Índios e camponeses: antes, durante e depois da Guerrilha do Araguaia (original) (raw)
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Camponeses Do Araguaia: Da Guerrilha Contra a Ditadura Civil-Militar À Luta Contemporânea Pela Terra
Projeto Historia Revista Do Programa De Estudos Pos Graduados De Historia E Issn 2176 2767 Issn 0102 4442, 2014
O artigo enfoca a participação camponesa na guerrilha do Araguaia, buscando evidenciar que a resistência contra a ditadura civil-militar desenvolvida na região permitiu a politização dos camponeses que se apropriaram dela e estabeleceram continuidade entre a guerrilha e as lutas contemporâneas pela terra. Aborda como gestaram-se concomitantemente com a guerrilha do Araguaia nos anos 70 do século XX as bases da modernização excludente na região e a permanência da repressão contra camponeses, desenvolvidas no período ditatorial e ainda hoje utilizadas. Assim, reflete sobre as estratégias contemporâneas de enfrentamento contra o latifúndio, que tem como uma de suas origens o enfrentamento à ditadura.
Memórias Da Guerrilha Do Araguaia
Escritas, 2020
Apresentamos aqui uma entrevista realizada com uma das grandes lideranças políticas de esquerda no Brasil, José Genoíno Neto, ex-presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) Escritas: Revista do Curso de História Vol. 12, n. 2 (2020), p.274-318 Araguaína História e Educação: práticas e reflexões em tempos de pensamentos anticientíficos ISSN 2238-7188 videoconferência com os pesquisadores via plataforma Google Meet, na noite de 12 de junho de 2020. Antes do encontro online, encaminhamos por e-mail a Genoíno um roteiro de perguntas, que foram mais ou menos seguidas, em função das dinâmicas da interação e do exercício de rememoração. No trabalho de edição, optamos por fazer pequenos recortes, como o de supressão de marcadores conversacionais, preservando o conteúdo, na medida em que, mesmo considerando as digressões inerentes ao exercício de memória, parece-nos valioso o longo depoimento para a compreensão de diferentes aspectos que envolvem os acontecimentos em torno da Guerrilha. Como metodologia de entrevista, optamos por evitar interrupções, aproveitando as pausas para as perguntas, que se redirecionaram também em função das informações por ele trazidas. Genoíno nos falava da biblioteca de sua casa, enquanto nós estávamos em nossas residências localizadas em cidades do Tocantins e do Maranhão. Luiza: Quero começar dizendo boa noite a todos, em especial a você, Genoíno, e nos apresentando. Eu sou professora da Universidade Federal do Tocantins, da área de Letras, trabalhando com Semiótica. A gente vem desenvolvendo junto com o César e mais outros membros aqui do grupo de estudo uma pesquisa sobre a literatura de testemunho, que vai tratar, testemunhar, a experiência frente a situações como a da Ditadura e da Guerrilha. O que a gente tem aqui, do ponto de vista da literatura, é o que os tocantinenses mesmo praticamente ignoraram a Guerrilha, do ponto de vista de uma produção literária. Temos uma literatura que prioriza a memória, mas não tematiza a Ditadura, não tematiza a Guerrilha. Para os interesses de nossa pesquisa, você é uma figura central para nós, é um ator social importante que pode preencher lacunas nas narrativas sobre esses acontecimentos e, por isso mesmo, é uma honra grande poder falar com você nesse momento. César: Boa noite. Sou professor de Ciência Política aqui da UFT. Dou aula em Tocantinópolis, do lado de Porto Franco, onde ficava o Doutor João Carlos Haas Sobrinho 5. Escritas: Revista do Curso de História Vol. 12, n. 2 (2020), p.274-318 Araguaína História e Educação: práticas e reflexões em tempos de pensamentos anticientíficos
Índios, missionários, colonos e militares no sertão do Araguaia, Goiás (séc. XIX
Anais do X Encontro Estadual de História da ANPUH-BA, 2020
O artigo trata da relação dos grupos indígenas do vale do rio Araguaia, na segunda metade do século XIX, com os diferentes agentes não indígenas, no contexto da construção de uma rota comercial fluvial ligando o norte da província de Goiás com a capital do Pará, Belém. Nesse cenário, tendo em vista os interesses e a agência dos grupos indígenas, o sertão do Araguaia se tornou um espaço de conflitos, mas também de negociação.
História (São Paulo), 2021
RESUMO O artigo propõe analisar a história da Real Expedição de Conquista dos Campos de Guarapuava, em conjunção com a presença indígena na região da Fronteira Sul de São Paulo provincial e a história do aldeamento de Atalaia e de suas lideranças indígenas. Através das fontes históricas e da bibliografia pertinente ao tema, buscamos entender as tramas interculturais estabelecidas no projeto joanino de ocupação, exploração e dominação da população nativa dos chamados campos de Guarapuava entre os anos de 1810 e 1825, território de importância para a exploração econômica e de consolidação de fronteiras com o império espanhol. Tratamos, aqui, tal processo de povoamento como uma invasão aos territórios tradicionais ocupados desde a pré-história pelos povos de língua Jê, em especial as diferentes parcelas Kaingang que, em face da nova configuração histórica que se apresentava, procuraram, por estratégias de ações políticas ou de conflito evidenciadas no protagonismo das lideranças indíge...
Arqueologia, História e Direitos Humanos: um estudo da Guerrilha do Araguaia
Revista Arqueologia Pública, 2015
O artigo apresenta algumas considerações sobre algumas das contribuições que a arqueologia pode oferecer ao conhecimento de um dos episódios mais sombrios da ditadura civil-militar brasileira (1964 à 1985): a guerrilha do Araguaia. Ocorrida na região norte do país na tríplice fronteira entre os estados do Pará, Maranhão e Tocantins (à época norte de Goiás) e organizada pelo Partido Comunista do Brasil (PC do B) a guerrilha foi a principal forma de luta contra a ditadura vislumbrada por essa agremiação política, no contexto repressivo estabelecido a partir do golpe de estado que deu início ao último período ditatorial brasileiro. Na guerrilha, quase todos os guerrilheiros foram assassinados, muitos dos quais constam nas listagens organizadas por entidades que reúnem os familiares de mortos e desaparecidos políticos daqueles anos, além de relatos de assassinatos, torturas e desaparecimentos de camponeses da região.
Narrativas de mulheres camponesas no Araguaia - acontecimento e memória
Rascunhos Culturais, 2021
O artigo analisa narrativas de e sobre mulheres camponesas, no contexto da Guerrilha do Araguaia (1972-1975). Discute a invisibilização desses atores sociais, ignorando seu papel actorial de protagonistas tanto nas produções da literatura, quanto na historiografia e, mesmo, no jornalismo investigativo. Mobilizando categorias da sintaxe narrativa e da semiótica tensiva, são priorizadas na análise relatos de 40 camponesas sobre a repressão empreendida pelos militares na região. Ainda que se definam como adjuvantes dos companheiros, são elas fundamentais nos processos de resistência, mesmo em condições de extrema privação
História Revista, 2016
RESUMO: O episódio de enfrentamento à ditadura civil-militar conhecido como "guerrilha do Araguaia (1972 a 1974)" foi um dos eventos do período que produziu o maior número de vítimas. Segundo os dados disponíveis hoje, seriam 62 militantes e ao menos 17 camponeses assassinados pelas forças repressivas que atuaram na região, centenas de presos e torturados, além de diversos camponeses que tiveram destruídos os seus meios de subsistência. O artigo busca discutir a natureza, os métodos e os objetivos desta repressão, tendo como eixos sua articulação com a Doutrina de Segurança Nacional e elementos do pensamento conservador, em particular no campo. Assim, na primeira parte do artigo, apresentamos os principais elementos da modificação operada na atuação dos Estados Unidos para a América Latina, no que diz respeito ao papel das forças militares, incluindo a divulgação da Doutrina de Segurança Nacional no continente e apresentamos alguns elementos da Doutrina no Brasil; na sequência, discutimos aspectos das visões sobre o "povo" no pensamento conservador, nos casos de dois outros massacres promovidos em áreas rurais: Canudos e Contestado. Por fim, discutimos a atuação das forças armadas na repressão da guerrilha em si, principalmente no que diz respeito aos camponeses.
STEDILE, João Pedro (Org). A questão Agrária no Brasil: O debate na esquerda – 1960-1980. São Paulo: Expressão Popular, 2005. pp. 217-27, 2005
Abordam-se as principais vias que levaram à formação do campesinato brasileiro propriamente dito, categoria que se encontra, atualmente, em acelerado processo de superação, devido a sua crescente submissão à produção e ao mercado capitalistas. Ou sejam: as vias nativa, cabocla, escravista, quilombola e colonial. Propõe-se que o desconhecimento de fenômenos como o caráter tardio e a fragilidade da formação da classe camponesa no Brasil têm dificultado a compreensão de aspectos determinantes da história nacional.