O conflito como forma de estabelecimento do poder episcopal no século IV: Uma análise dos escritos de Ambrósio de Milão (original) (raw)

Ambrósio, bispo de Milão: algumas contextualizações e conceituações (séc. IV d. C.)

Neste artigo, apresentamos uma contextualização específica a cerca de Aurélio Ambrósio, nomeado bispo de Milão no ano de 374. Oferecemos luzes a algumas relações estabelecidas entre este personagem e distintas figuras imperiais do Império dos romanos. Nossos exames são baseados especialmente, mas não exclusivamente, em determinados documentos escritos por Ambrósio, seus panegíricos elaborados para louvar imperadores mortos: De Obitu Valentiniani Consolatio (do ano de 392); De Obitu Theodosii Oratio (de 395). A partir de leituras minuciosas sobre obras ambrosianas, começamos a analisar este homem em sua formação dentro da sociedade e inserido na hierarquia eclesiástica para o compreendermos como um sujeito ativo dentro da vida pública romana.

A atuação pública dos bispos no principado de Constantino: as transformações ocorridas no Império e na Igreja no início do século IV através dos textos de Eusébio de Cesaréia

Esta dissertação tem por objetivo analisar a atuação pública dos bispos durante o principado de Constantino, sobretudo seus esforços de construir uma relação de proximidade e de diálogo com a corte imperial. O corpus documental principal deste estudo é constituído pelos textos do bispo Eusébio de Cesaréia que lidam especialmente com este imperador, quais sejam: a História Eclesiástica, o Louvor a Constantino e a Vida de Constantino. Tentarei mostrar, através destes textos, como a política de favorecimento imperial ao cristianismo que se verifica no início do século IV deve muito de seu sucesso à participação política dos bispos junto ao imperador e seus altos magistrados, residindo o problema da consolidação da Igreja como instituição política importante no cenário imperial não só em uma mudança de atitude do príncipe frente às comunidades cristãs, mas sobretudo em uma transformação ocorrida nas igrejas, por meio de seus bispos, que cada vez mais interessadas no auxílio de Roma para a resolução de seus conflitos

Autoridade episcopal e conflito político na Antiguidade Tardia

Nesse artigo, tempos por finalidade discutir alguns aspectos referentes à afirmação da autoridade episcopal na Antiguidade Tardia, centrando nossa análise na atuação dos bispos como líderes que apresentam, entre os séculos III e V, uma preocupação recorrente com tudo aquilo que, em sua opinião, coloque em risco a integridade da Igreja, não apenas em termos de doutrina.mas também em termos disciplinares, o que os leva a investir em discursos e práticas visando a restabelecer a ordem na congregação. Nosso propósito é lançar alguma luz sobre a atuação dos bispos no cotidiano, destacando os desafios do cargo episcopal num momento de transição entre duas fases da Igreja, uma marcada pelo estranhamento com o poder imperial e outra na qual o cristianismo, embora reconhecido como religião oficial do Império, não deixa de suscitar pontos de divergência com as autoridades públicas. Para tanto, tomaremos como estudo de caso dois bispos que desempenharam, na Antiguidade Tardia, um importante papel no sentido de reforçar a autoridade episcopal: Cipriano, bispo de Cartago entre 249 e 258, e João Crisóstomo, bispo de Constantinopla entre 397 e 404.

A retórica de Ambrósio, bispo de Milão, exaltada por seu discípulo Agostinho (séc. IV d.C.)

Sob um ponto de vista que preza pelas particularidades do processo histórico, debruçamos os estudos presentes neste artigo sobre documentos elaborados no seio da sociedade romana ocidental no final da IV centúria; escritos que nos permitem analisar a prática da retórica levada a cabo por Aurélio Ambrósio. Sabedores da importância deste sujeito para a história da Igreja ocidental, nossas pesquisas destacam sua atuação pública. No caso específico deste artigo, em seu desempenho como orador perante a eclésia da cidade de Milão (374 – 397).

Disciplinando os corpos das virgens e viúvas: Ambrósio e a formação de uma hierarquia feminina na congregação milanesa (séc. IV)

2021

De excessu fratris Satyri Sobre a morte de seu irmão Sátiro Exh. u. De Exhortatio uirginitatis Exortação à virgindade Exp. eu. Luc. Expositio euangelii secundum Lucam Comentário sobre o Evangelho segundo Lucas Inst. u. De institutione uirginis Sobre a educação das virgens Parad. De paradiso Sobre o paraíso Vid. De uiduis Sobre as viúvas Virgb. De uirginibus Sobre as virgens Virgt. De uirginitate Sobre a virgindade Compilação Cod. Theod. Codex Theodosianus Código Teodosiano Galeno Usu part. De usu partium Sobre o uso das partes Jerônimo

O IMPÉRIO ROMANO NO SÉCULO IV E OS CONFLITOS RELIGIOSOS

Esse texto procura esclarecer o conturbado período e as reformas administrativas que vão culminar com a ascensão de Constantino, considerado por muitos como herdeiro político da Tetrarquia. Com fonte principal utilizaremos as moedas de Constantino e seus familiares. Ambas pertencentes ao acervo do Museu Histórico Nacional / RJ. A moeda estruturalmente ultrapassava os limites geográficos do poder que a emitia e definia ideologicamente não só um povo, mas também a civilização a que este pertencia.

Diferentes perspectivas sobre os conflitos político-religiosos do Império Romano Tardio: os olhares de Amiano Marcelino e Paulo Orósio (séculos IV e V)

2023

A Antiguidade Tardia é um período abundante em conflitos político-religiosos, incluindo disputas e alianças de poder cujo equilíbrio estava em constante transformação. O cenário tardo-antigo reúne rivalidades religiosas entre os cristianismos, os judaísmos e as religiões politeístas, disputas de território internas e com os povos bárbaros, competições pelo poder imperial, entre outros fatores que tornam esse período tão único. Dentro desse panorama abrangente, concentramos nossa análise nas perspectivas de Amiano Marcelino, autor advindo da região oriental e seguidor do politeísmo, e Paulo Orósio, de origem ibérica e defensor do cristianismo niceno. Para isso, utilizaremos suas obras principais: Res Gestae (380-390), escrita por Amiano, e Historiae Adversus Paganos (416-417), escrita por Orósio, produções que revelam como seus contextos particulares influenciaram na interpretação dos eventos descritos. Palavras-chave: Conflitos político-religiosos; Antiguidade Tardia; Amiano Marcelino; Paulo Orósio.

Concílo de Aquileia de 381: propagação da fé nicena e da unidade imperial pela pena de Ambrósio, bispo de Milão

Neste artigo, detemos nossas análises nos argumentos elaborados por Ambrósio, bispo de Milão, para fortalecer a fé nicena imperial imediatamente após o Concílio de Aquileia, do ano de 381. Sugerimos que tais argumentos também sustentavam a unidade em torno da figura imperial. Para responder aos nossos questionamentos, examinamos três cartas redigidas por Ambrósio: Epistolae extra collectionem 4 (10), 5 (11) e 6 (12). Observamos que, embora todas essas cartas tenham sido encaminhadas aos três imperadores romanos — Graciano, Valentiniano II e Teodósio — o bispo dirigia-se especialmente a Graciano. Afinal, este era o imperador a quem o milanês se vinculava diretamente. Ambrósio almejava, nos territórios romano-ocidentais, uma sociedade cristã-nicena conduzida especialmente por Graciano, augusto que tinha sua sede em Milão. Uma proximidade que alimentou uma interessante aliança entre o poder temporal, encarnado em Graciano, e o poder espiritual administrado por Ambrósio.

Eusébio de Cesareia e a formatação do cristianismo como base ideológica para o poder imperial no século IV

Revista Vernáculo, 2011

Resumo: Flávio Valério Constantino (306-337) estava inserido em um espaço em que a base ideológica do poder estava em transformação, devido às reestruturações político-institucionais do mundo romano, bem como às diversas ideias que coexistiam e influenciavam o seu governo. Eusébio de Cesareia (260/65-339/40), bispo cristão desta cidade desde aproximadamente o ano de 313 até a sua morte, tornou-se principalmente conhecido por ter iniciado dois gêneros narrativos: a Crônica cristã e a História da Igreja. Este artigo é dedicado especialmente à História Eclesiástica, a narrativa de Eusébio que se inicia com a vinda de Jesus Cristo como homem ao mundo e termina com a derrota de Licínio por Constantino, em 324. Temos por intuito observar e explicar como foram construídos argumentos na História Eclesiástica apontando para a legitimação do poder imperial romano, em um momento da Antiguidade Tardia de instabilidade e desestruturação política.