As Rochas Como Elementos Edificantes e Decorativos Na Igreja Do Caraça, Quadrilátero Ferrífero, Minas Gerais (original) (raw)

Segunda "pedra de traçaria" do Convento de São Francisco de Santarém

E m artigo recente chamámos a atenção para a descoberta de uma "pedra de traçaria" no Convento de São Francisco de Santarém, tendo contextualizado o achado e proposto, então, a sua interpretação 1 . Insistimos na importância de testemunhos deste tipo, não só porque são (ou parecem ser) muito escassos em Portugal, mas também pelo que eles nos revelam das práticas dos mestres pedreiros e dos respectivos oficiais na construção dos edifícios do período em que foi adoptado o chamado estilo gótico 2 . Efectivamente, a existência destes traçados, gravados em pedra ou em reboco, aproximam-nos das metodologias empregues no planeamento e execução de peças de construção. Uma proximidade que não é apenas física -e que ultrapassa os dados descritivos das fontes documentais -mas também conceptualuma vez que tais testemunhos se reportam a gestos e a actos que tendem para a sua inserção num sistema lógico e de gestão mais global. As traçarias surgem assim como um decisivo aprovisionamento de dados para os estudiosos da arquitectura antiga. E ajudam ao gradual e -quanto a nós -sempre saudável desprendimento da pesquisa dos caminhos estritos da análise formal, comparativa e estilística, procedimento consabidamente importante mas, até certo ponto, imaterial nos seus pressupostos. Nas traçarias pressente-se a presença efectiva do tracista, do pedreiro e do carpinteiro. Pressente-se, ainda, a presença do mestre ou do oficial que, partindo da referência riscada na pedra chegou à execução objectiva do material de construção, do material de talhe, ou do elemento decorativo, num processo tradicional, que vai do global ao particular, e do particular ao global, um e outro inscrevendo-se na mesma atitude projectual. Sabemos hoje que para além da pedra de traçaria de São Francisco de Santarém (na qual surgem representados dois arcos apontados em escala reduzida, um de "cinco centros" e outro de "três centros", com ornamentação polilobada e assentes na respectiva régua matriz), existem outros exemplos de traçaria no Mosteiro dos Jerónimos (na parede norte da nave, junto ao transepto) 3 , no Mosteiro de Santa Clara-a--Velha, em Coimbra (na parede exterior norte, tratando-se, até ao momento, do mais extenso e importante conjunto do género identificado entre nós) 4 , no Mosteiro da Batalha (traçaria incisa e esgrafitada) 5 e noutro conjunto (claustro D. Afonso VI no Mosteiro de Alcobaça, mais tardio 6 ), deixando pressupor a existência de muitos mais, à medida que as prospecções se alarguem.

Caracterização De Rocha Granítica Para Ser Utilizada Como Lastro Na Estrada De Ferro Carajás

2018

O lastro ferroviario deve ser constituido por materiais pesados e duraveis, dotados de graos angulares, nao contaminados e livres de po. Em funcao da disponibilidade e de consideracoes economicas, uma gama extensiva de materiais tem sido empregada como lastro, tais como granitos, basaltos, rochas calcarias, escorias e outras litologias. Uma das principais funcoes do lastro e a de manter a posicao da via resistindo as forcas verticais, laterais e longitudinais aplicadas aos dormentes. O lastro tambem prove resiliencia e absorcao de energia pela via que, em troca, reduz as tensoes nos materiais subjacentes para niveis aceitaveis. Sao requeridas para o lastro faixas granulometricas que permitam uma resposta mecânica proporcional a carga por eixo e que facilitem a drenagem da via. O presente trabalho tem como objetivo avaliar e caracterizar as propriedades fisicas e mecânicas de um agregado petreo proveniente de uma rocha granitica localizada na regiao norte do Brasil para ser utilizada...

Valoração Econômica Do Santuário Do Caraça Em Minas Gerais / Brasil

Ciência e Natura, 2016

Este trabalho tem como objetivo estimar o valor econômico do Santuário do Caraça/MG, através do Método Custo Viagem, que tem por escopo captar o valor recreacional de um ativo natural, colaborando assim para a compreensão do valor econômico efetivo de um sítio natural. Este método analisa os gastos feitos pelos visitantes, encontrando o excedente do consumidor, para auferir o seu valor econômico. A utilização de métodos de valoração econômica demonstra-se uma ferramenta de fundamental importância para a preservação/conservação dos bens e serviços gerados pelos ecossistemas. Fez-se uma pesquisa amostral de campo, através de coleta de dados realizada por meio de questionários específicos, com que foi possível chegar ao valor econômico total, referente ao valor recreacional, que gira em torno de R$137.434.781,00/ano e possui uma restrição orçamentária individual no valor de R$2.243,65. Este valor confirma a importância econômica do Santuário do Caraça para a região e a necessidade de sua preservação.

Levantamento Fotogramétrico De Edificações: Principais Limitações Encontradas Na Modelagem Geométrica Da Igreja Do Monte, Em Cachoeira – Ba

Este trabalho visa discutir as principais limitações encontradas na modelagem geométrica, através do método da Fotogrametria Digital Terrestre, da Igreja do Monte em Cachoeira-BA. A Fotogrametria, aplicada ao levantamento arquitetônico, é uma das técnicas mais requisitadas para a documentação do patrimônio devido a sua precisão, praticidade, rapidez, baixo custo e acessibilidade de recursos no mercado. Entretanto, como em outras técnicas, são encontradas limitações, obstáculos e dificuldades em todas as etapas do processo, desde a aquisição de dados em campo até o processamento em laboratório, prejudicando a qualidade e a precisão dos resultados. O software empregado foi o PhotoModeler, versão 6, para a construção de modelos tridimensionais e bidimensionais da Igreja.

Estudo das morfologias de alteração presentes nas rochas da fachada da Igreja da Candelária

2016

A Igreja da Candelária é um importante monumento o Brasil, pois possui grande valor cultural. Construída no período colonial, já foi cenário de importantes acontecimentos históricos do país. O presente trabalho tem como objetivo avaliar a degradação das rochas da fachada principal da igreja, a qual é revestida de leptinito, rocha ornamental muito comum na região e extensamente utilizada nos monumentos do centro da cidade do Rio de Janeiro. Neste trabalho gerou-se um mapa de danos, determinou-se a composição química, a dureza e a velocidades ultrassônicas. Verificou-se que a fachada é composta em sua maioria de leptinito com cerca de 80% de sílica, 18 % de alumínio e 2 % de ferro. Há valores de dureza extremamente baixos, em torno de 300 HLD, bem inferior ao valor da literatura para uma rocha sã (~600 HLD), além de apresentar graves problemas de desplacamentos, trincas e perdas de massa, causados pela ação do ataque salino e da poluição de enxofre emanada dos veículos. Além disso, é importante se ressaltar que as movimentações de veículos e as obras de expansão no local vem acelerando o processo de degradação das rochas.

Rochas Ornamentais: Terminologia e Critérios de Prospecção

As metodologias e técnicas de prospecção geológica têm evoluído ao longo dos tempos acompanhando a evolução do conhecimento técnico-científico, em particular nas áreas respeitantes aos recursos minerais metálicos e hidrocarbonetos. São as mais valias inerentes à descoberta deste tipo de jazigos que justificam os avultados investimentos na prospecção, despoletando, concomitantemente, o desenvolvimento e evolução dessas metodologias que hoje se mostram indispensáveis e altamente sofisticadas, fazendo uso de técnicas geológicas, geofísicas e geoquímicas.

Levantamento Florístico e Parâmetros Fitossociológicos Da Restinga Na Localidade De Morro Dos Conventos, Araranguá-SC

2016

Estudou-se a composicao floristica e parâmetros fitossociologicos da restinga herbacea na localidade de Morro dos Conventos, Ararangua, Santa Catarina. As restingas despertam grande interesse no meio cientifico por apresentarem fragilidade e grande diversidade de especies vegetais. Para a floristica utilizou-se o metodo expedido por caminhamento e para a fitossociologia o metodo de parcelas em tres areas distintas: dunas frontais, internas e baixadas, onde a vegetacao e predominantemente herbacea. Foram utilizadas 20 parcelas de 2m x 2m distribuidas ao longo de um transecto de 120m, com 4m de distância entre as parcelas. A cobertura de cada especie foi estimada pela escala de Causton. A identificacao taxonomica seguiu o sistema proposto por APG IV (BYNG et al., 2016) para angiospermas. Foram registradas 15 especies distribuidas em nove familias botânicas. Dentre as familias encontradas Asteraceae (6) apresentou a maior riqueza especifica, seguida de Poaceae (2). Essas familias apres...

Resíduos De Rochas Ornamentais Como Agregado Miúdo Para a Constituição De Concretos Estruturais

Brazilian Journals of Development

Este estudo apresenta a utilização de agregados miúdos reciclados de resíduos de rochas ornamentais aplicados em concretos estruturais, tendo como objetivo avaliar as características físicas e mineralógica, tal como a influência da inserção desse tipo de agregado nas propriedades mecânicas de consistência e resistência à compressão axial dos concretos produzidos. Para tal, foram confeccionados concretos por meio de uma dosagem experimental, com um traço de referência com relação aglomerante: agregados secos de (1:5) e abatimento fixo de 100±20 mm. Para isso, foram produzidas três misturas com os teores de 10%, 20% e 50% de resíduos de rochas ornamentais em substituição ao agregado miúdo natural. A princípio, realizou-se a seleção e caracterização física dos materiais, para em seguida dar continuidade às etapas de dosagem, confecção, moldagem e cura dos concretos. Para os concretos produzidos, avaliou-se o índice de consistência e a resistência à compressão axial aos 7 e 28 dias de i...

As Pedras Preciosas no Contexto Devocional

Invenire, 2011

Com base no amplo espólio que tem sido estudado no âmbito do projecto de inventário da Arquidiocese de Évora, com o apoio da Fundação Eugénio de Almeida, aqui se ilustra a utilização dos materiais gemológicos nas várias formas de expressão de louvor ao divino ao longo dos tempos, numa escolha do autor.

Pedras que falam As ruinas do Convento Sao Boaventura de Macacu

Pedras que falam: as ruínas do convento São Boaventura de Macacu Introdução Musgos e líquens avançam por sobre as pedras. Plantas e ervas daninhas brotam entre as frestas, ocupando silenciosamente os espaços, quase a querer conquistar de volta à natureza os elementos que um dia dela foram retirados. Aquele que foi um dos mais belos edifícios religiosos da baía da Guanabara, aos poucos vai cedendo ao tempo, às intempéries, às investidas do clima. Por detrás das pedras feridas pelas rugas do tempo, ainda pode-se perceber a beleza do conjunto, a harmonia dos traços, a leveza na composição, que só espíritos elevados são capazes de criar. A isto chama-se arte. A análise da história de um determinado monumento, seja ele religioso ou não, está intrínsecamente ligada ao conhecimento do contexto que gerou aquela obra. Assim, no estudo da história do convento São Boaventura de Macacu, somos movidos por alguns questionamentos: o que motivou a construção do convento? Qual era sua finalidade? Ela se justificou? Como foi possível que num ambiente pobre e hostil, tenha-se conseguido construir algo tão majestoso? A preservação das estruturas físicas de um monumento é importante. Mas também é necessário resgatar e preservar a memória das pessoas que o trouxeram à luz. Homens e mulheres movidos por altos ideais, movidos por interesses, movidos pela necessidade de sobrevivência: senhores da elite local, religiosos franciscanos, escravos, índios, negros, a maior parte da população livre, mas pobre e desamparada. Os documentos escritos dão voz aos vencedores da história. O convento de São Boaventura, no entanto, é a voz de todos aqueles que o trouxeram à luz. Suas pedras falam dos índios que perderam suas terras, falam dos escravos submetidos à mais dura servidão, falam de homens e mulheres com seus sonhos, sua fé, suas esperanças, decepções e alegrias. Falam, sobretudo, das vidas ali vividas, das histórias construídas, dos dramas e das tramas tecidas nas teias das relações. Relações humanas e, por isso, marcadas pela ambiguidade, onde a injustiça e a exploração caminham lado a lado com os mais nobres ideais, brotados da fé, do sonho e da devoção. Sentimentos que permitiram aos homens e mulheres daquele e de todos os tempos, domar a natureza e transformar pedras em obra de arte. As ruínas do Convento São Boaventura possibilitam uma ampla gama de abordagens, a partir de uma vasta possibilidade de conhecimentos: a antropologia, a sociologia, a geografia, a arquietura, a história, a ecologia, entre outros. Nosso campo é a história. Neste artigo, além de nos valermos de algumas obras clássicas sobre o convento e a presença franciscana na região, buscamos alicerçar nossa exposição em fontes oferecidas por outras ciências humanas. Assim, num diálogo interdiscipinar, procuramos ouvir o que aquelas pedras nos dizem, sobre a vida dos homens e mulheres que um dia sonharam e realizaram esta majestosa construção.