Quatro feministas que defenderam os direitos das mulheres no Uruguai e Brasil (original) (raw)

MOVIDAS PELO AFETO:TRÊS MULHERES NA RESISTÊNCIA À DITADURA NO BRASIL, PARAGUAI E BOLÍVIA (1954-1989

Neste artigo são discutidas as relações de afeto e o comprometimento político nos movimentos que lutaram pelos Direitos Humanos durante as ditaduras civil-militares no Brasil, na Bolívia e no Paraguai, focando o olhar em três mulheres que ocuparam um lugar de reconhecimento na resistência à ditadura. São elas: Therezinha Godoy Zerbini, líder do Movimento Feminino pela Anistia, no Brasil; Carmen Casco Miranda de Lara Castro fundadora da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos do Paraguai e, Loyola Guzmán Lara, organizadora da Associação de Detidos, Desaparecidos e Mártires de presas/os e desaparecidas/os na Bolívia. Portanto, o objetivo deste trabalho é propor uma análise comparativa entre a ação política dessas três mulheres, em três países diversos, para entender como agiam em um momento em que a ditadura paralisava muitas pessoas. Palavras-chave: Gênero. Direitos Humanos. Ditaduras Militares. Introdução O afeto é um estado da alma e, de acordo com Spinoza, pode aumentar nossa vontade de agir. Certamente o afeto foi um importante componente na busca por justiça de muitas mulheres e homens que, durante as ditaduras do Cone Sul, colocaram suas vidas em risco para denunciar as violações aos Direitos Humanos, as torturas e desaparecimentos de seus filhos e filhas, companheiros e amigos. O presente artigo visa apresentar três mulheres que se tornaram defensoras dos Direitos Humanos em seus países no Cone Sul, mais precisamente no Paraguai,

FEMINISMO DE ESTADO E REPRESENTAÇÃO POLÍTICA DAS MULHERES: ARGENTINA, BRASIL E CHILE

Esta proposta de comunicação oral tem como objetivo apresentar uma investigação pós-doutoral em desenvolvida no âmbito do projeto 50 Anos de Feminismo (1965-2015): Novos Paradigmas, Desafios Futuros-Argentina, Brasil e Chile, uma iniciativa coletiva coordenada pelas professoras Eva Blay e Lucia Avelar. O objetivo da pesquisa é avaliar em que medida as demandas dos movimentos feministas são traduzidas em ações na política institucional, mais especificamente, em legislação federal ou nacional na Argentina, no Brasil e no Chile, referente à representação política das mulheres. O ponto de partida é um problema geral já bem diagnosticado e tratado pela pelos estudos de gênero no país e pela literatura internacional especializada: a política institucional é tradicionalmente atribuída a uma arena predominantemente masculina, pressuposto que alimenta a marginalização feminina e se reflete no baixo índice de participação das mulheres nesses espaços. Dentro daquele objetivo maior, buscar-se-á compreender se a existência de "instâncias mediadoras em temas de gênero" (agências de políticas para as mulheres, conselhos da mulher, entre diversos outros nomes) faz diferença no processo, atuando como filtro catalisador. É adotado o modelo de Feminismo Estatal, desenvolvido a partir de teorias de representação política, de políticas públicas, do neoinstitucionalismo histórico e dos movimentos sociais, além de amplamente inspirado pelo modelo desenvolvido pelo Research Network on Gender Politics and the State, iniciativa europeia iniciada em 1995. O objetivo é comparar os processos de transformação das relações de gênero no Brasil, na Argentina e no Chile, países cuja Presidência da República é ocupada por mulheres no atual momento. A ascensão de mulheres ao cargo executivo mais importante em regimes presidencialistas pode ser apontada como sintoma de uma ampla gama de processos históricos e políticos nos três países.

A quarta onda feminista no Brasil

Revista Estudos Feministas

Resumo: A pesquisa aborda a quarta onda feminista no Brasil por meio de algumas estratégias. Primeiro foram destacadas suas características conforme autoras que dissertam sobre o tema. Posteriormente analisamos algumas dessas características (a presença no meio digital, a defesa de mais de uma pauta e a forma como estão se organizando) com base em dados coletados em todas as páginas de organizações feministas (114) cadastradas em uma rede social digital (Facebook). Com base nos resultados argumentamos que os feminismos contemporâneos fazem parte de uma quarta onda caracterizada no trabalho pela mobilização via meios de comunicação digitais, adoção da interseccionalidade e organização em forma de coletivos. Além de apontar traços dos feminismos contemporâneos, o texto problematiza a novidade e a homogeneidade por vezes associadas à quarta onda e às suas características.

Vidas que se cruzam: as trajetórias das feministas sufragistas uruguaias e brasileiras através dos discursos

2014

O trabalho trata-se de uma analise dos discursos das duas sufragistas mais importantes no Uruguai e no Brasil (Paulina Luisi e Bertha Lutz) a partir da metodologia de historia cruzada e desde uma perspectiva de historia de genero. Paulina e Bertha foram mulheres graduadas (uma medica e a outra biologa), filhas de imigrantes, que dedicaram suas vidas na luta pelos direitos das mulheres. Desenvolveram estrategias de persuasao e retorica para atrair os setores mais conservadores a causa feminista. Nosso objetivo central serao esses discursos e os entrecruzamentos de alguns assuntos que cada uma defendeu.

Movimentos feministas e direitos politicos das mulheres : Argentina e Brasil

2012

This dissertation presents research on the linkages between feminist activism and production of gender legislation on "power and politics". It aims to comparatively evaluate to what extent feminist demands have been translated into legislation favorable to women in Argentina and Brazil in the last two decades. Our study is a replication of a model developed in Europe (Research Network on Gender Politics and the State) started in 1995. Considering our singularities in South America, we added to the original group"s effort procedures to answer the following question: to what extent feminists articulated to women"s policy agencies can turn their demands into legislation?

Bancada Feminina e o Aborto: Os Pronunciamentos das Mulheres na Câmara dos Deputados do Brasil e do Uruguai

Dados

RESUMO O objetivo deste artigo é analisar a posição e os argumentos mobilizados pelas parlamentares mulheres para se pronunciarem sobre o aborto. Para realizar esta pesquisa foi utilizada como metodologia de trabalho a análise dos pronunciamentos das deputadas, proferidos na Câmara dos Deputados do Brasil e do Uruguai, entre 1985-2016. A proposta é apresentar um panorama geral dos resultados, explorando os dados em sua formação integral, proporcional e distribuição na série histórica, com a realização de inferências sobre as evidências expostas. Duas perguntas de partida orientam a redação: 1) É possível identificar um padrão que permita relacionar a posição das parlamentares com ampliações no acesso ao direito ao aborto? A segunda consiste na verificação de um fenômeno em ascensão, com distintos graus, nos países da América Latina: 2) Qual a atuação das representantes políticas alinhadas às igrejas cristãs, evangélica ou católica, e seu efeito na discussão em plenário sobre o aborto?

Três mulheres que falavam de três locais, mas com uma conjuntura: experiências de gênero e militância política no Brasil do século XX.

XIV Encontro Estadual de História: Democracia, Liberdade, Utopias (ANPUH - RS), 2018

Três mulheres, cada uma com suas experiências, origem e classe, mas que tinham em comum sua condição de gênero. Lélia Abramo entrou em grupos trotskistas em 1933 por meio de seus irmãos. Luíza Erundina começou a dialogar com as ligas camponesas nos meios acadêmicos e religiosos nos anos 1960. Por último, Irma Passoni adentrou na vida religiosa em 1965 durante o crescimento dos debates da Teologia da Libertação, o que tornou possível sua atuação com grupos de moradores da Zona Sul de São Paulo. Vivendo em outra geração, as duas últimas mulheres se inseriram nos espaços de militância sem a necessidade de uma figura masculina, o que não excluía a presença de tensões. Partindo desses dados, refletiremos sobre a participação e a inserção de mulheres em movimentos sociais e políticos de esquerda brasileiros no século XX. Palavras-chave: Gênero, Militância, Trajetórias de vida, Geração, Classe Introdução Ao estudarmos a militância e a trajetória de três mulheres militantes, algumas questões devem ser pontuadas logo de início. Primeiramente, sua origem. Lélia Abramo nasceu em São Paulo em 1911, sua família provinha da Itália e possuía parentes com 1 Este texto é uma versão resumida de uma das seções (Eu, nós e elas: Memórias e identidades na gênese das militâncias) do segundo capítulo de minha tese de doutorado, ainda em construção, sob orientação do professor doutor Benito Bisso Schmidt, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A pesquisa começou no ano de 2017 e estuda a trajetória das três mulheres aqui citadas. Bolsista CAPES.

Aborto no contexto do movimento feminista: comparando Brasil e Uruguai

2020

Resumo: O presente artigo pretende realizar um estudo comparativo sobre o aborto no Brasil e no Uruguai, a partir da perspectiva do movimento feminista, sendo este entendido como um movimento social. Nesse sentido, a escolha dos países destacados para o estudo proposto guarda relação com a ideia de comparar a atuação do movimento feminista em ambos, para avaliar a consequência de tal atuação na posição que cada país adota quanto à permissividade legal e social do aborto. Os países eleitos para a comparação feita acabam se aproximando sob o ponto de vista das disputas territoriais que envolveram seus respectivos colonizadores, o que viabiliza a pesquisa, pois embora o estudo comparativo se baseie, sobretudo, no estudo das diversidades, não se comparam duas situações absolutamente diferentes, nem inteiramente idênticas. A hipótese testada é a seguinte: o modo como o Brasil e o Uruguai encaram o aborto tem uma ligação direta com a diferença na atuação dos movimentos feministas dos dois países. O método eleito para a construção do artigo foi a pesquisa bibliográfica, uma vez que, a divisão do texto acaba dialogando com esse método, a partir do objetivo geral de compreender a evolução do que já foi publicado a respeito da permissividade do aborto, no contexto da atuação do movimento feminista no Brasil e no Uruguai. Nas considerações finais é retomada a proposta introdutória do artigo, chegando-se à conclusão de que a hipótese levantada é parcialmente verdadeira, tendo em vista que a dinâmica dos movimentos sociais normalmente atua com a resistência de contramovimentos, e, no caso específico dos países cotejados, a formação histórica deles e o grau de secularização de cada um influenciou fortemente no atendimento ou não da demanda feminista pela permissividade do aborto. Com isto, não necessariamente a diferença quanto à atuação do movimento feminista nos dois países é o que caracteriza o entendimento diametralmente oposto que eles adotam com relação à permissividade do aborto.