Criticidade curatorial - sobre o papel de curadores independentes no campo da arte contemporânea (original) (raw)

Artista enquanto curador — Das convergências e dissoluções entre práticas artísticas e curatoriais

MODOS, 2019

Artigo integrante do dossiê da revista MODOS dedicado à 33ª Bienal de São Paulo. A discussão parte do modelo curatorial desta edição da bienal, na qual artistas-curadores assumiram a responsabilidade pelas escolhas e decisões que guiaram o processo de concepção e organização das mostras coletivas que compuseram o conjunto expositivo. Ao analisar a intenção do curador-chefe, Gabriel Pérez-Barreiro, de colocar em discussão os modelos de curadorias centralizados na figura do curador e estruturadas como arranjos temáticos de obras, argumenta-se que a opção por artistas-curadores implica em um inevitável tensionamento quanto às funções tanto dos curadores como dos artistas na organização de uma grande exposição. Tendo em conta essas questões, são mobilizados antecedentes históricos e referenciais teóricos que ajudam a melhor delinear e compreender a problemática em torno das convergências entre práticas artísticas e curatoriais, com especial atenção às dissoluções de categorias e às trocas de papéis. A discussão sobre as possíveis equivalências de práticas e os conflitos de autorias aponta para questões em torno da “curatorialização” de procedimentos artísticos em âmbito institucional.

Percursos da prática curatorial - por uma noção expandida de curadoria em artes

A curadoria é uma atividade exercida há muito tempo no campo das artes, ainda assim o surgimento do curador como agente cultural influente só se deu em meados do século XX. Nessa perspectiva, a presente pesquisa buscou investigar as origens históricas do exercício curatorial, assim como as transformações sofridas no transcorrer de sua prática secular. Buscamos também compreender os diálogos possíveis entre curadoria, crítica de arte e museologia nas dimensões institucional e independente. Partindo dessa perspectiva histórica, resgatamos as primeiras exposições de arte do período medieval, passando pelo advento da cultura museológica no século XVIII até o surgimento da arte modernista no século XX, desembocando nas exposições e instalações multidisciplinares contemporâneas. Num gesto de deslocamento radical, utilizamos o cinema em seu caráter “polissêmico” como objeto de estudo, analisando a natureza híbrida da sua imagem e o posicionando como terreno fértil para o exercício de curadoria no campo da arte contemporânea, dadas às múltiplas possibilidades de inserção do “filme” no espaço- tempo. Finamente, buscamos discutir conceitos relacionados à teoria da imagem a partir da obra de Aby Warburg e seus intérpretes Phlippe-Alain Michaud e Georges Didi-Huberman, lançando mão de ideias como a do anacronismo na arte, as forças não-lineares do tempo, o deslocamento das imagens no espaço e a multiplicidade de sentidos que as obras de arte podem assumir quando justapostas ou sobrepostas; temas esses que podem servir como uma espécie de “caixa de ferramentas” para o curador contemporâneo tanto no sentido da inspiração quanto do método.

2011 Novas e velhas questões de curadoria no sistema contemporâneo das artes

O presente trabalho apresenta, analisa e discute brevemente, sempre com o recurso a uma imagem ou exemplo extraído da história da arte dos séculos XVIII e XIX, algumas questões de destaque a respeito da prática curatorial contemporânea, tais como a dimensão prática da ação curatorial e suas características atuais; a visão crítica da curadoria e suas relações com as instituições de arte; o curador diante da natureza espetacular de grandes exibições de arte e os pontos problemáticos das estratégias curatoriais empregadas na tentativa de atingir o grande público.

Crítica de arte e a curadoria de exposições: disputas por uma autoridade legitimadora

The advent of Contemporary Art brought to attempt to destroy the canons of the Modern Art, thereat new social actors and modes of artistic perception and reception born. There is the emergence of a new morphology for the art world. In this context, some argue that art critics have lost a space in the sphere of legitimate art. Until then the critics were perceived as the main legitimizing agents of art, but with the rise of morphology that supports contemporary art, curators of exhibitions today are regarded as holders of this legitimating power. The objective here is understanding to unveil what are the critical and curatorial discussed simultaneously, as well as clarify what is at stake when we proclaim the death of a career in favor of another. Resumo: O advento da Arte Contemporânea trouxe a tentativa de destruir os cânones vigentes na Arte Moderna, com isso novos atores sociais e modos de percepção e recepção artísticos nasceram. Há o surgimento de uma nova morfologia para o mundo da arte. Neste contexto, há quem defenda que os críticos de arte perderam um espaço na esfera de legitimação da arte. Até então os críticos eram percebidos como os principais agentes legitimadores da arte, porém com a ascensão da morfologia que dá suporte a Arte Contemporânea, os curadores de exposições são hoje encarados como detentores deste poder legitimador. O objetivo aqui é compreender o que são a crítica e a curadoria debatidos hoje, assim como explicitar o que está em jogo quando se apregoa a morte de uma carreira em prol do exercício de outra.

Crítica e curadoria como espaços de discussão da arte

Anais do 40º Colóquio do Comitê Brasileiro de História da Arte: Pesquisas em diálogo (evento online), 7-11 nov. 2020, 2021

O discurso da Crítica de Arte no campo das artes visuais não cessou de se transformar ao longo do tempo. Ademais da articulação já consagrada entre Crítica, Estética e História da Arte, ainda hoje, em constante processo de discussão pelos estudiosos da arte, vemos, também agora, a necessidade de pensar a crítica em articulação com outra realidade – a curadoria em sua tarefa de organizar exposições de arte. Este é, ao nosso entender, um lugar fundamental para pensar atualmente a práxis da crítica de arte, seus desafios, sua utilidade, sua especificidade, sua relação com a construção de conhecimento na sociedade contemporânea.