O fotojornalismo em questão (original) (raw)

A expansão do fotojornalismo

Revista Extraprensa, 2017

O artigo aborda as contradiçõesdo uso social da fotografia. Fundamentado pelos estudos da escritora e fotógrafa GisèleFreund e da ensaísta Susan Sontag, o texto discute a questão da ética nos domínios da Comunicação Social, principalmente no Fotojornalismo. Há duas práticas fotojornalísticas: a fotorreportagem e a fotografia de imprensa. A primeira é desenvolvida pelo jornalismo narrativo (literário) e pela fotografia de autor (humanista). A segunda é praticada pelo impacto imediato da atualidade, em que o espetáculo de notícias superficiais (política, violência e amenidades) afasta a capacidade investigativa e a reflexão. Hoje, verifica-se a expansão do fotojornalismo para lugares híbridos, polifônicos e convergentes, trazendo ao fotojornalista o desafio de encontrar sustentabilidade e ética.

O fotojornalismo durante o Sidonismo

2021

O regime de Sidónio Pais promoveu uma encenação pública do poder centrada no chefe. Ao tempo, o fotojornalismo era já uma prática consolidada, ganhando expressão na Ilustração Portuguesa, única revista ilustrada de informação geral que circulava em Portugal. De que maneira o discurso fotográfico refletiu, cro- nologicamente, a marcha do tempo e a coreografia do poder orquestrada pelo Sidonismo e como é que isto se entrelaçou com, ou afetou, os princípios da noticiabilidade e os critérios de valor-notícia? Esta investigação procura responder à questão, recorrendo a uma análise do discurso qualitativa das manifestações fotográficas do Sidonismo na referida revista. Concluiu-se que o discurso fotográfico da Ilustração Portuguesa alimentou o mito de Sidónio Pais, afetando o imaginário e a memória histórica, e que os critérios de noticiabilidade foram influenciados de maneira a acomodar o discurso mediático à situação política. A notoriedade da personagem sobrepôs-se a outros valores-not...

Denúncia e esquecimento da violência no fotojornalismo

Revista Temática, 2016

O final do século XX marca uma mudança de papel para a fotografia. De documento e testemunho direto do real, ela passa aceitar a expressividade autoral, agindo de maneira icônica e indireta na representação do mundo. Este artigo analisa, por meio da desconstrução analítica, as fotografias vencedoras do Prêmio Esso de Fotografia nos anos de 2005 e 2006, buscando identificar traços de subjetividade e intencionalidade de seus autores. Conclui que a presença desta expressão autoral e da tendência ao registro de imagens da violência mascara e distorce a realidade retratada.

O fotojornalismo no museu de arte

O objetivo deste artigo é refletir sobre a presença da fotografia documental e das imagens do fotojornalismo na coleção do Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo. Ao mesmo tempo que esse acervo aponta para uma característica do colecionismo contemporâneo, revela uma íntima relação com fatores que favorecem a entrada de obras nesse suporte em museus de arte moderna e contemporânea, como o uso da linguagem documental no registro de manifestações da arte conceitual. Ao resgatar certas fotografias presentes na coleção do MAM, também podemos conhecer as relações entre o fazer jornalístico e de que forma parte da história do Brasil está representada nesse conjunto, organizado a partir de escolhas curatoriais e institucionais, seja por meio de premiações, doações ou aquisições, ao longo das últimas quatro décadas.

Fotojornalismo e a ficcionalidade no cotidiano

2021

Propõe-se neste trabalho detectar uma categoria do fotojornalismo, de rara circulação-o da "imagem-literária"-, capaz de oferecer ao jornalismo impresso substratos de novas contemporaneidades. Tais imagens se expandem para além dos valores-notícia tradicionais do fotojornalismo. Mesclam as categorias arcaicas do Jornalismo-informação, opinião e interpretação-, e produzem encenações que podem remeter o olhar a conteúdos mais complexos da estrutura de seus referentes. Dialogam, assim, com códigos próprios à fotografia não dirigida à mídia informativa. A validação dessas imagens emergentes está ligada à atribuição de significados ao mundo factual-símbolos que não apenas comparecem à imagem como desígnio peirciano, mas, sobretudo, como gêneses imagéticas que se encaminham a campos densos do imaginário onde, crê-se, habitam os sentidos mais fundamentais da experiência humana. A primeira parte do trabalho constitui diagnóstico das estruturas que definem padrões para a produção de fotojornalismo no Brasil: editores, fotógrafos e um ombudsman da imprensa escrita são confrontados e têm suas premissas encaminhadas para validar a teoria de uma crise na representação de factualidades. A observação é a de que ainda aceitamos um paradigma anacrônico de apego a realismos, com o qual os jornais institucionalizam promessas de desvelar o mundo a cada edição. Tal abordagem implica ainda em observações pessimistas acerca da formação acadêmica do fotojornalista. Ressalta-se a necessidade de discutir uma meta-ética, onde o fotógrafo compreenda-se ego-histórico de seu tempo e elabore hermenêuticas do cotidiano. Na segunda parte do trabalho são expostas e analisadas 27 imagens do proposto Fotojornalismo-literário, colecionadas a partir de investigação nos últimos anos em jornais estrangeiros e nacionais, notadamente a Folha de S.Paulo.

Em busca do fotojornalismo literário

2023

O artigo contém dados preliminares sobre o que pode vir a ser entendido como “fotojornalismo literário”. A partir da revisão de literatura das ocorrências brasileiras sobre o assunto retornadas pelo Google Acadêmico, emergem características basilares para compreendê-lo. O limitado corpus revela lacuna acentuada desse tipo de investigação no país. São problematizados os escritos de Bodstein (2006), Martins (2016) e De Carli (2016), entre outros, para tensionar a construção desse gênero imagético. Os resultados indicam que, a despeito de não ser nomeado como tal, o fotojornalismo literário vem sendo praticado e estudado, seja nas redações, seja na academia. Finalmente, os resultados reverberam a necessidade de desdobrar este recorte inicial em outros – tantos quanto necessários – para que se possa efetivamente estabelecê-lo conceitualmente.

O banal e o prosaico no fotojornalismo contra-hegemônico

Estudos em Jornalismo e Mídia

O presente trabalho analisa duas imagens produzidas pelos coletivos Maruim e C.H.O.C Documental a partir do regime estético das artes identificado por Jacques Rancière. Seu objetivo é refletir sobre modos possíveis e potenciais de retratação do “real” no âmbito do fotojornalismo que atua de modo contra-hegemônico. A análise se desdobra em três eixos: no primeiro, são apresentados os três principais regimes da arte na tradição ocidental (ético, poético-representativo e estético), bem como a partilha do sensível; no segundo, discute-se as noções em torno do que o filósofo denomina eficácia estética e sua aplicabilidade; finalmente, no terceiro, são retomadas as imagens que compõem o corpus deste trabalho, as quais se relacionam com a potência do prosaico e do banal na construção de subjetividades estético-políticas outras.

Fotojornalismo e imagem intolerável

Anuário Unesco/Metodista de Comunicação Regional, 2020

Este artigo tem como tema relações entre imagens e jornalismo, com foco nas imagens fotojornalísticas que registram massacres, campos de refugiados, fugas em massa e outros horrores que permeiam o nosso planeta. Com o propósito de verificar se as imagens que provocam dor ou indignação são pertinentes ao fotojornalismo, apresentam-se aspectos da produção em fotojornalismo e o conceito de imagem intolerável, segundo Rancière, com análise da foto de Aylan Kurdi e de outras imagens que, em certa medida, reportam-se ao mesmo objeto ou referente. A relevância deste artigo está na possibilidade de repensar o senso comum então estabelecido para o fotojornalismo, o de exibir o intolerável na imagem.

A Fotografia e seus duplos

Significação: Revista de Cultura Audiovisual

Desde fins do século XIX e durante as primeiras décadas do século XX, mulheres e fotografias são figuras-chave em uma cultura em que as fronteiras entre público e privado, visível e invisível, revelado e oculto estão sendo borradas ou rapidamente modificadas. Este ensaio procura desenvolver essa premissa, discutindo trajetórias de fotógrafas e explorando imagens, provenientes dos mais diferentes campos, que colocam em cena essa correlação.