Por uma política da vadiação: a capoeira “fazendo” cidades em Fortaleza (original) (raw)

Capoeira, Cidade e Cultura: notas etnográficas sobre ocupações criativas em Fortaleza-CE

O Público e o Privado · nº 29 · jan/jun · 2017 55, 2017

O presente artigo tem por objetivo refletir acerca dos modos criativos de ocupação urbana a partir, especificamente, da ação de dois coletivos de capoeira na cidade de Fortaleza-CE, a saber: Kaiango Capoeira e Centro Cultural Capoeira Água de Beber (CECAB). Busca-se, assim, compreender como a presença corporal, a valência musical e a dimensão performativa da capoeira apresentam-se como possibilidades de efetivação daquilo que M. Agier (2015) chamou de “fazer-cidade”, um esforço concreto de dotação de sentido para a expressão “direito à cidade”, de Lefebvre (2001). Em termos metodológicos, as reflexões localizadas neste texto são produtos de experiências etnográficas, desenvolvidas ao longo dos últimos anos, entre os sujeitos que compõem os citados coletivos, atuantes tanto na região central quanto na periferia da capital cearense.

“PARA ALÉM DAS PERNADAS”: capoeira como produção política das margens

2023

TERRITORIALIDADES NÔMADES EM RESISTÊNCIAS À PRECARIZAÇÃO DA VIDA: tecendo o cuidado em saúde mental e coletiva Coleção Transversalidade e criação: ética, estética e política Volume 18 Editora CRV-Proibida a impressão e/ou comercialização Copyright © da Editora CRV Ltda. Editor-chefe: Railson Moura Diagramação e Capa: Designers da Editora CRV Revisão: Os Autores DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) CATALOGAÇÃO NA FONTE Editora CRV-Proibida a impressão e/ou comercialização Este livro passou por avaliação e aprovação às cegas de dois ou mais pareceristas ad hoc.

Violência, cidadania e medo: vivências urbanas em Fortaleza

2008

MATOS JUNIOR , Clodomir Cordeiro de. Violencia, cidadania e medo: vivencias urbanas em Fortaleza. 2008. 137 f. Dissertacao (Mestrado em Sociologia) – Universidade Federal do Ceara, Departamento de Ciencias Sociais, Programa de Pos-Graduacao em Sociologia, Fortaleza-CE, 2008

Políticas e performances: Um estudo de caso sobre o processo de patrimonialização da capoeira do Ceará

ACENO, v. 4 n. 7, p. 65-82, 2017

Este artigo constitui um estudo de caso sobre o processo de patrimonialização da capoeira no estado do Ceará, iniciado pelo IPHAN local e, tem como foco, o registro e salvaguarda da capoeira cearense como patrimônio cultural imaterial. O estudo centra-se no objetivo de analisar o processo, na ótica das relações entre os seus intervenientes, tais como: o estado, representado pelo IPHAN e as secretarias de cultura locais, bem como, entre os capoeiristas e suas formas de organização, os pesquisadores, políticos e técnicos. Esta pesquisa tem como pressuposto, a inserção do pesquisador como observador participante que, a mais de um ano, acompanha o processo.

Lagoas Costeiras Na Cultura Urbana Da Cidade De Fortaleza, Ceará

Revista da Anpege, 2005

Incontáveis eram as lagoas costeiras perenes e intermitentes que pontilhavam o espaço urbano da cidade de Fortaleza em um passado histórico de não mais de trinta anos. Dessas lagoas, derivavam com freqüência inúmeros córregos e riachos de porte diverso. A pesca, a agricultura de vazante, o consumo doméstico de água para fi ns de alimentação, higiene e recreação faziam dessas áreas recursos valiosos para a subsistência e para o cotidiano urbano da população local (GIRÃO, 1959). Nos idos dos séculos XIX, a preocupação dos moradores com a qualidade e manutenção dos seus mananciais estava estampada nas regulamentações do primeiro Código de Postura de Fortaleza, aprovado pela Câmara dos Vereadores em 1935. Eis algumas delas (CAMPOS, 1988:48): Art. 49-Prohibe-se absolutamente as tinguijadas em lagoas e possos de rios por serem inteiramente nocivas ao público, não só por matar a semente do peixe, como por infeccionar as agoas; pelo que todo aquele que usar a tinguijadas será condemnado em vinte mil reais.... Art. 50-Prohibe-se absolutamente o pescar-se de rede, tarrafa, do mês de agosto em diante, até princípio do inverno, nas ipoeiras, alagoas, ou possos de rios dágua docem que não secão de hum anno para outro no temo desta cidade; e o que o contrario fi zer será condemnado em trinta mil reais... Art. 72-Toda pessoa livre, ou escrava, que lançar lixo ou outra qualquer immundície nos lagos, rios, ruas, travessas ou beccos desta cidade, será multado em mil reais ou vinte e quatro horas de prisão... Resumo Incontáveis lagoas costeiras pontilhavam Fortaleza em um passado histórico recente. A indústria da construção civil e a especulação imobiliária eliminaram parcela signifi cativa desses recursos hídricos. Associada ao surgimento de uma cultura ambiental mundial, houve alteração na cultura urbana local, que agora valoriza os espaços naturais. Ainda assim, as lagoas continuam sob risco, em função da poluição de suas águas por esgotos-tal é o caso da Lagoa do Papicu, parque ecológico estadual que está desaparecendo do cenário urbano em função da eutrofi zação de suas águas.

As “cidades” de Salvador

Como anda Salvador e sua região metropolitana

Available from SciELO Books http://books.scielo.org. All the contents of this chapter, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution-Non Commercial-ShareAlike 3.0 Unported. Todo o conteúdo deste capítulo, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença Creative Commons Atribuição-Uso Não Comercial-Partilha nos Mesmos Termos 3.0 Não adaptada. Todo el contenido de este capítulo, excepto donde se indique lo contrario, está bajo licencia de la licencia Creative Commons Reconocimento-NoComercial-CompartirIgual 3.0 Unported.

A gafieira como instituição urbana

53, 2021

Baile de Gafieira: uma instituição urbana nos quadros da memória carioca, resultado de uma longa pesquisa do antropólogo Felipe Berocan Veiga, analisa detidamente o universo das gafieiras e dancings tomando como ponto de partida a etnografia da Gafieira Estudantina em seus últimos anos de funcionamento no centro histórico do Rio de Janeiro. Como uma instituição urbana e moderna por excelência, a gafieira possibilita que os corpos se aproximem num espaço público limitado, mobilizando dispositivos de autocontrole e regulação física da distância social, marcas da vida citadina. Com seus estatutos, valores e significados simbólicos, essa instituição “encarnada em personalidades fundamentais” inscreve a Praça Tiradentes como referência da dança no imaginário urbano carioca. O livro aborda um tema inédito sob a perspectiva antropológica, reconstituindo a memória social desses espaços voltados para a dança não só como um tipo de divertimento popular, mas como um rito urbano, que cria comportamentos e sociabilidades, estabelece costumes e dá vida a um modo de ser próprio da civilidade.

A capoeira em Duque de Caxias: memória e patrimônio como política no território

Anais do XVII Encontro Nacional de História Oral : Trajetórias, Movimentos e Perspectivas, 2024

A comunicação visa apresentar resultados da pesquisa em andamento realizada pelos autores no município de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, acerca da memória da capoeira. A trajetória da capoeira no município possui suas especificidades, resultado de vertentes e linhagens em diálogo com variações e tensões próprias do campo, estabelecendo marcos e referências na região. A capoeira tem um passado, não muito distante, de discrimináção, proibições e desencorajamento por parte de diferentes administrações, mas também de lutas e resistências por parte do conjunto de capoeiristas e intelectuais simpatizantes que a entenderam como uma prática que reflete a memória da experiência da diáspora de povos africanos escravizados nas Américas. A prática, embora guarde diferentes estilos e uma multiplicidade de visões, possui certa identidade que a conforma como de resistência ao processo de escravização e atualmente de ressignificação desse passado como um ativo dos descendentes dos africanos, no Brasil. A capoeira atualmente passa por um processo de valorização em políticas públicas nacionais e locais, especialmente no ciclo político pós-2003, sendo celebrada como um patrimônio cultural pelo município de Duque de Caxias e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. A pesquisa que por ora apresentamos buscou recompor o passado e o presente da capoeira através da oralidade de alguns de seus mestres, zeladores e guardiões, buscando perceber referências à memória da prática no território. Acreditamos que as recentes ações por parte do Estado vêm tanto do processo de patrimonialização e políticas de reconhecimento, quanto pela organização dos capoeiristas em diferentes sentidos, mas especialmente na valorização de suas memórias. O processo de escuta dos mestres na pesquisa vem da parceria, estabelecida entre instituições de memória e educacionais locais, que se debruçou no que estamos chamando de lugares de memória da capoeira no município de Duque de Caxias. Para a escuta, um conjunto de três mestres foi selecionado e foi aplicada a metodologia de entrevistas abertas, gravadas, durante "caminhadas" onde os mestres falavam de sua trajetória e demarcavam no território os lugares que entendiam como referências para se entender o percurso histórico da prática no município. Alguns conceitos são centrais para nossa pesquisa e nos ajudam a interpretar os resultados: memória coletiva e cultural, território e lugares de memória.

Políticas para a capoeira: patrimônio cultural como reconhecimento e acesso à cidadania

Cadernos NAUI. Dossiê Patrimônio imaterial no Brasil: trajetórias, participação social e políticas de reconhecimento, 2020

O artigo apresenta uma reflexão acerca das políticas culturais para a capoeira, considerando adesões e tensões existentes na relação entre o Estado e os capoeiristas. A análise busca uma interpretação do processo de registro da capoeira como patrimônio cultural imaterial do Brasil e o processo de salvaguarda, associando ao panorama mais geral de ampliação das políticas culturais, do alargamento da concepção de patrimônio cultural e os usos da ideia de cidadania cultural para refletir sobre possibilidades de reconhecimento e participação nas políticas de memória.