Sequelas vivenciais na biografia: chances e riscos da pós-modernidade para a poimênica cristã (original) (raw)
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O Fenômeno Religioso na Pós-modernidade
Revista Semiárido De Visu, 2021
Este artigo analisa como na pós-modernidade a religião possui características muito particulares. Na Modernidade muitos filósofos chegaram a profetizar o fim da religião, se partia do pressuposto de que com o advento da ciência e da técnica o homem seria capaz de responder e solucionar os grandes problemas econômicos, sociais e existenciais. A vivencia religiosa seria descartável por agora o ser humano seria capaz de por ele mesmo encontrar a justificação da sua existência e sobretudo, a felicidade. Esta profecia não se realizou justamente porque a pós modernidade é marcada fortemente por uma forte efervescência religiosa. Este retorno a religião se caracteriza dentre outras coisas por um acentuado pluralismo de concepções religiosas e sobretudo por uma vivencia individualista da religião. Estamos, pois, diante de algo tremendamente novo.
Reflexões conceituais e metodológicas sobre o “barroco” das biografias
Educar em Revista, 2021
RESUMO Pretendo neste texto apresentar reflexões conceituais e metodológicas produzidas em pesquisa de doutorado que se dedicou à reconstrução sociológica da trajetória de uma mulher, trânsfuga de classe, chamada Juscelina. A pesquisa teve duração de 16 meses, dentro dos quais foram realizadas entrevistas, pesquisa em variados tipos de documentos e incursões etnográficas. Dos muitos desafios da investigação, apresento aqui duas questões que se articulam. A primeira refere-se à utilização do conceito de trânsfuga. A segunda discute o valor sociológico da pesquisa biográfica. Praticando o artesanato intelectual que constrói explicações no entrelaçamento entre a pesquisa de campo e a literatura das ciências sociais, exponho o processo que me levou a considerar produtivo o conceito de trânsfuga para o caso em análise, e argumento que as críticas do campo sociológico ao método biográfico, exemplarmente sintetizadas no clássico “A Ilusão Biográfica”, de Pierre Bourdieu, devem ser relativi...
A inerrância bíblica entre o biblicismo e a pós-modernidade
Edições Universitárias Lusófonas, 2020
Nalguns sectores mais conservadores do cristianismo desde os finais do século XIX tem sido empreendida uma autêntica batalha pela defesa da autoridade da Bíblia. A doutrina da total inerrância e infalibilidade das sagradas Escrituras foi primeiramente uma resposta ao liberalismo, que surge em pleno iluminismo e, posteriormente, na pós-modernidade, decorrente das ideias existencialistas e desconstrucionistas com que alguns filósofos franceses irão influenciar os métodos hermenêuticos. Em causa tem estado uma cosmovisão assente na suprema autoridade bíblica em matéria de fé e conduta, que se opõe a uma secularização progressiva. A sexualidade antes do casamento, o aborto, o casamento homossexual, a ideologia do género, a eutanásia, o sacerdócio feminino e até a inclusão de homossexuais no seio da igreja, têm tido forte oposição por parte dos que persistem na doutrina da inerrância e no biblicismo.
A teologia em situação de pós-modernidade
A pós-modernidade começou de fato a questionar a teologia brasileira há pouco tempo. Quando o pós-moderno passou a auto-designar-se como tal, a teologia da libertação estava em pleno apogeu. O espírito do Concílio Vaticano II havia feito a Igreja católica de nosso país descobrir sua particularidade e aquilo que mais caracterizava a situação nacional: as injustiças, as desigualdades sociais, a pobreza, a miséria, a ditadura, a opressão, etc. Esse voltar-se para nossa realidade sócio-político-econômica tornou a Igreja partícipe do processo de democratização do Brasil. A teologia e as pastorais nascidas nesse contexto suscitaram também mudanças no interior da Igreja, fazendo-a mais popular, participativa e democrática, dando-lhe novo ardor missionário, tornando sua liturgia mais próxima dos problemas do povo e oferecendo a este um acesso mais fácil às Escrituras. Essas mudanças provocaram também reações nos meios políticos e eclesiásticos. Muitos militantes da Igreja conheceram a perseguição e a morte; os bispos e a CNBB começaram a ser mais controlados pela Igreja de Roma; movimentos de cunho espiritualista passaram a atuar intensamente nos diferentes âmbitos do campo religioso do país. A ação da Igreja católica neste período fez dela um dos principais atores sociais e políticos do Brasil, seja nos momentos em que conheceu a dureza do regime militar, seja nos momentos em que o país foi se redemocratizando. Ao longo de todo esse tempo, porém, outras mudanças foram surgindo no seio da sociedade. Milhões de brasileiros migraram para as cidades, promovendo uma urbanização caótica, fonte de todo tipo de violência, mas também lugar propício para o surgimento de novos processos. O sistema de representações cognitivas, por exemplo, pré-moderno e rural no momento em que surgiu a teologia da libertação, perdeu a coerência e a unidade que o caracterizavam, assimilando as novidades próprias da maneira moderna de conhecer e de significar o real. Os conhecimentos adquiridos por herança e as pertenças advindas da tradição tornaram-se objeto de experiência e de opção pessoais. Essa descoberta da subjetividade coexistia, no 1 O conteúdo deste texto foi originalmente apresentado num mini-curso oferecido no Simpósio Internacional: O lugar da teologia na universidade XXI, que fazia memória do centenário do nascimento de Karl Rahner e que foi organizado pelo Instituto Humanitas da UNISINOs entre os dias 24-27/05/04 em São Leopoldo, RS. 2 Professor de Teologia Dogmática na faculdade de teologia do ISI-CES, em Belo Horizonte, MG.
A teologia e o sofrimento no contexto pós-moderno: pistas para o aconselhamento pastoral
Estudos Teológicos, 2016
Human suffering has been a great challenge to the biblical thinking. In the Old Testament, the Sapiential movement, in a privileged way, has faced that question. In the New Testament, the followers of Christ theologically explained the problem of the cross and martyrdom. Currently, the practice of pastoral counseling is challenged to help people to fi nd a sense to live and continue to believe, even when life seems to have no sense and the doubt overlaps the faith. In this article, based on the biblical data and on the practical theology, we suggest some clues to pastoral counseling to people in inevitable suffering.
O convertido “evangélico": figura da descrição da modernidade religiosa
HORIZONTE - Revista de Estudos de Teologia e Ciências da Religião
Este artigo faz parte da coletânea organizada pelo historiador francês Sebastien Fath, com o título Le protestantisme évangélique, un christianisme de conversion: Entre ruptures et filiations (O protestantismo evangélico, um cristianismo de conversão: entre rupturas e filiações), fruto de uma conferência internacional com uma abordagem coletiva, transversal e internacional organizada de 14 a 16 de março de 2002 pelo Groupe de Sociologie des Religions et de la Laïcité, em parceria com o Centre National de la Recherche Scientifique e a seção de ciências religiosas da l'Ecole Pratique des Hautes Etudes (Sorbonne) da França, Estados Unidos, Grã-Bretanha (Escócia e Inglaterra) e Brasil. Dos participantes brasileiros e conhecidos no país, temos Leonildo Silveira Campos (Mackenzie), Dario Paulo Barrera Rivera (Umesp) e Paul Freston (UFSCar / CIGI). O artigo de Danièle Hervieu-Léger traz um olhar de quem se consagrou nas pesquisas sobre o catolicismo, portanto, pouquíssimas análises so...
Novas dinâmicas religiosas na configuração da contemporaneidade
Sacrilegens, 1970
Este GT apresenta-se como um espaço para a apresentação de pesquisas e discussões sobre estruturas ou fenômenos da religião onde se possa pôr em debate elementos que apontem para uma possível reestruturação ou reapresentação da religião na contemporaneidade, seja em termos de grupos religiosos, de estruturas religiosas, de espaços religiosos, de eventos religiosos ou mesmo teologias. Dentre os aspectos que mais chama atenção no atual cenário sociocultural é sem dúvida, a questão do pluralismo religioso, onde a cada dia, novas formas de religiosidade têm surgido, seja de cultos, ritos ou espaços religiosos, o que condicionam construções e manutenções constantes dessas identidades religiosas. O fator urbanização e modernidade também contribuem para uma nova roupagem dessas plausibilidades religiosas, seja na interface da religião com o espaço, com a natureza, com a sociedade, com a ecologia... Sendo assim, visto este cenário, é preciso pensar em novas formações e/ou conformações relig...