“Eu queria ser branco”: reflexões que transbordam as linhas de existência da criança negra (original) (raw)

“Sou Preto Porque Minha Mãe É Preta”: Olhares Sobre a Infância e Suas Cores

2021

O presente trabalho objetivo analisar os discursos construidos por criancas do pre-escolar em relacao a questao racial, com enfase sobre a negritude enquanto marca identitaria. Embora ainda pequenas, as criancas vao elucidando por meio de suas narrativas o reconhecimento de seu pertencimento a populacao negra, se identificando positivamente em relacao a sua cor e raca. Metodologicamente, a pesquisa fundamentou-se na observacao participante, com perfil qualitativo. Em seus discursos as criancas revelam orgulho de sua cor e ja compreendam a necessidade de defenderem sua identidade racial. Observamos, assim, a importância de uma maior representatividade negra nas midias e demais ferramentas de grande alcance popular. Os resultados apontaram que os movimentos sociais negros, as legislacoes vigentes a favor da diversidade, bem como as producoes literarias com protagonismo de pessoas negras, vem contribuindo para o processo de autorreconhecimento e autoafirmacao da crianca negra.

Infâncias (In) Visibilizadas: Reflexões Sobre a Criança Negra Na História De Vilhena-Ro

Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação

Esse trabalho busca promover a visibilidade da criança negra no cotidiano da história da Educação de Vilhena — RO, entre os anos de 1960 a 1980. Sabe-se que na história, as crianças não receberam a visibilidade merecida por seus papeis sociais, culturais, e nesse contexto, as crianças negras são praticamente ainda mais invisibilizadas. Poucos registros contam com a presença de crianças não brancas durante o processo de colonização e migração de Vilhena, como se não houvesse a presença de povos de diferentes etnias. A história contada é branca, sem pretos, pardos, sem os povos originários da floresta. Como se trata de uma pesquisa que também envolve o tema da diversidade cultural, essa investigação busca contribuir para a discussão de ruptura do modelo eurocêntrico na educação e sucessivamente na análise histórica e social da participação do afrodescendente na construção de uma educação multicultural na escola brasileira. A execução metodológica no âmbito da Nova História Cultural (N...

“Um jeito negro de ser e viver”: (re) inventando a vida no contexto da pandemia da covid-19 – o que dizem as crianças negras e suas mães

Zero-a-Seis, 2020

O artigo tem como objetivo analisar como a vida das crianças negras de um Centro Municipal de Educação (CMEI) em Salvador - e de suas mães - tem sido (re) inventadas no contexto da pandemia da Covid-19. Para tanto, discute-se o racismo, elemento estruturante da sociedade, documentas legais que amparam as crianças e as infâncias destacando o direito à vida e a educação, fazendo um contraponto com as narrativas dos sujeitos da pesquisa. Do ponto de vista teórico-metodológico é uma abordagem qualitativa de cunho exploratório, respaldada por Rosemberg (1996), Cavalleiro (2003), Dias (2007), Abramovicz (2016), Nunes (2016), Franco; Ferreira (2017), entre outros. Os resultados encontrados apontam que o pertencimento étnico-racial e as condições materiais de existência organizam a vida dos sujeitos da pesquisa. Conclui-se que as crianças negras e suas mães têm um “jeito negro de ser e viver” (MAKOTA VALDINA, 2005), ancorado nos valores civilizatórios afro-brasileiros (TRINDADE, 2010...

As semioses do “tornar-se” negra em “Mulheres em Transição”

2021

Este artigo coloca em discussao o ato de assumir a identidade negra por meio da transicao capilar representado na webserie “Mulheres em Transicao”. Analisamos, a partir da semiotica peirceana, os capitulos das duas temporadas do conteudo de marca veiculado pela Salon Line, por meio da marca Todecacho, verificando como a narrativa da webserie aborda cinco semioses sobre os cabelos crespos e cacheados: 1) negacao dos cabelos naturais (semioses previas); 2) inicio da transicao capilar (primeira semiose apresentada); 3) transicao capilar (segunda semiose apresentada); 4) reconhecer beleza nos cabelos naturais (terceira semiose apresentada); 5) motivar outras mulheres a aderirem ao uso dos cabelos naturais (semiose posterior). A analise aciona conceitos teoricos sobre a identidade das mulheres negras, em uma perspectiva interseccional, para discutir o “tornar-se negra” a partir dos cabelos crespos e cacheados, em um contexto de centralidade do capitalismo e do consumo.

O Olhar Do Outro No Meu Olhar: Racismo e Formação Da Identidade De Crianças Negras

Bahia Análise & Dados

Este estudo tem por objetivo refletir sobre a influência do racismo na formação da identidade da criança negra, aqui, especificamente, da criança preta. Essa temática toma corpo diante das muitas matérias jornalísticas denunciando ações de violência cotidiana dirigidas às pessoas negras. Esse é um trabalho com foco em dados bibliográficos, em que se envereda pela literatura que atravessa os temas em foco, tais como; construção da identidade; construção histórico-social do racismo, em destaque o racismo estrutural, a formação da identidade infantil e a identidade da criança negra. Nesse contexto, foi destacado que o processo histórico e cultural definiu uma identidade negra aversiva aos indivíduos, os sujeitos compuseram seu arsenal comportamental com contingências que legitimam a raça dominante, branca, eurocêntrica e masculina. Tomando por base uma identidade que passam por processos que buscam aproximação da identidade grupal e individual que enalteçam as características fenotípic...

O legado da branquitude: reflexões a partir de relatos orais de professoras brancas

Praxis Educativa, 2022

O presente artigo tem por objetivo contribuir, a partir dos diálogos com os estudos sobre a branquitude e com os aportes teóricos do feminismo negro, com o campo da Educação. Para tanto, parte-se de uma análise de cunho qualitativo, inspirados pela história oral, e traz-se para a cena relatos orais de professoras que atuaram na Educação Básica. Os dados apontam para a manutenção das hierarquias impostas pela branquitude e explicitam as marcas raciais transpostas mesmo sobre o processo de flexibilização das desigualdades de gênero.

Letramentos à flor da pele: Construções de sentido de uma mulher negra sobre vivências (em) e leituras (sobre) uma sociedade racista

Polyphonía, 2023

Resumo Nosso estudo visa problematizar as construções de sentido de uma professora em formação (Licencianda em Letras Português-inglês) sobre ser/perceber-se mulher negra em uma sociedade racista e machista. As reflexões que compõem este estudo surgiram dentro de um projeto de ensino que oferecia aulas de inglês em uma universidade pública em Goiás. As aulas remotas ocorreram em junho de 2020, durante um período grave da pandemia de COVID-19, portanto de modo remoto e gratuito. Assim, a partir de uma pesquisa respaldada nos estudos póscríticos (PARAÍSO, 2004; ST PIERRE, 2018) e tendo como base vozes de pensadoras negras como hooks (2000) e Ribeiro (2020), entre outras, problematizamos sobre racismo, feminismo negro e superação da marginalização da população negra na tentativa de promover o letramento antirracista. Os materiais empíricos gravação das aulas, conversa roteirizada, produção textual dialogada foram estudados de forma rizomática (DELEUZE; GUATTARI, 1995) buscando incluir as pesquisadoras e a agente no processo de construções, desconstruções e reconstruções de sentido. Concluímos o estudo, convictas da relevância da escolha de temas pertinentes à realidade dos/as alunos/as para: a promoção do engajamento na tarefa, ampliação de repertórios linguístico-político-sociais e consolidação dos letramentos críticos a partir de contextos educacionais. Palavras-chave: educação linguística crítica, letramento antirracista, inglês como língua adicional. Literacies that affect: Meaning-making by a black woman about her experiences (in) and readings (about) a racist society Abstract Our study aims to problematize the meaning making process of a student-teacher at an undergraduate course in Languages about being/perceiving herself as a black woman in a racist and sexist society. The reflections that make up this study emerged within a project which was held during English classes at a public university in Goiás, in June 2020. At that time, due to the acute phase of the COVID-19 pandemics, face to face encounters were suspended and online classes took place at that institution, like in many others across the country. Thus, based on research supported by post-critical studies (PARAÍSO, 2004; ST PIERRE, 2018) and based on the voices of black thinkers such as hooks (2000) and Ribeiro (2020), among others, we discuss racism, black feminism and overcoming the marginalization of the black population in an attempt to promote anti-racist literacy. The empirical materials recording of classes, scripted conversation, dialogued textual production were studied and analyzed in a rhizomatic way (DELEUZE; GUATTARI, 1995) seeking to include the researchers and the agent in the constructions, deconstructions and reconstructions in the meaning making process. We concluded the study, convinced of the importance of choosing themes which are pertaining and relevant to the reality of the students, since they may generate: the promotion of engagement in the task, expansion of linguistic-political-social repertoires and consolidation of critical literacies from educational contexts.

O racismo na infância e a infância do racismo: vida e rastros de uma criança negra

Pro-Posições

Resumo Este artigo, com base em uma metodologia arqueogenealógica, teve como objetivo resgatar e cartografar fragmentos de vida de uma criança negra em um documento judicial alocado no Museu Histórico Simonense no ano de 1861 e, sequencialmente, entender esse documento, seus discursos e posições, decifrando como funcionava a maquinaria jurídica em seu mais expressivo conceito de poder-saber e quais olhares e tratativas o poderio local lançava para administrar vidas e corpos. O trabalho procurou entender também como, naquele contexto oitocentista, “cor” e “raça” influenciavam os deslindes processuais. Concluiu-se, com o trabalho, que em meados do século XIX nascia uma nova ideia de criança. Esse modelo de criança, idealizado naquele momento pela medicina higienista, serviria somente à criança branca, católica, de posses. Ele não ampararia a criança negra. Não se tratava somente de um tipo de racismo já existente, mas, sim, de um tipo novo de racismo que nascia junto com a própria ide...

Racismo e representatividade da criança negra na literatura infantil: reflexões sobre o projeto de extensão e cultura “construindo a própria história”

Zero-a-Seis, 2019

Os livros, “Eu posso ser... o que eu quiser ser” e “Clube da Alegria’, são frutos do projeto de extensão, CONSTRUINDO A PRÓPRIA HISTÓRIA: racismo e representatividade da criança negra na literatura infantil, com fomento do edital Programa de Bolsas de Apoio à Cultura e à Arte - PROCARTE, cujo número do registro é 026.2.035-2017. O primeiro livro indicado, conta a história de uma criança negra que desejava ser princesa, mas que diante da imagem e comportamentos idealizados dessa figura, historicamente carregada de estereótipos, se angustia ao perceber que o seu sonho não “cabe” no mito. A história foi idealizada para ser trabalhada em uma escola de educação infantil, nesse caso, o CMEI da Bela Vista, localizada em um bairro periférico da cidade de Diamantina. A história foi apresentada e contada para as crianças de cinco anos desta instituição, que a partir dos questionamentos feitos pela personagem principal do livro, foram instigadas a construírem a sua própria história.