ASSOMBRAÇÃO RACIAL: FANTASMAGORIA E DEVIR-NEGRO DO MUNDO A PARTIR DE ACHILLE MBEMBE (original) (raw)
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INTERVIR NO PASSADO PERFORMANDO O TEMPO: ACHILLE MBEMBE E A CRÍTICA DA RAZÃO NEGRA
Resumo: O estudo procura analisar a política do tempo presente no livro Crítica da Razão Negra, de Achille Mbembe (2014). Nossa hipótese é que Mbembe atua performativamente ao operar termos como " O Negro " , " devir-negro do mundo " , entre outros. Argumentaremos como a dimensão ético-política dos usos da história feitos por Mbembe está inserida em um momento histórico em que uma nova forma de experienciar o tempo parece prevalescer. Para isso, discutiremos conceitos como " feridas históricas " (Dipesh Chakrabarty), " passado irrevogável " (Berber Bevernage/ Vladimir Jankélévitch) " tempo espectral " (Jacques Derrida) conseguem suprir as exigências de reconhecimento e reparação sintomáticas dessa nova configuração do tempo. Abstract: The study seeks to analyze the politics of the time present in the book Critica da Razão Negra, by Achille Mbembe (2014).
CARTOGRAFIAS DO RACISMO: ARQUÉTIPOS, FANTASMAS E ESPELHOS
EDITORA KOTEV, ANTROPOLOGIA: COLEÇÃO TEMAS CONTEMPORÂNEOS Nº. 2/ REVISTA GEOUSP - ESPAÇO E TEMPO - SERVIÇO DE PÓS-GRADUÇÃO DO DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA DA FFLCH-USP, ISBN: 1230001145687, 2018
Cartografias do Racismo: Arquétipos, Fantasmas e Espelhos, ISBN: 1230001145687, é um título que primeiramente foi disponibilizado na Plataforma Kobo pela Editora Kotev (Kotev ©) em Maio de 2016. Em Junho de 2018, este mesmo material foi transformado em texto de acesso livre na Internet em Formato PDF. Cartografias do Racismo: Arquétipos, Fantasmas e Espelhos, que junto com o título Cartografias do Racismo: Imaginário, Discriminação Racial e Espaço, integra uma duologia, é uma obra cujo foco é assinalar os vínculos existentes entre o espaço, tanto nas suas dimensões concretas quanto nas imaginárias, com a questão da discriminação racial, articulando ambas temáticas por sua vez com a relação mantida entre as sociedades e a natureza, tendo por nexo explicativo a regulação social do tempo. Para além da localização do racismo exclusivamente em nível da concretude social, Cartografias do Racismo: Arquétipos, Fantasmas e Espelhos busca evidenciar, pois uma cartografia e uma geografia do imaginário, entendidas como matriciais para a imposição, consolidação e/ou revivificação de dinamismos espaciais excludentes. Neste contexto, a eclosão de uma interpretação linear e progressiva do tempo social, firmada na supressão do espaço pelo tempo, uma inferência entendida neste material como específica à Modernidade, está pautada como matriz da origem de formas genuinamente racistas de discriminação. Por extensão, o racismo seria pertinente exclusivamente ao padrão civilizatório ocidental e a nenhum outro. Neste sentido, a discriminação racial seria resultante de um padrão civilizatório que suprimiu o espaço em função do tempo, processo este articulado com a negação do outro e das pulsões da natureza. Por fim, Cartografias do Racismo: Arquétipos, Fantasmas e Espelhos tem por meta apreender o racismo e o processo de construção e reconstrução das diferenças, tal como se especificam no contexto da globalização. Editorialmente, Cartografias do Racismo: Arquétipos, Fantasmas e Espelhos é um material que toma por base ensaio elaborado em 1993 para o Curso Teorias sobre o Racismo e Discursos Anti-Racistas, ministrado em nível de pós-graduação junto ao Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH-USP), pelo Professor Kabengele Munanga. Cartografias do Racismo: Arquétipos, Fantasmas e Espelhos constitui a segunda parte deste material, publicado em 2008 pela revista GEOUSP - Espaço e Tempo nº 23, de responsabilidade do Serviço de Pós-Graduação do Departamento de Geografia da FFLCH-USP, nº. 23, pp. 44-63, posteriormente retrabalhado quando da confecção do livro Meio Ambiente & Antropologia (Editora SENAC, 2006). A presente edição deste texto pela Editora Kotev (Junho, 2018), preservando o teor e as premissas originais destes materiais, agregou considerável proporção de informações novas, especificações, imagens e adendos, seguidas de notas editoriais, explicativas e bibliográficas, assim como de cautelas editoriais de estilo atinentes ao Formato PDF. A capa é baseada em peça artística do pintor armênio Tigran Tsitoghdzyan, da Série Espelhos, reconhecida produção deste artista. Palavras-chave: Imaginário, arquétipo espacial, territorialidade, tempo, espaço, Ocidente, racismo, regulação social do tempo, tempo linear e progressivo, supressão do espaço, cartografia do imaginário, espaço simbólico, exclusão espacial. Anote-se que editorialmente, o texto de Cartografias do Racismo: Imaginário, Discriminação Racial e Espaço é um material gratuito, sendo vedada qualquer modalidade de reprodução comercial e também, de divulgação sem aprovação prévia da Editora Kotev (Kotev©). A citação de Cartografias do Racismo: Imaginário, Discriminação Racial e Espaço deve em caráter obrigatório incorporar referências bibliográficas em conformidade com o padrão modelar que segue: WALDMAN, Maurício. Cartografias do Racismo: Arquétipos, Fantasmas e Espelhos. Antropologia: Coleção Temas Contemporâneos 2. São Paulo (SP): Editora Kotev. 2018.
Guairacá - Revista de Filosofia, 2023
Este trabalho pretende, ao longo de três tópicos, sugerir a necessidade de uma terapêutica mnemônica coletiva como um meio para a elaboração de traumas históricos coletivos, promovida por uma historiografia crítica. Para isso, será inicialmente apresentada a noção de memória enferma, desenvolvida por Paul Ricoeur em A memória, a história, o esquecimento, com o objetivo de testar a possibilidade de uma transposição de certas categorias psicanalíticas, circunscritas à esfera interpessoal da clínica e mediadas pela transferência, à noção de memória coletiva. Depois, será então apresentado o pensamento da filósofa brasileira Lélia Gonzalez, notadamente no que se refere a seu entendimento do fenômeno do racismo como sintomática do que chamou de neurose cultural brasileira, com atenção especial a sua relação fundamental com o mito da democracia racial, supostamente existente no Brasil de acordo com alguns intelectuais brasileiros do início do século XX. Por fim, com base nos dois tópicos anteriores, será indicada a necessidade de uma espécie de terapia coletiva
RACISMO, GENOCÍDIO E CIFRA NEGRA: RAÍZES DE UMA CRIMINOLOGIA ANTROPOFÁGICA
Diante de nossas especificidades, decorrente da nossa colonização e história, para esboçar um discurso criminológico brasileiro necessitamos, obrigatoriamente, tocar no racismo estrutural e estruturante não apenas de nossa sociedade, mas do paradigma fundante da criminologia enquanto ciência. Uma ideologia que forneceu, como resultado, o genocídio e a cifra negra, ainda hoje presentes e funcionais ao controle social. Nesse sentido, explicitamos nosso lugar de fala escravizada, pretendendo trazer aportes para uma criminologia crítica brasileira, em uma perspectiva antropofágica oswaldiana, imprescindível para a compreensão do nosso modelo de sistema punitivo ornitorrinco, que sempre se direciona aos mesmos indesejados, representando o continuum do mesmo modelo punitivo escravagista que aqui desembarcou com o “descobrimento”. A presença do racismo em nosso solo é uma constante, suas raízes estão tão fortemente arraigadas em nossa sociedade que ele é quase imperceptível dada a sua naturalização e negação que continua a ecoar em coro, como um mantra que deve ser sempre repetido mantendo-o velado, na esperança que desapareça, sem nunca ter sido de fato enfrentado.
O NACIONALISMO ÁRABE E A INFLUÊNCIA DE GAMAL ABDEL-NASSER
Resumo O artigo em questão aborda a trajetória histórica do nacionalismo árabe e sua estreita vinculação com o Pan-Arabismo vista por meio da influência do primeiro egípcio presidente eleito de uma república: Gamal Abdel-Nasser. Pioneiro aos movimentos de libertação do Oriente Médio e com fortes ideologias políticas nacionalistas árabes, Nasser representa a liderança do movimento pan-árabe e propagandista da luta anti-imperialista da época. Busca-se, no artigo, explicar o surgimento, as influencias e feitos do nacionalismo e do considerado " grande herói do nacionalismo árabe ". Abstract : The article in question discusses the historical trajectory of Arab nationalism and its close ties with Pan-Arabism view through the influence of the Egyptian first elected president of a republic: Gamal Abdel-Nasser. Pioneer to the Middle Eastern liberation movements and ideologies with strong Arab nationalist policies, Nasser are the leadership of the pan-Arab movement and propagandist of the anti-imperialist struggle of the time. Seeks, in the article, explain the rise, the influences and made nationalism and considered "great hero of Arab nationalism."
ENTRE FANTASMAS E ZUMBIS: A INFLUÊNCIA DA AMEAÇA TERRORISTA NO GENERO DE HORROR
Ensaio, 2013
Existe alguma relação do gênero de horror com nosso cotidiano? Podemos identificar reflexos de medos e tensões sociais nas histórias de horror contadas em filmes, séries, HQs, jogos eletrônicos, dentre outros formatos? Como é sabido, a narrativa cinematográfica hollywoodiana, produto da chamada indústria cultural, sempre dialogou com outros formatos. Foi assim com as histórias em quadrinhos, livros, televisão e jogos eletrônicos. Algumas décadas atrás, o cinema norte-americano parece ter buscado inspiração em outras cinematografias, como a soviética, francesa, alemão etc ., organizando o conteúdo de seus filmes em gêneros inspirados nestes modelos, como o horror, a ficção científica, etc. Na primeira década século XXI, alguns filmes de horror produzidos em Hollywood apresentam um aspecto em comum: são histórias filmadas incialmente pela cinematografia japonesa. Filmes como O Grito (2004) e O Chamado (2002), por exemplo, apresentam os mesmos enredos de títulos lançados anteriormente por diretores japoneses. Em face desta constatação, identifico um modelo para criação em filmes de horror, fundamentado no trabalho de Noel Carrol. Meu argumento sugere que o gênero de horror desenvolvido nos EUA incorpora traços da ameaça terrorista presenciada nos atentados realizados neste século, como os ataques à Nova York, em 11 de setembro de 2001, e mais recentemente na maratona de Boston. Como pano de fundo, sustento que parte das tensões incorporadas pelo gênero de horror pode ser resultado direto das conseqüências da globalização. Os filmes japoneses que foram refilmados pelos estúdios norte americanos mostram os meios de comunicação, como telefones, celulares, TVs etc., na condição de lugares de tensão, de onde fantasmas sedentos por vingança saem para atacar suas vítimas. Já outros filmes apostam na ameaça dos Zumbis, monstros que não demonstram possibilidade de negociação e parecem ser fruto de ataques terroristas com armas biológicas.
A CONCEPÇÃO HOMÉRICA DA ALMA FANTASMAGÓRICA NA ODISSEIA
In order to consult with the Tiresias vate, Odisseus goes to Hades following instructions from the goddess Circe to learn how he could return to Ithaca after more than ten years away from home. Upon arriving in the Kingdom of the dead he meets the souls of known people and even loved ones, as their own mother. Souls describe their deaths, provide details of their stay in Hades. Tiresias who had their gift of seeing the future preserved even in the world of the dead gives advice to Odisseus about his return. Similarly, Agamemnon due to his tragic death perpretated by his wife, Clitmenestra, also urges that Odysseus must be careful in his return to Ithaca so that he does not suffer the same fate in the hands of Penelope. There is still a talk with the heroic Achilles, who regrets his premature death. Such reports are found in Book XI of the Odyssey and its analysis can provide us with an image of Hades through Homeric view. This view, which is one of the main sources of our knowledge of the Greek mythological world, so that by understanding it we can have a glimpse of the vast corpus of ancient Greek mythology present in the work of Homer. There are some peculiar characteristics in those souls, which allows us to classify them as ghostly. The elements that stand out here in relation to these characteristics are: the lack of bones and flesh, impossibility to be touched, as a kind of ectoplasm; The remembrance that the dead have of their life before Hades and the feeling of sadness and repentance that is present in these characters; and the thirst for blood demonstrated before the sacrifice offered by Odisseus, as a representation of their thirst for life. This conception represents a pre-scientific mode of thought that is characteristic of the time, and therefore with religious appeal in a way that is subsequently criticized by Plato in the Republic. In this sense, we will see that the Platonic criticism is specifically related to the consequences in the pedagogical context that this conception entails, but that does not invalidate the description made by Homer of the current belief at the time in the form of the ancient Greek religion.
Contemporânea: Revista de Comunicação e Cultura, 2022
A proposta do artigo é entender o papel da antropomorfi a nos desenhos animados, considerando a maneira como ela atua na manutenção de estereótipos de gênero em histórias para crianças com até seis anos. Argumentamos que, longe de neutralizar as problemáticas em torno dos olhares sobre os gêneros, o uso da antropomorfi a reproduz, com alto teor pedagógico, modelos em torno dos signifi cados do gênero feminino. Para tal, faremos um debate sobre o lugar da antropomorfi a nos desenhos, para então analisarmos a construção de personagens da série Patrulha Canina que, especifi camente no Brasil, passou por uma mudança de dublagem na primeira temporada, modifi cando o gênero de dois dos seis protagonistas. A análise é fundamentada pelas diferenças apresentadas em dois episódios da série: O Festival Dos Filhotes e Os Filhotes e as Tartarugas Marinhas; ambos veiculados, originalmente, em 2015, mas que sofreram alterações no corpo de dubladores, após 2019. Além desta pequena amostragem, acionaremos os comentários disponibilizados no site Reclame Aqui em torno da temporada. Enfatizamos que elementos técnicos (cores, forma, dublagem), juntamente com o comportamento das personagens, expressam problemáticas fundamentais para compreensão do papel dos gêneros hoje.
“HUMOR BRANCO” E O RACISMO CONTRA A CAPOEIRA
Revista Íbamò, 2018
A violação dos direitos dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana no Brasil afetam sobremaneira os Terreiros de Candomblé e Umbanda que vem sendo queimados e destruídos com ações de racismo e intolerância religiosa por todo o país. Não obstante, isso vem ocorrendo com um pouco mais de frequência também com a nossa Capoeira. Depois de longo embate com o sistema CONFEF/CREF’s e de outras diversas formas de apropriação cultural que a nossa arte afro-brasileira da capoeiragem vem sofrendo, agora a Capoeira tem se tornado, nas mãos de pseudo-humoristas, motivo de chacotas e piadas racistas.
DAGUERREÓTIPO, DESENHO E RACISMO CIENTÍFICO
Base de Dados de Livros de Fotografia, 2020
RESUMO Neste ensaio, a pesquisadora Marina Feldhues prossegue na discussão sobre os usos iniciais da Fotografia a serviço da dominação colonial, no século XIX; desta vez, analisa o desenvolvimento do racismo científico nas ciências naturais moderno-ocidentais. Do século XVI ao século XVIII, da Fisiognomia à Antropologia Comparada, do Desenho ao Daguerreótipo, a pesquisadora compõe duas cenas e, numa análise crítica, questiona as relações entre o racismo científico, o desenho e o daguerreótipo.