Patricia Kruger | Universidade de São Paulo (original) (raw)
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Papers by Patricia Kruger
Pandaemonium Germanicum, 2020
Este artigo apresenta uma leitura do filme alemão Toni Erdmann (2016), dirigido por Maren Ade, a ... more Este artigo apresenta uma leitura do filme alemão Toni Erdmann (2016), dirigido por Maren Ade, a partir da indagação a respeito dos modos através dos quais ele analisa os processos contemporâneos de modernização na Europa. Para tanto, será feita também uma reflexão sobre a apropriação que o filme faz de certos modos de encenação épica propostos por Bertolt Brecht. A parte final do artigo sugere uma aproximação entre o filme e a peça Mãe Coragem e seus filhos (Mutter Courage und ihre Kinder, 1939).
Transgressive Womanhood: Investigating Vamps, Witches, Whores, Serial Killers and Monsters
Our aim is to offer a discordant interpretation of the film Antichrist (2009), by Lars von Trier.... more Our aim is to offer a discordant interpretation of the film Antichrist (2009), by Lars von Trier. We depart from two elements which have not received enough attention from the critics – the first one is the fact that, despite the story being mostly placed in a mythical “Eden”, it is also set in Seattle, United States. The other element is our bet that Antichrist is structured around an ideological trap, linked to the choice of a determined point-of-view, which is materialized in the character played by Willem Dafoe. This choice unveils and problematizes not only the interests and needs of a singular individual, but those sustained by a whole group, which are closely related to ideologies such as patriarchy and sexism. Revealing, thus, through a non-reliable narrator, what seems to be “natural” as a historically and politically constructed discourse, the film shows the social and mostly unperceived roots of such issues as the demonization of women and the panic of the feminine.
Revista Criação & Crítica, 2014
RESUMO: Nossa intenção é apresentar aqui um estudo dissonante sobre a representação da loucura no... more RESUMO: Nossa intenção é apresentar aqui um estudo dissonante sobre a representação da loucura no filme Anticristo (Antichrist, 2009), do cineasta dinamarquês Lars von Trier. Partindo da análise do foco narrativo exposto pelo filme, que seria associado à personagem masculina, objetivamos observar como a feminilidade e seu suposto "desvio da norma" são filtrados pelos interesses do discurso corporificado nesta figura masculina. De forma mais abrangente, interessa-nos ilustrar, numa leitura a contrapelo, como os processos alucinatórios, paranoicos e o estado de transe que o filme apresenta referem-se justamente a esta figura, e quais as consequências desta determinada configuração formal.
Revista Crítica Cultural, 2013
Procuramos mostrar aqui como o filme Anticristo (Antichrist, 2009) do cineasta dinamarquês Lars v... more Procuramos mostrar aqui como o filme Anticristo (Antichrist, 2009) do cineasta dinamarquês Lars von Trier pode ser analisado atentando-se para suas apropriações literárias. Destacaremos, assim, as relações que o filme estabelece com as elaborações estéticas e algumas obras do dramaturgo sueco August Strindberg e do dramaturgo alemão Bertolt Brecht. Também nos propomos a investigar como o estudo do foco narrativo apresentado pelo filme permitiria uma leitura destoante das que o filme tem recebido e como ferramentas da crítica literária possibilitariam apontar na obra uma armadilha ideológica central para sua interpretação.
Breve Resenha de "A Bruxa" (2015), de Robert Eggers (Publicado originalmente no FB em 4 de março ... more Breve Resenha de "A Bruxa" (2015), de Robert Eggers (Publicado originalmente no FB em 4 de março de 2016)
Revista Geni, 2015
Este artigo busca explorar o conceito de Gaslighting - o fenômeno de manipular a percepção que de... more Este artigo busca explorar o conceito de Gaslighting - o fenômeno de manipular a percepção que determinada pesoa tem da realidade - tal qual trabalhado no filme Anticristo (2009), de Lars von Trier. A partir de um viés que conjugue forma e conteúdo - implícitos e explícitos - procuramos observar como o foco narrativo da obra e a armadilha ideológica aí estabelecida fazem com que o conceito de Gaslighting ajude-nos no desvelamento de estereótipos e violências de gênero tidos como naturais e imutáveis.
Nossa intenção é apresentar aqui um estudo dissonante sobre a representação da loucura no filme A... more Nossa intenção é apresentar aqui um estudo dissonante sobre a representação da loucura no filme Anticristo (Antichrist, 2009), do cineasta dinamarquês Lars von Trier. Partindo da análise do foco narrativo exposto pelo filme, que seria associado à personagem masculina, objetivamos observar como a feminilidade e seu suposto “desvio da norma” são filtrados pelos interesses do discurso corporificado nesta figura masculina. De forma mais abrangente, interessa-nos ilustrar, numa leitura a contrapelo, como os processos alucinatórios, paranoicos e o estado de transe que o filme apresenta referem-se justamente a esta figura, e quais as consequências desta determinada configuração formal
Procuramos mostrar aqui como o filme Anticristo (Antichrist, 2009) do cineasta dinamarquês Lars v... more Procuramos mostrar aqui como o filme Anticristo (Antichrist, 2009) do cineasta dinamarquês Lars von Trier pode ser analisado atentando-se para suas apropriações literárias. Destacaremos, assim, as relações que o filme estabelece com as elaborações estéticas e algumas obras do dramaturgo sueco August Strindberg e do dramaturgo alemão Bertolt Brecht. Também nos propomos a investigar como o estudo do foco narrativo apresentado pelo filme permitiria uma leitura destoante das que o filme tem recebido e como ferramentas da crítica literária possibilitariam apontar na obra uma armadilha ideológica central para sua interpretação.
Em matéria de refuncionalização do meio de produção cultural, poucas pessoas foram tão longe quan... more Em matéria de refuncionalização do meio de produção cultural, poucas pessoas foram tão longe quanto Lars von Trier. Seguramente um dos diretores mais notáveis da atualidade, seja pelas apropriações de gêneros, seja pelo incômodo causado como um provocateur, seja pelas inovações estilísticas e tecnológicas, o fato é que Trier aproxima-se deveras de um dos artistas mais brilhantes de todos os tempo, Bertolt Brecht, no que tange, especialmente, a capacidade crítica de interrogar o meio. Assim como o dramaturgo alemão, Trier não dá respostas, por mais que a crítica, ingenuamente, lhe exija explicações. Trier proporciona mais do que isso: proporciona a inscrição do espectador como signo material de sua obra. E a este que cabe a tarefa de preencher os vazios, relacionar as partes, duvidar das obviedades, conectar as contradições à História.
Thesis / Tese by Patricia Kruger
In this thesis, we analyze the film Antichrist (2009), by Lars von Trier, from a critical perspec... more In this thesis, we analyze the film Antichrist (2009), by Lars von Trier, from a critical perspective that contemplates the relationship between its formal construction and its implicit and explicit content. As with other works by the artist, equally questioning, disturbing and political, Antichrist has shown itself capable of pointing out historical and social dynamics that are relevant to the comprehension of its time; it also lays bare several substantial characteristics of the hegemonic thinking, which are naturalized in an unsettling way. Accordingly, the proposed thesis is that a Brechtian aesthetic-political method is re-appropriated by the film, in order to counterpoint the dramatic model that guides much of the mainstream film productions. Being responsible for the broader structuring of Antichrist, this re-appropriation is linked to the design of the film’s narrative perspective, which is associated to the male character and shaped by various nuances of works by Strindberg and Freud, and also of Expressionism. The examination of the interrelationship between the historical and social level, and the level of the individual and of his subjectivity, including his mental construction, becomes thus essential in Antichrist. From such analysis, fundamental contradictions of Western society can be unveiled, especially the ones regarding gender issues, which are furnished by the uncanny allusion to the Witch Hunt brought up by the film.
Analisamos, nesta tese, o filme Anticristo (2009), do cineasta Lars von Trier, tomando como base ... more Analisamos, nesta tese, o filme Anticristo (2009), do cineasta Lars von Trier, tomando como base um viés crítico que contemplasse a relação entre sua construção formal e seus conteúdos implícitos e explícitos. Assim como outras obras do artista, igualmente questionadoras, perturbadoras e políticas, Anticristo mostra-se capaz de apontar dinâmicas histórico-sociais relevantes para a compreensão de seu tempo, além de desnudar diversas características substanciais do pensamento hegemônico, espantosamente naturalizadas. Nesses termos, a tese proposta é a de que o filme reapropria-se de um método estéticopolítico brechtiano com o fim de criar uma contraposição ao modelo dramático que orienta grande parte das produções cinematográficas mainstream. Sendo responsável por sua estruturação mais ampla, essa reapropriação vincula-se à formatação do foco narrativo do filme, associado à personagem masculina e plasmado com várias nuances de obras de Strindberg e de Freud, bem como do Expressionismo. Configura-se, portanto, essencial o exame da inter-relação que Anticristo apresenta entre os planos histórico e social, e os planos do indivíduo e de sua subjetividade, inclusive de sua construção psíquica. A partir dessa análise revelam-se contradições fundamentais da sociedade ocidental, sobretudo no que se refere às questões de gênero, guarnecidas pela inquietante alusão que o filme faz à caça às bruxas.
Interviews by Patricia Kruger
Análise de "The House that Jack Built", de Lars von Trier, 2018
Entrevista para o canal Arte 1 sobre "The House that Jack Built", de Lars von Trier (foi ao ar em... more Entrevista para o canal Arte 1 sobre "The House that Jack Built", de Lars von Trier (foi ao ar em 2 de novembro de 2018).
Books/ Livros organizados by Patricia Kruger
Imagem e História - Editora Beca, 2018
Prefácio: O livro que aqui se apresenta tem por objetivo discutir a utilização das imagens engend... more Prefácio: O livro que aqui se apresenta tem por objetivo discutir a utilização das imagens engendradas no âmbito da pintura, da fotografia e do cinema, investigando as relações que estabelecem com seus contextos sócio-históricos de produção. Serão, assim, consideradas “imagens” aquelas produzidas por meio do pincel (e derivados) e das câmeras fotográficas e cinematográficas – os modos mais imediatamente associados à produção imagética. Entretanto, pretende-se também refletir sobre o que poderíamos definir por “conceito fixo” de imagem, ou seja, toda noção convencional de “tradução da experiência empírica” por modos e métodos caros às artes representacionais. Nesses termos, caberá, inclusive, investigar como se constituem as imagens no âmbito da literatura e da dança e como, no próprio seio das artes visuais, a construção imagética informada poderá colocar em xeque seu referencial imediato para, desse modo, explodir as noções convencionais de representação, alargar as formas artísticas e, com elas, as possibilidades de figuração da matéria social perscrutada e sedimentada em cada um dos objetos considerados.
Norteados por tais premissas, os autores que integram este projeto partilham com o leitor suas reflexões sobre as relações entre Imagem e História. No ensaio Magiciens de la terre: abertura aos cinco continentes? Marcos Fabris investiga a relevância e a contribuição de uma das exposições mais significativas no âmbito da História da Arte contemporânea, ocorrida em Paris em 1989. O autor identifica e investiga suas matrizes artísticas e históricas, bem como suas avaliações críticas, para melhor compreender suas propostas, avanços e legados no universo artístico contemporâneo. Patrícia Kruger apresenta reflexões instigantes sobre a criação e utilização de imagens no universo cinematográfico com o ensaio Rompendo a ficção: invasões iconográficas em filmes de Lars von Trier. Muito tem sido discutido a respeito das alusões que o cineasta faz, em sua cinematografia, a pinturas, ou mesmo sobre as fantásticas recriações de obras pictóricas que surgem das composições imagéticas de seus filmes. Pouca atenção, contudo, tem sido dada a demais elementos iconográficos que parecem “invadir” seus filmes. Kruger averigua a motivação da inserção de fotos, desenhos e xilogravuras em alguns de seus filmes – e as consequências artísticas e ideológicas dessas “inusitadas invasões”. No ensaio “...o homem que tirou fotografia da gente...”: experiências de Mário de Andrade na Amazônia, Pedro Fragelli analisa a produção fotográfica produzida pelo escritor Mário de Andrade, em especial suas fotografias amazônicas. Aqui, interessa não apenas o vanguardismo dessas imagens, mas a ótica modernista empregada para retratar criticamente a matéria social pré-moderna. Busca-se demonstrar, no embate entre forma e conteúdo, como Mário de Andrade revela a emergência de uma consciência social que se agudizará ao longo dos anos 1930. Gabriela Bitencourt nos apresenta História e ideologia: a propaganda da Gillette em Manhattan Transfer, expondo de que forma o romance Manhattan Transfer, publicado em 1925 por John Dos Passos, apropria-se na malha da narrativa de uma propaganda muito popular do início do século XX. A investigação sobre a relação estabelecida entre a incorporação da propaganda como material, a um só tempo, artístico e documental e o desenvolvimento particular do modernismo literário estadunidense compõe o segundo momento do texto. Examina-se também os desdobramentos literários dessa relação e quais problemas a forma do romance de Dos Passos foi capaz de iluminar.
Com o ensaio Colaboração artística e o conceito de autoria em Verdades e mentiras, Marcos Soares nos traz uma análise do filme Verdades e mentiras (1976), cuja direção é assinada pelo cineasta Orson Welles. O filme será visto como uma reflexão a respeito do cinema como trabalho coletivo e, portanto, como arma desmistificadora do conceito da autoria individual nas artes. Para esse fim, serão enfatizados não apenas os modos por meio dos quais o filme mostra a equipe de profissionais envolvidas no fazer artístico, mas também a reflexão do filme sobre o papel econômico do conceito tradicional de autoria no seio do mercado contemporâneo das artes. Jane Oliveira é a responsável por pensar as relações entre imagem e história no campo da dança. Em Momentos de suspensão, a bailarina e pesquisadora nos propõe a análise de algumas fotografias tomadas por Robert Fraser em um concerto da coreógrafa e bailarina Martha Graham, no ano de 1937. Sendo a dança uma arte efêmera, sem base material duradora, o intuito é discutir as potencialidades da fotografia como material para a construção de uma história da dança. Paula Barbosa nos apresenta Rastros de Pedra Bonita e Cangaceiros em Deus e o Diabo na Terra do Sol. O ensaio trata da presença dos romances Pedra Bonita (1938) e Cangaceiros (1953), de José Lins do Rego, no filme Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), de Glauber Rocha. A partir da análise dos dois romances, bem como de um estudo de Glauber Rocha da obra do romancista paraibano, aponta-se a presença crucial do enredo dos dois romances no roteiro do filme e na construção de suas personagens e do espaço do sertão, povoado por beatos e cangaceiros. Finalmente, com O pincel, a pena e a espada: considerações sobre a formação do olhar na pintura francesa do século XVIII, Daniel Garroux procura demonstrar, por meio do comentário de obras e do recurso a um cabedal teórico não especializado, três momentos da formação do ponto de vista na pintura francesa do século XVIII, procurando depreender algumas das consequências desse processo na crítica de arte do Salão de 1765 de Denis Diderot.
Devemos, por fim, enfatizar que os ensaios críticos aqui reunidos [repetição] têm por objetivo expandir as discussões e reflexões sobre as relações entre imagem e história dentro e fora do âmbito acadêmico – nosso alvo é todo leitor interessado na discussão, especialista ou não. Afinal, as imagens, as histórias das imagens e a história não reconhecem as fronteiras demarcadas pela liturgia acadêmica; abarcam experiências de caráter coletivo, multidisciplinar e não perdem de vista os liames entre matéria artística e solo histórico. Ao crítico não cabe prescrever regra ou gosto, mas tornar as formas artísticas eloquentes para que ouçamos com elas as formas sociais.
Marcos Fabris e Patrícia Kruger
Book Chapters by Patricia Kruger
Imagem e História, 2018
PREVIEW - Patrícia Kruger apresenta reflexões instigantes sobre a criação e utilização de imagens ... more PREVIEW - Patrícia Kruger apresenta reflexões instigantes sobre a criação e utilização de imagens no universo cinematográfico com o ensaio “Rompendoa ficção: invasões iconográficas em filmes de Lars von Trier”.
Muito tem sido discutido a respeito das alusões que o cineasta
faz, em sua cinematografia, a pinturas, ou mesmo sobre as
fantásticas recriações de obras pictóricas que surgem das
composições imagéticas de seus filmes. Pouca atenção, contudo,
tem sido dada a demais elementos iconográficos que parecem
“invadir” seus filmes. Kruger averigua a motivação da inserção
de fotos, desenhos e xilogravuras em alguns de seus filmes –
e as consequências artísticas e ideológicas dessas “inusitadas
invasões”.
Projetando Bruxas: o processo de historicização e suas implicações estéticas e políticas em anticristo, de Lars von trier, 2017
O livro "Cinema e História: circularidades, arquivos e experiência estética" amplia o horizonte p... more O livro "Cinema e História: circularidades, arquivos e experiência estética" amplia o horizonte para os interessados no estudo da teia de relações inerentes ao cinema e história, com análises de filmes de diferentes épocas e contextos (Argélia, Argentina, Brasil, Colômbia, Espanha, Estados Unidos, França, México, Uruguai), gêneros (documentário, suspense, melodrama, chanchada, filmes amadores), diretores (Glauber Rocha, Lars von Trier, José Carlos Burle) e espaços de circulação (vídeos populares, festivais e clubes de cinema). Articulando pesquisa histórica e análise fílmica, o livro reafirma um método de trabalho para pensar as relações entre cinema e história.
Dez anos após a publicação do livro "História e Cinema: dimensões históricas do audiovisual" (organizado por Eduardo Morettin, Marcos Napolitano, Maria Helena Capelato e Elias Thomé Saliba), o livro "Cinema e História: circularidades, arquivo e experiência estética" reúne o que há de mais atual e relevante na articulação desses dois campos do conhecimento no contexto brasileiro e internacional.
Com um total de dezesseis textos, assinados por autores de prestígio internacional, representantes de diferentes gerações e correntes, como Ismail Xavier (professor emérito da Universidade de São Paulo), Andrea Cuarterolo (professora da Universidade de Buenos Aires), Vicente Sánchez-Biosca (professor da Universidade de Valencia, Espanha), Jean-Pierre Bertin-Maghit (professor da Universidade Sorbonne Nouvelle Paris 3), o livro é dividido em quatro partes.
Meu capítulo versa sobre a figura histórica das bruxas no filme Anticristo, de Lars von Trier, conectando-a à configuração formal do filme, com seu "narrador não confiável".
Our aim is to offer a discordant interpretation of the film Antichrist (2009), by Lars von Trier.... more Our aim is to offer a discordant interpretation of the film Antichrist (2009), by Lars von Trier. We depart from two elements which have not received enough attention from the critics – the first one is the fact that, despite the story being mostly placed in a mythical “Eden”, it is also set in Seattle, United States. The other element is our bet that Antichrist is structured around an ideological trap, linked to the choice of a determined point-of-view, which is materialized in the character played by Willem Dafoe. This choice unveils and problematizes not only the interests and needs of a singular individual, but those sustained by a whole group, which are closely related to ideologies such as patriarchy and sexism. Revealing, thus, through a non-reliable narrator, what seems to be “natural” as a historically and politically constructed discourse, the film shows the social and mostly unperceived roots of such issues as the demonization of women and the panic of the feminine.
Pandaemonium Germanicum, 2020
Este artigo apresenta uma leitura do filme alemão Toni Erdmann (2016), dirigido por Maren Ade, a ... more Este artigo apresenta uma leitura do filme alemão Toni Erdmann (2016), dirigido por Maren Ade, a partir da indagação a respeito dos modos através dos quais ele analisa os processos contemporâneos de modernização na Europa. Para tanto, será feita também uma reflexão sobre a apropriação que o filme faz de certos modos de encenação épica propostos por Bertolt Brecht. A parte final do artigo sugere uma aproximação entre o filme e a peça Mãe Coragem e seus filhos (Mutter Courage und ihre Kinder, 1939).
Transgressive Womanhood: Investigating Vamps, Witches, Whores, Serial Killers and Monsters
Our aim is to offer a discordant interpretation of the film Antichrist (2009), by Lars von Trier.... more Our aim is to offer a discordant interpretation of the film Antichrist (2009), by Lars von Trier. We depart from two elements which have not received enough attention from the critics – the first one is the fact that, despite the story being mostly placed in a mythical “Eden”, it is also set in Seattle, United States. The other element is our bet that Antichrist is structured around an ideological trap, linked to the choice of a determined point-of-view, which is materialized in the character played by Willem Dafoe. This choice unveils and problematizes not only the interests and needs of a singular individual, but those sustained by a whole group, which are closely related to ideologies such as patriarchy and sexism. Revealing, thus, through a non-reliable narrator, what seems to be “natural” as a historically and politically constructed discourse, the film shows the social and mostly unperceived roots of such issues as the demonization of women and the panic of the feminine.
Revista Criação & Crítica, 2014
RESUMO: Nossa intenção é apresentar aqui um estudo dissonante sobre a representação da loucura no... more RESUMO: Nossa intenção é apresentar aqui um estudo dissonante sobre a representação da loucura no filme Anticristo (Antichrist, 2009), do cineasta dinamarquês Lars von Trier. Partindo da análise do foco narrativo exposto pelo filme, que seria associado à personagem masculina, objetivamos observar como a feminilidade e seu suposto "desvio da norma" são filtrados pelos interesses do discurso corporificado nesta figura masculina. De forma mais abrangente, interessa-nos ilustrar, numa leitura a contrapelo, como os processos alucinatórios, paranoicos e o estado de transe que o filme apresenta referem-se justamente a esta figura, e quais as consequências desta determinada configuração formal.
Revista Crítica Cultural, 2013
Procuramos mostrar aqui como o filme Anticristo (Antichrist, 2009) do cineasta dinamarquês Lars v... more Procuramos mostrar aqui como o filme Anticristo (Antichrist, 2009) do cineasta dinamarquês Lars von Trier pode ser analisado atentando-se para suas apropriações literárias. Destacaremos, assim, as relações que o filme estabelece com as elaborações estéticas e algumas obras do dramaturgo sueco August Strindberg e do dramaturgo alemão Bertolt Brecht. Também nos propomos a investigar como o estudo do foco narrativo apresentado pelo filme permitiria uma leitura destoante das que o filme tem recebido e como ferramentas da crítica literária possibilitariam apontar na obra uma armadilha ideológica central para sua interpretação.
Breve Resenha de "A Bruxa" (2015), de Robert Eggers (Publicado originalmente no FB em 4 de março ... more Breve Resenha de "A Bruxa" (2015), de Robert Eggers (Publicado originalmente no FB em 4 de março de 2016)
Revista Geni, 2015
Este artigo busca explorar o conceito de Gaslighting - o fenômeno de manipular a percepção que de... more Este artigo busca explorar o conceito de Gaslighting - o fenômeno de manipular a percepção que determinada pesoa tem da realidade - tal qual trabalhado no filme Anticristo (2009), de Lars von Trier. A partir de um viés que conjugue forma e conteúdo - implícitos e explícitos - procuramos observar como o foco narrativo da obra e a armadilha ideológica aí estabelecida fazem com que o conceito de Gaslighting ajude-nos no desvelamento de estereótipos e violências de gênero tidos como naturais e imutáveis.
Nossa intenção é apresentar aqui um estudo dissonante sobre a representação da loucura no filme A... more Nossa intenção é apresentar aqui um estudo dissonante sobre a representação da loucura no filme Anticristo (Antichrist, 2009), do cineasta dinamarquês Lars von Trier. Partindo da análise do foco narrativo exposto pelo filme, que seria associado à personagem masculina, objetivamos observar como a feminilidade e seu suposto “desvio da norma” são filtrados pelos interesses do discurso corporificado nesta figura masculina. De forma mais abrangente, interessa-nos ilustrar, numa leitura a contrapelo, como os processos alucinatórios, paranoicos e o estado de transe que o filme apresenta referem-se justamente a esta figura, e quais as consequências desta determinada configuração formal
Procuramos mostrar aqui como o filme Anticristo (Antichrist, 2009) do cineasta dinamarquês Lars v... more Procuramos mostrar aqui como o filme Anticristo (Antichrist, 2009) do cineasta dinamarquês Lars von Trier pode ser analisado atentando-se para suas apropriações literárias. Destacaremos, assim, as relações que o filme estabelece com as elaborações estéticas e algumas obras do dramaturgo sueco August Strindberg e do dramaturgo alemão Bertolt Brecht. Também nos propomos a investigar como o estudo do foco narrativo apresentado pelo filme permitiria uma leitura destoante das que o filme tem recebido e como ferramentas da crítica literária possibilitariam apontar na obra uma armadilha ideológica central para sua interpretação.
Em matéria de refuncionalização do meio de produção cultural, poucas pessoas foram tão longe quan... more Em matéria de refuncionalização do meio de produção cultural, poucas pessoas foram tão longe quanto Lars von Trier. Seguramente um dos diretores mais notáveis da atualidade, seja pelas apropriações de gêneros, seja pelo incômodo causado como um provocateur, seja pelas inovações estilísticas e tecnológicas, o fato é que Trier aproxima-se deveras de um dos artistas mais brilhantes de todos os tempo, Bertolt Brecht, no que tange, especialmente, a capacidade crítica de interrogar o meio. Assim como o dramaturgo alemão, Trier não dá respostas, por mais que a crítica, ingenuamente, lhe exija explicações. Trier proporciona mais do que isso: proporciona a inscrição do espectador como signo material de sua obra. E a este que cabe a tarefa de preencher os vazios, relacionar as partes, duvidar das obviedades, conectar as contradições à História.
In this thesis, we analyze the film Antichrist (2009), by Lars von Trier, from a critical perspec... more In this thesis, we analyze the film Antichrist (2009), by Lars von Trier, from a critical perspective that contemplates the relationship between its formal construction and its implicit and explicit content. As with other works by the artist, equally questioning, disturbing and political, Antichrist has shown itself capable of pointing out historical and social dynamics that are relevant to the comprehension of its time; it also lays bare several substantial characteristics of the hegemonic thinking, which are naturalized in an unsettling way. Accordingly, the proposed thesis is that a Brechtian aesthetic-political method is re-appropriated by the film, in order to counterpoint the dramatic model that guides much of the mainstream film productions. Being responsible for the broader structuring of Antichrist, this re-appropriation is linked to the design of the film’s narrative perspective, which is associated to the male character and shaped by various nuances of works by Strindberg and Freud, and also of Expressionism. The examination of the interrelationship between the historical and social level, and the level of the individual and of his subjectivity, including his mental construction, becomes thus essential in Antichrist. From such analysis, fundamental contradictions of Western society can be unveiled, especially the ones regarding gender issues, which are furnished by the uncanny allusion to the Witch Hunt brought up by the film.
Analisamos, nesta tese, o filme Anticristo (2009), do cineasta Lars von Trier, tomando como base ... more Analisamos, nesta tese, o filme Anticristo (2009), do cineasta Lars von Trier, tomando como base um viés crítico que contemplasse a relação entre sua construção formal e seus conteúdos implícitos e explícitos. Assim como outras obras do artista, igualmente questionadoras, perturbadoras e políticas, Anticristo mostra-se capaz de apontar dinâmicas histórico-sociais relevantes para a compreensão de seu tempo, além de desnudar diversas características substanciais do pensamento hegemônico, espantosamente naturalizadas. Nesses termos, a tese proposta é a de que o filme reapropria-se de um método estéticopolítico brechtiano com o fim de criar uma contraposição ao modelo dramático que orienta grande parte das produções cinematográficas mainstream. Sendo responsável por sua estruturação mais ampla, essa reapropriação vincula-se à formatação do foco narrativo do filme, associado à personagem masculina e plasmado com várias nuances de obras de Strindberg e de Freud, bem como do Expressionismo. Configura-se, portanto, essencial o exame da inter-relação que Anticristo apresenta entre os planos histórico e social, e os planos do indivíduo e de sua subjetividade, inclusive de sua construção psíquica. A partir dessa análise revelam-se contradições fundamentais da sociedade ocidental, sobretudo no que se refere às questões de gênero, guarnecidas pela inquietante alusão que o filme faz à caça às bruxas.
Análise de "The House that Jack Built", de Lars von Trier, 2018
Entrevista para o canal Arte 1 sobre "The House that Jack Built", de Lars von Trier (foi ao ar em... more Entrevista para o canal Arte 1 sobre "The House that Jack Built", de Lars von Trier (foi ao ar em 2 de novembro de 2018).
Imagem e História - Editora Beca, 2018
Prefácio: O livro que aqui se apresenta tem por objetivo discutir a utilização das imagens engend... more Prefácio: O livro que aqui se apresenta tem por objetivo discutir a utilização das imagens engendradas no âmbito da pintura, da fotografia e do cinema, investigando as relações que estabelecem com seus contextos sócio-históricos de produção. Serão, assim, consideradas “imagens” aquelas produzidas por meio do pincel (e derivados) e das câmeras fotográficas e cinematográficas – os modos mais imediatamente associados à produção imagética. Entretanto, pretende-se também refletir sobre o que poderíamos definir por “conceito fixo” de imagem, ou seja, toda noção convencional de “tradução da experiência empírica” por modos e métodos caros às artes representacionais. Nesses termos, caberá, inclusive, investigar como se constituem as imagens no âmbito da literatura e da dança e como, no próprio seio das artes visuais, a construção imagética informada poderá colocar em xeque seu referencial imediato para, desse modo, explodir as noções convencionais de representação, alargar as formas artísticas e, com elas, as possibilidades de figuração da matéria social perscrutada e sedimentada em cada um dos objetos considerados.
Norteados por tais premissas, os autores que integram este projeto partilham com o leitor suas reflexões sobre as relações entre Imagem e História. No ensaio Magiciens de la terre: abertura aos cinco continentes? Marcos Fabris investiga a relevância e a contribuição de uma das exposições mais significativas no âmbito da História da Arte contemporânea, ocorrida em Paris em 1989. O autor identifica e investiga suas matrizes artísticas e históricas, bem como suas avaliações críticas, para melhor compreender suas propostas, avanços e legados no universo artístico contemporâneo. Patrícia Kruger apresenta reflexões instigantes sobre a criação e utilização de imagens no universo cinematográfico com o ensaio Rompendo a ficção: invasões iconográficas em filmes de Lars von Trier. Muito tem sido discutido a respeito das alusões que o cineasta faz, em sua cinematografia, a pinturas, ou mesmo sobre as fantásticas recriações de obras pictóricas que surgem das composições imagéticas de seus filmes. Pouca atenção, contudo, tem sido dada a demais elementos iconográficos que parecem “invadir” seus filmes. Kruger averigua a motivação da inserção de fotos, desenhos e xilogravuras em alguns de seus filmes – e as consequências artísticas e ideológicas dessas “inusitadas invasões”. No ensaio “...o homem que tirou fotografia da gente...”: experiências de Mário de Andrade na Amazônia, Pedro Fragelli analisa a produção fotográfica produzida pelo escritor Mário de Andrade, em especial suas fotografias amazônicas. Aqui, interessa não apenas o vanguardismo dessas imagens, mas a ótica modernista empregada para retratar criticamente a matéria social pré-moderna. Busca-se demonstrar, no embate entre forma e conteúdo, como Mário de Andrade revela a emergência de uma consciência social que se agudizará ao longo dos anos 1930. Gabriela Bitencourt nos apresenta História e ideologia: a propaganda da Gillette em Manhattan Transfer, expondo de que forma o romance Manhattan Transfer, publicado em 1925 por John Dos Passos, apropria-se na malha da narrativa de uma propaganda muito popular do início do século XX. A investigação sobre a relação estabelecida entre a incorporação da propaganda como material, a um só tempo, artístico e documental e o desenvolvimento particular do modernismo literário estadunidense compõe o segundo momento do texto. Examina-se também os desdobramentos literários dessa relação e quais problemas a forma do romance de Dos Passos foi capaz de iluminar.
Com o ensaio Colaboração artística e o conceito de autoria em Verdades e mentiras, Marcos Soares nos traz uma análise do filme Verdades e mentiras (1976), cuja direção é assinada pelo cineasta Orson Welles. O filme será visto como uma reflexão a respeito do cinema como trabalho coletivo e, portanto, como arma desmistificadora do conceito da autoria individual nas artes. Para esse fim, serão enfatizados não apenas os modos por meio dos quais o filme mostra a equipe de profissionais envolvidas no fazer artístico, mas também a reflexão do filme sobre o papel econômico do conceito tradicional de autoria no seio do mercado contemporâneo das artes. Jane Oliveira é a responsável por pensar as relações entre imagem e história no campo da dança. Em Momentos de suspensão, a bailarina e pesquisadora nos propõe a análise de algumas fotografias tomadas por Robert Fraser em um concerto da coreógrafa e bailarina Martha Graham, no ano de 1937. Sendo a dança uma arte efêmera, sem base material duradora, o intuito é discutir as potencialidades da fotografia como material para a construção de uma história da dança. Paula Barbosa nos apresenta Rastros de Pedra Bonita e Cangaceiros em Deus e o Diabo na Terra do Sol. O ensaio trata da presença dos romances Pedra Bonita (1938) e Cangaceiros (1953), de José Lins do Rego, no filme Deus e o Diabo na Terra do Sol (1964), de Glauber Rocha. A partir da análise dos dois romances, bem como de um estudo de Glauber Rocha da obra do romancista paraibano, aponta-se a presença crucial do enredo dos dois romances no roteiro do filme e na construção de suas personagens e do espaço do sertão, povoado por beatos e cangaceiros. Finalmente, com O pincel, a pena e a espada: considerações sobre a formação do olhar na pintura francesa do século XVIII, Daniel Garroux procura demonstrar, por meio do comentário de obras e do recurso a um cabedal teórico não especializado, três momentos da formação do ponto de vista na pintura francesa do século XVIII, procurando depreender algumas das consequências desse processo na crítica de arte do Salão de 1765 de Denis Diderot.
Devemos, por fim, enfatizar que os ensaios críticos aqui reunidos [repetição] têm por objetivo expandir as discussões e reflexões sobre as relações entre imagem e história dentro e fora do âmbito acadêmico – nosso alvo é todo leitor interessado na discussão, especialista ou não. Afinal, as imagens, as histórias das imagens e a história não reconhecem as fronteiras demarcadas pela liturgia acadêmica; abarcam experiências de caráter coletivo, multidisciplinar e não perdem de vista os liames entre matéria artística e solo histórico. Ao crítico não cabe prescrever regra ou gosto, mas tornar as formas artísticas eloquentes para que ouçamos com elas as formas sociais.
Marcos Fabris e Patrícia Kruger
Imagem e História, 2018
PREVIEW - Patrícia Kruger apresenta reflexões instigantes sobre a criação e utilização de imagens ... more PREVIEW - Patrícia Kruger apresenta reflexões instigantes sobre a criação e utilização de imagens no universo cinematográfico com o ensaio “Rompendoa ficção: invasões iconográficas em filmes de Lars von Trier”.
Muito tem sido discutido a respeito das alusões que o cineasta
faz, em sua cinematografia, a pinturas, ou mesmo sobre as
fantásticas recriações de obras pictóricas que surgem das
composições imagéticas de seus filmes. Pouca atenção, contudo,
tem sido dada a demais elementos iconográficos que parecem
“invadir” seus filmes. Kruger averigua a motivação da inserção
de fotos, desenhos e xilogravuras em alguns de seus filmes –
e as consequências artísticas e ideológicas dessas “inusitadas
invasões”.
Projetando Bruxas: o processo de historicização e suas implicações estéticas e políticas em anticristo, de Lars von trier, 2017
O livro "Cinema e História: circularidades, arquivos e experiência estética" amplia o horizonte p... more O livro "Cinema e História: circularidades, arquivos e experiência estética" amplia o horizonte para os interessados no estudo da teia de relações inerentes ao cinema e história, com análises de filmes de diferentes épocas e contextos (Argélia, Argentina, Brasil, Colômbia, Espanha, Estados Unidos, França, México, Uruguai), gêneros (documentário, suspense, melodrama, chanchada, filmes amadores), diretores (Glauber Rocha, Lars von Trier, José Carlos Burle) e espaços de circulação (vídeos populares, festivais e clubes de cinema). Articulando pesquisa histórica e análise fílmica, o livro reafirma um método de trabalho para pensar as relações entre cinema e história.
Dez anos após a publicação do livro "História e Cinema: dimensões históricas do audiovisual" (organizado por Eduardo Morettin, Marcos Napolitano, Maria Helena Capelato e Elias Thomé Saliba), o livro "Cinema e História: circularidades, arquivo e experiência estética" reúne o que há de mais atual e relevante na articulação desses dois campos do conhecimento no contexto brasileiro e internacional.
Com um total de dezesseis textos, assinados por autores de prestígio internacional, representantes de diferentes gerações e correntes, como Ismail Xavier (professor emérito da Universidade de São Paulo), Andrea Cuarterolo (professora da Universidade de Buenos Aires), Vicente Sánchez-Biosca (professor da Universidade de Valencia, Espanha), Jean-Pierre Bertin-Maghit (professor da Universidade Sorbonne Nouvelle Paris 3), o livro é dividido em quatro partes.
Meu capítulo versa sobre a figura histórica das bruxas no filme Anticristo, de Lars von Trier, conectando-a à configuração formal do filme, com seu "narrador não confiável".
Our aim is to offer a discordant interpretation of the film Antichrist (2009), by Lars von Trier.... more Our aim is to offer a discordant interpretation of the film Antichrist (2009), by Lars von Trier. We depart from two elements which have not received enough attention from the critics – the first one is the fact that, despite the story being mostly placed in a mythical “Eden”, it is also set in Seattle, United States. The other element is our bet that Antichrist is structured around an ideological trap, linked to the choice of a determined point-of-view, which is materialized in the character played by Willem Dafoe. This choice unveils and problematizes not only the interests and needs of a singular individual, but those sustained by a whole group, which are closely related to ideologies such as patriarchy and sexism. Revealing, thus, through a non-reliable narrator, what seems to be “natural” as a historically and politically constructed discourse, the film shows the social and mostly unperceived roots of such issues as the demonization of women and the panic of the feminine.