Arqueologia e Comunidades Tradicionais na Amazônia (original) (raw)

Ecoarqueologia Histórica na Amazônia

Desenvolvimento e Meio Ambiente, 2019

Este trabalho apresenta alguns fatos históricos da presença europeia na Amazônia, assim como discute os impactos ambientais gerados e seus prováveis legados materiais, naturais e culturais. Quais são as razões que tem levado a sociedade ocidental tentar transformar a floresta amazônica nos últimos 500 anos de ocupação? Para responder a esta questão, serão investigados quando, onde e como essas alterações no meio ambiente ocorreram, e serão examinadas as significâncias dos seus vestígios ecoarqueológicos. Também, será debatido o porquê de essas transformações terem ocorrido, e as populações afetadas na história de ocupação da Amazônia.

A etnoarqueologia na Amazônia: contribuições e perspectivas

Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas

Desde a década de 1970, a etnoarqueologia tem sido realizada na região amazônica com diferentes temas, problemas e objetivos. Independentemente das suas perspectivas, esses trabalhos têm contribuído para o entendimento da pré-história amazônica, ampliando as possibilidades para interpretar o registro arqueológico. Além disso, contribuem na crítica e na revisão dos paradigmas tradicionais que dominaram por muito tempo as explicações sobre os modos de vida das populações amazônicas do presente e do passado. Esse artigo apresenta um panorama desses trabalhos etnoarqueológicos, salientando sua importância para o entendimento da pré-história amazônica e para a continuidade das pesquisas arqueológicas na região.

Entre Passsado e Presente: Arqueologia e Coletivos Humanos na Amazônia

The history of archaeological research in the Amazon goes back to 19th century, however it was mainly in the last decade that researchers have given attention to local people´s interests, perceptions and knowledge of archaeological remains. Such recent topic of research has shown in the Amazon a series of different modes of knowledge about materialities of the past, questioning long-standing notions of archaeological scientifc practices. Embracing recent production of ethnographic archaeologies in the Amazon, which allows us to know other modes of knowledge, I shall enlighten the differences between scientifc and local knowledge, aiming at highlighting the richness of diverse ways of expression for the materialities of the past which are available among living people of the Amazon.

Arte e arqueologia na Amazônia antiga

This working paper focuses on the possibilities of analysing Amazonian pre-Columbian aesthetics to improve understanding of social and ideological change among pre-colonial indigenous societies: Specifically the formation of complex chiefdoms by AD 500 and the social organization of these societies before European conquest. The paper explores an interpretive methodology that attempts to bridge ethnographic knowledge on the relationship between aesthetic expressions and societal change in historical or contemporary indigenous societies with an archaeological analysis of style. Analysis of artifacts related to long-term processes of social change in pre-Columbian Amazonia, such as funerary urns, may help evaluate key ideological transformations among indigenous societies before and after colonisation. * Uma versão resumida deste artigo foi publicada em francês no catálogo da exposição "Brésil Indien, les arts des amérindiens du Brésil" (Réunion des Musées Nationaux, Paris, 2005).

Na Margem e à Margem Arqueologia Amazônica em Territórios Tradicionalmente Ocupados

Este artigo descreve o levantamento de sítios arqueológicos em territórios tradicionalmente ocupados na Amazônia. O que é imprescindível para o nosso acesso aos locais é o conhecimento territorial dos ocupantes. Ao relatar o processo de desenvolvimento de pesquisas arqueológicas nas margens de três dos principais rios da Amazônia (Tapajós, Madeira e Solimões), pretendemos explorar as variadas relações existentes entre as comunidades tradicionais e os recursos arqueológicos existentes em seus territórios, desafiando conceitos estanques do significado de patrimônio. Propomos que arqueólogos busquem ser parceiros das comunidades tradicionais, as quais têm contribuições inestimáveis para a geração do conhecimento. The article describes archaeological surveys carried out in traditionally occupied territories in Amazonia, in which the territorial knowledge of current inhabitants constitutes a key factor in access to sites. In writing about the archaeology along the banks of three of the Amazonia’s main rivers (Tapajós, Madeira and Solimões), we hope to explore the varied relations between these communities and the archaeological resources of their territories, challenging rigid conceptions on archaeological heritage. We propose that archaeologists seek to become partners of the traditional communities who provide them with invaluable contributions.

Arqueologia dos Africanos Escravos e Livres na Amazônia

O potencial arqueológico dos sítios históricos com presença Africana na Amazônia brasileira ainda é pouco explorado. Aqui pretendemos apresentar um breve panorama destas pesquisas, começando com os estudos contemporâneos sobre a diáspora e a escravidão Africana na arqueologia; aspectos internos e externos da história Africana na Amazônia; o potencial arqueológico da temática da escravidão e da diáspora Africana na Amazônia; e o cotidiano das comunidades remanescentes de quilombo na área.

Abordagens educacionais para uma arqueologia parente com comunidades tradicionais da RDS Amanã e da FLONA Tefé, Amazonas

Tese, 2022

Esta tese tem como objetivo compreender o papel da socialização do patrimônio arqueológico com comunidades tradicionais inseridas em Unidades de Conservação de Uso Sustentável na Amazônia. Foram desenvolvidas ações com as comunidades de Boa Esperança, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã (RDS Amanã), e de Tauary, na Floresta Nacional de Tefé (FLONA Tefé),ambas no Médio Solimões, estado do Amazonas. Foram realizadas escutas das histórias de vida de lideranças mais velhas, de professores/as e jovens, marcadas por um hibridismo entre a educação, a etnografia arqueológica e a história oral em decorrência da localização desta pesquisa na fronteira desses campos disciplinares. Também foram desenvolvidas práticas de educação patrimonial nas localidades, uma demanda constante e antiga das famílias e das escolas. Devido à organização de base comunitária das famílias, ao papel das relações de compadrio e ajuda mútua que mudaram suas histórias de vida, existe uma forte gramática local, que convida para a realização das pesquisas de forma colaborativa. Dessa forma, por meio dos aprendizados com as famílias, são apresentados alguns caminhos para uma tradução possível da arqueologia colaborativa, como uma arqueologia parente, que tem em sua centralidade a dialogia inerente aos trabalhos educativos. As ações de socialização se diluem nessa abordagem, pois são constitutivas de qualquer arqueologia realizada com essas comunidades. Também é favorecida a produção de histórias não lineares correlacionada às concepções e às memórias locais da materialidade com o tempo da história de longa duração indígena produzida pela arqueologia. Como resultado, é indicado o impacto latente de nossas práticas junto às famílias, o que faz emergir um rico contexto para a continuidade dos trabalhos, especialmente nessa perspectiva de se tornar parente. Também é discutido o contexto propício para a criação de museus comunitários, os quais podem contribuir para o gerenciamento dos referenciais culturais locais e para a gestão do patrimônio arqueológico, compreendido como um meio e não um fim em si mesmo.