Ascensão de uma norma endógena do Português em Moçambique: Desafios e perspectivas (original) (raw)

Reflexão sobre a normatização do português de Moçambique

Fórum Linguístico

http://dx.doi.org/10.5007/1984-8412.2017v14n2p1997Neste artigo discute-se a necessidade de padronização do Português de Moçambique para promover a autoestima dos falantes moçambicanos e facilitar os estudos desta variante. Para alguns autores, a padronização deve depender da descrição exaustiva dos diferentes aspectos linguísticos e discursivos; para outros, a variante moçambicana já apresenta características próprias suficientes para o início do processo da normatização . É dentro deste quadro teórico e à luz da sociolinguística variacionista, a partir de dados que revelam as marcas próprias desta variante em diferentes áreas da língua, que se propõe o início de um processo gradual da padronização considerando os aspectos que não mudam com a escolarização.

Para a normatização do português de Moçambique: aspectos do uso do imperativo por estudantes universitários

Domínios de Lingu@gem

O objetivo deste estudo é de descrever as realizações linguísticas de enunciados com valor imperativo para identificar as tendências que diferenciam o português de Moçambique e o português europeu. O corpus é constituído por frases de estudantes universitários da cidade de Maputo. Com base numa metodologia mista, o estudo revela que os aspectos particulares do português de Moçambique registram-se no uso do imperativo com a forma de tratamento informal. O uso das formas verbais do presente do indicativo, a negação do imperativo verdadeiro e o cancelamento das formas de tratamento junto das formas verbais supletivas são as principais tendências.

Uso de perca e perda pelos falantes do Português em Moçambique

2023

Resumo: Este artigo tem como propósito compreender as razões do uso de perca em detrimento de perda, percorrendo os Livros Didácticos e as Gramáticas de Língua Portuguesa para melhor compreensão do fenômeno. Como se sabe, as palavras parónimas apresentam-se parecidas na grafia e diferentes no sentido, por esta razão os falantes têm dificuldade de distingui-las umas das outras. Neste estudo, a metodologia utilizada foi a pesquisa exploratória e bibliográfica, sendo um estudo de cunho qualitativo, com suporte da técnica de consulta bibliográfica e uso da entrevista semi-estruturada como instrumento de colecta de dados, com a participação de 60 estudantes de nível académico de 9ª classe, da Escola Privada Bons Sonhos, na cidade da Beira. O estudo permitiu verificar que são várias

Ainda Sobre os Róticos no Português de Moçambique

Dimensões e Experiências em Sociolinguística, 2019

RESUMO Focalizam-se os róticos no âmbito da variedade urbana do Português de Moçambique (PM) à luz dos pressupostos teórico-metodológicos da Teoria da Variação e Mudança (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 1968). Objetiva-se discutir os fatores estruturais e sociais que condicionam o uso das variantes de R na posição pré-vocálica-como em rosa e carro-na fala de indivíduos que o utilizam como L1 e L2. Realizaram-se análises controlando variáveis estruturais e também sociais, como sexo, faixa etária/nível de escolaridade e as línguas faladas pelos informantes, esta última com o propósito de aquilatar as possíveis interferências das línguas locais, devido à situação multilinguística da área. Os resultados das análises demonstram que o tepe, a variante dominante no PM, ocorre na fala de todos os indivíduos, mas é significativamente mais frequente entre aqueles que o têm como L2. Entre os falantes de PM L1, sobretudo os de nível superior de escolaridade, prevalece a vibrante alveolar, o que os aproxima da norma europeia. Apesar dessas constatações, acredita-se que na gramática do PM ocorra um único fonema rótico.

As causas do fraco domínio do Português pelos alunos do ESG em Moçambique

Revista Internacional de Educação, Saúde e Ambiente

Este estudo versa sobre o fraco domínio da língua portuguesa (LP) pelos alunos do Ensino Secundário Geral (ESG) e tem como objectivo apresentar os resultados de uma pesquisa exploratória que realizamos na Escola Secundária de Mucoque (ESM) sobre as causas do fraco domínio do português pelos alunos do ESG. Para respondermos a este objectivo, optamos por uma abordagem qualitativa e, para a recolha de dados, realizamos entrevistas, questionário e observação, envolvendo estudantes de uma turma da 12.ª classe, ano lectivo de 2019, professores de LP, pais e/ou encarregados de educação, na Escola Secundária de Mucoque, distrito de Vilankulo, província de Inhambane. A pesquisa aponta como causas do fraco domínio do português: a exclusão das línguas maternas no ESG; o uso da mesma metodologia de ensino e a inflexibilidade dos programas de ensino.

Interferências de Línguas Moçambicanas em Português falado em Moçambique

Revista Cientifica Da Uem Serie Letras E Ciencias Sociais, 2012

RESUMO: Quando dois povos entram em contacto durante um período considerável, como é o caso dos portugueses e moçambicanos, entre os vários aspectos, as suas línguas acabam por se influenciar mutuamente (Sapir 1921) através de aparecimento de alguns traços de uma língua no discurso de falantes da outra língua. Em literatura linguística, se o traço linguístico de uma língua que aparece na outra for generalizado, este fenómeno, chama-se empréstimo, mas se for esporádico e (quase) individual, chama-se interferência (Ngunga 2009), pois o processo de aquisição de uma língua não materna implica utilização dos órgãos do aparelho fonador e de processos psicológicos formatados para uso na produção de sons e outras estruturas da língua materna. Este exercício pode resultar no que os professores de línguas chamam de "erros" resultantes de transferência de estruturas da língua materna para a língua alvo (Cardoso 2007). Baseado no método de observação que consistiu na escuta, recolha e sistematização de enunciados produzidos por moçambicanos ao longo de cerca de três décadas, este artigo visa estudar as interferências de línguas moçambicanas na língua portuguesa nas áreas fonética, fonológica, sintáctica e semântica. Os resultados desta investigação mostram que o surgimento inadvertido de traços das línguas moçambicanas no Português pode afectar o processo de comunicação nesta língua. Por isso, o texto sugere algumas estratégias para ajudar o professor a encontrar possíveis exercícios para minimizar as dificuldades de aprendizagem de Português como língua não materna por alunos moçambicanos.

Reflexões De Aspectos Morfofonêmicos Das Vogais Do Português

2008

O papel desempenhado pelas vogais em Reflexoes de aspectos morfofonemicos das vogais do portugues, no contexto dos estudos estruturalistas. Este e o objeto de estudo deste trabalho. Pressupomos, baseadas nos autores indicados no texto, que ha uma estreita relacao entre as regras fonologicas e as regras morfologicas, no que diz respeito a problemas empiricos tratados pelas duas areas de estudo, ao que ressaltamos a importância do papel das vogais como ponto de interseccao no tratamento dos dados morfofonicos. O trabalho tem como suporte maior os pressupostos teoricos de Câmara Jr. (1977, 1998, 2001, 2005).