Condição adolescente e socialização política nas ocupações secundaristas em Caxias do Sul, RS (original) (raw)
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ETD - Educação Temática Digital, 2017
O artigo analisa as ocupações realizadas nas escolas do estado do Rio Grande do Sul, no ano de 2016, e tem por objetivo identificar quais são as variáveis significativas para a construção do processo de socialização política dos estudantes envolvidos. A pesquisa foi realizada nos municípios de Pelotas e Rio Grande, mediante realização de nove grupos de discussão com estudantes que fizeram parte das ocupações, além da aplicação de cinquenta e seis questionários semiestruturados. Verificou-se que o processo de socialização política contém dimensões estratégicas da ação dos estudantes, os quais são observados nos processos de interação com outras categorias da rede de apoio, fundamentais para a manutenção das ocupações, assim como a identificação de um antagonista responsável pela situação da educação: nesse caso, o governo executivo estadual. Ainda, a constituição do agir político baseia-se na busca por autonomia e pela apresentação de pauta material e simbólica, sendo possível conclu...
Ocupações secundaristas no Sul do Brasil: problematizando a produção de subjetividades jovens em meio à ação política, 2019
Analisamos, neste artigo, como as ocupações secundaristas (maio e junho de 2016), no Brasil, mais especificamente na cidade de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, puderam produzir mutações nas subjetividades estudantis envolvidas. O seu corpus empírico compõe ditos de uma explosão discursiva sobre as ocupações secundaristas no Brasil e falas de estudantes que ocuparam suas escolas em Rio Grande. A problematização foucaultiana foi usada como aporte teórico-metodológico. Como resultados, encontramos a emergência e a atualização de um slogan de verdade sobre uma juventude revolucionária que vai à luta, a qual atua sobre as subjetividades estudantis ocupantes, bem como notamos indícios de devires adultocêntricos em uma juventude experimentada com as ocupações, em que marcas atribuídas ao sujeito adulto se metamorfoseiam junto aos sentidos atribuídos aos jovens como efeitos do envolvimento com a ação política em jogo.
Ocupações secundaristas em Goiânia: formação e experiências políticas das/os jovens
2021
This article discusses the occupations of public schools in Goiania that occurred in 2015 and 2016, in the light of the experiences and subjectivities of youth, as a protest against the transfer of school management to "Social Organizations". The analysis undertaken focused on three indicators: the panorama of occupations in the State; the political training and socialisation of youth in occupations and the formative impacts of participative experiences and lived experiences. We found that the youth have made visible the concrete ways to defend democratic management and the proposition of another model of human formation and schooling, in greater connection with the collective struggles against the exclusions of society. youth, as a protest against the transfer of school management to "Social Organizations" and the Secretariat of Security. The analysis undertaken focused on three indicators: the panorama of occupations in the State; the political training and soc...
Direitos geracionais e ação política: os secundaristas ocupam as escolas
Educação e Pesquisa
Resumo A construção democrática apoia-se na participação política de crianças e jovens, não circunscrita às normatizações legais que estabeleceram a posição de sujeitos de direitos para as crianças. Neste trabalho, discutimos como a ação política dos estudantes secundaristas, ao ocuparem as escolas públicas ao longo de 2015 e 2016 no Brasil, politizam as relações intergeracionais em torno do bem educação e fazem emergir lutas para garantir interesses e prerrogativas da geração mais nova. Enquanto a educação sempre foi colocada como um direito das crianças e dos jovens, a análise que desenvolvemos aqui evidencia que esse direito se qualifica como um direito geracional que empurra para lados opostos, por vezes antagônicos, adultos e crianças. Metodologicamente, ao longo dos meses de abril a julho de 2016, acompanharam-se as ocupações secundaristas em diferentes cidades do Estado do Rio de Janeiro em 12 escolas públicas do estado. Esse acompanhamento, de cunho etnográfico, compreendeu ...
Percepções Dos Adolescentes a Respeito Das Ocupações De Alto e Baixo Status Social
XI Coloquio Internacional Educação e Conteiporaneadade, 2018
Como parte da dissertação de mestrado "A ameaça dos estereótipos em jovens negros na escolha profissional" neste estudo investiga-se a percepção social das ocupações quanto ao status social a elas atribuído, a composição racial destas ocupações e as escolhas dos jovens em função da cor de pele. Responderam ao questionário 253 adolescentes, alunos do 2º e 3º ano do ensino médio, entre 15 e 21 anos. Observou-se a partir das análises quantitativas que: independentemente da cor do participante, os adolescentes percebem algumas profissões como de brancos e outras, como de negros; b) eles atribuem aos brancos as profissões de alto estatuto e aos negros as profissões de baixo estatuto; c) os jovens negros, escolhem mais por profissões de alto estatuto. Os resultados são discutidos com base nas teorias da psicologia social cognitiva.
Educação política: o protagonismo dos estudantes secundaristas
Cadernos de Pós-graduação
Este artigo tem como objeto o movimento secundarista de ocupações das escolas públicas de Educação Básica ocorrido nos anos de 2015 e 2016. Objetivou-se investigar se as ações protagonizadas por estudantes secundaristas caracterizaram uma educação política no interior desse movimento capaz de impulsionar a ocupação e a luta pela sobrevivência da escola pública. O levantamento bibliográfico dos referenciais teóricos da área e a análise de nove pesquisas de diferentes universidades brasileiras relacionadas aos registros do movimento estudantil secundarista de Goiânia, exibidos no documentário Escola de Luta, comprovaram que a ação política emergiu do interior do próprio movimento, em prol dos interesses do coletivo de jovens, além de promover uma educação de consciência política acerca da importância da instituição escolar e do olhar da sociedade para o próprio movimento.
Conceição Das Crioulas: As Escolas Como Campos Políticos De Atuação Dos Sujeitos
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Neste artigo analisamos a luta da comunidade de Conceição das Crioulas, no município de Salgueiro, Sertão Central de Pernambuco, por uma educação escolar quilombola diferenciada. A metodologia utilizada foi a coleta de dados empíricos realizada no período de 2008 a 2012, para a pesquisa de doutorado. Esses dados foram analisados qualitativamente em interlocução com a literatura acerca das temáticas abordadas. Identificamos as escolas dessa localidade como campos políticos, tomando como referência a abordagem desse conceito por Pierre Bourdieu(2000, 2004). As escolas são importantes por conduzir a formação escolar dos jovens quilombolas, principalmente no ensino médio, imbricada a uma formação política, preparandoos para tornarem-se novas lideranças do movimento quilombola, fortalecendo os campos políticos de atuação dos sujeitos. Esses campos foram ampliados com a instituição da Escola Quilombola Professora Rosa Doralina Mendes, fundada em 2011, e se fortaleceram com a regulamentação desse tipo de escola por meio da Resolução nº 8 de 20 de novembro de 2012, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Quilombola. Palavras-chaves: Escola; Campo político; Educação Quilombola.
Revista Práxis Educacional, 2019
Resumo: O artigo tem como questão central analisar como se constitui a percepção do papel das lideranças e representação por parte dos (as) estudantes secundaristas que realizaram ocupações nas escolas estaduais durante o ano de 2016 no Rio Grande do Sul/Brasil. A pesquisa qualitativa foi realizada em 2016 em duas cidades (Pelotas e Rio Grande), com posterior entrevista com informante de ocupação em escola na cidade de Porto Alegre, no ano de 2017. Como procedimentos de pesquisa foram realizados dez grupos de discussão e aplicação de questionário semiestruturado a sessenta e cinco estudantes com idades entre doze e dezenove anos e uma entrevista semiestruturada com informante de ocupação em Porto Alegre. Percebeu-se duas visões centrais sobre liderança, sendo a primeira do grupo dos que não reconhecem a existência de liderança e tem uma visão considerada negativa sobre esta categoria, relacionando-a ao formalismo, autoritarismo e ausência ou distância, apontando como modelo ideal formas horizontais de organização. O segundo grupo identifica lideranças e compreendem-nas como aqueles que realizavam maior parte das tarefas e que estão mais imersos no cotidiano das ocupações. O que é comum entre os grupos é que é considerada legítima a participação em termos de intensidade e envolvimento com a pauta. Palavras chave: juventude, ocupação; liderança; socialização política.
Revista de Estudos Universitários - REU, 2017
Este artigo apresenta uma reflexão sobre democracia, cidadania e identidade em um contexto de mundialização da cultura, abordando, a partir da problematização de alguns paradigmas das Ciências Sociais, a especificidade de tais questões no contexto político brasileiro. Trata-se, mais especificamente, das relações entre Estado e participação política durante as ocupações de escolas promovidas pelos secundaristas do Estado de São Paulo em 2015, passando, ainda, pelas chamadas Jornadas de Junho de 2013. Atenta-se à postura vertical adotada pelo governo paulista, ao determinar a “reorganização escolar”, e a contrapartida dos estudantes, através do movimento de ocupação ao longo de mais de dois meses no final do referido ano. A articulação das ocupações foi engendrada com base no emprego de “redes sociais”, na organização horizontal e autonomista do espaço escolar e na tentativa de diálogo com o governo; sua análise evidencia uma significativa possibilidade de participação política.
Posse e propriedade nas ocupações de escolas por secundaristas: o caso do Paraná
Propriedades em Transformação 2 : Expandindo a agenda de pesquisa, 2021
Entre 2015 e 2016, centenas de escolas públicas foram ocupadas pelos próprios alunos, em ao menos oito estados brasileiros. O movimento começou em São Paulo, como reação contra a política de "reorganização escolar" do governo do Estado, que propunha fechar dezenas de unidades escolares, realocando alunos e diminuindo o número de professores, além de instaurar ciclos únicos em seus currículos. A péssima qualidade da merenda também foi um dos pontos centrais de mobilização 46 . Já as centenas de ocupações no Paraná se inserem num ciclo mais amplo de reivindicações e protesto, que aconteceu em diversos estados, contra o corte de gastos federais na área da educação e contra a Medida Provisória n.746/2016, editada sob a gestão de Michel Temer, que trazia mudanças na organização do ensino médio. Certamente há diversas maneiras de olhar para estas ondas de ocupações. Este texto propõe analisá-las sob um recorte específico: como conflitos que foram tematizados, discutidos e decididos na arena judicial 47 .