Tolkien e os críticos: recepção e legitimação no campo literário (original) (raw)
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Tolkien e a alegoria: uma relação em busca de entendimento
Estudos Teológicos, 2022
Resumo: Este artigo investiga a alegoria como repertório conceitual em cartas pessoais de J. R. R. Tolkien (1892-1973), presentes na edição de Humphrey Carpenter e Christopher Tolkien (2006). O objetivo é apresentar a discussão sobre as camadas de sentido de um texto e suas formas de interpretação a partir das considerações de Tolkien, participante de uma tradição filosófica e teológica realista, conforme seu catolicismo de início do século XX. A metodologia utilizada é bibliográfico-documental, pois consiste na revisão histórica da alegoria em A Poética de Aristóteles e na Suma Teológica de Tomás de Aquino. A conclusão afirma a alegoria tolkieniana como método de construção literária fundada em um sentido fechado, sendo diversa da aplicabilidade, método de criação e interpretação no qual o leitor preserva sua liberdade hermenêutica. Para Tolkien, essa escolha carregava uma perspectiva moral e gnosiológica, com eco tanto em Aristóteles quanto em Tomás de Aquino.
Um historiador às voltas com a crítica literária
UFMG Resumo: O objetivo deste artigo é tentar explorar algumas razões que explicariam a inatualidadeda obra do historiador francês Jules Michelet. Nossa hipótese é de que, pelo menos em parte, essa trava associa-se à maneira como os estudos literários definiram e classificaram essa obra. Sob o abrigo do Romantismo francês, as condições de legibilidade próprias ao historiador se veriam diluídas numa apreensão que opõe o campo da escrita ao das ideias, reconhecendo no primeiro campo qualidades que acabam anuladas pela fraqueza do segundo. Para tanto, esta análise recupera três autores chave da recepção literáriado historiador: HyppoliteTaine, GustafLanson e Roland Barthes. Abstract: This paper aimsatexploring some reasons which could explain why the French historian Jules Michelet's work is perceived as " out of fashion ". I will argue that such a view is associated with the way that literary studies classify his work. Under the label of " French Romanticism " , even key authors (for instance, Hyppolite Taine, GustafLanson and Roland Barthes) whointerpretMichelet's worksseparate his ideas from the way his ideas are presented. As a result,interpreters evaluate highly the " aesthetic virtues " of the works and miss their meaning and significance.
2018
Dissertação (mestrado)—Universidade de Brasília, Instituto de Letras, Departamento de Teoria Literária e Literaturas, Programa de Pós-Graduação em Literatura, 2018.Em uma sociedade, a religião exerce influência nos mais variados campos. O cristianismo não está ausente dessa premissa, embora, ultimamente tenha-se sustentado cada vez mais a ideia de uma época pós-cristã, quer dizer, período no qual os valores cristãos não teriam mais a importância que possuíam. Todavia, não se pode fugir por completo do legado trazido, quando da fundação da sociedade ocidental, pelo cristianismo. Como resultado disso, dois discursos aparentemente excludentes – a crença e a arte – encontram-se imbricados. Parece que, sempre que se pensou neles, duas posturas foram prevalentes: uma que afirma o céu em detrimento do telúrico tomando este como mero instrumento para revelar aquele; a outra procura negar o céu e reiterar o telúrico somente. Depreende-se dessa última perspectiva que ela estaria livre da cren...
Wystan Hugh Auden, leitor de Tolkien: demanda heroica, realismo e imaginação
A Subcriação de Mundos: Estudos sobre a literatura de J.R.R. Tolkien, 2019
Este artigo procura ofertar uma reflexão crítica sobre o conjunto de textos escritos pelo poeta anglo-americano Wystan Hugh Auden referentes à obra de J.R.R. Tolkien, tentando precisar suas linhas de força. Dentre estas, nosso foco analítico privilegia a noção de demanda heroica e a constituição de seu protagonista, assim como a natureza do bem e do mal em O Senhor dos Anéis. Com base nas observações de Auden, procuramos pensar a relação entre a presença singular dos hobbits e a construção de um realismo particular e, complementarmente, a importância da imaginação na composição de um ethos tolkieniano marcado por uma dimensão subversiva em constante tensão com a noção de alegoria.
Fantasia, mal e fascínio: um estudo sobre as obras de J. R. R. Tolkien
2012
Monografia de Bacharelado em História - UFU, defendido em 2012. O presente trabalho tem como objetivo traçar alguns paralelos acerca de três perspectivas nas obras do autor inglês J. R. R. Tolkien: fantasia, mal e fascinação. Ao tratar de fantasia, permeamos aspectos com referência a algumas outras histórias e teorias do próprio autor para escrita de suas obras fantásticas, conjugando biografia e outros trabalhos, para chegar aos conceitos de subcriação e mundo possível. Sobre o mal analisamos personagens que fazem parte do imaginário de Tolkien agindo de forma maléfica. Neste aspecto tratamos um pouco da dicotomia presente em alguns personagens. No pretexto da fascinação, analisamos o motivo pelo qual Tolkien é considerado um dos autores mais importantes do século XX
A Crítica como Vestígio de Recepçã o: The West Wing e o Real Histórico
Novos Olhares, 2013
Resumo: Este trabalho visa refletir sobre a crítica enquanto elemento histórico que opera como um registro de recepção de obras audiovisuais. Defendemos que estes textos avaliativos publicados em jornais, revistas, impressos ou eletrônicos, constituem-se como vestígios de uma experiência receptiva que deixa uma marca inscrita na história das obras audiovisuais. Além disso, tomaremos como objeto de estudo algumas críticas direcionadas à ficção televisiva americana The West Wing.
Os dez pontos da política de Tolkien
Como uma pessoa que tem escrito sobre Tolkien por quase quinze anos e lê Tolkien por trinte e seis anos, sou frequentemente solicitado sobre sua visão política. Por um lado, isto é uma questão engraçada, porque Tolkien realmente desprezava muito a política. De fato, ele realmente pensou de si mesmo como um anti-político. Suas poucas declarações sobre esta questão revela apenas o quão impolítico, apolítico e anti-político ele seria
Poética literária e poética cinematográfica: Um confronto nas Terras Médias de O Hobbit
2015
Este artigo enquadra-se num estudo mundial sobre audiências da trilogia The Hobbit cujos resultados serão analisados em 2015-2016. Enquadrando e antecipando essa análise dos resultados, o artigo introduz uma das questões de pesquisa: se (e como) é a relação dos espetadores com a adaptação cinematográfica de Peter Jackson marcada pela sua leitura anterior dessa obra literária de J.R.R. Tolkien. Apresentando pesquisa anterior relativa à adaptação ao cinema da obra O Senhor dos Anéis, do mesmo autor, e a resposta das audiências a essa trilogia, o artigo confronta a relação da literatura com o cinema, entre a posição tolkieana expressa no ensaio On Fairy-Stories (1938-39) e no conto Leaf by Niggel (1947), por um lado, e as novas possibilidades proporcionadas pelas tecnologias cinematográficas digitais, por outro. Palavras-chave: Tolkien; contos de fadas; fantástico; poética literária; cinema digital; audiências de cinema.
Desumanização da crítica literária
Ensaio originalmente publicado na Revista Café Colombo #7. No texto, falo das consequências nem sempre profícuas da decadência das concepções tradicionais de crítica literária. Parto da constatação de que, de forma especial no século XX, um tipo de discussão conceitual preocupada em definir claramente o âmbito próprio da crítica e da teoria literárias (seus métodos, sua linguagem própria, seus objetivos, etc.) tomou proporções mais gerais devido à estreita relação que se estabeleceu entre a nova e inovadora teoria literária e algumas correntes linguísticas, filosóficas, sociológicas e psicanalíticas que dominavam o ambiente acadêmico, principalmente em países como Rússia, França, Inglaterra e Estados Unidos. Dessa relação – e de forma diferente em cada caso – renasceu a pretensão de se criar uma ciência da literatura, dotada de metodologia rigorosa e de terminologia conceitual nova, comparável a das chamadas ciências naturais ou exatas, o que acabou por estigmatizar as formas de crítica tradicionais – entre elas a tradição crítica humanista. Defendo que a concepção de teoria literária como metacrítica, algo que estaria acima das contingências, pode levar muitas vezes a excessos perigosos.
A Massa Na Literatura: A Recepção Crítica De Harry Potter
2015
Resumo: À luz do debate sobre rotulação e valor, discutiremos a recepção crítica jornalística de um bestseller. Como objeto de análise, escolhemos os livros Harry Potter, que venderam milhões de cópias ao redor do mundo, tornando-se alvo de culto para seus leitores. Em contraposição a essa recepção entusiasmada do público, a crítica, muitas vezes, ataca a série, recorrendo, frequentemente, a sua alta vendagem como parâmetro crítico, com superficiais considerações estéticas sobre as obras. Mostraremos como não apenas os livros Harry Potter, mas também seus leitores são desvalorizados pela crítica, que sustenta pilares mais estreitos e sacralizados acerca do literário. Palavras-chave: literatura de massa; crítica literária; bestseller ; Harry Potter. Introdução No artigo "A musa no museu", Alberto Manguel faz uma discussão sobre a experiência individual, solitária, que se tem diante de uma obra. Não importa se milhares de pessoas já observaram um determinado quadro ou se o e...