A escrita nas psicoses: suas funções e seus destinos em uma oficina literária (original) (raw)
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O trabalho da poesia na clínica das psicoses
Ágora: Estudos em Teoria Psicanalítica
Resumo: O enlace entre psicanálise e poética é indagado em relação à clínica das psicoses. Inicialmente, o artigo discorre sobre o trabalho da poesia na escuta e leitura do sujeito do inconsciente, quer dizer, na instauração do Discurso da Psicanálise. A noção proposta por Lacan como lalangue subsidia tal articulação. A seguir, na busca do rastro do trabalho da poética (do inconsciente), discutem-se aspectos de três experiências célebres no campo das psicoses: Schreber, Marcelle e Wolfson. Por fim, a sonoridade poética (musicalidade) surge como possibilidade de intervenção na direção de um tratamento que não negligencie o sujeito do inconsciente nas psicoses.
Relações entre letra e escrita nas produções em psicanálise
Estilos da Clinica, 2008
Este artigo situa as condições da transmissão da psicanálise no tema da letra, suas diferentes apresentações, segundo tempos e clínicas. Assim, para encontrar pontos que permitam seus enlaces, são percorridos alguns caminhos trilhados por Freud e Lacan. Essas diferentes circunscrições buscam sua articulação ao tema da escrita. Tanto a clínica freudiana, quanto a clínica lacaniana produziram seus fundamentos buscando suas bases nesses temas.
O caráter terapêutico da escrita: práticas de letramento em um hospital psiquiátrico
2008
We investigated literacy practices in a study carried out in a mental health hospital. Both the therapeutic character of writing and the psychiatric institutionalization were considered. The double interdiction to writing was also taken into account, namely: the marginal position towards its singular uses, as well as the stigmatization of those who live under the sign of insanity. During the study , were privileged those events that showed an especial involvement between writing and subjectivity. Thus, through the reconstruction of inmate stories, we could contribute to the recovery of memories effaced by the pathology, and give them the possibility to reconstruct their truth, within the discourse materiality.
A escrita no Centro Psychico de Caetite Bahia
Educação (UFSM), 2020
Este trabalho buscou identificar e analisar quais eram os tipos e as funções da escrita no Centro Psychico de Caetité, Bahia, nas primeiras décadas do século XX. Inserese, assim, em um conjunto de estudos que busca compreender o papel de instâncias religiosas no letramento da população. Os estudos realizados nos âmbitos da história cultural, da cultura escrita e da história da educação nortearam a pesquisa teórica e metodologicamente. As fontes documentais, principalmente as que se encontram no arquivo da instituição, possibilitaram o seu desenvolvimento. O Centro foi fundado em 1905 por um grupo de homens pertencentes à elite econômica, política, social e cultural da cidade. Os resultados da pesquisa mostraram que a instituição mantinha intensa produção de materiais escritos, que foram produzidos por meio da escrita tanto manuscrita como impressa, com a utilização de suportes variados, como, por exemplo, atas, cartas, jornal e outros. Essa escrita atendia a duas principais dimensões: a espiritual, desempenhando as funções mediúnica, de assistência social e a homeopática; e a cotidiana, que estava voltada para as demandas da instituição e dos seus membros, expressas por meio das funções civil e pessoal, normativa, administrativa e de formação de redes de publicações. Assim, o Centro contribuiu, sobretudo por meio da divulgação da doutrina espírita, para aproximar e intensificar o contato dos adeptos com a cultura escrita.
Este estudo partiu de um fragmento clínico de caso de psicose, atendido no setor público de cuidados, no qual a escrita se destaca dentre as estratégias desenvolvidas pelo sujeito em sua tentativa de estabilização. Após circunscrever a relação que entendemos possível entre a Psicanálise e a Saúde Mental, utilizamos aquela como ferramenta teórico-clínica para analisarmos as articulações possíveis da escrita na psicose a partir do ensino lacaniano, com o intuito de pensar seus efeitos na clínica da atenção psicossocial. Percorremos os textos de Jacques Lacan, notadamente nas décadas de 1930, 1960 e 1970. Neles, respectivamente, a escrita é tomada como estereotipia ou expressão criativa; em seguida como escrita do nome e enquanto o impossível de se escrever, que aparece no nó borromeano; e, finalmente, a escrita possível da letra, entre Real e Simbólico. Retornando ao caso, extraímos as consequências clínicas de sua escrita, acenando para a direção do tratamento possível das psicoses no campo da atenção psicossocial.