Sobreposições e equivocações entre populações indígenas e tradicionais no baixo rio Arapiuns (Santarém/PA) (original) (raw)

Os conflitos ligados à sobreposição entre terras indígenas e a resex Tapajós-Arapiuns no Pará

RURIS (Campinas, Online)

Um relato etnográfico sobre conflitos entre indígenas e agroextrativistas, que adotam diferentes estratégias na luta por direitos à terra, na área da Reserva Extrativista (Resex) Tapajós-Arapiuns, no oeste do Pará. Será falado de grupos que habitam suas terras tradicionalmente – uns se identificando como povos indígenas, outros, não –, bem como dos seus respectivos aliados externos. Nessa forma de relato assumidamente histórico e contextual do conflito, será possível visualizar agentes e atores e o desenvolvimento das crises entre diferentes instituições e níveis de institucionalidade. Como é possível que a efervescência de um processo de emergência étnica seja visto como ameaça por outras organizações do chamado movimento social e por agências governamentais? O que buscam ou disputam esses diferentes grupos e instituições?

Redes de parentesco e dinâmicas de integração do social entre populações indígenas e tradicionais na confluência Arapiuns, Tapajós e Amazonas

2019

Apresento um debate experimental sobre redes de parentesco e dinâmicas de integração do social na chave renovada da teoria da aliança que Douglas White e Michael Houseman (1996) definiram como o estudo das estruturas reticulares da prática matrimonial. Renovada pois desloca o foco dos modelos terminológicos para as relações interpessoais concretas de filiação e casamento, que constituem tecidos fragmentários implicados na construção de pessoas e coletivos, em diferentes escalas e domínios. Esta renovação é potencializada pela matemática dos grafos e as novas ferramentas computacionais. Noções implícitas nos circuitos – religamentos, componentes e constelações – servem ao exame de regimes de aliança e se estendem a outras lógicas, conceitos e dinâmicas, como: corpo e pessoa; classes e segmentos; herança e transmissão; migração e circulação; etnicidade e identidade; compartilhamento e mutualidade; espacialidade e cosmologia; política e história. O mapeamento de variáveis dinâmicas na ...

Mudança e (re)organização social no artesanato tradicional de trançados do rio Arapiuns, Santarém, Pará Change and social (re)organization in traditional braided crafts from the Arapiuns River region, Santarém, Pará

A produção de objetos em palha de tucumã é histórica em comunidades às margens do rio Arapiuns, município de Santarém, Pará, e, em 2022, esse saber-fazer foi declarado patrimônio histórico, cultural e imaterial do município. Este artigo aborda mudanças na organização social e na produção artesanal dos trançados do Arapiuns, a partir da experiência da Associação de Artesãos e Artesãs das Comunidades de Nova Pedreira, Vista Alegre e Coroca (AARTA). Entrevistas semiestruturadas, conversas informais e análise de documentos indicaram que, a partir dos anos 2000, diversas instituições passaram a atuar na região, visando à geração de renda e à preservação cultural e ambiental. Essas instituições, juntamente com artesãs, possibilitaram o intercâmbio de saberes-fazeres, as variações na tipologia e no tingimento de peças, a organização formalizada das artesãs, além de mudanças nas formas de produção e comercialização do artesanato. A organização formal do grupo, a atuação da associação e o papel desempenhado por uma artesã específica consolidaram tais mudanças. Nesse processo, a AARTA materializou a valorização do artesanato pelas próprias artesãs e tem impulsionado a colocação dessa atividade em espaços que estimam os atributos de um artesanato tradicional, com melhores preços de venda, além de divulgar e permitir seu reconhecimento enquanto patrimônio municipal.

Sobreposição de área protegida em território tradicional: o caso do Parque Nacional do Jaú e o Quilombo de Tambor, Amazonas, Brasil = Overlap of protected area in ethnic territory: the case of Jaú National Park and Tambor’s Quilombo, Amazonas, Brazil = Área protegida superpuesta en territorio etn...

2021

Resumo: O estudo analisa a possibilidade de proteger a diversidade cultural e ambiental, investigando a sobreposição do Parque Nacional do Jaú em território quilombola do Tambor, no estado do Amazonas, Brasil. O conflito divide-se em: momento de resistência após a criação do Parque; e período quando surge a reinvindicação de reconhecimento do quilombo do Tambor. Discutimos a relevância dos territórios tradicionais para a proteção da diversidade cultural e da biodiversidade. Adotamos o raciocínio dedutivo, o levantamento da literatura que trata do caso estudado e revisão bibliográfica acerca de proteção ambiental, biodiversidade e diversidade cultural. O trabalho foi construído a partir de uma visão crítica e ampla da problemática do direito para examinar a realidade e a legislação socioambiental que rege o litígio. Concluímos que é imprescindível a criação de mecanismos administrativos e jurídicos 1 O trabalho é um dos produtos do Projeto "Impacto da Nova Legislação de Regularização Fundiária nas Terras Tradicionalmente Ocupadas pelas Comunidades Tradicionais", com bolsa de Produtividade CNPq (Processo CNPq: 308008/2018-9). Também contou com financiamento do Projeto "A Sobreposição de Unidades de Conservação em Territórios de Populações Tradicionais", bolsa PIBIC/FAPESPA, em 2017, e o Projeto "Geração de Renda e a Proteção dos Recursos Naturais: alternativas para o desenvolvimento sustentável na Amazônia", com financiamento da CAPES-Programa Pró-Amazônia: Biodiversidade e Sustentabilidade. Uma versão preliminar foi apresentada no X Congreso de la Red Latinoamericana de Antropología Jurídica (RELAJU), realizado de 11 a 13 de outubro de 2018, em Temuco, Chile. Agradeço a participação da Izabella Castro de Oliveira, que como graduanda e bolsista de iniciação científica na Clínica de Direitos Humanos da Amazônia (CIDHA/UFPA), bolsa FAPESPA em 2017, colaborou no levantamento das informações e organização do relatório do projeto. Sem a sua colaboração o trabalho seria limitado.

A incógnita arapaso: estudo sobre um povo do Alto rio Negro - dissertação de mestrado (PPGAS/MN - UFRJ)

Pederneiras, Maria., 2020

Esta dissertação analisa comparativamente as referências etnográficas do Noroeste amazônico à luz de questões levantadas pelos Arapaso, povo indígena do rio Uaupés. Com uma presença residual na produção etnográfica regional, os Arapaso atualmente são um grupo relativamente pequeno da família linguística Tukano que perdeu sua língua original – falando a língua de seus cunhados tukanos. Ainda outras perdas marcantes em sua história fazem dos Arapaso uma incógnita nesse mosaico multiétnico e multilinguístico que constitui o sistema uaupesiano. Nesse sentido, este trabalho explora algumas das relações que configuram as noções de ‘identidade’, ‘territorialidade’ e ‘origem’ no contexto dos povos do Alto rio Negro, entendendo estes termos (levantados pelos próprios Arapaso durante uma reunião) enquanto “homônimos equívocos” (Viveiros de Castro, 2009 [2015]: 68) e, portanto, ‘incógnitas arapaso’ a serem especuladas.

Intercâmbio de saberes: Munduruku, Juruna da Amazônia e os povos indígenas Zuni, Navajo e Hopi do Colorado na gestão de rios impactados por hidrelétricas

Boletim - Rede Socioambiental de Monitoramento Independente e Participativo de Hidrelétricas na Amazônia no contexto das Mudanças Climáticas, 2017

A Rede Barragens Amazônicas/Amazon Dams Network (RBA/ADN), com apoio da Fundação Nacional para a Ciência dos Estados Unidos (National Science Foundation) e do Instituto Clima e Sociedade (ICS), promoveu, entre os dias 15 e 18/05, na cidade de Flagstaff, no estado do Colorado, EUA, a oficina sobre hidrelétricas “Avançando na Pesquisa Integrativa e Gestão Adaptativa de Sistemas Socioculturais Transformados por Barragens Hidrelétricas – Explorando o Programa de Gestão Adaptativa da Barragem do Glen Canyon, no Rio Colorado”.

Pobres e Miseráveis? Preconceitos Contra Povos Indígenas na Região do Alto Rio Negro (AM)

Mediações - Revista de Ciências Sociais, 2021

Resumo Nos últimos anos, alguns políticos de três níveis de estados federativos, têm frequentado a região do alto Rio Negro em busca de flexibilizar as políticas de movimentos indígenas quanto à questão de exploração mineral em terras indígenas. Em seus discursos usam os termos preconceituosos como 'mendigos, pobres e miseráveis' em relação aos povos indígenas que vivem em centros urbanos, entornos e nas comunidades dos interiores das terras demarcadas. Como contraponto a estes discursos o artigo busca demostrar que tais termos, assim como os conceitos, não existiam nas línguas nativas da região. O estado de pobreza, mendicidade e miséria não existe nas aldeias indígenas, nem entre aqueles que conseguem se estabelecer profissionalmente nas cidades. Trata-se, no entanto, de uma situação encarada por indígenas que, atraídos pela ideia de terem uma boa vida na cidade, não conseguem superar os inúmeros obstáculos que enfrentam e acabam enfrentando uma situação social e econômica degradante. Palavras-chave: Pobreza. Indígena. Rio Negro. Amazonas. Desenvolvimento. Abstract In recent years, some politicians from three levels of federal states have been frequenting the upper Rio Negro region in an attempt to relax the policies of indigenous movements regarding the question of mineral exploration in indigenous lands. In their speeches, they use the prejudiced terms as poor and miserable in relation to the indigenous peoples who come from communities within the demarcated lands. As a counterpoint to these speeches, this article seeks to demonstrate that such terms, as well as concepts, did not exist in the native languages of the region. The state of poverty and misery does not exist either in indigenous communities nor among those indigenous people who manage to establish themselves professionally in cities. It is, however, a situation faced by indigenous people who are attracted by the idea of having a good life in the city but are unable to overcome the countless obstacles they face and end up facing a degrading social and economic situation.