Reflexão sobre a normatização do português de Moçambique (original) (raw)

Ascensão de uma norma endógena do Português em Moçambique: Desafios e perspectivas

2021

O artigo apresenta a situacao da lingua portuguesa em Mocambique, mostrando aspectos relacionados com o percurso da sua implantacao no pais, desde o periodo colonial ate ao momento actual. Depois de evidenciar aspectos historicos desta implantacao, o artigo aponta que a lingua portuguesa esta num processo de nativizacao simbolica e estrutural, de que emergem formas peculiares do seu uso. Por fim, o artigo discute os desafios e perspectivas que a nativizacao impoe, face a necessidade do reconhecimento de uma norma endogena.

Ainda Sobre os Róticos no Português de Moçambique

Dimensões e Experiências em Sociolinguística, 2019

RESUMO Focalizam-se os róticos no âmbito da variedade urbana do Português de Moçambique (PM) à luz dos pressupostos teórico-metodológicos da Teoria da Variação e Mudança (WEINREICH; LABOV; HERZOG, 1968). Objetiva-se discutir os fatores estruturais e sociais que condicionam o uso das variantes de R na posição pré-vocálica-como em rosa e carro-na fala de indivíduos que o utilizam como L1 e L2. Realizaram-se análises controlando variáveis estruturais e também sociais, como sexo, faixa etária/nível de escolaridade e as línguas faladas pelos informantes, esta última com o propósito de aquilatar as possíveis interferências das línguas locais, devido à situação multilinguística da área. Os resultados das análises demonstram que o tepe, a variante dominante no PM, ocorre na fala de todos os indivíduos, mas é significativamente mais frequente entre aqueles que o têm como L2. Entre os falantes de PM L1, sobretudo os de nível superior de escolaridade, prevalece a vibrante alveolar, o que os aproxima da norma europeia. Apesar dessas constatações, acredita-se que na gramática do PM ocorra um único fonema rótico.

Para a normatização do português de Moçambique: aspectos do uso do imperativo por estudantes universitários

Domínios de Lingu@gem

O objetivo deste estudo é de descrever as realizações linguísticas de enunciados com valor imperativo para identificar as tendências que diferenciam o português de Moçambique e o português europeu. O corpus é constituído por frases de estudantes universitários da cidade de Maputo. Com base numa metodologia mista, o estudo revela que os aspectos particulares do português de Moçambique registram-se no uso do imperativo com a forma de tratamento informal. O uso das formas verbais do presente do indicativo, a negação do imperativo verdadeiro e o cancelamento das formas de tratamento junto das formas verbais supletivas são as principais tendências.

Em torno da consagração de uma variante angolana do português: subsídios para uma reflexão

Limite Revista De Estudios Portugueses Y De La Lusofonia, 2013

Desde a sua introdução no século XV, a língua portuguesa, enquanto instrumento de contacto e de comunicação, enraizou-se em Angola, tendo vindo a assumir características próprias, de acordo com a realidade sociocultural e sociolinguística angolana. Perante tal situação, este texto procura, no âmbito da (socio)linguística, refletir sobre alguns aspectos relacionados com a difusão do Português naquele país lusófono que remetem para: i) plurilinguismo e multilinguismo angolanos; ii) interferências linguísticas e desvios morfossintácticos; iii) consagração de uma variante angolana do português.

Para a normatização do português de Moçambique: aspectos fonético fonológicos da vibrante e da lateral no português oral de Maputo

Revista de Letras

No presente artigo falamos sobre a realização fonética e fonológica da consoante líquida e do dígrafo em português de falantes de escolaridade média de Maputo. O objetivo é de identificar e apresentar as tendências que afastam o PM do PE no uso daquelas consoantes. Na base deste estudo está a teoria de variação linguística, considerando o contato linguístico entre o português e o changana e o ronga como causa principal da variação. O estudo baseia-se na metodologia qualitativa. Os resultados indicam que em posição de ataque intervocálica a consoante vibrante é realizada como múltipla [R] enquanto na posição de coda na final da palavra ocorre o fenômeno de paragoge com recurso à vogal [ɨ]. Já no que tange ao uso do dígrafo a tendência é da sua realização aspirada, realizações distantes dos do PE.