Para além da homossociabilidade (original) (raw)

Ainda sobre a conversibilidade

Brazilian Journal of Political Economy

RESUMO O documento introduz uma taxonomia 2x2 dos regimes cambiais em termos de restrições de conversibilidade (sim ou não) e a forma de determinação de preços (taxas de câmbio flutuantes versus administradas). Argumenta-se que a conversibilidade é um sinal importante para os agentes privados. A conversibilidade livre na presença de taxas de câmbio fixas reforça a credibilidade da peg; A presença de restrições à conversibilidade frente às taxas de câmbio flutuantes revela falta de confiança do Banco Central na estabilidade do padrão monetário. O primeiro foi o caso da Argentina antes do fim do plano de Cavallo; o último é o caso do Brasil hoje. A consolidação da estabilidade monetária nas circunstâncias atuais exige um esforço fiscal sustentado; entretanto, um processo pré-anunciado de elevação gradual das restrições à conversibilidade pode, de alguma maneira, aliviar esse esforço, tornando-o politicamente viável.

Para além da cognição

Revista Linguagem em Foco

Este artigo dá prosseguimento a trabalhos anteriores (ANDERSEN, 2018) que problematizam um tema pouco explorado nas pesquisas sobre o ensino da leitura, que é o papel dos aspectos emotivo-afetivos na compreensão leitora. Este trabalho, especificamente, visa a colaborar com a discussão atual sobre o documento normativo que define as aprendizagens essenciais na educação, a Base Nacional Comum Curricular (2018). A partir de evidências de pesquisas recentes sobre práticas de ensino que associam variáveis de natureza emotivo-afetiva à compreensão da leitura, demonstra como essas variáveis são centrais na formação de leitores e, portanto, necessitam de tratamento didático. Por meio de uma abordagem qualitativa, norteada por princípios da Análise de Conteúdo, conforme Bardin (2007), analisa o Eixo Leitura do Ensino Fundamental, investigando se e como variáveis relacionadas especificamente ao interesse e à motivação para a leitura circunscrevem-se nas orientações relativas a esse Eixo. Na c...

Para além do assujeitamento

Teoria e Cultura

Neste artigo, reflito acerca dos agenciamentos não-monogâmicos através da história de Viviane, ativista da Rede de Relações Livres (RLi) de Porto Alegre. Viviane é uma das minhas principais interlocutoras de pesquisa e se define como puta, tendo a vida marcada por episódios intensos de paixão, tesão e sexo. Sua trajetória não-monogâmica tem início na adolescência e conforma momentos distintos de sua vida, como a “pegação” e a “putaria”, a militância nas relações livres e a experiência da maternidade. A partir do olhar cartográfico na antropologia, percorro trilhas em busca de seus agenciamentos, com o objetivo de ir além de perspectivas teóricas que identificam apenas assujeitamento nas experiências do gênero e da sexualidade. Defendo a ideia de que Viviane teve agenciamentos que consolidaram uma trajetória afetiva e sexual orgulhosamente impositiva, na qual manteve a condução de sua vida, apesar das adversidades, convivendo com as dores e as delícias de ser uma mulher puta.

Mais além do desenvolvimentismo

Liberais (neo e de longa data) costumam caracterizar as idéias que animaram os anos do desenvolvimentismo pós-Segunda Guerra, como " muito antigas ". O livro Estados e moedas no desenvolvimento das nações fornece todo um conjunto de argumentos teóricos e descrições históricas que confirmam esse ponto de vista. Não se deve esquecer, e o livro aponta isso com clareza, que as próprias idéias liberais também não são tão novas assim, datando do século passado: seja na sua forma primeira, através das recomendações de políticas específicas por autores clássicos, seja na sua forma " canônica " , que deriva diretamente da teoria marginalista, a partir de 1870. Na verdade o " muito " das " idéias antigas " é de certa forma tomado ao pé da letra pelo livro. Já no seu ensaio introdutório, José Luís Fiori retrocede a um distante tempo histórico/teórico, buscando no confronto das idéias dos mercantilistas com seus críticos as raízes da expulsão dos Estados (e de seus sistemas interestatais) do papel de elemento crítico para a compreensão dos processos de desenvolvimento desigual das diferentes nações. Essa perspectiva de análise é, aliás, resumida por Arrighi na apresentação do livro, como uma " visão braudeliana, nada convencional, da existência de uma relação ligando a criação e a reprodução ampliada do capitalismo histórico, como sistema mundial, aos processos de formação de mercados de outro... (de forma que todas) as expansões e reestruturações da economia capitalista mundial ocorrem sempre sob a liderança de determinadas comunidades e blocos de agentes governamentais e empresariais ". 2 Nesse sentido o título Estados e moedas no desenvolvimento das nações é quase um resumo do que o leitor vai encontrar nas cerca de 500 páginas que o esperam. Mas atenção, o sentido das palavras do título é bastante específico e reflete a abordagem radicalmente antiortodoxa dos ensaios ali reunidos. A forma plural como " moeda " aparece no título não é gratuita, e revela uma visão que interpreta os diversos arranjos monetários histórico-internacionais como reflexo das relações de poder entre os principais Estados do núcleo capitalista, bem como a forma como esses arranjos condicionam as perspectivas de desenvolvimento das diversas nações. Nada mais longe, pois, de abordagens monetaristas, explícitas ou não, que costumam estudar os fenômenos monetários segundo uma perspectiva neutra e cuja administração e suposto controle nacionais refletiriam o grau de " responsabilidade " dos diferentes governos. O Estado e, conseqüentemente, as instituições de uma forma geral, são tratados também de uma forma inteiramente diversa da tendência recente com que a teoria marginalista tem incorporado tais questões, ou seja, instituições que nascem das insuficiências do funcionamento do mercado marginalista – construção abstrata baseada no exercício de maximização de um grande número de agentes racionais. Essa " descoberta " recente é comumente resumida no bordão, repetido ad nauseum, institutions mater. A abordagem aqui adotada parte de um paradigma totalmente diverso, rejeitando-se a extensão do individualismo metodológico à análise institucional e sendo os Estados e suas instituições resultado de condições históricas e políticas que, ao contrário do proposto pela abordagem marginalista, precedem a formação dos mercados. (1) O autor agradece o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ). (2) Cf. Arrighi (1996: 9-10).

Para além do SINAES

VI reunião da Associação Brasileira de Avaliação Educacional, 2011

Da maneira em que está constituído, com avaliações em loco e as provas periódicas do ENADE, o sistema de avaliação federal é hoje um sistema gigantesco, que faz uso de milhares de avaliadores, e que tende a se tornar cada vez mais caro e complexo na medida em que o sistema de ensino superior se amplie. Existem serias dúvidas quanto à qualidade e confiabilidade das avaliações feitas pelos avaliadores, que nem sempre tem as qualificações adequadas para um sistema efetivo de peer review. É necessário pensar em retirar a avaliação do Ministério e coloca-_‐la em uma ou mais agencias independentes constituídas com legitimidade. Para um país como o Brasil, com a pluralidade de cursos e instituições que existem, poderia haver espaço para a criação de diversas agencias de avaliação, de tipo regional e temática, e que possam inclusive competir entre si por reconhecimento e pela adesão das instituições e cursos a seus procedimentos.

Muito além do inimitável

2017

Nosso trabalho se propoe a repensar os procedimentos de imitacao, apropriacao e plagio dos quais a obra de Leonardo Gandolfi lanca mao, em especial em A morte de Tony Bennett (2010), a partir do cenario de circulacao e consumo musica popular, em especial a partir da figura-chave do cantor Roberto Carlos. Atraves de uma serie de interpretes e imitadores o que a poesia de Gandolfi parece propor e uma priorizacao, sobre qualquer estatuto originario de uma obra, de seus usos, sua circulacao e sua capacidade de estabelecer vinculos afetivos. Abstract : The main goal of this research is to reconsider the procedures of appropriation and collage from the poetry of Leonardo Gandolfi, especially in his A morte de Tony Bennett (2015), in face of a paradigm of the popular music, particularly through the center image of the Brazilian singer, Roberto Carlos. The poetry of Leonardo Gandolfi concepts a network of interpreters and impersonators to bring forward, and against any original priority, th...

Para além do bestializado

Revista Hydra: Revista Discente de História da UNIFESP

O povo, na visão dos liberais exaltados e dos republicanos, configurava a parcela da população livre, trabalhadora, excluída do processo político do governo. Assim a República foi tida como o regime de governo que abarcava perfeitamente as aspirações e desejos desse povo, que viria a ser seu soberano. Entretanto, a história brasileira comumente analisa o período de propaganda republicana e, posteriormente, a Proclamação, como distantes do povo, este apático e indiferente aos destinos do país. Neste artigo analisaremos a construção historiográfica acerca desta suposta indiferença e como outras linhas de interpretação podem nos dar visões completamente diversas acerca do povo perante a República.