Afinal, andávamos bastante enganados (original) (raw)

Não basta termos razão

A paridade, palavra-chave desta reflexão, significa aqui usar a igualdade quando a diferença nos discrimina e a diferença quando a igualdade nos descaracteriza; é como que um contentamento descontente, porque é uma coisa inacabada, voltada para o mais profundo de cada ser, ou seja, a mais intrínseca Dignidade Humana.

A lógica do contraditório: ainda somos medievais

O presente texto objetiva explicitar uma permanência histórica do agir dos intelectuais medievais da Escola de Bolonha na cultura jurídica brasileira atual. Ele é fruto das pesquisas que realizamos desde 2008 e pretende apresentar um estudo que procura explicitar as regras ou categorias teóricas presentes na gramática discursiva do campo jurídico brasileiro, em especial, entre elas, a lógica do contraditório. Cabe destacar, desde logo, que embora este artigo abrigue uma perspectiva interdisciplinar que busca aproximar áreas de conhecimento das ciências sociais aplicadas e das ciências humanas, especificamente o Direito, a História do Direito, a Ciência Política e a Semiolinguística, enunciamos nosso discurso do lugar de pesquisadores do Direito brasileiro para agentes do campo jurídico brasileiro.

Percepção equivocada [Folha de São Paulo, 2017]

A decisão dos EUA de suspender a entrada de refugiados e imigrantes de sete países de população majoritariamente muçulmana poderá agravar a pior crise de deslocamento forçado desde a Segunda Guerra. Além de violar uma série de tratados internacionais, a medida alimenta a percepção equivocada de que a imigração representa ameaça à segurança nacional e ao desenvolvimento econômico de um país. Isso vale também para o Brasil.

Sobre a verdade que convém ao existente

2014

Este artigo busca esclarecer a critica feita por Kierkegaard a filosofia hegeliana, a partir de dois conceitos, a saber: sistema e verdade. O filosofo dinamarques demonstra a impossibilidade, na esfera da existencia, de uma verdade plena e, consequentemente, de um sistema que seja capaz de conter toda a realidade, pois isto seria contraditorio em relacao a uma existencia marcada pela possibilidade e em constante devir.

Estaríamos todos condenados à má-fé?

2019

Este artigo pretende problematizar, a partir de L’etre et le neant , as analises que Sartre realiza da ma-fe. Conceito canonico de seu pensamento filosofico, a ma-fe se apresenta como um desdobramento existencial de um para-si que, enquanto consciencia, e o que nao e e nao e o que e, isto e, uma consciencia (de) si e nao uma consciencia identica a si. Debrucando-nos na argumentacao ontofenomenologica do filosofo frances, pretendemos mostrar que parece haver ali uma radicalizacao da ma-fe de tal modo que esta finda por atravancar as possibilidades de pensarmos uma saida diante deste estado inautentico.

Verdades personalizadas ou acerca do nosso poder de decisão em tempos de fake news

2021

Quando os fatos já não se configuram como verificação do real, o discurso pode ganhar um estatuto ontológico independente. Esta horizontalidade entre o fato e o discurso não se dá a salvo de consequências, principalmente quando observada a interferência desse fenômeno em processos de tomada de decisão. É por essa razão que o presente artigo visa refletir sobre o problema da verdade em tempos de uma autonomia nos discursos. Guiando-se pela questão: “como podemos decidir se não sabemos, ao certo, acerca de qual objeto está sendo decidido?”, nos valemos das leituras dos clássicos da filosofia para empreender uma discussão acerca do tema.