Escrever o que se é: considerações de Nietzsche sobre o seu estilo (original) (raw)
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Nietzsche e a escrita artística do pensamento
Trans/Form/Ação
Resumo: O artigo inicia-se com uma distinção entre poesia e filosofia, a partir do destaque da relação especial que a primeira mantém com a palavra. O enfoque desloca-se para o pensamento de Friedrich Nietzsche (1844-1900), argumentando haver, em seus escritos, a construção de uma filosofia nada convencional, em parte por conta do estatuto das ideias expostas, mas também e sobremaneira pela relação íntima com a arte poética, o que se faz evidente pela estilização do pensamento. A hipótese principal é de que não se pode bem compreender a transgressão semântica operada por Nietzsche - sua famosa…
Nietzsche e a vivência de tornar-se o que se é
BARBOSA, Rodrigo Francisco. “Nietzsche e a vivência de tornar-se o que se é (Resenha)". In: Estudos Nietzsche, vol. 6, n.01, jan/jun 2015, p.137-143., 2016
Resenha do livro "Nietzsche e a vivência de tornar-se o que se é" do prof. Dr. Jorge Luiz Viesenteiner lançado em 2013 pela editora PHI.
A forma da escrita livre: Nietzsche e a prosa de ficção
This article aims to present some guidelines for a reinterpretation of Nietzsche’s fiction concept, shifting it from a speculative context to an aesthetic domain, more precisely, to the context of literary prose. The way in which Nietzsche makes his reflection on the so-called “free writing” the central axis of his understanding of the fictional, this will be interpreted both from Nietzsche’s texts, such as Human All Too Human, and from works by writers who have intertextual affinities with the theme. Keywords: Nietzsche. Prose. Style. Form.
Nietzsche e a estilização de um caráter
Trans/Form/Ação, 2006
O artigo aborda o tema da estilização do caráter no pensamento de Friedrich Nietzsche, através da apropriação de alguns dos temas centrais da sua filosofia, tais como a crítica avaliativa da modernidade ocidental, o pensamento do 'eterno retorno' e o sentido da 'extemporaneidade' [unzeitgemässe]. Através de um percurso pelo conjunto da sua obra e pelos textos de alguns dos seus comentadores, procura-se estabelecer uma interpretação do significado da sabedoria ativa através do desenvolvimento e embaralhamento, ao mesmo tempo livre e cuidadoso, dos temas referidos acima.
O futuro anterior de Nietzsche: “tornar-se o que se é” como tarefa filosófica em Ecce Homo
Estudos Nietzsche, 2020
Este artigo tem o objetivo de apresentar uma análise da fórmula nietzschiana “como tornar-se o que se é”, em seu estatuto como tarefa filosófica tal como descrita no parágrafo 9 do capítulo “Porque sou tão inteligente” de Ecce Homo (1888). Para isso, toma-se como chave de leitura o conceito de “futuro anterior”, desenvolvido a partir de uma interlocução com a narratologia e que tem como objetivo oferecer um tratamento teórico adequado à complexidade temporal da noção de tarefa em Nietzsche. Na primeira parte do texto, argumenta-se que o ato de “tornar-se o que se é” não pode ser tomado como objeto de uma intencionalidade racional, portanto não pode ser antecipado. Em seguida, desenvolve-se formalmente o conceito de “futuro anterior” e apresenta-se sua vantagem teórica. Por fim, realiza-se uma análise dos movimentos de prospecção e retrospecção presentes na relação entre discurso autobiográfico e tarefa filosófica futura no texto nietzschiano.
Entre a "caracterologia" de Schopenhauer e o "tornar-se o que se é" de Nietzsche
Voluntas: Revista Internacional de Filosofia, 2016
Esta publicação concerne ao desdobramento de um estudo sobre o tema do sujeito. Seu foco se encontra na ambivalência de alguns aspectos do tema, como é o caso de um sujeito entendido como o "resultado" de um processo de subjetivação, por um lado, e, por outro, como um "agente" que atua sobre esse processo no intuito de dirigi-lo. O objetivo, neste artigo, e mostrar que esse tipo de ambivalência, comum nos últimos escritos de Nietzsche, na o e casual, mas corresponde a um modo peculiar de fazer filosofia que pode ser sumariado sob a expressão “margem de manobra”, que corresponde a um procedimento conhecido por ele em suas leituras de Schopenhauer. No intuito de exemplificar esse procedimento, apontaremos a ambivalência verificada na caracterologia de Schopenhauer, em especial na maneira como ele amplia o conceito de caráter, tendo em vista as seções 28 e 55 de "O mundo como vontade e representação" e, em Nietzsche, indicaremos a ambivalência presente na ...
A estética da escrita em Nietzsche e Clarice Lispector
2023
O presente trabalho tem por objetivo aproximar a estética da escrita de Nietzsche e Clarice Lispector. Essa questão é importante para ambos, pois não se trata apenas de escrever, mas de como se escreve. Faz-se necessário um estilo, bem mais do que um método. Faremos ponte entre Filosofia e Literatura. Ponte que não separa, mas que atravessa. Usaremos como aporte teórico Ecce Homo que, além de ser autobiográfico, fala sobre uma arte do estilo, compreendida como um trabalho estilístico da linguagem, a fim de que, através dela, os afetos sejam comunicados, bem como Assim Falava Zaratustra. Nosso filósofo elabora críticas a um modelo racionalista de linguagem, pois este inferioriza o teor artístico, ao passo que, coloca a lógica e a dialética em um lugar de superioridade. "O modo Clarice" de escrever também denuncia essa tradição, como em A Paixão Segundo GH. Ambos conduzem as palavras como numa dança, ora aforismática, ora dissertativa, ora poética. São escritas como de um flâneur-termo que Benjamin retirou da poesia de Baudelaire-, pois Nietzsche valoriza os "pensamentos caminhantes". Contrariando a escrita sistemática, defenderemos uma arte do estilo que é plural e livre das amarras do conceito.
Nietzsche e o texto como fixão
Estudos Nietzsche, 2020
O objetivo desse artigo é o de explorar, de forma heurística, uma abordagem interpretativa para a noção de texto em Nietzsche. Trata-se de um exercício metodológico fantástico cujos desdobramentos interpretativos nos escritos de Nietzsche poderão ser testados em momentos subsequentes. Nesse sentido, ainda que de modo "incompleto e alusivo" eu esboço uma breve genealogia das noções de texto para então discutir, junto ao debate com Pichler e sua adesão à contemporânea teoria da edição alemã, de que maneira a noção de texto ali explicitada pode ser, então, compreendida como fixão. Mais do que estabelecer um critério definitivo para a noção de texto, o presente trabalho ambiciona apenas circunscrever o "amplo campo do problema" que implica uma tentativa de "revisão crítica" do tradicional conceito de texto, especialmente em Nietzsche. Palavras-chave: Nietzsche. Texto. Textura. Textualidade. Fixão. http://periodicos.ufes.br/estudosnietzsche/article/view/23212/20984
ENTRE O SILÊNCIO E A PALAVRA: a questão da leitura e do estilo de Nietzsche
Resumo: O artigo propõe-se a apresentar o sentido da multiplicidade de estilos em Nietzsche a partir do elo indissolúvel entre pensamento e vida, escrita e sangue, forma e conteúdo, que terminam por aproximar o discurso filosófico do literário. Analisa a intratextualidade como condição de possibilidade para compreender o texto de Nietzsche e identificar o móvel da multiplicidade de estilos, desde um diálogo com Deleuze. Palavras-Chave: estilo. pensamento. vida. escrita Abstract: The article proposes presenting the meaning of the multiplicity of styles in Nietzsche from the indissoluble link between thought and life, writting and blood, form and content which end by bringing closer the philosophical discourse to the literary. Analysing the intratextuality as condition of possibility of understanding Nietzsche text and identifying the motor of the multiplicity of styles, from a dialogue with Deleuze. Key-words: style. thought. life. writing. Neste artigo, analisaremos, por um lado, a intratextualidade enquanto condição imperante para a compreensão dos textos de Nietzsche; em vista disso, apresentaremos a interpretação de Deleuze em Pensamento nômade, ao propor a extratextualidade como característica distintiva dos textos do pensador alemão 2 . Por outro lado, o estilo de Nietzsche, procurando mostrar como ele rompe com a tradição ao inaugurar uma forma de escrita que ata de modo indissolúvel pensamento e vida, escrita e sangue, filosofia e arte. Através da multiplicidade de estilos, o filósofo alemão, a nosso ver, dribla as armadilhas da gramática e veicula a vivência à escrita, fazendo falar a gama de impulsos nele presentes. Por fim, faremos um elo entre a intratextualidade e a identificação do sentido da multiplicidade de estilos nos textos de Nietzsche através da arte da interpretação requerida por Nietzsche para seus textos. Comecemos pelas controvérsias marcantes que perpassam as diversas .br 2 Cumpre citar que a discussão acerca da intratextualidade e extratextualidade desde a leitura deleuziana de Nietzsche foi realizada previamente no texto SOBRE A INTERPRETAÇÃO DELEUZIANA DE NIETZSCHE: INTRA-EXTRATEXTUALIDADE, publicado nos Cadernos Nietzsche 5 em 1998. Aqui a retomamos para introduzir a questão da multiplicidade de estilos no pensador alemão.