Um riso em cada canhão": reflexões sobre humor e sátira política em filmes de guerra cômicos (original) (raw)

O humor na representação cinematográfica da Guerra Fria -Da sutileza ao exagero

Resumo A partir da análise fílmica de duas obras que estavam inseridas na Guerra Fria, e ao mesmo tempo a representavam, o presente trabalho busca problematizar a questão do humor em tal quesito. Durante a década de 1960, com o auge da disputa ideológica entre as grandes potências mundiais (ainda mais elevada devido à Crise dos Mísseis de Cuba), existia uma grande leva de filmes que levavam a situação claramente tensa muito a sério, com roteiros e produções dramáticas acerca do momento vivido. Os diretores estudados aqui, a saber, Stanley Kubrick e Billy Wilder, fazem exatamente o oposto em seus filmes Dr. Strangelove e One, Two, Three: por meio do humor, destrincham todo esse clima pesado e riem das preocupações exageradas que surgiam com toda a paranoia do período. O que pretendemos analisar, portanto, é a forma como cada um utiliza dessa ferramenta narrativa, sendo o primeiro irônico e ácido e o segundo completamente escrachado.

Reflexo e reinvenção da realidade: quando o cinema encontra a guerra

Animus. Revista Interamericana de Comunicação Midiática, 2015

Esse artigo busca traçar considerações sobre o papel da imagem cinematográfica no mundo contemporâneo, suas implicações, influências e funções propagandísticas, elencando enquanto recorte histórico-temporal o contexto da Guerra Fria. Através das discussões com Walter Benjamin, Marcel Martin, Graeme Turner e Marc Ferro, pretendemos mostrar que o cinema não é neutro, especificamente o cinema norte-americano, que foi plenamente capaz de gerar noções de pertencimento à nação e criar o estereótipo do inimigo comum nesse período turbulento onde duas ideologias entravam em conflito.

Guerras culturais, batalhas alegóricas: entrelaçamentos do humor e do horror no cinema brasileiro contemporâneo

Revista Eco-Pós, 2021

Uma linha de humor ancorada no imaginário do horror alastrou-se recentemente no cinema contemporâneo brasileiro. Bacurau, Clube dos Canibais e Exterminadores do Além contra a Loira do Banheiro são exemplos de filmes construídos em torno de conflitos entre dois lados opostos, dois extremos que se enfrentam violenta e cruelmente. Nesses enfrentamentos, há uma junção entre a ridicularização e o ataque do campo oponente muito próxima das dinâmicas das guerras culturais. Neste artigo, investigamos o entrelaçamento entre o humor e o horror nesses três filmes e discutimos sua possível conexão alegórica com o cenário de conflitos simbólicos que marca a sociedade brasileira ao longo dos últimos anos.

palco descomedido dos anti-heróis em Auto da Compadecida: comédia, sátira e ironia

Revista Mosaicum, 2020

Este estudo analisa no texto Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, o processo de estilização, meio pelo qual o autor tece suas críticas à sociedade. Fundamenta-se nos estudos realizados por Afonso Romano de Sant´Anna sobre a estilização, a partir das ideias de Tynianov e Mikhail Bakthin, que entende o discurso como espaço de inter-relações, tendo a enunciação como ato verbal e extraverbal, produto que, enquanto processo, reitera em si as marcas de sua tessitura. Sustenta a ideia de que o texto suassuniano, recorrendo-se à sátira, à comédia e ao humor, não se prende única e exclusivamente aos autos vicentinos, visto que as especificidades do gênero encontram disseminadas no próprio fazer-literário, e que a criatividade da obra estilizada tem o dialogismo como gesto semântico e não como gesto destruidor. Conclui que a pluralidade de textos presente em Auto da Compadecida emerge de um processo de revitalização do romanceiro nordestino.

A recente história política brasileira entre a comédia e a tragédia nos filmes "Jânio a 24 Quadros" (1981, de Luís Alberto Pereira) e "Jango" (1984, de Sílvio Tendler)

Universidade Federal de Uberlândia, 2019

O presente trabalho aborda as relações entre Cinema Documentário e História do Brasil a partir da análise dos filmes Jânio a 24 Quadros (1981, direção de Luís Alberto Pereira) e Jango (1984, direção de Sílvio Tendler). Os dois documentários tratam da recente História Política Brasileira tendo como principais temas a breve experiência democrática vivenciada nos anos 1950, as trajetórias de figuras como Jânio Quadros e João Goulart, o contexto de crise política e econômica que culminou no Golpe de 1964 e os anos da Ditadura Militar no Brasil. O nosso estudo não se ocupa somente do conteúdo presente nas duas obras cinematográficas, mas também procura refletir sobre os aspectos formais/estéticos dos dois filmes. Para além de entender como Jânio a 24 Quadros e Jango se relacionam com o contexto histórico em que foram produzidos, ou seja, a questão em torno da historicidade das obras, este trabalho busca analisar como os documentários de Luís Alberto Pereira e de Sílvio Tendler interpretam os fatos e as ações dos personagens históricos que marcaram a recente História Política de nosso país. O exame das opções estéticas feitas pelos cineastas em cada um dos filmes revela que, se em Jânio a 24 Quadros a história é contada de maneira irônica e cômica, em Jango a história é contada de maneira mais séria e trágica. A presença da comédia e da tragédia nos filmes não é algo gratuito, mas um indício de quão variadas podem ser as formas de se escrever a História e de retratar os personagens históricos, dependendo do contexto de produção da narrativa e do posicionamento político-ideológico do narrador. Ao analisar como a recente História Política do Brasil e alguns de seus principais personagens aparecem na tela do cinema, este estudo procura compreender como certas versões da História podem ser contadas e difundidas socialmente. Este trabalho, portanto, pretende contribuir com toda a discussão em torno não apenas da “escrita da História” em um sentido mais amplo, mas também da “escritura fílmica da História” em particular.

Humor catártico: a abordagem cinematográfica cômica das memórias da última ditadura militar argentina, a partir do filme "Más que un hombre" (2007)

Revista Acesso Livre, 2015

Desde a queda do último regime militar que assolou a Argentina entre 1976 e 1983, o cinema tem sido posicionado, nos embates que envolvem o par lembrar & esquecer, como um inabdicável instrumento de escuta e de construção das memórias relacionadas à ditadura, afinado às demandas coletivas por justiça e reparação dos abusos empreendidos contra pessoas durante aquele regime. Em tempos recentes, acompanhamos o surgimento de uma cinematografia que promove uma ruptura com o modelo de abordagem até então vigente, na medida em que toma tais memórias como objeto de comicidade, e não mais como produtora de afetos dolorosos. Neste artigo, lançamos mão do filme Más que un hombre (2007) para, a partir de sua análise, compreender o modo como a comédia trabalha as memórias da ditadura, bem como as condições sob as quais surge, e o fazemos com o aporte de noções, acerca do humor e do riso, colhidas de Bergson e Freud.

A sátira, o riso e o absurdo em duas peças do teatro de Qorpo Santo

Revista Graphos, 2021

RESUMO: Este trabalho tem como objetivo investigar de que maneira a sátira, o riso e o absurdo destacam-se na obra do escritor Qorpo Santo (1829-1883) que até os dias atuais permanece esquecido da crítica literária nacional, tendo algum destaque nos anos 1970 com a tônica do Teatro do absurdo, mas caindo no esquecimento nas próximas décadas. As peças analisadas nesse trabalho serão O marinheiro escritor e Um credor na fazenda nacional que apesar de serem peças distintas entre si trazem uma mesma potência de estranheza, riso e acidez em seus elementos estéticos e conteudísticos. Além disso analisaremos quais as consequências o autor traz para o texto ao usar da sátira, do riso e do absurdo enquanto crítica a moralidade da época. Como base teórica para a sátira e o riso partimos dos escritos de Vladimir Propp (1992), quanto ao absurdo nos voltamos ao início do termo com Albert Camus (1970) e demais autores que nos ajudem a perceber tais nuances nas peças em destaque. Palavras-chave:...

Mais humor, menos política: uma certa tendência no drama contemporâneo brasileiro

A partir do estudo de adaptações teatrais e televisivas realizadas nos últimos anos, o artigo procura investigar uma tendência existente no drama contemporâneo brasileiro: a atualização de obras escritas por autores oriundos do Teatro de Arena, voltadas originalmente para a centralidade da crítica ideológica, a partir do esvaziamento da contestação política e da ampliação do humor por meio da comédia de costumes. Com o intuito de defender essa hipótese de leitura, vista como um dos modos possíveis de apropriação das heranças do engajamento artístico no tempo presente, o texto concentra-se na análise de uma remontagem da peça Eles não usam black-tie, dirigida por Dan Rosseto em 2011, e na nova versão do programa A grande família, produzida pela rede Globo entre 2001 e 2014. Trata-se, sobretudo, de verificar uma linha conversadora de recuperação das obras outrora realizadas por Gianfrancesco Guarnieri e Oduvaldo Vianna Filho.

Cabrião: humor e paródia política

Comunicação & Educação, 2001

Sernanlírio satirizava os costumes, a política e o clero. na São Paulo do final do século XIX irracento, amolador, impertinenteassim era Cabrion, um personagem dos Mistérios de P Paris, de Eugène Sueuma história típica do gênero conhecido como folhetim. assim designado inicialmente porque não ocupava a página inteira dos jornais. Precedendo certo sensacionalismo que só viria mais tarde, com a reportagem policial, o folhetim começou a aparecer nos público mais amplo e variado.