Rodrigo Goyena Soares | Universidade de São Paulo (original) (raw)
Papers by Rodrigo Goyena Soares
Varia História, 2025
This article proposes a theoretical-methodological frame- work using the concept of the world-reg... more This article proposes a theoretical-methodological frame-
work using the concept of the world-region to reassess the causes of the
1864 conflict. It argues that the prevailing systemic alliances perspective
in historiography might insufficiently account for the temporal dimen-
sion characteristic of the world-region. According to this proposal, the
1864 conflict arose from a contentious geopolitical environment and
significantly from the inclusion of historical perspectives in redefining
national interests. Beyond spatial unity or integration into the world
economy dominated by Great Britain, the River Plate basin in the 19th
century was defined as a world-region by two main temporal layers.
The first, lasting until the mid-century, was marked by the contentious
formation of nation-states, which Brazil resolved in regional hegemony.
The subsequent contradictions, representing a second temporal layer
extending until 1870, highlighted threats to this new status quo, spe-
cifically Brazilian unipolarity. Therefore, the 1864 conflict, essentially an episode of the Sixty Years’ War, had deeper roots in the 1851–1852
reconfiguration of the Platine basin rather than the 1863–1864 alliances,
which were merely outcomes of this second temporal layer, character-
ized by already established nation-states.
Varia História, 2025
O artigo propõe o enquadramento teórico-metodológico da região-mundo no intuito de reler os porqu... more O artigo propõe o enquadramento teórico-metodológico da
região-mundo no intuito de reler os porquês do conflito de 1864. Argu-
menta-se que a perspectiva das alianças sistêmicas – o estado historio-
gráfico da arte – assume, talvez insuficientemente, a dimensão temporal
que caracteriza a região-mundo. Nesta proposta, o conflito de 1864 não
decorreu apenas de um entorno geopolítico conflitivo, mas sobretudo
da incorporação do passado na redefinição de interesses nacionais. Para
além da unidade espacial ou da inserção na economia-mundo polari-
zada pela Grã-Bretanha, o Prata foi uma região-mundo demarcada no
Oitocentos principalmente por dois estratos de tempo. O primeiro, que
se desenrolou até meados do século XIX, distinguiu-se pela formação
disputada dos Estados-nacionais e resolveu-se com a hegemonização
regional do Brasil. As contradições subsequentes, próprias a um segun-
do estrato desdobrado até 1870, retrataram as ameaças ao novo status quo, isto é, a unipolaridade brasileira. Assim, o conflito de 1864 – no
fundo, apenas um episódio da Guerra de Sessenta Anos – foi mais origi-
nário do tempo platino reconfigurado em 1851-1852 do que das alianças
de 1863-1864, elas mesmas apenas expressões do segundo estrato de
tempo, qualificado por Estados-nacionais já consolidados.
Revista de História (São Paulo. Impresso), Feb 6, 2024
Incluída a Lei do Ventre Livre (1871), fartamente tratada na literatura historiográfica, as demai... more Incluída a Lei do Ventre Livre (1871), fartamente tratada na literatura historiográfica, as demais reformas empreendidas pelo visconde do Rio Branco quando à frente da presidência do Conselho de Ministros (1871-1875) tenderam a ser analisadas separada e tematicamente, sem produzir, portanto, um sentido para o conjunto da obra. Buscando suprir a lacuna mediante fontes primárias sobretudo orçamentárias e bancárias, propõe-se no artigo que o governo de Rio Branco remediou a medida emancipacionista com reformas financeiras, produtivas e tributárias, com vistas a serenar uma lavoura irrequieta com a eventual abolição. Em que pese a ampla paleta de reformas, também aqui examinada, o capital mobilizado por Rio Branco foi especialmente destinado aos cafeicultores do Vale do Paraíba. O processo contou com larga participação do Banco do Brasil, para onde se deslocava o grande capital cafeeiro fluminense. Assim, argumenta-se que o gabinete de Rio Branco reconduziu pela via da dívida pública, agora muito ampliada, um tipo de reformismo desigual já vislumbrado na década de 1850: operou-se, ao todo, uma recunhagem da moeda imperial. Palavras-chave Visconde do Rio Branco-Reformas econômicas-Cafeicultura fluminense-Vale do Paraíba-Banco do Brasil. 1 Artigo não publicado em plataforma preprint. Todas as fontes e a bibliografia utilizadas são referenciadas. O autor agradece à Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação da Universidade de São Paulo-USP pela concessão de auxílio que resultou, como objetivo parcial, na realização deste artigo. Processo n. 22.1.09345.01.2.
Along with the Brazilian Law of Free Birth (1871), extensively discussed in historiographical lit... more Along with the Brazilian Law of Free Birth (1871), extensively discussed in historiographical literature, other reforms undertaken by the Viscount of Rio Branco, when head of the Council of Ministers (1871-1875), tended to be analyzed separately and thematically, and thus without rendering a clear meaning to his cabinet´s work. Through budgetary and banking-related primary sources, this article proposes that Rio Branco remedied the emancipation measure with financial, productive, and tax reforms in order to appease farmers in dire straits due to the wave of abolitionism. Despite the wide range of projects, also examined here, the capital mobilized by Rio Branco was specifically earmarked for coffee farmers of the Paraíba Valley. The Bank of Brazil, to which the greatest fraction of the Rio de Janeiro coffee capital was migrating, played a major role in the process. Thus, a type of uneven reformism, already glimpsed in the 1850s, was carried out by Rio Branco through a greatly increased public debt: on the whole, it focused on a recoinage of the imperial currency.
Incluída a Lei do Ventre Livre (1871), fartamente tratada na literatura historiográfica, as demai... more Incluída a Lei do Ventre Livre (1871), fartamente tratada na literatura historiográfica, as demais reformas empreendidas pelo visconde do Rio Branco quando à frente da presidência do Conselho de Ministros (1871-1875) tenderam a ser analisadas separada e tematicamente, sem produzir, portanto, um sentido para o conjunto da obra. Buscando suprir
a lacuna mediante fontes primárias sobretudo orçamentárias e bancárias, propõe-se no artigo que o governo de Rio Branco remediou a medida emancipacionista com reformas financeiras, produtivas e tributárias, com vistas a serenar uma lavoura irrequieta com a eventual abolição. Em que pese a ampla paleta de reformas, também aqui examinada, o capital mobilizado por Rio Branco foi especialmente destinado aos cafeicultores do
Vale do Paraíba. O processo contou com larga participação do Banco do Brasil, para onde se deslocava o grande capital cafeeiro fluminense. Assim, argumenta-se que o gabinete de Rio Branco reconduziu pela via da dívida pública, agora muito ampliada, um tipo de reformismo desigual já vislumbrado na década de 1850: operou-se, ao todo, uma recunhagem da moeda imperial.
A Lei de Treze de Maio de 1888, que aboliu o cativeiro no Brasil, não ofereceu em seus dois único... more A Lei de Treze de Maio de 1888, que aboliu o cativeiro no Brasil,
não ofereceu em seus dois únicos artigos reparação qualquer aos
proprietários de escravos. Todavia, tanto o gabinete que a instituiu
quanto aquele que o sucedeu adotaram políticas econômicas
compensatórias que tiveram efeito indenizatório especialmente
para o Banco do Brasil. A primeira vertente de ação disse respeito
aos auxílios à lavoura, projetados no intuito de resguardar o dina-
mismo produtivo e, em última instância, o orçamento imperial.
Atrelada à primeira, a segunda frente referiu-se à solvência do sis-
tema bancário, sobretudo do Banco do Brasil. Como a instituição
havia tomado a escravaria como garantia hipotecária, caso não
houvesse um programa de incentivos à lavoura, as subsequentes
inadimplências impactariam o valor bursátil do Banco, num pro-
cesso que afetaria seus depósitos e, ao todo, seus ativos. Seria um
cenário financeiro crítico. O Banco do Brasil detinha praticamente
40% do setor bancário do Rio de Janeiro, o principal do país. Seria
igualmente um risco imenso para o pagamento da dívida pública,
muito amparada desde a década de 1870 pelo Banco. Dependen-
tes, pois, da instituição, os governos de João Alfredo e de Ouro
Preto injetaram nela ímpar liquidez, produzindo um redobrado
efeito indenizatório, a considerar que os principais investidores do
Banco do Brasil eram cafeicultores do Vale do Paraíba fluminense.
Malgrado os esforços, os aportes tenderam a permanecer em sua
forma financeira, e não produtiva, o que apenas aprofundou, re-
publicanizando-os tanto mais, o ressentimento dos cafeicultores
do Oeste Paulista quanto às pactuações da Corte.
D evido às contradições que os formam, problemas his-tóricos como a abolição da escravatura no Br... more D evido às contradições que os formam, problemas his-tóricos como a abolição da escravatura no Brasil são forçosamente de difícil resolução. Largo e plástico, o cativeiro moldou nossas relações econômicas, nossas tramas políticas e nossas regras de convivência. O escravo tornou-se ao longo do tempo , mas finalmente a um só tempo, mão de obra, mercadoria, insumo e derivativo financeiro. No campo político, fez das classes latifundi-árias uma barreira intransponível para as dirigentes, quando não as forjou em simbiose. Delimitou por extensão o padrão de inserção in-ternacional do país e regeu a vida social a ponto de definir quem era quem, aliviando apenas superficialmente os menos prósperos das misérias hierárquicas próprias a uma sociedade, igualmente por cau-sa do cativeiro, formada a partir de desigualdades.
Topoi (Rio de Janeiro)
RESUMO O artigo apresenta uma radiografia das hierarquias socioeconômicas durante os últimos anos... more RESUMO O artigo apresenta uma radiografia das hierarquias socioeconômicas durante os últimos anos do império, constituída a partir dos salários das classes sociais. Percebeu-se, após uma discussão teórica e histórica sobre o conceito de classe social, que o Império do Brasil, nas décadas em análise, era relativamente igualitário em termos salariais. Essa igualdade, no entanto, explica-se mais pela larga expressividade das classes populares do que por uma hipotética robustez das classes médias ou altas. A análise do poder aquisitivo e dos padrões de consumo permitiu identificar o grau de precariedade das classes populares, assim como a existência de classes médias, sobretudo urbanas. Por último, assinalou-se que os dados salariais a respeito das classes altas não devem ofuscar a concentração de riqueza que caracterizou a crise do império. Isso, em boa medida, devido à polarização da propriedade cativa.
Pesquisa FAPESP, 2020
patriarcal, a quase heroína poderia no máximo, conforme o despacho do Exército, servir aos homens... more patriarcal, a quase heroína poderia no máximo, conforme o despacho do Exército, servir aos homens nos campos de batalha. Como enfermeira, no melhor dos casos.
História (São Paulo), 2020
As últimas décadas do Império testemunharam o advento de um núcleo de cafeicultores paulistas que... more As últimas décadas do Império testemunharam o advento de um núcleo de cafeicultores paulistas que vislumbrou na crise da escravidão uma janela de oportunidades para ampliar os negócios econômicos e a participação na administração pública nacional. Embora se valesse de mão de obra cativa, esse núcleo, de origem campineira, compreendeu que a abolição, caso remediada pela imigração em São Paulo, fragilizaria a cafeicultura escravocrata rival-sobretudo a fluminense. Adotou-se uma política de paciência estratégica, que se dava como forma de evitar rupturas com os correligionários da lavoura paulista e como maneira de aguardar a precipitação dos acontecimentos. Os acenos do núcleo ao abolicionismo, paradoxalmente, deram-se num cenário em que o uso da mão de obra servil não era economicamente arcaico. Mediante levantamento de fontes primárias relativas ao custo da produção cafeeira, concluiu-se que a lucratividade do trabalho cativo não destoava dos ganhos próprios ao sistema livre de produção. A adesão da lavoura campineira à abolição, portanto, não foi uma opção oriunda da planilha contábil de cada fazenda. Tratou-se, conforme ratifica a correspondência entre campineiros, de uma equação de economia política que tinha como fatores o movimento abolicionista, o desmantelamento da cafeicultura rival e o ganho de espaço na administração pública.
Anos 90 (UFRGS), 2020
O artigo discute o sentido do abolicionismo militar na crise do Império. Malgrado sua heterogenei... more O artigo discute o sentido do abolicionismo militar na crise do Império. Malgrado sua heterogeneidade, a caserna foi mais uníssona quanto à abolição do que em outras matérias ideológicas. Sem prejuízo das razões corporativas, foram sobretudo motivos políticos que levaram o segmento militar a endossar o fim do cativeiro. O argumento assenta-se sobremaneira na releitura da imprensa militar e da correspondência civil, fontes nas quais o abolicionismo castrense se afigura como mecanismo de ingresso na política nacional: compreendeu-se a abolição como medida de enfraquecimento da classe dirigente e, portanto, como forma de introduzir novos rostos na administração pública.
Topoi (UFRJ), 2019
O artigo apresenta uma radiografi a das hierarquias socioeconômicas durante os últimos anos do im... more O artigo apresenta uma radiografi a das hierarquias socioeconômicas durante os últimos anos do império, constituída a partir dos salários das classes sociais. Percebeu-se, após uma discussão teórica e histórica sobre o conceito de classe social, que o Império do Brasil, nas dé-cadas em análise, era relativamente igualitário em termos salariais. Essa igualdade, no entan-to, explica-se mais pela larga expressividade das classes populares do que por uma hipotética robustez das classes médias ou altas. A análise do poder aquisitivo e dos padrões de consumo permitiu identifi car o grau de precariedade das classes populares, assim como a existência de classes médias, sobretudo urbanas. Por último, assinalou-se que os dados salariais a respeito das classes altas não devem ofuscar a concentração de riqueza que caracterizou a crise do império. Isso, em boa medida, devido à polarização da propriedade cativa. ABSTRACT Th e article presents a panorama of socioeconomic hierarchies in late Nineteenth-century Brazil. Income analysis of social classes underpins these echelons. Within a theoretical and
Tempo (UFF), 2019
Resumo: Patrono da diplomacia brasileira, o ba-rão do Rio Branco permanece unanimemente ce-lebrad... more Resumo: Patrono da diplomacia brasileira, o ba-rão do Rio Branco permanece unanimemente ce-lebrado em discursos oficiais do Itamaraty ou, inclusive , em textos acadêmicos. Esta nova biografia do barão, escrita pelo diplomata e historiador Luís Cláudio Villafañe G. Santos, rediscute não apenas a personalidade de Rio Branco, assinalando con-tradições, mas, sobretudo, reinterpreta sua ação diplomática à frente do Ministério das Relações Exteriores. Particularmente, interessa a esta rese-nha discutir três temas amplamente tratados por Villafañe: a interdependência entre política inter-na e externa, o estabelecimento de uma-suposta-aliança não escrita com os Estados Unidos e a resolução pacífica das disputas lindeiras.
Palavras-chave: Barão do Rio Branco; Itamaraty; Política externa republicana.
O retorno dos veteranos ao Império deu origem a uma querela política que atravessou o ano de 18... more O retorno dos veteranos ao Império deu origem a uma querela política que atravessou o ano de 1870. Para o governo conservador de Itaboraí, sujeitar as Forças Armadas era de maior importância, tendo em vista a influência que liberais reformistas buscavam exercer na caserna. Embora os conservadores não enxergassem grande risco nos oficiais liberais do Exército, não por isso deixaram que o reformismo, sobretudo por iniciativa dos civis, se alastrasse entre os militares. Quanto aos liberais radicais, estimava o gabinete que havia mais palavras inflamadas do que possibilidades de ação concreta. O que não quer dizer que os radicais tenham poupado esforços para republicanizar as tropas. O artigo analisa como se deu o embate pelo apoio das Forças Armadas quando do retorno dos veteranos da Guerra do Paraguai e em que medida o efeito desse embate foi realçar a autonomia da caserna.
O artigo procura avaliar em que medida a edição da Lei do Ventre Livre, de 28 de setembro de 1871... more O artigo procura avaliar em que medida a edição da Lei do Ventre Livre, de 28 de setembro de 1871, constituiu um reflexo da libertação de escravos para combater na Guerra do Paraguai (1864-1870). Buscou-se contrastar, por um lado, a historiografia que analisa a lei emancipacionista como antecipação – e, portanto, como outorga interessada – a eventuais disputas político-partidárias; à leitura, por outro lado, que vislumbra na lei de 1871 o resultado da agência escrava, perpetrada como contágio rebelde entre camadas servis. Ao passo que aquele entendimento parte de uma análise de tipo estrutural, para compreender os porquês da Lei do Ventre Livre,
esta assenta-se na agência individual, para explicar alterações estruturais. Dialogando com essas duas perspectivas, o artigo argumenta que antecipações reformistas não operam em desconexão com possibilidades de agência política: mudanças estruturais derivam, portanto, de expectativas constituídas diante de possibilidades de reversão de poder.
C CA AR RT TA AS S "O Debatedouro está de volta! Trata-se de publicação em que trabalhei com muit... more C CA AR RT TA AS S "O Debatedouro está de volta! Trata-se de publicação em que trabalhei com muita paixão quando era jovem. Por favor, sigam: @ODebatedouro". Filipe Nasser, Washington "Parabéns pela iniciativa! E vida longa ao Debatedouro ressuscitado!" Antônio Carlos Lessa, Brasília "O Debatedouro se confunde com a própria história do desenvolvimento das RIs no Brasil e em Minas Gerais, por isto ele é tão "curtido". Quem o viu nascer, crescer e se consolidar, sabe de sua importância para nossa área". Curso de Relações Internacionais do UniBH "Este vídeo [teaser de relançamento] ficou tão bem feito (e eu particularmente amei a escolha da música) que eu tenho a certeza que está empolgando diferentes gerações, seja no final do semestre com aqueles que comemoram terminar o TCC ou aqueles que, como eu, estão trabalhando na articulação entre objeto, teorias e variáveis para produzir suas dissertações/teses. Que suspense!!!" Rúbia Rodrigues, Belo Horizonte "Feliz em ver que "O Debatedouro", revista de política internacional, lida no passado por pesquisadores e diplomatas no Brasil inteiro, será relançada". Lucas Grassi Freire "Vintage!!!" Eduardo Augusto Café, Belo Horizonte "São poucos os projetos de charme como esse. Eu não me perdoaria se não fizesse parte de alguma forma [do seu retorno]". Cesar Kiraly, Rio de Janeiro S SU UM MÁ ÁR RI IO O Inovação, debate e "o estado da arte" por Rafael Silva, pág. 04. O Debatedouro, dez anos depois por Dawisson Belém Lopes e Filipe Nasser, pág. 06. "O petróleo é nosso" e o nacional-desenvolvimento brasileiro: uma análise sobre a transição econômica industrial brasileira por Jaqueline Ganzert Afonso, pág. 08. Os desdobramentos contemporâneos do conflito colombiano como entraves ao projeto de integração na América do Sul por Tamiris Santos, pág. 12. Pascua Lama e Barrick Gold: a luta pelo ouro no Chile por Ricardo Breda Consulim, pág. 17. Geopolítica do mar: o papel do Brasil na proteção do Atlântico Sul por Rodrigo Milindre González, pág 22. A adesão da Rússia à Organização Mundial do Comércio e suas implicações por Robson Cardoch Valdez, pág. 25. O Abaporu por Ricardo Breda Consulim, pág. 29. A Guerra do Paraguai: um episódio histórico-social das relações internacionais no Brasil por Rodrigo Goyena Soares, pág. 31. Obama"s perspectives on intervention: Why did the U.S. intervene in Libya and not in Syria? por Philipe Moura, pág. 34. "Com a sua licença, Prof. Houaiss!" por Dawisson Belém Lopes, pág. 36. DEZ. 2012 EDITORIAL TÚNEL DO TEMPO SEÇÃO ABAPORU SEÇÃO CAPA ODEBATEDOURO.com | DEZEMBRO 2012| EDIÇÃO 81 |ISSN 1678-6637 4 INOVAÇÃO, DEBATE E 'O ESTADO DA ARTE' por Rafael Silva* Em tempos em que o apelo à inovação é forte, dificilmente poderá ser considerada exagerada a percepção de que quando se fala em -estado da arte‖, o foco recaia mais sobre o estado do que sobre a arte. A arte, talvez, seja uma das poucas palavras que consegue adjetivar a si própria -é possível encontrar referências a uma arte que seja mais ou menos artística. Mas isto não tem sido suficiente para lhe garantir preponderância em alguns contextos, processos e -estados‖ dos quais é parte. Daí decorre que ela estaria condenada à função adjetiva, jamais se fazendo notar o seu aspecto substantivo? Não se trata de pensar a arte como dom ou como algo que depende da Providência para acontecer. Fala-se, aqui, de arte como um conjunto de habilidades, de competências, de técnicas adquiridas para um fim. O que se tem visto, principalmente a partir do marco dos anos 2000 (e mesmo nas duas décadas imediatamente anteriores), é uma articulação de líderes, em distintas esferas e campos do conhecimento, rumo à inovação. O medo da obsolescência tem movido guerras silenciosas entre atores econômicos, políticos e sociais, que potencializam suas artes para disputar dinheiro, tempo, espaço, poder, consumidores e seguidores, bits e cliques. Os intentos de mensurar estados e níveis de evolução das criações e dos empreendimentos têm sido mais valiosos do que a caracterização da arte e das técnicas envolvidas no processo de desenvolvimento. Propondo uma substituição de termos, o que se deseja afirmar é que o apelo constante à inovação garante uma valorização dos patamares atingidos (geralmente enunciados por meio de numerário e fórmulas) em detrimento daquilo que está sendo desenvolvido. O produto, e não a riqueza do processo. Uma passagem da era do -o que somos capazes de fazer?‖ para a era do -aonde vamos chegar com isso?‖. Como também se pode observar no curso da História, os debates assumem papel fundamental na evolução humana. São motores das artes, antecipam e precipitam tendências, prefigurandoas ou obstaculizando-as. Ora evidenciam, ora demolem argumentos. São férteis, mas podem levar ao canibalismo. E, apesar de recorrentes esforços para domá-los, são imprevisíveis, onipresentes. Debates sobre a obrigatoriedade do voto no Brasil, o merecimento da concessão do prêmio Nobel da Paz a Obama, a descriminalização das drogas ao redor do mundo ou a reação de Cristina Kirchner ao panelazo argentino não admitem cabresto... Trata-se de equívoco imaginar que a relação entre arte e debate é recente. Não se inventou nada. Para buscar atestados, não é preciso tanto esforço. Arte e debate são palavras que podem ser facilmente detectadas em narrativas sobre as trajetórias curiosas de personalidades como Niemeyer e Michael Jackson. Gente que personifica paradigmas; gente que pulveriza o convencional. Contudo, este duo de palavras dificilmente encontrará sinergia mais intensa do que aquela verificada ao longo da breve história d'O Debatedouro -mescla original de arte e debate, capaz de criar uma plataforma simbólica propícia para os questionamentos e as inquietudes. O retorno d'O Debatedouro parece ser uma resposta inusitada e sensível à atual busca obsessiva pela inovação técnica, científica, tecnológica. A missão autoimposta de fazer avançar o -estado da arte com arte‖ é, curiosamente, também o que lhe permitiu a reinvenção. Esta definição demonstra que o foco do projeto sempre esteve na arte, não no estado (e muito menos no Estado); e se for verdade que a -a arte é o espelho e a crônica de sua época‖, como DEZ. 2012 EDITORIAL ODEBATEDOURO.com | DEZEMBRO 2012| EDIÇÃO 81 |ISSN 1678-6637 5 eternizou Shakespeare, então se admitirá que o potencial artístico d'O Debatedouro reencarnou nesta bendita edição de retorno aos trabalhos. A edição 81, que me cumpre o dever de apresentar, é, a um só tempo, o primeiro registro da nova era e um prenúncio do conteúdo e do formato editorial que darão seguimento aos 10 primeiros anos de história do periódico. A tradição da abordagem crítica de temas quentes continua representada em -A adesão da Rússia à Organização Mundial do Comércio‖ e -Obama's perspectives on intervention: Why did the U.S. intervene in Libya and not in Syria?‖, ao passo que os temas tupiniquins foram centrais em -'O petróleo é nosso' e o nacional-desenvolvimentismo brasileiro‖ e -A Guerra do Paraguai: uma análise social das relações internacionais do Brasil‖. No entanto, as miradas às redondezas sul-americanas podem ser apontadas como marca da edição, o que bem se verifica em -Geopolítica do Mar: o papel do Brasil na proteção do Atlântico Sul‖, -Pascua Lama e Barrick Gold: a luta pelo ouro no Chile‖ e -Os desdobramentos contemporâneos do conflito colombiano como entraves aos projetos de integração na América do Sul‖. A edição ainda convida o leitor aos batismos das seções -Abaporu‖ -que traz um ensaio sobre o quadro de mesmo nome de Tarsila do Amaral -e -Túnel do Tempo‖, que, propositalmente e numa clara alusão à transposição do passado para o presente, traz o primeiro editorial d'O Debatedouro, escrito em outubro de 2002 pelo, à época, estudante de Relações Internacionais Dawisson Belém Lopes, que, numa espécie de rito de passagem, volta na condição de professor de Ciência Política, acompanhado do diplomata Filipe Nasser, também fundador do projeto, para apresentar -O Debatedouro, dez anos depois‖. Os impactos, desafios, críticas e sintomas que serão consequência da volta d'O Debatedouro, em breve, estarão visíveis. Porém, ao levantar os olhos e mirar o Lago Paranoá (cujas margens serviram de cenário para as últimas frases deste texto), e atentar para o fato de que há quase 200 anos este segue cumprindo o seu objetivo existencial de aumentar a umidade dos ares do Brasil Central, o que se pode esperar é que O Debatedouro siga honrando o compromisso que assumiu há 10 anos: criar a atmosfera para o debate e consagrá-la, -pelo bem do debate‖, e da própria arte. Da sua arte. *Rafael Silva é editor-executivo em O Debatedouro. ODEBATEDOURO.com | DEZEMBRO 2012| EDIÇÃO 81 |ISSN 1678-6637 6
Book Chapters by Rodrigo Goyena Soares
MUAZE, Mariana e SALLES, Ricardo (orgs.). A Segunda Escravidão e o Império do Brasil em perspectiva histórica. São Leopoldo: Casa Leiria / CNPq, 2020
A segunda escravidão é um conceito aberto que tem o objetivo de repensar a relação entre capitali... more A segunda escravidão é um conceito aberto que tem o objetivo de repensar a relação entre capitalismo e escravidão e as causas para a destruição desta última no oitocentos. A ideia nasceu de minha insatisfação com histórias lineares da escravidão que a veem, de alguma forma, como incompatível com o capitalismo industrial e as ideias liberais de propriedade e liberdade. Minha percepção inicial derivou da comparação do desenvolvimento da escravidão de plantation na Martinica e em Cuba ao longo do século XIX. As evidências não se ajustavam à visão linear sobre o capitalismo e a escravidão. O desenvolvimento do capitalismo industrial e do mercado mundial acentuaram rigidezes espaciais e sociais que levaram à crise da escravidão e do sistema de plantation na Martinica. Em Cuba, esses mesmos processos estimularam a expansão sem precedentes da produção açucareira e a reconfiguração da escravidão. Uma vez rompida essa visão linear de progresso e do tempo histórico, um novo modo de ver a relação capitalismo-escravidão emergiu, especialmente nas zonas centrais produtoras de commodities em Cuba, Sul dos Estados Unidos e Brasil (Tomich, 1994).
Varia História, 2025
This article proposes a theoretical-methodological frame- work using the concept of the world-reg... more This article proposes a theoretical-methodological frame-
work using the concept of the world-region to reassess the causes of the
1864 conflict. It argues that the prevailing systemic alliances perspective
in historiography might insufficiently account for the temporal dimen-
sion characteristic of the world-region. According to this proposal, the
1864 conflict arose from a contentious geopolitical environment and
significantly from the inclusion of historical perspectives in redefining
national interests. Beyond spatial unity or integration into the world
economy dominated by Great Britain, the River Plate basin in the 19th
century was defined as a world-region by two main temporal layers.
The first, lasting until the mid-century, was marked by the contentious
formation of nation-states, which Brazil resolved in regional hegemony.
The subsequent contradictions, representing a second temporal layer
extending until 1870, highlighted threats to this new status quo, spe-
cifically Brazilian unipolarity. Therefore, the 1864 conflict, essentially an episode of the Sixty Years’ War, had deeper roots in the 1851–1852
reconfiguration of the Platine basin rather than the 1863–1864 alliances,
which were merely outcomes of this second temporal layer, character-
ized by already established nation-states.
Varia História, 2025
O artigo propõe o enquadramento teórico-metodológico da região-mundo no intuito de reler os porqu... more O artigo propõe o enquadramento teórico-metodológico da
região-mundo no intuito de reler os porquês do conflito de 1864. Argu-
menta-se que a perspectiva das alianças sistêmicas – o estado historio-
gráfico da arte – assume, talvez insuficientemente, a dimensão temporal
que caracteriza a região-mundo. Nesta proposta, o conflito de 1864 não
decorreu apenas de um entorno geopolítico conflitivo, mas sobretudo
da incorporação do passado na redefinição de interesses nacionais. Para
além da unidade espacial ou da inserção na economia-mundo polari-
zada pela Grã-Bretanha, o Prata foi uma região-mundo demarcada no
Oitocentos principalmente por dois estratos de tempo. O primeiro, que
se desenrolou até meados do século XIX, distinguiu-se pela formação
disputada dos Estados-nacionais e resolveu-se com a hegemonização
regional do Brasil. As contradições subsequentes, próprias a um segun-
do estrato desdobrado até 1870, retrataram as ameaças ao novo status quo, isto é, a unipolaridade brasileira. Assim, o conflito de 1864 – no
fundo, apenas um episódio da Guerra de Sessenta Anos – foi mais origi-
nário do tempo platino reconfigurado em 1851-1852 do que das alianças
de 1863-1864, elas mesmas apenas expressões do segundo estrato de
tempo, qualificado por Estados-nacionais já consolidados.
Revista de História (São Paulo. Impresso), Feb 6, 2024
Incluída a Lei do Ventre Livre (1871), fartamente tratada na literatura historiográfica, as demai... more Incluída a Lei do Ventre Livre (1871), fartamente tratada na literatura historiográfica, as demais reformas empreendidas pelo visconde do Rio Branco quando à frente da presidência do Conselho de Ministros (1871-1875) tenderam a ser analisadas separada e tematicamente, sem produzir, portanto, um sentido para o conjunto da obra. Buscando suprir a lacuna mediante fontes primárias sobretudo orçamentárias e bancárias, propõe-se no artigo que o governo de Rio Branco remediou a medida emancipacionista com reformas financeiras, produtivas e tributárias, com vistas a serenar uma lavoura irrequieta com a eventual abolição. Em que pese a ampla paleta de reformas, também aqui examinada, o capital mobilizado por Rio Branco foi especialmente destinado aos cafeicultores do Vale do Paraíba. O processo contou com larga participação do Banco do Brasil, para onde se deslocava o grande capital cafeeiro fluminense. Assim, argumenta-se que o gabinete de Rio Branco reconduziu pela via da dívida pública, agora muito ampliada, um tipo de reformismo desigual já vislumbrado na década de 1850: operou-se, ao todo, uma recunhagem da moeda imperial. Palavras-chave Visconde do Rio Branco-Reformas econômicas-Cafeicultura fluminense-Vale do Paraíba-Banco do Brasil. 1 Artigo não publicado em plataforma preprint. Todas as fontes e a bibliografia utilizadas são referenciadas. O autor agradece à Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação da Universidade de São Paulo-USP pela concessão de auxílio que resultou, como objetivo parcial, na realização deste artigo. Processo n. 22.1.09345.01.2.
Along with the Brazilian Law of Free Birth (1871), extensively discussed in historiographical lit... more Along with the Brazilian Law of Free Birth (1871), extensively discussed in historiographical literature, other reforms undertaken by the Viscount of Rio Branco, when head of the Council of Ministers (1871-1875), tended to be analyzed separately and thematically, and thus without rendering a clear meaning to his cabinet´s work. Through budgetary and banking-related primary sources, this article proposes that Rio Branco remedied the emancipation measure with financial, productive, and tax reforms in order to appease farmers in dire straits due to the wave of abolitionism. Despite the wide range of projects, also examined here, the capital mobilized by Rio Branco was specifically earmarked for coffee farmers of the Paraíba Valley. The Bank of Brazil, to which the greatest fraction of the Rio de Janeiro coffee capital was migrating, played a major role in the process. Thus, a type of uneven reformism, already glimpsed in the 1850s, was carried out by Rio Branco through a greatly increased public debt: on the whole, it focused on a recoinage of the imperial currency.
Incluída a Lei do Ventre Livre (1871), fartamente tratada na literatura historiográfica, as demai... more Incluída a Lei do Ventre Livre (1871), fartamente tratada na literatura historiográfica, as demais reformas empreendidas pelo visconde do Rio Branco quando à frente da presidência do Conselho de Ministros (1871-1875) tenderam a ser analisadas separada e tematicamente, sem produzir, portanto, um sentido para o conjunto da obra. Buscando suprir
a lacuna mediante fontes primárias sobretudo orçamentárias e bancárias, propõe-se no artigo que o governo de Rio Branco remediou a medida emancipacionista com reformas financeiras, produtivas e tributárias, com vistas a serenar uma lavoura irrequieta com a eventual abolição. Em que pese a ampla paleta de reformas, também aqui examinada, o capital mobilizado por Rio Branco foi especialmente destinado aos cafeicultores do
Vale do Paraíba. O processo contou com larga participação do Banco do Brasil, para onde se deslocava o grande capital cafeeiro fluminense. Assim, argumenta-se que o gabinete de Rio Branco reconduziu pela via da dívida pública, agora muito ampliada, um tipo de reformismo desigual já vislumbrado na década de 1850: operou-se, ao todo, uma recunhagem da moeda imperial.
A Lei de Treze de Maio de 1888, que aboliu o cativeiro no Brasil, não ofereceu em seus dois único... more A Lei de Treze de Maio de 1888, que aboliu o cativeiro no Brasil,
não ofereceu em seus dois únicos artigos reparação qualquer aos
proprietários de escravos. Todavia, tanto o gabinete que a instituiu
quanto aquele que o sucedeu adotaram políticas econômicas
compensatórias que tiveram efeito indenizatório especialmente
para o Banco do Brasil. A primeira vertente de ação disse respeito
aos auxílios à lavoura, projetados no intuito de resguardar o dina-
mismo produtivo e, em última instância, o orçamento imperial.
Atrelada à primeira, a segunda frente referiu-se à solvência do sis-
tema bancário, sobretudo do Banco do Brasil. Como a instituição
havia tomado a escravaria como garantia hipotecária, caso não
houvesse um programa de incentivos à lavoura, as subsequentes
inadimplências impactariam o valor bursátil do Banco, num pro-
cesso que afetaria seus depósitos e, ao todo, seus ativos. Seria um
cenário financeiro crítico. O Banco do Brasil detinha praticamente
40% do setor bancário do Rio de Janeiro, o principal do país. Seria
igualmente um risco imenso para o pagamento da dívida pública,
muito amparada desde a década de 1870 pelo Banco. Dependen-
tes, pois, da instituição, os governos de João Alfredo e de Ouro
Preto injetaram nela ímpar liquidez, produzindo um redobrado
efeito indenizatório, a considerar que os principais investidores do
Banco do Brasil eram cafeicultores do Vale do Paraíba fluminense.
Malgrado os esforços, os aportes tenderam a permanecer em sua
forma financeira, e não produtiva, o que apenas aprofundou, re-
publicanizando-os tanto mais, o ressentimento dos cafeicultores
do Oeste Paulista quanto às pactuações da Corte.
D evido às contradições que os formam, problemas his-tóricos como a abolição da escravatura no Br... more D evido às contradições que os formam, problemas his-tóricos como a abolição da escravatura no Brasil são forçosamente de difícil resolução. Largo e plástico, o cativeiro moldou nossas relações econômicas, nossas tramas políticas e nossas regras de convivência. O escravo tornou-se ao longo do tempo , mas finalmente a um só tempo, mão de obra, mercadoria, insumo e derivativo financeiro. No campo político, fez das classes latifundi-árias uma barreira intransponível para as dirigentes, quando não as forjou em simbiose. Delimitou por extensão o padrão de inserção in-ternacional do país e regeu a vida social a ponto de definir quem era quem, aliviando apenas superficialmente os menos prósperos das misérias hierárquicas próprias a uma sociedade, igualmente por cau-sa do cativeiro, formada a partir de desigualdades.
Topoi (Rio de Janeiro)
RESUMO O artigo apresenta uma radiografia das hierarquias socioeconômicas durante os últimos anos... more RESUMO O artigo apresenta uma radiografia das hierarquias socioeconômicas durante os últimos anos do império, constituída a partir dos salários das classes sociais. Percebeu-se, após uma discussão teórica e histórica sobre o conceito de classe social, que o Império do Brasil, nas décadas em análise, era relativamente igualitário em termos salariais. Essa igualdade, no entanto, explica-se mais pela larga expressividade das classes populares do que por uma hipotética robustez das classes médias ou altas. A análise do poder aquisitivo e dos padrões de consumo permitiu identificar o grau de precariedade das classes populares, assim como a existência de classes médias, sobretudo urbanas. Por último, assinalou-se que os dados salariais a respeito das classes altas não devem ofuscar a concentração de riqueza que caracterizou a crise do império. Isso, em boa medida, devido à polarização da propriedade cativa.
Pesquisa FAPESP, 2020
patriarcal, a quase heroína poderia no máximo, conforme o despacho do Exército, servir aos homens... more patriarcal, a quase heroína poderia no máximo, conforme o despacho do Exército, servir aos homens nos campos de batalha. Como enfermeira, no melhor dos casos.
História (São Paulo), 2020
As últimas décadas do Império testemunharam o advento de um núcleo de cafeicultores paulistas que... more As últimas décadas do Império testemunharam o advento de um núcleo de cafeicultores paulistas que vislumbrou na crise da escravidão uma janela de oportunidades para ampliar os negócios econômicos e a participação na administração pública nacional. Embora se valesse de mão de obra cativa, esse núcleo, de origem campineira, compreendeu que a abolição, caso remediada pela imigração em São Paulo, fragilizaria a cafeicultura escravocrata rival-sobretudo a fluminense. Adotou-se uma política de paciência estratégica, que se dava como forma de evitar rupturas com os correligionários da lavoura paulista e como maneira de aguardar a precipitação dos acontecimentos. Os acenos do núcleo ao abolicionismo, paradoxalmente, deram-se num cenário em que o uso da mão de obra servil não era economicamente arcaico. Mediante levantamento de fontes primárias relativas ao custo da produção cafeeira, concluiu-se que a lucratividade do trabalho cativo não destoava dos ganhos próprios ao sistema livre de produção. A adesão da lavoura campineira à abolição, portanto, não foi uma opção oriunda da planilha contábil de cada fazenda. Tratou-se, conforme ratifica a correspondência entre campineiros, de uma equação de economia política que tinha como fatores o movimento abolicionista, o desmantelamento da cafeicultura rival e o ganho de espaço na administração pública.
Anos 90 (UFRGS), 2020
O artigo discute o sentido do abolicionismo militar na crise do Império. Malgrado sua heterogenei... more O artigo discute o sentido do abolicionismo militar na crise do Império. Malgrado sua heterogeneidade, a caserna foi mais uníssona quanto à abolição do que em outras matérias ideológicas. Sem prejuízo das razões corporativas, foram sobretudo motivos políticos que levaram o segmento militar a endossar o fim do cativeiro. O argumento assenta-se sobremaneira na releitura da imprensa militar e da correspondência civil, fontes nas quais o abolicionismo castrense se afigura como mecanismo de ingresso na política nacional: compreendeu-se a abolição como medida de enfraquecimento da classe dirigente e, portanto, como forma de introduzir novos rostos na administração pública.
Topoi (UFRJ), 2019
O artigo apresenta uma radiografi a das hierarquias socioeconômicas durante os últimos anos do im... more O artigo apresenta uma radiografi a das hierarquias socioeconômicas durante os últimos anos do império, constituída a partir dos salários das classes sociais. Percebeu-se, após uma discussão teórica e histórica sobre o conceito de classe social, que o Império do Brasil, nas dé-cadas em análise, era relativamente igualitário em termos salariais. Essa igualdade, no entan-to, explica-se mais pela larga expressividade das classes populares do que por uma hipotética robustez das classes médias ou altas. A análise do poder aquisitivo e dos padrões de consumo permitiu identifi car o grau de precariedade das classes populares, assim como a existência de classes médias, sobretudo urbanas. Por último, assinalou-se que os dados salariais a respeito das classes altas não devem ofuscar a concentração de riqueza que caracterizou a crise do império. Isso, em boa medida, devido à polarização da propriedade cativa. ABSTRACT Th e article presents a panorama of socioeconomic hierarchies in late Nineteenth-century Brazil. Income analysis of social classes underpins these echelons. Within a theoretical and
Tempo (UFF), 2019
Resumo: Patrono da diplomacia brasileira, o ba-rão do Rio Branco permanece unanimemente ce-lebrad... more Resumo: Patrono da diplomacia brasileira, o ba-rão do Rio Branco permanece unanimemente ce-lebrado em discursos oficiais do Itamaraty ou, inclusive , em textos acadêmicos. Esta nova biografia do barão, escrita pelo diplomata e historiador Luís Cláudio Villafañe G. Santos, rediscute não apenas a personalidade de Rio Branco, assinalando con-tradições, mas, sobretudo, reinterpreta sua ação diplomática à frente do Ministério das Relações Exteriores. Particularmente, interessa a esta rese-nha discutir três temas amplamente tratados por Villafañe: a interdependência entre política inter-na e externa, o estabelecimento de uma-suposta-aliança não escrita com os Estados Unidos e a resolução pacífica das disputas lindeiras.
Palavras-chave: Barão do Rio Branco; Itamaraty; Política externa republicana.
O retorno dos veteranos ao Império deu origem a uma querela política que atravessou o ano de 18... more O retorno dos veteranos ao Império deu origem a uma querela política que atravessou o ano de 1870. Para o governo conservador de Itaboraí, sujeitar as Forças Armadas era de maior importância, tendo em vista a influência que liberais reformistas buscavam exercer na caserna. Embora os conservadores não enxergassem grande risco nos oficiais liberais do Exército, não por isso deixaram que o reformismo, sobretudo por iniciativa dos civis, se alastrasse entre os militares. Quanto aos liberais radicais, estimava o gabinete que havia mais palavras inflamadas do que possibilidades de ação concreta. O que não quer dizer que os radicais tenham poupado esforços para republicanizar as tropas. O artigo analisa como se deu o embate pelo apoio das Forças Armadas quando do retorno dos veteranos da Guerra do Paraguai e em que medida o efeito desse embate foi realçar a autonomia da caserna.
O artigo procura avaliar em que medida a edição da Lei do Ventre Livre, de 28 de setembro de 1871... more O artigo procura avaliar em que medida a edição da Lei do Ventre Livre, de 28 de setembro de 1871, constituiu um reflexo da libertação de escravos para combater na Guerra do Paraguai (1864-1870). Buscou-se contrastar, por um lado, a historiografia que analisa a lei emancipacionista como antecipação – e, portanto, como outorga interessada – a eventuais disputas político-partidárias; à leitura, por outro lado, que vislumbra na lei de 1871 o resultado da agência escrava, perpetrada como contágio rebelde entre camadas servis. Ao passo que aquele entendimento parte de uma análise de tipo estrutural, para compreender os porquês da Lei do Ventre Livre,
esta assenta-se na agência individual, para explicar alterações estruturais. Dialogando com essas duas perspectivas, o artigo argumenta que antecipações reformistas não operam em desconexão com possibilidades de agência política: mudanças estruturais derivam, portanto, de expectativas constituídas diante de possibilidades de reversão de poder.
C CA AR RT TA AS S "O Debatedouro está de volta! Trata-se de publicação em que trabalhei com muit... more C CA AR RT TA AS S "O Debatedouro está de volta! Trata-se de publicação em que trabalhei com muita paixão quando era jovem. Por favor, sigam: @ODebatedouro". Filipe Nasser, Washington "Parabéns pela iniciativa! E vida longa ao Debatedouro ressuscitado!" Antônio Carlos Lessa, Brasília "O Debatedouro se confunde com a própria história do desenvolvimento das RIs no Brasil e em Minas Gerais, por isto ele é tão "curtido". Quem o viu nascer, crescer e se consolidar, sabe de sua importância para nossa área". Curso de Relações Internacionais do UniBH "Este vídeo [teaser de relançamento] ficou tão bem feito (e eu particularmente amei a escolha da música) que eu tenho a certeza que está empolgando diferentes gerações, seja no final do semestre com aqueles que comemoram terminar o TCC ou aqueles que, como eu, estão trabalhando na articulação entre objeto, teorias e variáveis para produzir suas dissertações/teses. Que suspense!!!" Rúbia Rodrigues, Belo Horizonte "Feliz em ver que "O Debatedouro", revista de política internacional, lida no passado por pesquisadores e diplomatas no Brasil inteiro, será relançada". Lucas Grassi Freire "Vintage!!!" Eduardo Augusto Café, Belo Horizonte "São poucos os projetos de charme como esse. Eu não me perdoaria se não fizesse parte de alguma forma [do seu retorno]". Cesar Kiraly, Rio de Janeiro S SU UM MÁ ÁR RI IO O Inovação, debate e "o estado da arte" por Rafael Silva, pág. 04. O Debatedouro, dez anos depois por Dawisson Belém Lopes e Filipe Nasser, pág. 06. "O petróleo é nosso" e o nacional-desenvolvimento brasileiro: uma análise sobre a transição econômica industrial brasileira por Jaqueline Ganzert Afonso, pág. 08. Os desdobramentos contemporâneos do conflito colombiano como entraves ao projeto de integração na América do Sul por Tamiris Santos, pág. 12. Pascua Lama e Barrick Gold: a luta pelo ouro no Chile por Ricardo Breda Consulim, pág. 17. Geopolítica do mar: o papel do Brasil na proteção do Atlântico Sul por Rodrigo Milindre González, pág 22. A adesão da Rússia à Organização Mundial do Comércio e suas implicações por Robson Cardoch Valdez, pág. 25. O Abaporu por Ricardo Breda Consulim, pág. 29. A Guerra do Paraguai: um episódio histórico-social das relações internacionais no Brasil por Rodrigo Goyena Soares, pág. 31. Obama"s perspectives on intervention: Why did the U.S. intervene in Libya and not in Syria? por Philipe Moura, pág. 34. "Com a sua licença, Prof. Houaiss!" por Dawisson Belém Lopes, pág. 36. DEZ. 2012 EDITORIAL TÚNEL DO TEMPO SEÇÃO ABAPORU SEÇÃO CAPA ODEBATEDOURO.com | DEZEMBRO 2012| EDIÇÃO 81 |ISSN 1678-6637 4 INOVAÇÃO, DEBATE E 'O ESTADO DA ARTE' por Rafael Silva* Em tempos em que o apelo à inovação é forte, dificilmente poderá ser considerada exagerada a percepção de que quando se fala em -estado da arte‖, o foco recaia mais sobre o estado do que sobre a arte. A arte, talvez, seja uma das poucas palavras que consegue adjetivar a si própria -é possível encontrar referências a uma arte que seja mais ou menos artística. Mas isto não tem sido suficiente para lhe garantir preponderância em alguns contextos, processos e -estados‖ dos quais é parte. Daí decorre que ela estaria condenada à função adjetiva, jamais se fazendo notar o seu aspecto substantivo? Não se trata de pensar a arte como dom ou como algo que depende da Providência para acontecer. Fala-se, aqui, de arte como um conjunto de habilidades, de competências, de técnicas adquiridas para um fim. O que se tem visto, principalmente a partir do marco dos anos 2000 (e mesmo nas duas décadas imediatamente anteriores), é uma articulação de líderes, em distintas esferas e campos do conhecimento, rumo à inovação. O medo da obsolescência tem movido guerras silenciosas entre atores econômicos, políticos e sociais, que potencializam suas artes para disputar dinheiro, tempo, espaço, poder, consumidores e seguidores, bits e cliques. Os intentos de mensurar estados e níveis de evolução das criações e dos empreendimentos têm sido mais valiosos do que a caracterização da arte e das técnicas envolvidas no processo de desenvolvimento. Propondo uma substituição de termos, o que se deseja afirmar é que o apelo constante à inovação garante uma valorização dos patamares atingidos (geralmente enunciados por meio de numerário e fórmulas) em detrimento daquilo que está sendo desenvolvido. O produto, e não a riqueza do processo. Uma passagem da era do -o que somos capazes de fazer?‖ para a era do -aonde vamos chegar com isso?‖. Como também se pode observar no curso da História, os debates assumem papel fundamental na evolução humana. São motores das artes, antecipam e precipitam tendências, prefigurandoas ou obstaculizando-as. Ora evidenciam, ora demolem argumentos. São férteis, mas podem levar ao canibalismo. E, apesar de recorrentes esforços para domá-los, são imprevisíveis, onipresentes. Debates sobre a obrigatoriedade do voto no Brasil, o merecimento da concessão do prêmio Nobel da Paz a Obama, a descriminalização das drogas ao redor do mundo ou a reação de Cristina Kirchner ao panelazo argentino não admitem cabresto... Trata-se de equívoco imaginar que a relação entre arte e debate é recente. Não se inventou nada. Para buscar atestados, não é preciso tanto esforço. Arte e debate são palavras que podem ser facilmente detectadas em narrativas sobre as trajetórias curiosas de personalidades como Niemeyer e Michael Jackson. Gente que personifica paradigmas; gente que pulveriza o convencional. Contudo, este duo de palavras dificilmente encontrará sinergia mais intensa do que aquela verificada ao longo da breve história d'O Debatedouro -mescla original de arte e debate, capaz de criar uma plataforma simbólica propícia para os questionamentos e as inquietudes. O retorno d'O Debatedouro parece ser uma resposta inusitada e sensível à atual busca obsessiva pela inovação técnica, científica, tecnológica. A missão autoimposta de fazer avançar o -estado da arte com arte‖ é, curiosamente, também o que lhe permitiu a reinvenção. Esta definição demonstra que o foco do projeto sempre esteve na arte, não no estado (e muito menos no Estado); e se for verdade que a -a arte é o espelho e a crônica de sua época‖, como DEZ. 2012 EDITORIAL ODEBATEDOURO.com | DEZEMBRO 2012| EDIÇÃO 81 |ISSN 1678-6637 5 eternizou Shakespeare, então se admitirá que o potencial artístico d'O Debatedouro reencarnou nesta bendita edição de retorno aos trabalhos. A edição 81, que me cumpre o dever de apresentar, é, a um só tempo, o primeiro registro da nova era e um prenúncio do conteúdo e do formato editorial que darão seguimento aos 10 primeiros anos de história do periódico. A tradição da abordagem crítica de temas quentes continua representada em -A adesão da Rússia à Organização Mundial do Comércio‖ e -Obama's perspectives on intervention: Why did the U.S. intervene in Libya and not in Syria?‖, ao passo que os temas tupiniquins foram centrais em -'O petróleo é nosso' e o nacional-desenvolvimentismo brasileiro‖ e -A Guerra do Paraguai: uma análise social das relações internacionais do Brasil‖. No entanto, as miradas às redondezas sul-americanas podem ser apontadas como marca da edição, o que bem se verifica em -Geopolítica do Mar: o papel do Brasil na proteção do Atlântico Sul‖, -Pascua Lama e Barrick Gold: a luta pelo ouro no Chile‖ e -Os desdobramentos contemporâneos do conflito colombiano como entraves aos projetos de integração na América do Sul‖. A edição ainda convida o leitor aos batismos das seções -Abaporu‖ -que traz um ensaio sobre o quadro de mesmo nome de Tarsila do Amaral -e -Túnel do Tempo‖, que, propositalmente e numa clara alusão à transposição do passado para o presente, traz o primeiro editorial d'O Debatedouro, escrito em outubro de 2002 pelo, à época, estudante de Relações Internacionais Dawisson Belém Lopes, que, numa espécie de rito de passagem, volta na condição de professor de Ciência Política, acompanhado do diplomata Filipe Nasser, também fundador do projeto, para apresentar -O Debatedouro, dez anos depois‖. Os impactos, desafios, críticas e sintomas que serão consequência da volta d'O Debatedouro, em breve, estarão visíveis. Porém, ao levantar os olhos e mirar o Lago Paranoá (cujas margens serviram de cenário para as últimas frases deste texto), e atentar para o fato de que há quase 200 anos este segue cumprindo o seu objetivo existencial de aumentar a umidade dos ares do Brasil Central, o que se pode esperar é que O Debatedouro siga honrando o compromisso que assumiu há 10 anos: criar a atmosfera para o debate e consagrá-la, -pelo bem do debate‖, e da própria arte. Da sua arte. *Rafael Silva é editor-executivo em O Debatedouro. ODEBATEDOURO.com | DEZEMBRO 2012| EDIÇÃO 81 |ISSN 1678-6637 6
MUAZE, Mariana e SALLES, Ricardo (orgs.). A Segunda Escravidão e o Império do Brasil em perspectiva histórica. São Leopoldo: Casa Leiria / CNPq, 2020
A segunda escravidão é um conceito aberto que tem o objetivo de repensar a relação entre capitali... more A segunda escravidão é um conceito aberto que tem o objetivo de repensar a relação entre capitalismo e escravidão e as causas para a destruição desta última no oitocentos. A ideia nasceu de minha insatisfação com histórias lineares da escravidão que a veem, de alguma forma, como incompatível com o capitalismo industrial e as ideias liberais de propriedade e liberdade. Minha percepção inicial derivou da comparação do desenvolvimento da escravidão de plantation na Martinica e em Cuba ao longo do século XIX. As evidências não se ajustavam à visão linear sobre o capitalismo e a escravidão. O desenvolvimento do capitalismo industrial e do mercado mundial acentuaram rigidezes espaciais e sociais que levaram à crise da escravidão e do sistema de plantation na Martinica. Em Cuba, esses mesmos processos estimularam a expansão sem precedentes da produção açucareira e a reconfiguração da escravidão. Uma vez rompida essa visão linear de progresso e do tempo histórico, um novo modo de ver a relação capitalismo-escravidão emergiu, especialmente nas zonas centrais produtoras de commodities em Cuba, Sul dos Estados Unidos e Brasil (Tomich, 1994).
6 Sistemas, tempos e espaços: o Lab-Mundi em dez anos de fazer historiográfico Transformação de e... more 6 Sistemas, tempos e espaços: o Lab-Mundi em dez anos de fazer historiográfico Transformação de estruturas e a reordenação social na Revolução Haitiana Isabela Rodrigues de Souza Comércio, informações e diplomacia: o grão-ducado da Toscana e o império português no Atlântico (1580-1640), breves apontamentos historiográficos e metodológicos Joao Gabriel Covolan Silva Vivências e experiências: uma nota acerca dos tempos da história e suas hierarquias João Paulo Pimenta As conexões entre Brasil e Portugal no contexto dos levantes e da contrarrevolução miguelistas: o caso do Batalhão dos Voluntários Acadêmicos de Coimbra (1826-1828) Kelly Eleutério Machado Oliveira Experiências, expectativas e prognósticos na tentativa de inaugurar uma nova era para o sistema global do café: o multilateralismo nas Américas e a primeira Organização Internacional do Café (1953-1958) Leonardo F. Derenze O Direito Natural e o Espectro Político Moderno: considerações sobre a temporalização e politização de uma linguagem Lucas Mohallem A transformação da China: autofortalecimento, modernização e crise Marco Aurélio dos Santos Disputa de temporalidades. Comentário às reflexões teóricas sobre o tempo no Lab-Mundi
Com escrita envolvente e análise inovadora, a crise da monarquia e da ordem escravista e a conseq... more Com escrita envolvente e análise inovadora, a crise da monarquia e da ordem escravista e a consequente estruturação da República são aqui examinadas em uma interpretação que ganha fôlego ao enfrentar com sucesso a complexidade de entrelaçar transformações econômicas, conflitos de classes, decisões e escolhas de governos, movimentos sociais e atuação de lideranças políticas, intelectuais e militares. Tudo isto para compreender, no longo tempo histórico, as mazelas de um país marcado pela desigualdade.
Editora FGV, 2022
O livro Império em disputa: coroa, oligarquia e povo na formação do Estado brasileiro (1823-1870)... more O livro Império em disputa: coroa, oligarquia e povo na formação do Estado brasileiro (1823-1870), tem início com a fundação do Império do Brasil e apresenta uma nova síntese historiográfica sobre este período, voltada tanto aos especialistas como ao público leitor mais amplo. A obra está ordenada cronologicamente e dividida em duas partes, sendo a primeira sobre o período de 1823 a 1848, que analisa o processo de estruturação política do Império e as múltiplas contestações sofridas até sua consolidação, em simbiose com o café. Trata-se de um período de intensos conflitos, em que constrangimentos materiais, tendências ideológicas, pressões internacionais, divisões regionais e mobilizações subalternas empurraram o país em direções diferentes, até um projeto vitorioso.
Lançamento no Rio de Janeiro no dia 17 de agosto às 17 horas, na Fundação Getúlio Vargas, 12o andar. Inscrição pelo link: https://evento.fgv.br/lancamento_1708/
O livro "Império em disputa: coroa, oligarquia e povo na formação do Estado brasileiro (1823-1870... more O livro "Império em disputa: coroa, oligarquia e povo na formação do Estado brasileiro (1823-1870)" apresenta uma nova síntese historiográfica sobre o Império do Brasil voltada tanto para os especialistas como para o público leitor mais amplo.
Este segundo volume da coleção “Uma outra história do Brasil”, escrito pelos historiadores Thiago Krause e Rodrigo Goyena Soares, tem início com a fundação do Império do Brasil.
A obra está ordenada cronologicamente e dividida em duas partes, sendo a primeira sobre o período de 1823 a 1848, que analisa o processo de estruturação política do Império e as múltiplas contestações sofridas até sua consolidação, em simbiose com o café; e a segunda inicia no período denominado pelos autores como pax escravocrata, de formação, embora lenta e sempre desigual, dos mercados brasileiros: o de capitais, o de terras e o de trabalho, e segue até o ano de 1870, passando pela guerra do Paraguai, o contexto abolicionista e o deslocamento do principal eixo produtivo nacional para São Paulo.
Trata-se de um período de intensos conflitos, em que constrangimentos materiais, tendências ideológicas, pressões internacionais, divisões regionais e mobilizações subalternas empurraram o país em direções diferentes até um projeto vitorioso.
Para marcar o lançamento do livro "Império em disputa: coroa, oligarquia e povo na formação do Estado brasileiro (1823-1870)", vamos promover um bate-papo com os autores Thiago Krause e Rodrigo Goyena Soares e mediação da professora Mariana Muaze (Unirio). Inscrição no link: https://evento.fgv.br/lancamento_1708/