Tipos, personificações e conflitos entre demônios em Os Sertões (original) (raw)
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Sebastianismo e Messianismo em Os Sertões
Revista Mosaico, 2012
O artigo trata da questão do messianismo sebástico de origem portuguesa, que ultrapassa as fronteiras de além-mar e aporta em terras brasileiras que vão do Rio de Janeiro a Minas Gerais e do Sul do país ao Nordeste, onde é mais forte, toma ares de nacionalismo místico-políticoreligioso recorrente, sobretudo, no sertão e agreste em movimentos que terminam, todos, por desencadear extrema violência não só oficial, na defesa dos poderes constituídos, mas também dos grupos fanatizados, na defesa de seu território e da fé em que acreditam. O messianismo nordestino e brasileiro se dá até os dias atuais desdobrados em vários aspectos e concepções, a exemplo do messianismo moderno e das engrenagens urbanas, porém com vistas às grandes saídas políticas e cidadãs.
As Várias Faces Da Guerra Em Ventos Do Apocalipse e Os Sertões
2015
De autoria do escritor brasileiro Euclides da Cunha, Os Sertoes, tal qual o romance Ventos do Apocalipse, escrito por Paulina Chiziane, primeira mulher mocambicana a publicar um romance, apresentam-se como obras literarias que fazem jus a definicao de Miguel de Cervantes para o termo literatura, quando a define como “ficcao, criacao e recriacao de uma realidade”, pois externam, com a propriedade de quem testemunhou os conflitos, todas as consequencias ocasionadas pela guerra: destruicao, humilhacao, sofrimento, miseria, odio e morte. Neste contexto os autores apresentam o cenario dantesco das guerras civis ocorridas no Brasil e Mocambique nos seculos XIX e XX respectivamente. Desta forma o presente artigo propoe uma investigacao que perpassa a analise do contexto historico, social e literario, no qual as supracitadas narrativas foram produzidas a fim de destacar as semelhancas e particularidades expressas atraves da objetividade realista de Euclides da Cunha e da subjetividade poeti...
Uma Leitura Do Maginário Religioso Popular Na Figura Do Demônio Em “Grande Sertão Veredas”
Ultimo Andar, 2013
Este artigo procura um diálogo da figura do demônio com o imaginário popular religioso. Objetivo é fazer uma abordagem da religiosidade popular a partir da obra literária de 'Grande Sertão Veredas' de João Guimarães Rosa. Essa abordagem trabalha a tentativa de interpretação sobre a figura do demônio; de onde nasce uma observação da vida e de suas crises, problemas e perdas e uma resposta para a existência humana, ou melhor, uma possível resposta religiosa para as questões que essa vida apresenta.
As relações intertextuais e parodísticas entre Os Sertões e o Apocalipse
Jornada de Iniciação Científica e Mostra de Iniciação Tecnológica, 2023
Este artigo, resultado de nossa pesquisa de iniciação científica, examina as relações intertextuais e parodísticas entre Os Sertões, de Euclides da Cunha, e o Apocalipse, de João, uma hipótese originalmente formulada pela crítica literária Walnice Nogueira Galvão (2009). Por meio do método das passagens paralelas, constatamos que, na representação euclidiana do Arraial de Canudos, foram empregadas, de fato, imagens invertidas do retrato bíblico da nova Jerusalém: a cidade santa, quadrangular, simétrica, feita de ouro e pedras preciosas, converte-se no arraial de barro, construído irracionalmente, a esmo; a igreja, inexistente, aparece informe, tosca; o rio de água viva dá lugar ao Vaza Barris barrento, seco; a árvore da vida é trocada pela natureza morta; e, ao invés da graça divina, a maldição é imprecada. De acordo com a teoria da paródia de Linda Hutcheon (1985), estudiosa que, a partir do caráter duplo da raiz etimológica do vocábulo-contracanto ou canto paralelo-, concebeu uma definição de paródia como repetição com diferença, capaz de contemplar práticas modernas que não necessariamente lançam mão do ridículo, concluímos que há, realmente, uma relação parodística entre Os Sertões e o Apocalipse. Além disso, com base nos estudos de Gérard Genette (2006), identificamos ocorrências de intertextualidade entre as obras, especialmente por meio de alusões.
Ser e Não Ser: Dialogismo e Polifonia em Os Sertões
Porto Das Letras, 2022
Em Os Sertões, de Euclides da Cunha, a tensão entre o objetivo de fazer justiça a Canudos e o vínculo às ideias da elite intelectual de seu tempo resultam numa obra complexa que, em seus 120 anos de publicação, nos mostra um Brasil extremamente contemporâneo. Neste estudo, buscamos entender como esta tensão se dá no nível do discurso, na inclusão e mobilização das vozes frequentemente contraditórias que compõem a representação da Guerra de Canudos, do sertão da Bahia e do sertanejo. Para isso, examinamos o dialogismo na obra, recorrendo às teorias elaboradas por Mikhail Bakhtin sobre dialogismo e, especialmente, sobre polifonia, entendida a partir de seus estudos sobre os romances de Dostoiévski. O principal objetivo é avaliar a suposta polifonia em Os Sertões, conjecturada por Walnice Nogueira Galvão no ensaio "Polifonia e paixão", considerando que, como um conceito político e ideológico, discutir a polifonia em Os Sertões implica em pensar a obra dentro de seu contexto histórico.
Colonialidade e universalidade na formação do cânone e o caso de Os Sertões
Nau Literária, 2018
As tentativas de organização de um cânone literário brasileiro, principalmente através das diversas Histórias da Literatura, justificam-se, frequentemente, por um critério estético-formal de gosto; embora de modo contraditório, como tem sido demonstrado por muitos críticos da formação do cânone, um dos critérios principais tenha sido antes uma noção de representação da nacionalidade. Tanto no primeiro caso quanto no segundo, os críticos responsáveis pelas Histórias da Literatura organizam suas propostas de cânone segundo uma perspectiva colonial, patriarcal e eurocêntrica, derivada, em grande parte, de uma absorção do universalismo humanista da estética kantiana e do historicismo idealista e teleológico da estética hegeliana, informados pela perspectiva nacionalista do romantismo. A essas linhas que orientam as canonizações tradicionais, de Sílvio Romero e José Veríssimo a Antonio Cândido e Alfredo Bosi, e que excluem largamente a produção de mulheres, indígenas, negros, militantes políticos e pobres, podem-se opor duas perspectivas distintas, mas não necessariamente excludentes: a crítica pós-estruturalista e suas releituras da marginalidade, e a crítica pós-colonial e seu deslocamento de critérios para englobar vozes previamente excluídas. Observando possíveis dificuldades tanto de uma quanto de outra crítica, procuro fazer uma leitura estratégica de Os Sertões, de Euclides da Cunha, problematizando o seu lugar no cânone.
Os demônios de Santo Agostinho
Revista de Estudos Filosóficos e Históricos da Antiguidade
O presente trabalho tem por finalidade classificar e analisar as definições demonológicas em Santo Agostinho. Isto implica numa análise tanto filosófica quanto teológica do pensamento agostiniano sobre a existência dos anjos bons e dos anjos maus, denominados por ele como demônios. Além disto, pretendeu-se verificar os seus escritos sobre o Mal em seus três níveis: o metafísico, o moral e o físico. Após o cotejamento dos seus escritos foi possível verificar a construção de uma teodiceia que foi de suma importância para a cultura medieval, além é claro da fixação de uma moralidade cristã construída mediante a prática da apologética.