Apontamentos sobre o papel das Ciências Sociais para a compreensão da crise ambiental (original) (raw)

A ciência e a técnica frente à questão da crise ambiental: apontamentos teóricos para o debate

O presente trabalho começa por traçar um percurso histórico sobre como a relação entre ciência, técnica e natureza vem sendo entendida pelo pensamento humano. Tal percurso se inicia com o " mito do progresso " , que nasce com a revolução científica e conhece seu auge na modernidade industrial; passa pelo desencantamento e pelo pessimismo tecnológico do período entre e pós-guerra e culmina na percepção de que, hoje, vivemos numa sociedade de risco. Num segundo momento, o artigo recorre à filosofia da tecnologia para discutir se é possível que a técnica humana, compreendida como uma das causadoras da crise ambiental, possa ser refor-mada democraticamente para que seu desenvolvimento ocorra numa relação harmônica com o meio ambiente. Adotando a teoria crítica de Andrew Feenberg, respondemos positivamente a tal questão. Palavras-chave: crise ambiental; ciência e técnica; filosofia da tecnologia; mito do progresso; sociedade de risco. ABSTRACT: The current paper begins by drawing a historical path about how the human thought understands the relation between science, technique and nature. This path begins with the " myth of progress, " , that arises within the scientific revolution and reaches its pick during the industrial modernity; passes by the disenchantment and technological pessimism of the interwar and postwar period and culminates with the perception that nowadays we live in a risky society. Subsequently, the paper turns to the philosophy of technology in order to discuss if the human technique, understood as one of the causes of environmental crisis, can be democratically reformed in a way that its development respects the harmonic relation with the environment. Based on Andrew Feenberg's critic theory, we give a positive answer to the question.

O dialogo teorico entre comuniccao ambiental e ciencias sociais

Ambiente`& sociedade, 2018

O artigo examina como são agenciados os repertórios teóricos das ciências sociais pelos pesquisadores em comunicação/jornalismo ambiental e como se dá a apropriação dos argumentos teóricos nos estudos aplicados. O corpus de análise compreende 492 comunicações científicas apresentadas por pesquisadores da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) no período de 2001-2016, além de 36 entrevistas. As conclusões ressaltam: a contribuição histórica das ciências sociais para a formação do campo acadêmico da comunicação; a proximidade epistêmica entre as ciências sociais e a comunicação/jornalismo; a valorização do uso desse repertório pelos pesquisadores de comunicação/jornalismo ambiental. As entrevistas reforçam a natureza interdisciplinar da comunicação ambiental, a proximidade epistêmica e metodológica com as ciências sociais, a pluralidade de atores envolvidos e a consolidação de um modo já consagrado de fazer pesquisa pelos estudiosos da Intercom em seus 40 anos de atuação.

Reflexão Sobre a Contribuição Das Ciências Ambientais e Seu Compromisso Social

2021

A recente implantação de um Curso de Pós-graduação na área de Ciências Ambientais na UNIJUI estimulou um fértil debateacerca do escopo das ciências ambientais. Os múltiplos debates que ocorreram no processo de construção da proposta curricular visavam o compartilhamento de visões minimamente convergentes entre o corpo docente, originário de distintas formações disciplinares. O presente relato objetiva expressar aspectos reconhecidos como basilares a serem compartilhados na execução da proposta. Uma perspectiva estritamente ecológica das questões ambientais reduz a enorme complexidade do fenômeno ambiental a uma mera questão de inovação tecnológica e não incorpora as posições de classe e suas diferentes responsabilidades. Conclui-se que é fundamental uma constante revisão dos pressupostos que se assumem basilares a uma formação em ciências ambientais, consoante com seu compromisso social em direção a sustentabilidade.&nbsp

Ciências Sociais e Laudato Si’.: perspectivas convergentes da temática ambiental

Cadernos de Fé e Cultura

Para tratar simultaneamente das dimensões econômicas, ambientais e sociais do espaço humano, de “nossa casa comum”, o artigo pretende aproximar, a partir de alguns conceitos clássicos da Sociologia, Antropologia e Ciência Política, a produção teórica acadêmica sobre o Ser Humano e seu ambiente, e relacioná-la aos conceitos e apelos do Papa Francisco na Encíclica Laudato Si’. Neste documento o Pontífice defende a Ecologia Integral e propõe formas adequadas, segundo os mais sólidos princípios da ética cristã, para trabalhar a relação sociedade, ambiente e economia, de modo a reduzir os impactos da crise ambiental e social que caracterizam o início do século XXI, e garantir uma vida sustentável para as gerações seguintes. A relação das Ciências Sociais com o meio ambiente é especialmente convergente com a Laudato Si’ neste ponto, pois, desde a década de 1960, passou a considerar os danos causados pelo acelerado ritmo mundial de produção econômica e como isso estava afetando os estoques...

Lourenço, N.; Machado, C. R. 2015. As Ciências Sociais e a mudança ambiental global. Desafios para o Desenvolvimento Sustentável África. Mulemba. Revista Angolana de Ciências Sociais, 10: 289-321.

MULEMBA. Revista Angolana de Ciências Sociais, 2015

As actividades humanas estão a transformar o Sistema Terra com impactos significativos sobre o ambiente ao nível local, regional e global. As alterações climáticas e a perda de biodiversidade dificultam a melhoria do bem-estar humano e a redução da pobreza. A nível global é essencial compreender de que forma as pressões sobre os ecossistemas constituem um risco para o funcionamento do Sistema Terra, em geral, e da sociedade, em particular. Em África, a promoção da sustentabilidade e a procura de melhor qualidade de vida para as populações enfrenta desafios de particular importância, nomeadamente os que estão relacionados com o acesso a água potável, ar limpo e alimentos; a adaptação dos sistemas de governança para promoção da sustentabilidade; a gestão de áreas urbanas; a redução da pobreza e a criação de rendimento. Nesta conferência, propõe-se um novo quadro teórico e analítico multidisciplinar para o estudo de questões críticas para o desenvolvimento e a sustentabilidade global: segurança alimentar, segurança hídrica, segurança energética, segurança na saúde e segurança humana. Este novo quadro conceptual tem de produzir e integrar novos conhecimentos em áreas como: governança e limites e limiares de mudança; uso sustentável do capital natural e conservação da biodiversidade; estilos de vida, ética e valores; implicações económicas das mudanças tecnológicas e sociais associadas à transição para economias com baixa intensidade de carbono. Considerando a escala e impactos das actividades humanas, as estratégias de sustentabilidade têm forçosamente de integrar as perspectivas e conhecimentos das ciências sociais na análise da mudança ambiental global e na definição de estratégias e políticas de desenvolvimento.

Subjetividade, crise e educação ambiental

No âmbito das discussões realizadas sobre as possibilidades de efetivação de intervenções pedagógicas mais críticas, emancipatórias e criativas sobre a problemática ambiental, a subjetividade desponta como categoria central para um redimensionamento do lugar que o sujeito tem ocupado no campo da Educação Ambiental. Nesse sentido, o presente artigo tem como objetivo discutir a questão da subjetividade do educador ambiental como abertura à totalidade do ser. Partindo de uma visão fenomenológica acerca da subjetividade, argumenta que a percepção do sujeito como elemento da totalidade do ser é condição primordial para a prática de educadores ambientais interessados em superar aquilo que é denominado crise ambiental. Apresenta e problematiza algumas explicações recorrentes acerca das possíveis origens e causas de tal crise. Identifica possibilidades de vivência da subjetividade em torno das diferentes formas a partir das quais ela é entendida na contemporaneidade. Questiona a idéia de qu...

A alta relevância de temas socioambientais na percepção de licenciandos, professores e pesquisadores de ensino de ciências

Revista CTS, v. 17, n. 50, 2022

Embora os estudos com propostas de abordagem das relações entre ciência, tecnologia e sociedade na educação científica tenham crescido desde a década de 1990, pesquisas realizadas na década seguinte indicavam que essa abordagem ainda era incipiente nas escolas e que havia muita diversidade de entendimento sobre como devia ser essa abordagem. Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa de percepção sobre ensino de ciências com estudantes de licenciaturas em ciências, biologia, física e química, professores dessas disciplinas e pesquisadores dessa área. O questionário, aplicado pela internet, buscou a opinião dessa comunidade sobre qual deve ser o foco do ensino de ciências e qual o nível de relevância que ela atribui a temas do cânone da ciência e a temas socioambientais. Os resultados apontam que esses últimos são da mais alta relevância para a comunidade do ensino de ciências, a qual acredita que deve haver um equilíbrio entre formar novos cientistas e formar cidadãos para tomadas de decisões em questões envolvendo ciência e tecnologia.

Particularidades político-ideológicas da crise socioambiental e os desafios contemporâneos ao Serviço Social

2018

Analisa-se o impacto da crise socioambiental derivada do desenvolvimento do sistema capitalista na sociedade e os desafios ao Serviço Social. O ensaio teórico tem abordagem qualitativa, de caráter exploratório, optando por revisão de literatura e transcrições de aula. O objetivo geral é refletir sobre os desafios enfrentados pelo Serviço Social no enfrentamento da questão socioambiental brasileira. Percebe-se que o pensamento neoconservador tem afetado negativamente as estratégias de luta no enfrentamento dos problemas socioambientais por parte da categoria profissional do Serviço Social e da luta coletiva, como também, tem exigido respostas crítico-reflexivas à categoria do Serviço Social brasileiro na contemporaneidade.