A Guerrilha do Araguaia e a Repressão Contra Camponeses: reflexões sobre os fundamentos e as práticas repressivas do estado brasileiro em tempos de ditadura (original) (raw)
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Camponeses Do Araguaia: Da Guerrilha Contra a Ditadura Civil-Militar À Luta Contemporânea Pela Terra
Projeto Historia Revista Do Programa De Estudos Pos Graduados De Historia E Issn 2176 2767 Issn 0102 4442, 2014
O artigo enfoca a participação camponesa na guerrilha do Araguaia, buscando evidenciar que a resistência contra a ditadura civil-militar desenvolvida na região permitiu a politização dos camponeses que se apropriaram dela e estabeleceram continuidade entre a guerrilha e as lutas contemporâneas pela terra. Aborda como gestaram-se concomitantemente com a guerrilha do Araguaia nos anos 70 do século XX as bases da modernização excludente na região e a permanência da repressão contra camponeses, desenvolvidas no período ditatorial e ainda hoje utilizadas. Assim, reflete sobre as estratégias contemporâneas de enfrentamento contra o latifúndio, que tem como uma de suas origens o enfrentamento à ditadura.
Camponeses e a história da ditadura em São Paulo
Desenvolvimento territorial e questão agrária, 2016
A História social do campo brasileiro da época pós-segunda guerra mundial ainda resta ser escrita. De fato, poucos historiadores investigaram seriamente o período pós-abolição da história agrária do país, abandonando a narrativa do século XX para os cientistas sociais fazerem, especialmente os geógrafos e sociólogos. Porém os movimentos sociais e sindicais do campo tomaram vantagem do cinquentenário do golpe de 1964 para insistir na inclusão da experiência camponesa durante a Ditadura. Envolvidos em diversas investigações nas comisissões da verdade dos estados e da nação, historiadores vêm contribuindo dados e um arquebouço para ajudar entender o período. O artigo oferece uma analise do processo bem como nova pesquisa sobre a História social do campo contemporâneo do estado de São Paulo de 1946 a 1988.
Contenciosa, 2019
Este artigo busca apresentar uma reflexão sobre as possibilidades de atuação interdisciplinar nos estudos sobre as ditaduras, a partir do caso concreto da guerrilha do Araguaia. No entanto, preliminarmente, tecemos considerações sobre a natureza fragmentária e lacunar da documentação produzida pelas ditaduras e em alguns casos, sua deliberada destruição. Entendendo que esta ocultação das fontes históricas/provas dos crimes de lesa-humanidade faz parte da lógica do sistema repressivo desenvolvido no período, apresentamos em linhas gerais sua estrutura, tal como desvendada pela Comissão Nacional da Verdade para apenas então pontuar aspectos do caso da guerrilha do Araguaia.
Reconstruindo Memórias Traumáticas: Camponeses e o Regime Militar
2015
Por meio de trajetorias de camponeses perseguidos, presos, torturados e assassinados, pode-se conhecer um tanto da singularidade da repressao ocorrida no campo no periodo compreendido entre 1962 e 1985, quando as violacoes contaram com a cobertura e o estimulo oficial, a partir de compromissos de classe que aliavam grandes proprietarios de terra e empresarios rurais ao governo militar. A lei da violencia que caracterizava as praticas privadas vinha ao encontro dos interesses do regime a fim de barrar a organizacao crescente dos trabalhadores do campo. O presente artigo descreve o percurso de uma pesquisa, conduzida desde 2010, sobre as violencias sofridas pelos trabalhadores no campo durante o regime militar no Brasil. Posteriormente, com as investigacoes realizadas pela Comissao Nacional da Verdade, pelas comissoes locais e setoriais, e, especialmente, pela Comissao Camponesa da Verdade, desvendou-se novas facetas das violencias praticadas contra os camponeses no periodo que antece...
2015
Este artigo buscou identificar raizes historicas no Brasil agrario e as relacoes delas com constantes situacoes de violencia que sofreram camponeses e as populacoes tradicionais nos espacos rurais do Brasil e, particularmente, identificou-se conflitos, acoes violentas e lutas por reforma agraria, baixa do arrendo e posse da terra no estado de Goias, no periodo pre e pos golpe civil-militar de 1964. Os confrontos violentos ocorreram por disputas pela posse e uso da terra. Dois projetos se enfrentaram, historicamente. Um modelo voltado a mercantilizacao da producao agropecuaria e da terra e outro ao desenvolvimento do trabalho familiar no uso do solo. As fontes prioritarias de informacoes na construcao deste artigo foram: a) relatorio da Comissao Camponesa da Verdade e, b) banco de dados do Setor de Documentacao da Comissao Pastoral da Terra. As analises foram elaboradas a partir de documentos historicos, Jornais e material academico encontrado nos Bancos de teses e de pesquisas de Un...
Índios e camponeses: antes, durante e depois da Guerrilha do Araguaia
Revista Territórios e Fronteiras, 2014
No Bico do Papagaio, as violências cometidas contra índios e camponeses não se iniciaram com a repressão à guerrilha. Contudo, o governo deu caráter oficial a abusos tradicionais, que cresceram em escala e desceram a níveis abomináveis. Na ditadura, as práticas dos agentes da repressão não reconheciam direitos humanos e a confiança na impunidade dava margem a violações e sujeições vis. Movido pela doutrina da segurança nacional, o governo via o movimento camponês como ameaça comunista.
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OPSIS, 2014
Resumo: O artigo discute a repressão à guerrilha do Araguaia, situando-a na lógica da Doutrina de Segurança Nacional, doutrina militar que sofreu modificações no contexto da guerra fria e forneceu os fundamentos para as atividades repressivas nas ditaduras militares na América Latina. Apresenta-se o evolver da atuação das Forças Armadas, em particular do exército, no processo de destruição da guerrilha, sua reclassificação segundo os preceitos da Doutrina de Segurança Nacional e o extermínio dos guerrilheiros. Aborda-se, ainda, a repressão aos camponeses como componente de desmantelamento do movimento guerrilheiro. Neste trabalho foram privilegiadas as fontes produzidas pelas Forças Armadas no decorrer dos anos de 1972 e 1973.