O Cão, o Guarda e a Fábrica - ausências agenciais na arqueologia industrial e ontologias desconfortáveis (original) (raw)

Empresa colonial, ontologia e violência

Agrária (São Paulo. Online)

A história, a economia, a lógica e a filosofia da empresa colonial continuam presentes no capitalismo do século XXI, esmagando as comunidades rurais. O poder de decisão está apenas nas mãos do capital transnacional, que se considera o portador do espírito do desenvolvimento global, diante do qual nada é e nada pode ter vida. Impõe a decisão radical de fazer seus megaprojetos e organiza o território como seu. É preciso substituir este destino manifesto do ser excludente e hegemônico pelo reconhecimento do Outro como diferente e fazer justiça aos até agora esmagados, com um regime que defenda seus direitos e com alternativas econômicas que os incluam.

PORTELA, Ana Margarida / QUEIROZ, Francisco - A Fábrica das Devesas e o Património Industrial Cerâmico de Vila Nova de Gaia. Famalicão, 2008 (separata de "Arqueologia Industrial", 4ª Série, Vol. IV, n.º 1-2), 47 páginas.

PORTELA, Ana Margarida / QUEIROZ, Francisco - A Fábrica das Devesas e o Património Industrial Cerâmico de Vila Nova de Gaia. Famalicão, 2008 (separata de "Arqueologia Industrial", 4ª Série, Vol. IV, n.º 1-2), 47 páginas.

A arqueologia industrial ao serviço da história local

Até há relativamente pouco tempo − cerca de meados do nosso século −, o que se relacionava com as actividades artesanais e industriais não se integrava no conceito de património cultural. Tal perspectiva resultava, em grande medida, das próprias concepções historiográficas então mais em voga, nas quais imperavam os critérios político-militares ou, quando muito, estéticos. O peso da tradição e da própria ideologia − eminentemente elitista, no sentido tradicional do termo − era de tal ordem que, os poucos que se lhe opuseram, se sentiram como que a pregar no deserto. Assim aconteceu com os enciclopedistas franceses no século XVIII − ao criticarem a secundarização das artes mecânicas face às Belas-Artes − ou com os nomes Oliveira Martins − ao defender que, nos Museus Industriais, se expuseram objectos arqueológico-industriais − e Sousa Viterbo, propondo (em 1896) a criação da arqueologia industrial e, bem assim, * O texto que ora se publica, revisto e anotado, serviu de base a uma conferência proferida (20.05.1995) na Câmara Municipal de Tondela, no âmbito do XIII Encontro de Professores de História da Zona Centro (Viseu, 18-20.05.1995).

A respeito da ontologia do trabalho e a crítica marxiana

A ontologia do trabalho se faz como forma da crítica marxista, contudo, em Marx de O Capital, encontramos uma crítica ao trabalho no sentido de sua finitude e determinação estritamente moderna, sendo sua transistoricidade uma forma de consciência a ser superada.

Fabricados na fábrica: uma narrativa operária no século XXI

2012

Coleção: Debater o Social – 10Este livro aborda as alterações introduzidas pelas novas representações do conceito de trabalho e emprego e as mudanças produzidas nas vidas das pessoas residentes no Vale do Ave, área de forte implementação fabril, orientada em grande escala para a ocupação na indústria têxtil. Identifica -se na sociogénese da região uma geografia humana urdida a partir do campo agrícola responsável por determinadas representações sobre o trabalho, geradas na perspetiva do saber prático elevado a uma condição superlativa, evitando -se e negando-se a utilidade do conhecimento a partir da frequência escolar. Desta configuração aproveitou a indústria sobrepondo-se à agricultura e estendendo à região um extenso lençol de relações, urdidas numa teia de substituição dos saberes práticos agrícolas em troca da especialização fabril, traduzida em tarefas repetidas e mecanizadas, num processo de desapropriação e embrutecimento, perpetuadores de um baixo capital social da região....

História oral e empresas: reflexões a partir do Museu da Pessoa

Revista História Oral, 2021

Este artigo discute a intersecção entre a história oral e a história empresarial a partir do projeto Educar para o futuro, encomendado pela Fundação Bradesco ao Instituto Museu da Pessoa. Os procedimentos historiográficos dessa instituição identificam-se com a história oral, alimentando uma retórica de empoderamento comunitário a partir da constituição de acervos e narrativas compostos por depoimentos orais. Simultaneamente, o Instituto presta serviços a empresas, atendendo a demandas e contingências por vezes divergentes das historiográficas. Dada a consolidação de um mercado de histórias empresariais sob encomenda no Brasil nas últimas duas décadas – no qual a história oral ocupa um espaço importante –, como avaliar as possibilidades e os limites para a prática historiográfica? O caso observado é paradigmático, provendo substratos para melhor se compreender as implicações teóricas e metodológicas da intersecção entre história oral e empresas no Brasil.

De uma falta ontológica a uma política do tempo

Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 2021

Neste artigo os autores apresentam uma análise da dimensão temporal da concepção psicanalítica da falta-a-ser utilizando elementos da analítica existenciária presente em Ser e Tempo, de Heidegger. A partir disso, é discutida a função do corte, que revela o sujeito como descontinuidade no real, tal como foi proposto por Lacan no seminário O desejo e sua interpretação. Por fim, a categoria “corte” é proposta como o corolário técnico da proposição ontológica da falta-a-ser e o modo de operacionalizar a política da psicanálise em sua relação com a temporalidade do tratamento.