O ensino da escrita argumentativa a partir de sermões do Padre António Vieira (original) (raw)

A metáfora nos sermões de Antonio Vieira: do argumentativo ao sacro-literário

Revista Letras

Seggundo a Retórica Clássica, as figuras de estilo, tais como a antítese, a hipérbole e a metáfora, dentre outras, na medida em que contribuem para o movere - ao suscitar uma emoção, o docere - ao transmitir um conhecimento, e o delectare - ao proporcionar prazer, são também retóricas, por exprimirem argumentos, condensando-os e tornando-os mais expressivos. Desse modo, o presente artigo incursiona pela utilização da metáfora nos sermões de Antonio Vieira, como criadora de sentido, com o objetivo de identificar sua natureza e função. Desse modo, visualiza a metáfora não apenas como elemento estético, mas também discursivo, se bem que a análise dessa figura se subordine a uma análise prévia dos argumentos. Pressupõe, portanto, a utilização de tal recurso como, inicialmente, argumentativa, de acordo com o que preceitua a Retórica Antiga, mas estende sua percepção para sua possível autonomização, por conta das derivações em que incorre ao integrar campos semânticos diferenciados. Para ...

Sermões em manuscritos, folhetos e livros: o caso do Padre Antônio Vieira

Livro e história editorial: livro do seminário, 2004

Após o processo inquisitorial que sofreu nos anos de 1663 a 1667, Vieira reorganiza seus sermões, revisando-os e destinando-os para a impressão, buscando em manuscritos, folhetos e impressões estrangeiras, marcas de suas pregações com o fim de recompô-las. Ao revisar seus sermões, Vieira reorienta a pregação de acordo às circunstância, atualizando as questões e temas neles tratados. Discutir as relações entre tais circunstâncias e a forma que abriga o desempenho retórico de alguns sermões, principalmente no que tange a profecia do V Império é o objetivo desta apresentação.

Paulo Drumond Braga, Isabel Drumond Braga, "Denunciar abusos e criticar erros: os animais na parenética de Vieira”, Revisitar Vieira no século XXI: o poder da palavra: escrita, artes e ensino de Vieira, vol. 2, Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2020, pp. 339-374.

No séc. xvii, foi comum alguns homens da Igreja procurarem na vida animal feitos e gestos comparáveis aos dos homens, de Deus e até do demónio. Este tipo de linguagem, que tanto agradou, por exemplo, a Francisco de Sales (1567-1622) e a Luís Maimbourg (1610-1686), era entendido como uma forma de pedagogia. Ao comparar os comportamentos dos animais com os dos humanos, os homens da Igreja pretendiam explicitar as boas e as más atitudes, atacando os pecadores e valorizando os bons comportamentos. É sob esta ótica que se pretende estudar a parenética do Padre António Vieira. In the 17th century, it was common for some men of the Church to see in animal life gestures comparable to those of men, God and even the devil. This type of language, which was so pleasing to Francisco de Sales (1567-1622) and Luís Maimbourg (1610- -1686), was, for example, understood as a form of pedagogy. By comparing the behaviours of animals with those of humans, the men of the Church intended to explain good and bad attitudes, attacking sinners and valuing good behaviour. It is from this perspective that we intend to study the sermons of Father António Vieira.

A atuação argumentativa do enunciador em dois sermões de Vieira

Veredas, 2022

Ve red as Revista de Estudos Linguísticos https://periodicos.ufjf.br/index.php/veredas/index A atuação argumentativa do enunciador em dois sermões de Vieira: o contexto histórico revisto numa cosmovisão atual The argumentative performance of the enunciator in two of Vieira´s sermons: the historical context reviewed in a current cosmogony

"Introdução" a Padre António Vieira, "Defesa Perante o Tribunal do Santo Ofício"

in Padre António Vieira, Obra Completa, direcção de José Eduardo Franco e Pedro Calafate, Tomo III, Volume II, coordenação, introdução e anotação de Paulo Borges, Lisboa, Círculo de Leitores, 2014, pp.11-47.

O ensino da argumentação na Antiguidade e em um livro didático atual

2012

Os exercicios retoricos fizeram parte do cotidiano escolar na Antiguidade e na Idade Media, quando a Retorica, desvalorizada, foi perdendo espaco para as ciencias logicas e exatas. Hoje, poucas sao as oportunidades encontradas pelos alunos para argumentar em sala de aula, embora se reconheca a importância da argumentacao no uso efetivo da linguagem. A partir dessa constatacao, nosso objetivo principal e refletir sobre o lugar da argumentacao no ensino, da Antiguidade aos dias atuais. Com essa finalidade, voltamos aos estudos da Retorica classica, trazendo seus principais conceitos, verificamos o lugar da Retorica no ensino ao longo do tempo, e analisamos um capitulo do livro didatico Portugues: Linguagens, de Willian Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhaes, publicado em 2005. A partir da analise, observamos que ainda hoje ha espaco para os exercicios de argumentacao nas aulas de Lingua Portuguesa, cabendo nao so ao livro didatico, mas tambem aos professores, disponibilizar para o...

“Próclise e ênclise em Padre António Vieira”.

O presente artigo aborda a posição dos clíticos em português, nas orações principais afirmativas sem proclisadores. Partindo do princípio de que, no final do período clássico da língua (séc. xvii), estaria em curso uma mudan- ça no sentido da substituição da próclise pela ênclise nas construções referidas e verificando-se que, por um lado, autores que funcionam como auctoritas na época, em matéria de usos linguísticos, como D. Francisco Manuel de Melo e Pe. António Vieira, apresentam tendências muito diferentes quanto à posição dos clíticos (Martins 1994) e, por outro, que tais tendências são também muito diversas entre os Sermões, estudados por Martins (1994) e as Cartas, estudadas por Galves (2003) e Galves, Britto e Sousa (2005), do Padre António Vieira, apresentam-se aqui, recorrendo a uma abordagem fundamentalmente quantitativa, os dados do longo texto da Representação…, de Padre António Vieira, em confronto com os dados dos Sermões e das Cartas, com o objectivo de verificar a relevância dos factores cronologia e género na opção pela próclise ou pela ênclise neste período. Os dados analisados permitem confirmar a irrelevância do factor cronologia e a relevância do factor género, permitindo ainda atestar a persistência nos textos de Vieira de dois traços antigos: a interpolação e a mesóclise.

Letramento e argumentação no ensino de língua portuguesa

Entrepalavras, 2019

A ressignificação do ensino de língua portuguesa vem sendo realizada por diferentes projetos de intervenção desenvolvidos, sobretudo, por professores vinculados ao Mestrado Profissional em Letras, dentre os quais, alguns já estão engajados em novos projetos em fase doutoral. Desse grande esforço em rede nacional, discutimos, neste artigo, como os estudos de letramento (KLEIMAN, 1995; 2000; STREET 2014 [1995]) e de argumentação (PERELMAN; OLBRECHTS-TYTECA, 1996 [1958]) podem se configurar como aportes para repensarmos o ensino da argumentação. Assim, pretendemos colaborar com as reflexões sobre os estudos da argumentação aplicados ao ensino de línguas, tendo em vista a necessidade de formação de professores em nível de graduação e de pós-graduação. Por concebermos a argumentação como um processo interacional (PLANTIN, 2010 [1996]), discursivo, complexo e multidimensional, objetivamos discutir as características de práticas pedagógicas que pretendem promover pontes entre os usos socia...

A escravidão nos sermões do Padre Antonio Vieira

Estudos Avançados, 2019

resumo A contribuição agrupa os diferentes estudos desenvolvidos pelo autor sobre a forma de Padre Vieira entender a escravidão, organizados em cinco tópicos-chave, a saber: a adesão aos termos da Segunda Escolástica; o processo de incorporação do indígena ao corpo místico do Estado; os termos usados pelas autoridades portuguesas para definir a missão atribuída a Portugal no Novo Mundo; a natureza indissolúvel do nexo entre conveniência e consciência suposto no chamado antimaquiavelismo; e, por fim, as práticas de conversão adotadas pelos jesuítas no Brasil.