O papel das ciências humanas e sociais no enfrentamento da pandemia (original) (raw)

2019 - O papel das Ciências Humanas (Jornal da USP, 24.IV)

Jean Pierre Chauvin -Foto: Marcos Santos/USP Imagens e tempos em tempos, nós, que pesquisamos e discorremos sobre objetos relacionados à cor, ao som e à forma, precisamos vir a público para desdizer medidas estreitas e reafirmar o papel das humanidades, ou ciências humanas, ou soft sciences, perante um mundo cada vez menos favorável à diversidade e cada vez mais standard, como supuseram Herbert Marcuse e Edgar Morin[1], entre as décadas de 1960 e 1970. Decorre daí a ironia máxima: os terráqueos ocupam hemisférios metrificados, mas sem maior espaço para a poesia, o exercício da sensibilidade e a reflexão. Na hipervalorizada Era da Comunicação, cabe um pouco de quase tudo;

A pandemia da Covid-19 e o futuro: desafios para as ciências sociais

Análise Social, 2023

Em 2021, um ano depois do eclodir da pandemia Covid-19, o conselho de reda-ção da Análise Social decidiu promover a submissão de artigos que, provenientes das diferentes áreas disciplinares da revista, explorassem criticamente os efeitos da pandemia nas múltiplas esferas da vida social. Interessava-nos, sobretudo, fomentar e acolher textos de reflexão crítica sobre os desafios que a pandemia do coronavírus colocou às ciências sociais e aos seus processos de produção de conhecimento. Num cenário em que a interdependência social das vidas huma-nas estava no cerne da questão, a Análise Social não poderia ficar alheia a este debate. Mais do que nunca, as ciências sociais têm também um papel central a desempenhar e múltiplos desafios a enfrentar. Que lições retiramos da pande-mia Covid-19 em relação ao papel das ciências sociais e dos cientistas sociais na compreensão, prevenção e mitigação dos impactos da pandemia? Para respon-dermos a esta questão necessitávamos de refletir sobre os instrumentos de que dispomos para conhecer o mundo e atuar sobre o seu futuro.

O papel das universidades no enfrentamento da pandemia

Revista de Estudios Brasileños, 2022

As universidades brasileiras enfrentam três crises inter-relacionadas. A primeira resulta das políticas neoliberais que têm levado a cortes orçamentários profundos na educação, ciência e tecnologia. A segunda é a da própria pandemia que já tirou a vida de mais de 600 mil brasileiros. As Universidades trabalham na proteção da vida de sua comunidade e da sociedade. No sistema de universidades públicas se desenvolvem atividades de extensão junto às comunidades, especialmente a testagem para detecção da infecção populacional, produção de equipamentos de proteção, pesquisas básicas e aplicadas, inclusive o desenvolvimento de vacinas, bem como o papel central dos Hospitais Universitários no tratamento de doentes. A terceira crise é resultado do movimento ideológico de extrema-direita, autoritário e negacionista que tem nas universidades públicas seu alvo preferencial. As universidades, porém, estão fortalecidas junto à população, pelo reconhecimento de sua atuação na prevenção e tratamento da covid-19. Atividades de ensino se desenvolvem de forma remota, mas enfrentam o desafio da dificuldade de acesso de grande parte de sua comunidade. A inclusão digital precisa ser considerada como um direito da população universitária e um dever do Estado seja durante a pandemia e no pós-pandemia.

As ciências da vida e o mundo pós-pandemia

Revista Em construção, 2020

Atendendo aos apelos dos seguidores e estimulado pelo fatídico cenário pandêmico que se impôs, durante os dias 17 e 19 de junho, o Canal no Youtube intitulado Café com Nietzsche, fundado e administrado pelo mestrando Wigson Rafael Silva da Costa, realizou duas livestreaming que traziam como temática central “As ciências da vida e o mundo pós-pandemia”. Para tanto, quatro entrevistados foram convidados a fomentar reflexões e problemáticas que possibilitariam, sobretudo ao grande público, o acesso a uma discussão multidisciplinar e acessível sobre a pandemia da covid-19 e suas implicações científicas, políticas, sociais e econômicas. Em face da repercussão positiva da segunda livestreaming, protagonizada pelos professores Dr. Vinícius Carvalho da Silva e Dra. Vera Portocarreto, consideramos pertinente transcrever as principais questões suscitadas para o formato de entrevista e, assim, submetê-la a este dossiê. Deste modo, agradecemos a revista Em construção pela oportunidade de publicarmos este trabalho que cremos contribuir com uma linguagem acessível, mas sem ser superficial, para as discussões que emergiram do cenário pandêmico. Nesta transcrição, foram realizadas algumas modificações gramaticais, bem como alterações no ordenamento das perguntas, a fim de darmos maior fluidez e coerência à fala dos participantes. Ademais, o leitor deve estar atento para o fato de que, na entrevista que se segue, embora recursos inevitáveis de edição tenham sido adotados, buscamos respeitar ao máximo a oralidade, observando a espontaneidade dos atos de fala dos participantes durante a livestreaming. Todo conteúdo pode ser ratificado através do Canal do Café com Nietzsche, no Youtube.

Pandemia e a necessidade de humanizar o humano

Trabalho, Educação e Saúde, 2020

Já podemos afirmar que a pandemia da Covid-19 (coronavirus disease-19) se apresenta como um marco na sociabilidade contemporânea, aguçando, ainda mais, as contradições entre a 'economia' e a 'vida' intrínsecas à forma societária e, em particular, à formação social brasileira. Neste contexto, expressam-se, com contundência, os efeitos pungentes da flexibilização de vínculos laborais, do encolhimento de direitos sociais, da superexploração e da precarização das condições de trabalho, de um lado; e, de outro lado, da permanência de condições sanitárias inadequadas, das situações de moradia inapropriadas, da destruição ambiental de efeitos nefastos imprevisíveis e do subfinanciamento e da privatização do Sistema Único de Saúde. Acrescentam-se a este cenário o rebaixamento dos horizontes políticos, dificultando o desenvolvimento de soluções emergenciais que, de fato, apresentem um caminho para o conjunto da sociedade brasileira. Coloca-se, portanto, a necessidade histórica de construir, agora em novo patamar, a humanização humana nas dimensões do trabalho, da educação e da saúde, nos termos da linha editorial da revista. A par deste quadro trágico, em se tratando de um editorial, cumpre apresentar uma renovação em nossa publicação, com a inauguração da seção intitulada Notas de

Apontamentos sobre o papel das Ciências Sociais para a compreensão da crise ambiental

Revista Scientia, 2013

O presente artigo faz uma discussão bibliográfica com o objetivo de traçar aportes analíticos para a compreensão da denominada crise ambiental. Discute a relação entre crise ambiental e crise epistemológica, que sinaliza para a necessidade da criação de novos conceitos para a compreensão das mudanças sociais e culturais inseridas no contexto da pós-modernidade. O paradigma socioambiental emerge, portanto, como alternativa ao paradigma tecnicista do crescimento econômico pautado na oposição homem x natureza, ressaltando a crise ambiental como crise de uma ordem social, política e econômica desigual, excludente, antidemocrática e violadora dos Direitos Humanos.