chave de entrada para nossa incursão nos debates políticos em defesa do voto feminino em fins do século XIX. Palavras-chave: Josephina Álvares de Azevedo; Imprensa Feminista no século XIX; Voto Feminino. Abstract: Josephina Álvares de Azevedo (1851-1913) was an important literary, journalist and feminist, active in the Carioca press during the period of transition between the monarchist regime and the Republic. With the foundation of the feminist newspaper A Família (São Paulo, Rio de Janeiro, 1888-1897), the journalist brought together writers from various locations in Brazil, forming a network of literary women's rights defenders, such as the right to education, to work and voting, the latter being a fundamental right that should be guaranteed by the Republic. Josephina Azevedo's clashes with the nascent Republican government are the key to our incursion into political debates in support of the female vote in the late nineteenth century.

Research paper thumbnail of Artigo- A política imperial em Quincas Borba (revisto).pdf

Desenvolve-se uma breve análise histórica do romance- folhetim de Machado de Assis, Quincas Borba... more Desenvolve-se uma breve análise histórica do romance- folhetim de Machado de Assis, Quincas Borba, publicado pela revista feminina A Estação, entre 1886 e 1891, enfatizando as interlocuções sociais entre a obra machadiana e os debates parlamentares do final da década de 1860 e meados da década de 1880. Com isso, mostra-se que a política imperial e os impasses da Coroa para a promoção da reforma da escravidão são o centro de significação da narrativa de Quincas.

Research paper thumbnail of DOS PROJETOS LITERÁRIOS DOS " HOMENS DE LETRAS " À LITERATURA COMBATIVA DAS " MULHERES DE LETRAS " : IMPRENSA, LITERATURA E GÊNERO NO BRASIL DE FINS DO SÉCULO XIX

Neste artigo pretendo analisar o cenário literário carioca no momento de transição entre a Monarq... more Neste artigo pretendo analisar o cenário literário carioca no momento de transição entre a Monarquia e a República, a partir da problematização do fato de que até agora a maioria dos estudos nos campos da sociologia, história cultural ou história social apenas exploram a atuação literária e política dos “homens de letras”, especialmente durante esse período. Proponho, portanto, uma leitura que conecta homens e mulheres de letras, centrando em Machado de Assis, Arthur Azevedo, Ignez Sabino, Maria Benedicta Câmara Bormann [Délia] e Josephina Álvares de Azevedo, atuantes na imprensa feminina e na de grande circulação na Corte Imperial dos anos 1880 e na Capital Federal dos anos 1890. A imprensa é aqui compreendida como o campo no qual se estabeleceu uma rede de contatos entre esses homens e mulheres. A literatura produzida no espaço dos jornais do Rio de Janeiro promove a possibilidade da investigação dos significados de projetos políticos e literários de cunho democrático de agentes históricos, homens e, principalmente, de mulheres, que pretendiam pensar de modo crítico e propositivo o papel da literatura numa sociedade recém- egressa da escravidão e da Monarquia.

Palavras- chave: Imprensa Brasileira de Fins do Século XIX. Gênero. Transição do Império para República.

Research paper thumbnail of As “hordas selvagens” no Império do Brasil: a legislação indigenista brasileira oitocentista

Anais do Congresso de Iniciação Científica da Unicamp, 2015

Drafts by Laila Correa e Silva

Research paper thumbnail of A CRENÇA NA EXISTÊNCIA DO MUNDO EXTERIOR E O CETICISMO MITIGADO EM HUME CAMPINAS 2012

Tese de Mestrado apresentada ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, para obtenção do Título de Mestre em Filosofia., 2012

David Hume, no Tratado da Natureza Humana, livro 1, parte 4, seção 2, “Do ceticismo quanto aos se... more David Hume, no Tratado da Natureza Humana, livro 1, parte 4, seção 2, “Do ceticismo quanto aos sentidos”, pretende explicar a causa de nossa crença na existência do mundo exterior, isto é, a crença em existências contínuas e distintas da mente e da percepção. Ele inicia a seção com a seguinte afirmação: devemos dar nosso assentimento ao princípio referente à existência dos corpos, embora não possamos ter a pretensão de sustentar a sua veracidade por meio de argumentos filosóficos (T 1.4.2.1). Mas, ao final da seção, sua postura diante da crença na existência do mundo exterior muda totalmente, como
Hume mesmo diz, em T 1.4.2.56, penúltimo parágrafo: “iniciei este tema com a premissa de que deveria ter uma fé implícita em nossos sentidos, e que essa é a conclusão que extrairia da totalidade de meu raciocínio”, contudo, argumenta ele, “sinto-me neste momento possuído pelo sentimento contrário”, ou seja, Hume não deposita mais nenhuma
confiança nos sentidos, ou antes, imaginação. Por que Hume chega a tal conclusão? Hume argumenta que essas existências contínuas e distintas são ficções da imaginação e, como tais, não merecem nosso assentimento e confiança. Essa situação embaraçosa conduz Hume
a um ceticismo radical que, segundo o próprio filósofo, somente pode ser curado por meio do “descuido e desatenção”. Mas, como poderíamos interpretar essa declaração de Hume?
Minha proposta de interpretação defende que através do conceito humeano de ceticismo mitigado presente no Tratado, livro 1, parte 4, seção 7, “Conclusão deste livro”, e na Investigação sobre o Entendimento Humano, seção 12, “Da filosofia acadêmica ou cética”,
somos capazes de compreendê-la. Nas duas obras mencionadas Hume apresenta o modo de investigação filosófica que é, para ele, o mais adequado, a saber: o método cético. Contudo, o ceticismo de Hume não é o ceticismo radical que impede toda a ação, mas sim um ceticismo mais mitigado que combina consigo uma parcela da “mistura bruta e terrena” (T 1.4.7.14), constituinte da vida comum e afazeres cotidianos.

Research paper thumbnail of Cousas Futuras em Machado de Assis conflitos e incertezas em.pdf

Esta monografia pretende discutir os impasses e conflitos que caracterizaram os debates relativos... more Esta monografia pretende discutir os impasses e conflitos que caracterizaram os debates relativos à questão do “elemento servil” e à elaboração do projeto da lei n. 2040 de 28 de setembro de 1871, mais conhecida como Lei do Ventre Livre. Para tanto, recorremos aos jornais, aos discursos parlamentares da época e aos romances de Machado de Assis: Iaiá Garcia e Quincas Borba. Nestes romances identificamos o testemunho do processo histórico que produziu a lei de 1871, bem como as consequências dessa lei, percebidas nas permanências e rupturas provocadas no âmbito social, político e cultural.

Palavras- chave: Lei do Ventre Livre, Machado de Assis, Iaiá Garcia, Quincas Borba.

Books by Laila Correa e Silva

Research paper thumbnail of Delia contos esquecidos Asa da Palavra (2)

Délia: contos esquecidos, 2022

Coletânea de contos da escritora Délia (1853-1895).

Research paper thumbnail of Pioneiras da sociologia

Pioneiras da sociologia

coletânea de pesquisadoras sobre a atuação intelectual feminina, com um artigo de minha autoria s... more coletânea de pesquisadoras sobre a atuação intelectual feminina, com um artigo de minha autoria sobre Josephina Álvares de Azevedo (1851-1913)

Research paper thumbnail of Pensamento afrodiaspórico em perspectiva: Abordagens no Campo da História e Literatura (v. II)

Pensamento afrodiaspórico em perspectiva: Abordagens no Campo da História e Literatura (v. II), 2021

A colonialidade do saber estruturou a construção dos campos disciplinares nas sociedades marcadas... more A colonialidade do saber estruturou a construção dos campos disciplinares nas sociedades marcadas, na primeira e segunda modernidade, pelo domínio econômico, político e cultural dos “centros” sobre as “periferias”. Este processo, como afirma uma vasta bibliografia, não pode ser entendido meramente sobre um olhar que se restrinja à dados econômicos, mas também está umbilicalmente ligado à forma específica como os sistemas simbólicos e instituições sociais foram moldadas sob a imagem do colonizador. Por isto, não é arbitrário que a História, literatura e as ciências humanas tenham marginalizado por tanto tempo negros e mulheres dos seus respectivos cânones. Os genocídios/epistemicidios do “longo século XVI” foram fundantes para a criação de um lugar epistêmico que instituiu uma falsa universalidade fundada na autoimagem do europeu, branco, masculino e heterossexual. Através de um engenhoso (e maquiavélico) jogo de “espelhos” a Europa formatou a invenção do “outro” para que através da sua suposta subalternidade fosse instituída uma “geopolítica do conhecimento”, ao qual o polo europeu fosse valorizado como legítimo e racional e os “outros” tidos como hierarquicamente “inferiores”. A noção de colonialidade do saber constituída por Aníbal Quijano, e a tradição “decolonial”, é fundamental para pensar como o “novo padrão de poder” instituído com a destruição de um “mundo histórico” nas Américas e do “estabelecimento de uma nova ordem”, fundou-se na racialização oriunda de classificações sociais como o “indígena”, “negro” e “mestiço”.

Research paper thumbnail of Dos projetos literários dos "homens de letras" ဠliteratura combativa das "mulheres de letras”: imprensa, literatura e gênero no brasil de fins do século XIX

Caderno Espaço Feminino, 2017

Resumo Neste artigo pretendo analisar o cenário literário carioca no momento de transição entre... more Resumo Neste artigo pretendo analisar o cenário literário carioca no momento de transição entre a Monarquia e a República, a partir da problematização do fato de que até agora a maioria dos estudos nos campos da sociologia, história cultural ou história social apenas exploram a atuação literária e política dos "homens de letras”, especialmente durante esse período. Proponho, portanto, uma leitura que conecta homens e mulheres de letras, centrando em Machado de Assis, Arthur Azevedo, Ignez Sabino, Maria Benedicta Cá‚mara Bormann [Délia] e Josephina Álvares de Azevedo, atuantes na imprensa feminina e na de grande circulação na Corte Imperial dos anos 1880 e na Capital Federal dos anos 1890. A imprensa é aqui compreendida como o campo no qual se estabeleceu uma rede de contatos entre esses homens e mulheres. A literatura produzida no espaço dos jornais do Rio de Janeiro promove a possibilidade da investigação dos significados de projetos políticos e literários de cu...

Research paper thumbnail of The belief in the external world and the mitigated scepticism in Hume

Orientador: José Oscar de Almeida MarquesDissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campin... more Orientador: José Oscar de Almeida MarquesDissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências HumanasResumo: David Hume, no Tratado da Natureza Humana, livro 1, parte 4, seção 2, "Do ceticismo quanto aos sentidos", pretende explicar a causa de nossa crença na existência do mundo exterior, isto é, a crença em existências contínuas e distintas da mente e da percepção. Ele inicia a seção com a seguinte afirmação: devemos dar nosso assentimento ao princípio referente à existência dos corpos, embora não possamos ter a pretensão de sustentar a sua veracidade por meio de argumentos filosóficos (T 1.4.2.1). Mas, ao final da seção, sua postura diante da crença na existência do mundo exterior muda totalmente, como Hume mesmo diz, em T 1.4.2.56, penúltimo parágrafo: "iniciei este tema com a premissa de que deveria ter uma fé implícita em nossos sentidos, e que essa é a conclusão que extrairia da totalidade de meu raciocínio", contudo...

Research paper thumbnail of A política imperial em Quincas Borba: um diálogo entre a história e a literatura

Humanidades em diálogo, 2017

Desenvolve-se uma breve análise histórica do romance-folhetim de Machado de Assis Quincas Borba, ... more Desenvolve-se uma breve análise histórica do romance-folhetim de Machado de Assis Quincas Borba, publicado pela revista feminina A Estação entre 1886 e 1891, enfatizando as interlocuções sociais entre a obra machadiana e os debates parlamentares do final da década de 1860 e meados da década de 1880. Com isso, mostra-se que a política imperial e os impasses da Coroa para a promoção da reforma da escravidão são o centro de significação da narrativa de Quincas.

Research paper thumbnail of Ignez Sabino

Tematicas

A escritora baiana Maria Ignez Sabino Pinho Maia (1853-1911) dedicou-se ao estudo de trajetórias ... more A escritora baiana Maria Ignez Sabino Pinho Maia (1853-1911) dedicou-se ao estudo de trajetórias de mulheres brasileiras célebres em sua obra Mulheres Ilustres do Brasil (1899). Lançamos mão de sua produção literária e jornalística para explorar a hipótese interpretativa de uma proposta de historiografia feminista atrelada ao projeto literário de Ignez Sabino. Para tanto, utilizaremos romances, poemas, contos, artigos e perfis biográficos publicados pela escritora na imprensa nacional e portuguesa, a fim de: 1) apresentar ao público leitor um panorama da extensa obra de Sabino e 2) mostrar como ela se articula à interpretação da escritora sobre a história do Brasil e o papel das mulheres na construção da política, da cultura e da sociedade brasileira, sobretudo no contexto de transição entre a Monarquia e a República, momento decisivo de reivindicação de direitos para as mulheres e embates travados pelo feminismo na imprensa nacional.

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Research paper thumbnail of O direito à literatura de autoria feminina brasileira do século XIX: a atuação política e literária de escritoras e o confronto com o cânone literário nacional.

Conferências FFLCH - USP\ Seminário “Antonio Candido” 100 anos, Universidade Estadual de São Paulo, USP. , 2018

A presente comunicação pretende apresentar os resultados parciais obtidos na pesquisa de doutoram... more A presente comunicação pretende apresentar os resultados parciais obtidos na pesquisa de doutoramento em desenvolvimento e financiada pela FAPESP, com o título Dos projetos literários dos “homens de letras” à literatura combativa das “mulheres de letras”: imprensa, literatura e gênero no Brasil de fins do século XIX. A partir de obras literárias de autoria feminina no Brasil analisadas durante a pesquisa e refletindo
acerca da proposta deste seminário, propomos uma interlocução entre história, sociologia e literatura com a finalidade de analisar a produção literária e jornalística de três escritoras brasileiras atuantes no cenário das letras cariocas de fins do século XIX: Josephina Alvares de Azevedo (1851-1913), Ignez Sabino (1853-1911) e Maria Benedita Câmara Bormann, que escreveu com o pseudônimo Délia (1853-1895).
Traçando redes de comunicação e solidariedade entre essas três escritoras, notamos uma destacada atuação política, por meio das letras e da imprensa feminista do Rio de Janeiro, em prol da emancipação feminina. Nesse sentido, encontramos uma raiz social
e histórica que alimentou a produção escrita dessas mulheres, sobretudo entre 1880 e 1890, no contexto de transição entre o Império e a República. A mais proeminente de todas as bandeiras foi a defesa da escrita e da inserção da mulher no âmbito literário com igualdade de oportunidades em relação aos homens de letras. A literatura era,
então, compreendida como uma forma ou um meio de reivindicar direitos e o exercício da escrita de autoria feminina transformou-se num palco de disseminação das demandas sociais das mulheres, indo, portanto, ao encontro da literatura como ―instrumento de desmascaramento, nas palavras de Antonio Candido em O Direito à Literatura (1988), travestindo-se de uma potência enorme no período estudado, dado que a pena feminina era uma arma de combate para o conquista de direitos e um modo de participação feminina na esfera política e social. Por outro lado, justamente como resultado das
barreiras sociais impostas às escritoras, grande parte da produção literária das mulheres de letras não foi incorporada ao chamado cânone literário, negando o reconhecimento devido à escrita de autoria feminina e, principalmente, dificultando o acesso aos textos dessas autoras, por parte do público leitor que, de modo geral, não logrou usufruir da capacidade ―humanizadora contida nessa importante literatura, ainda hoje, para o estudo da literatura nacional e para a narrativa social e histórica da trajetória de mulheres no campo das letras e da política, perdendo-se, portanto, parte significativa da história nacional e da história das mulheres em busca de direitos sociais e políticos.
Atualmente, precisamos, portanto, pesquisar, debater e divulgar a escrita de autoria feminina do século XIX, restabelecendo sua importância e seu pertencimento à literatura e à história nacionais.

Palavras- chave: Délia [Maria Benedita Camara Bormann]; Ignez Sabino; Josephina Álvares de Azevedo; Escrita feminina brasileira no século XIX; Imprensa feminista.

Research paper thumbnail of A 'MULHER LIVRE' E A 'MULHER ESCRAVIZADA': relações entre gênero, raça e classe em Til e A família Medeiros

Littera Online, Programa de Pós-Graduação em Letras | Universidade Federal do Maranhão, n. 17, 2018

Resumo: A partir das personagens femininas, da mulher livre e da mulher escravizada, em Til (1872... more Resumo: A partir das personagens femininas, da mulher livre e da mulher escravizada, em Til (1872), de José de Alencar e A família Medeiros (1891), de Júlia Lopes de Almeida, abordaremos o potencial manifesto pelas personagens femininas como agentes civilizatórios e humanizadores, no sentido da humanização das relações sociais, permeadas pela violência e pela 'não-racionalidade' em momentos históricos importantes referidos no enredo desses romances, nos quais as relações sociais estavam pautadas no mando patriarcal e na ausência de direitos, num estado caracterizado como não civilizado, seja porque se encontra regido por relações de violência e mando, ou mesmo por não garantir a integridade do ser humano enquanto livre e dotado de vontade e arbítrio. Nossa leitura parte de estudos clássicos da sociologia do romance brasileiro e da história social, refletindo acerca dos processos sociais em curso no século XIX. No caso das mulheres livres e das mulheres escravizadas, o patriarcalismo atingiu níveis mais evidentes e violentos, destacando a marginalidade social da mulher e as estratégias que poderiam ser empregadas por elas com a finalidade de superar tais lugares sociais. Palavras-chave: A família Medeiros; Til; Personagens femininas. The 'free woman' and the 'enslaved woman': relations between gender, race and class in Til and A família Medeiros. Abstract: From the feminine character and the enslaved in Til (1872), by José de Alencar and A família Medeiros ([1886-1888], 1891), by Júlia Lopes de Almeida, we will discuss the potential manifested by the female characters as civilizing and humanizing agents , in the sense of the humanization of social relations, permeated by violence and 'non-rationality' in important historical moments referred to in the plot of these novels, in which social relations were based on patriarchal control and the absence of rights, in a state characterized as not civilized, either because it is governed by relations of violence and command, or even by not guaranteeing the integrity of the human being as free and endowed with will and will. Our reading is based on classical studies of the sociology of the Brazilian novel and social history, reflecting on the social processes in progress in the nineteenth century. In the case of women and the enslaved, patriarchalism reached more evident and violent levels, highlighting the social marginality of women and the strategies that could be employed by them in order to overcome such social places.

Research paper thumbnail of O direito ao voto feminino no século XIX brasileiro: a atuação política de Josephina Álvares de Azevedo (1851-1913)

Aedos, Porto Alegre, v. 10, n. 23, p. 114-131, Dez. 2018., 2018

Resumo: Josephina Álvares de Azevedo (1851-1913) foi uma importante literata, jornalista e femini... more Resumo: Josephina Álvares de Azevedo (1851-1913) foi uma importante literata, jornalista e feminista, atuante na imprensa carioca no período de transição entre o regime monárquico e a República. Com a fundação do jornal feminista A Família (São Paulo\ Rio de Janeiro, 1888-1897), a jornalista congregou escritoras de vários locais do Brasil formando uma rede de literatas defensoras dos direitos das mulheres, tais como o direito à educação, ao trabalho e ao voto, sendo este último um direito fundamental que deveria ser garantido pela República. Os embates de Josephina Azevedo com o governo republicano nascente são a chave de entrada para nossa incursão nos debates políticos em defesa do voto feminino em fins do século XIX. Palavras-chave: Josephina Álvares de Azevedo; Imprensa Feminista no século XIX; Voto Feminino. Abstract: Josephina Álvares de Azevedo (1851-1913) was an important literary, journalist and feminist, active in the Carioca press during the period of transition between the monarchist regime and the Republic. With the foundation of the feminist newspaper A Família (São Paulo, Rio de Janeiro, 1888-1897), the journalist brought together writers from various locations in Brazil, forming a network of literary women's rights defenders, such as the right to education, to work and voting, the latter being a fundamental right that should be guaranteed by the Republic. Josephina Azevedo's clashes with the nascent Republican government are the key to our incursion into political debates in support of the female vote in the late nineteenth century.

Research paper thumbnail of Artigo- A política imperial em Quincas Borba (revisto).pdf

Desenvolve-se uma breve análise histórica do romance- folhetim de Machado de Assis, Quincas Borba... more Desenvolve-se uma breve análise histórica do romance- folhetim de Machado de Assis, Quincas Borba, publicado pela revista feminina A Estação, entre 1886 e 1891, enfatizando as interlocuções sociais entre a obra machadiana e os debates parlamentares do final da década de 1860 e meados da década de 1880. Com isso, mostra-se que a política imperial e os impasses da Coroa para a promoção da reforma da escravidão são o centro de significação da narrativa de Quincas.

Research paper thumbnail of DOS PROJETOS LITERÁRIOS DOS " HOMENS DE LETRAS " À LITERATURA COMBATIVA DAS " MULHERES DE LETRAS " : IMPRENSA, LITERATURA E GÊNERO NO BRASIL DE FINS DO SÉCULO XIX

Neste artigo pretendo analisar o cenário literário carioca no momento de transição entre a Monarq... more Neste artigo pretendo analisar o cenário literário carioca no momento de transição entre a Monarquia e a República, a partir da problematização do fato de que até agora a maioria dos estudos nos campos da sociologia, história cultural ou história social apenas exploram a atuação literária e política dos “homens de letras”, especialmente durante esse período. Proponho, portanto, uma leitura que conecta homens e mulheres de letras, centrando em Machado de Assis, Arthur Azevedo, Ignez Sabino, Maria Benedicta Câmara Bormann [Délia] e Josephina Álvares de Azevedo, atuantes na imprensa feminina e na de grande circulação na Corte Imperial dos anos 1880 e na Capital Federal dos anos 1890. A imprensa é aqui compreendida como o campo no qual se estabeleceu uma rede de contatos entre esses homens e mulheres. A literatura produzida no espaço dos jornais do Rio de Janeiro promove a possibilidade da investigação dos significados de projetos políticos e literários de cunho democrático de agentes históricos, homens e, principalmente, de mulheres, que pretendiam pensar de modo crítico e propositivo o papel da literatura numa sociedade recém- egressa da escravidão e da Monarquia.

Palavras- chave: Imprensa Brasileira de Fins do Século XIX. Gênero. Transição do Império para República.

Research paper thumbnail of As “hordas selvagens” no Império do Brasil: a legislação indigenista brasileira oitocentista

Anais do Congresso de Iniciação Científica da Unicamp, 2015

Research paper thumbnail of A CRENÇA NA EXISTÊNCIA DO MUNDO EXTERIOR E O CETICISMO MITIGADO EM HUME CAMPINAS 2012

Tese de Mestrado apresentada ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, para obtenção do Título de Mestre em Filosofia., 2012

David Hume, no Tratado da Natureza Humana, livro 1, parte 4, seção 2, “Do ceticismo quanto aos se... more David Hume, no Tratado da Natureza Humana, livro 1, parte 4, seção 2, “Do ceticismo quanto aos sentidos”, pretende explicar a causa de nossa crença na existência do mundo exterior, isto é, a crença em existências contínuas e distintas da mente e da percepção. Ele inicia a seção com a seguinte afirmação: devemos dar nosso assentimento ao princípio referente à existência dos corpos, embora não possamos ter a pretensão de sustentar a sua veracidade por meio de argumentos filosóficos (T 1.4.2.1). Mas, ao final da seção, sua postura diante da crença na existência do mundo exterior muda totalmente, como
Hume mesmo diz, em T 1.4.2.56, penúltimo parágrafo: “iniciei este tema com a premissa de que deveria ter uma fé implícita em nossos sentidos, e que essa é a conclusão que extrairia da totalidade de meu raciocínio”, contudo, argumenta ele, “sinto-me neste momento possuído pelo sentimento contrário”, ou seja, Hume não deposita mais nenhuma
confiança nos sentidos, ou antes, imaginação. Por que Hume chega a tal conclusão? Hume argumenta que essas existências contínuas e distintas são ficções da imaginação e, como tais, não merecem nosso assentimento e confiança. Essa situação embaraçosa conduz Hume
a um ceticismo radical que, segundo o próprio filósofo, somente pode ser curado por meio do “descuido e desatenção”. Mas, como poderíamos interpretar essa declaração de Hume?
Minha proposta de interpretação defende que através do conceito humeano de ceticismo mitigado presente no Tratado, livro 1, parte 4, seção 7, “Conclusão deste livro”, e na Investigação sobre o Entendimento Humano, seção 12, “Da filosofia acadêmica ou cética”,
somos capazes de compreendê-la. Nas duas obras mencionadas Hume apresenta o modo de investigação filosófica que é, para ele, o mais adequado, a saber: o método cético. Contudo, o ceticismo de Hume não é o ceticismo radical que impede toda a ação, mas sim um ceticismo mais mitigado que combina consigo uma parcela da “mistura bruta e terrena” (T 1.4.7.14), constituinte da vida comum e afazeres cotidianos.

Research paper thumbnail of Cousas Futuras em Machado de Assis conflitos e incertezas em.pdf

Esta monografia pretende discutir os impasses e conflitos que caracterizaram os debates relativos... more Esta monografia pretende discutir os impasses e conflitos que caracterizaram os debates relativos à questão do “elemento servil” e à elaboração do projeto da lei n. 2040 de 28 de setembro de 1871, mais conhecida como Lei do Ventre Livre. Para tanto, recorremos aos jornais, aos discursos parlamentares da época e aos romances de Machado de Assis: Iaiá Garcia e Quincas Borba. Nestes romances identificamos o testemunho do processo histórico que produziu a lei de 1871, bem como as consequências dessa lei, percebidas nas permanências e rupturas provocadas no âmbito social, político e cultural.

Palavras- chave: Lei do Ventre Livre, Machado de Assis, Iaiá Garcia, Quincas Borba.

Research paper thumbnail of Delia contos esquecidos Asa da Palavra (2)

Délia: contos esquecidos, 2022

Coletânea de contos da escritora Délia (1853-1895).

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Pioneiras da sociologia

coletânea de pesquisadoras sobre a atuação intelectual feminina, com um artigo de minha autoria s... more coletânea de pesquisadoras sobre a atuação intelectual feminina, com um artigo de minha autoria sobre Josephina Álvares de Azevedo (1851-1913)

Research paper thumbnail of Pensamento afrodiaspórico em perspectiva: Abordagens no Campo da História e Literatura (v. II)

Pensamento afrodiaspórico em perspectiva: Abordagens no Campo da História e Literatura (v. II), 2021

A colonialidade do saber estruturou a construção dos campos disciplinares nas sociedades marcadas... more A colonialidade do saber estruturou a construção dos campos disciplinares nas sociedades marcadas, na primeira e segunda modernidade, pelo domínio econômico, político e cultural dos “centros” sobre as “periferias”. Este processo, como afirma uma vasta bibliografia, não pode ser entendido meramente sobre um olhar que se restrinja à dados econômicos, mas também está umbilicalmente ligado à forma específica como os sistemas simbólicos e instituições sociais foram moldadas sob a imagem do colonizador. Por isto, não é arbitrário que a História, literatura e as ciências humanas tenham marginalizado por tanto tempo negros e mulheres dos seus respectivos cânones. Os genocídios/epistemicidios do “longo século XVI” foram fundantes para a criação de um lugar epistêmico que instituiu uma falsa universalidade fundada na autoimagem do europeu, branco, masculino e heterossexual. Através de um engenhoso (e maquiavélico) jogo de “espelhos” a Europa formatou a invenção do “outro” para que através da sua suposta subalternidade fosse instituída uma “geopolítica do conhecimento”, ao qual o polo europeu fosse valorizado como legítimo e racional e os “outros” tidos como hierarquicamente “inferiores”. A noção de colonialidade do saber constituída por Aníbal Quijano, e a tradição “decolonial”, é fundamental para pensar como o “novo padrão de poder” instituído com a destruição de um “mundo histórico” nas Américas e do “estabelecimento de uma nova ordem”, fundou-se na racialização oriunda de classificações sociais como o “indígena”, “negro” e “mestiço”.