Crianças em situação de rua e a sobrevivência nos principais mercados da cidade da Praia (original) (raw)

População infantil e adolescente em situação de rua: temas em destaque em âmbito internacional

Esta publicação é parte de um amplo projeto intitulado Políticas Públicas e os Desafios da Implementação: análise do caso da política de atendimento a crianças e adolescentes em situação de rua no Rio de Janeiro, coordenado pela Profª Irene Rizzini (PUC-Rio/Departamento de Serviço Social; CIESPI/PUC-Rio), com apoio da FAPERJ (CNE, Cientista do Nosso Estado, 2014-2017; FAPERJ Ref. N° E-26/201.274/2014). O projeto tem como objetivo analisar os processos que facilitam ou dificultam a implementação de políticas públicas com foco sobre a população infantil e adolescente, tendo como estudo de caso a Política de Atendimento a Crianças e Adolescentes em Situação de Rua (Deliberação CMDCA 763/2009).

Desigualdades sociais e violência juvenil na cidade da Praia

É costumeiro ouvirmos a associação pobreza/delinquência para explicar determinados comportamentos de alguns jovens praienses de hoje. Tal associação, para além de limitador e descriminalizador para com uma boa parte da nossa juventude, uma vez que, os dados do INE de 2005, nos diz que cerca de 49% dos pobres no país tem menos de 15 anos e 30% dos agregados familiares chefiados por indivíduos na faixa etária entre os 15 a 24 anos são pobres, esconde a delinquência de colarinho branco, muito frequente no país. Obviamente, pelos dados apresentados, sabemos que esta franja da população pobre não é delinquente, caso contrário, teríamos de considerar como criminoso metade da população residente nas ilhas.

Nas ruas de Ciudad del Este: vidas e vendas num mercado de fronteira

Rio de Janeiro: Tese de Doutorado em Antropologia, …, 2004

A Gregorio Villalba e familia AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar, agradeço a todos aqueles que me ajudaram a conhecer o mundo que tentarei apresentar nas páginas a seguir. A Gregorio, com quem aprendi sobre os mesiteros, sobre Ciudad del Este e sobre a amizade. A ele e a Ramona, por me abrirem sua casa e, junto a Edgar, Liliana, Richard, Jessica e Jorgito, ter-me dado tanto quanto me deram. A Wilfrido, que além de responder minhas perguntas, me guiou por caminhos que eu não tivesse descoberto. A Edgar, Noni, Manuel, Carlos, Pato, Carlitos, Antonio, Ricardo, Siete, Leka e os outros mesiteros da Avenida San Blas, com quem aprendi e comparti muitas das coisas que me permitiram escrever o presente trabalho. A Bernardo e Sebastiana pelo tempo, as respostas e a hospitalidade. Aos outros amigos e conhecidos da rua e de San A Evan, quem me ensino muito sobre Paraguai e a nosso amigo Rigmar. A Alberto, do hotel Mi Abuela, que sempre teve um lugar para mim. A Alcides, Miguel e a turma da oficina de Francisco em Barrio Obrero. A Ramona e Esteban, Ada, Osmar e Richard, que me acompanharam no primeiro tempo em Barrio Obrero, assim como a meus vizinhos, Nestor e René. A Julio e Marco, que botaram um sotaque portenho no bairro. A Sinforiano, que me orientou nas procuras. A Mario, Cristóbal, Zenon, Santi, Benítez, Eleuterio, Gallito, Abdul, Luiz Antonio, Samir e todos os que me deram seu tempo em entrevistas e conversas. A Edith, cujo bar e atenção me deram um lugar em Vila Portes. A Vladimir e o pessoal da biblioteca municipal de Foz do Iguaçu. A Luis Veríssimo e o pessoal da DNER. A Martín Antonio Batista Torres, do Museo de Historia El Mensú. A Regina Coeli Machado, que além do apoio que me deu com sua família, me permitiu manter um diálogo antropológico durante o trabalho de campo. Gregorio tinha razão, "Es difícil hacer amigos para después irse." É difícil, sim. Espero pronto voltar. Às instituições que tornaram esta tese possível. Em primeiro lugar, ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museo Nacional (UFRJ) e aos funcionários que fizeram o trabalho possível: Tânia, Luiz, Marcelo e Rita na secretaria e Carla e Cristina na biblioteca. Aos financiamentos recebidos através da Bolsa de Doutorado do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico; o Auxilio do Núcleo de Antropologia da Política (NUAP-PRONEX); o Auxílio Pesquisa 2001 (PPGAS, MN, UFRJ) e o apoio do Núcleo de Pesquisas em Cultura e Economia (NuCEC).

Questões sobre o desenvolvimento de crianças em situação de rua

Estudos De Psicologia (natal), 1997

A Psicologia e a pesquisa científica não oferecem respostas satisfatórias para várias questões relativas ao desenvolvimento de crianças em situação de rua. Alguns estudos afirmam que o viver na rua é prejudicial, ou retarda o desenvolvimento psicológico, devido às experiências a que estas crianças estão expostas, como adições, violência e exploração. Outros estudos mostram que a rua possibilita vivências cumulativas que promovem o desenvolvimento. Estes achados incongruentes indicam a necessidade de se realizar mais estudos nesta área. O CEP-RUA/UFRGS vem desenvolvendo vários estudos sobre o desenvolvimento emocional, cognitivo e social destas crianças. Os resultados destes estudos têm revelado que crianças em situação de rua apresentam altos níveis de stress e de exposição a riscos pessoais e sociais. Porém, constatamos que elas desenvolvem habilidades para lidar com o stress e com os riscos, compensando suas dificuldades com estratégias que exigem competência e autonomia. Uma das estratégias utilizadas relaciona-se aos agrupamentos afetivos, econômicos e sociais, por meio dos quais garantem sua sobrevivência e segurança. As crianças testadas pelos pesquisadores do CEP-RUA não apresentam índices de depressão e de sofrimento psicológico mais elevados do que crianças de nível sócioeconômico baixo. Testadas quanto ao seu bem-estar subjetivo, elas também não diferem significativamente de outros grupos. Estudos realizados para investigar eventos de vida

Crianças em situação de rua de Porto Alegre: um estudo descritivo

Psicologia: Reflexão e Crítica, 1998

Resumo Este artigo tem por objetivo descrever uma população de crianças em situação de rua do centro da cidade de Porto Alegre. Para tanto, foi utilizada uma entrevista estruturada, aplicada a uma amostra de vinte crianças (20)-doze meninos e oito meninas, com idades entre seis e doze anos. Através da entrevista, buscou-se investigar as relações da criança com a família, com o trabalho, com a escola e com a forma como ocupa seu tempo. Os autores enfatizam a importância de estudos descritivos, que priorizem caracterizar esta população, a fim de que programas interventivos tenham como base aspectos fidedignos da mesma, tornando-se, assim, mais eficazes. Palavras-chave: descrição; crianças em situação de rua; observação.

O trabalho infantil na rua

Cadernos De Psicologia Social Do Trabalho, 2010

Este artigo apresenta dados de duas pesquisas sobre o trabalho infantil na rua, nas quais se identificam os riscos a que crianças e adolescentes estão submetidos. Na primeira pesquisa, feita com uma amostra de 26 crianças e/ou adolescentes, de ambos os sexos, utilizou-se a metodologia qualitativa e como técnicas a territorialização, a observação sistemática, e entrevistas semiestruturadas. Estas últimas foram examinadas a partir da análise de conteúdo temática de . Na segunda, com uma amostra de 81 crianças e adolescentes de ambos os sexos, utilizou-se a metodologia quantitativa e como instrumento um questionário, que foi tratado através do software SPSS e da estatística descritiva. São identificadas em ambas características semelhantes no tocante às tarefas, aos perfis e aos riscos. Os fatores de riscos mais comuns são: físicos (temperatura); químicos (poluição); biológicos (vírus); ergonômicos (posições corporais forçadas e ritmos intensos); sociais (o trabalho não dará formação profissional para o futuro); psicológicos (cognitivos: dificuldades com o acompanhamento e o desempenho do processo escolar, e afetivo: sentimentos de incapacidade).

Como ser uma criança na calçada: pontuações etnográficas sobre algumas crianças em situação de rua na cidade do Recife

Mediações - Revista de Ciências Sociais, 2004

D eque Crianças estamos Falando? Na obra7beoris'ing Childhoocf, os sociólogos da infância]ames,]enks eProut problematizam aconcepção definidora do próprio objeto de estudo-infância-como uma categoria unificada caracterizada exclusivamente pela questão geracional. De acordo com os autores, tal simplificação não leva em conta outras categorias identitárias como classe social, gênero, etnicidade, etc. Aesse respeito HalJ3 propõe uma noção de identidade que contrapõe o projeto moderno de permanência e estabilidade. Oconceito de identidade agora está relacionado às diversas possibilidades de ser e vir a ser de acordo com a interação de discursos, histórias, práticas eposicionalidades que não são atualizados sem problemas. Agora é o momento de contradições eantagonismos. Tomar as crianças em situação de rua como categoria antropológica faz-se fundamental, pois o modo como as olhamos e com elas nos relacionamos reflete a natureza de nosso sistema social. Aforma como a sociedade em geral exerce controle sobre as crianças explicita como lida com opoder, pois acriança não apenas não éum ser natural e neutro, como também é um ser político. 4 É tomando a infância como um momento particular de inserção do indivíduo na comunidade, que jána década de 1950 Ruth Benedict afirmava que "todas as culturas devem negociar de uma fonna ou de outra com ociclo de crescimento da infância para a idade adulta".5 I Doutoranda em Estudos Culturais na Nottinghan Trent University/lnglaterra. Bolsista da Capes.

A rua: um acolhimento falaz às crianças que nela vivem

Revista Latino-Americana de Enfermagem, 2003

RESUMO O artigo enfoca a criança em situação de rua, por meio de relatos de um grupo de crianças em idade escolar que freqüentavam dois refúgios públicos da cidade de São Paulo. Teve o objetivo de captar como as crianças que vivem na rua representam sua ...

Caracterização qualitativa do bem-estar subjetivode crianças e adolescentes em situação de rua

Temas em Psicologia, 2016

Trata-se de estudo de casos múltiplos com objetivo de investigar qualitativamente o bem-estar subjetivo de crianças e adolescentes em situação de rua. Participaram 6 adolescentes de Fortaleza (10-17 anos), todos do sexo masculino. Destes, três viviam em instituição de acolhimento, dois em serviço aberto e um na rua. Utilizou-se entrevista estruturada, fi guras representativas dos contextos (escola, família, rua, amigos e instituição) e diário de campo para contemplar os aspectos de satisfação de vida, afetos positivos e negativos. A análise de conteúdo permitiu identifi car uma avaliação positiva da satisfação de vida pela maioria dos adolescentes. Eles tenderam a relacioná-la à rede de apoio, projetos futuros e estar vivendo numa situação melhor do que vivia antes de virem para a rua. Atribuiu-se os afetos positivos ao relacionamento com os pares, à presença dos familiares, apoio das instituições para familiares e envolvimento em atividades lúdicas e de lazer. Já os afetos negativos relacionaram-se aos confl itos e brigas (com amigos, familiares e profi ssionais das instituições), preconceitos da sociedade, punições por desobedecer regras, realização de atividades domésticas e violência física e sexual. A rua e a família foram os contextos mais associados aos afetos negativos quando comparados à instituição, à escola e aos amigos. Porém, os afetos positivos não estiveram excluídos da rua e da família. Enfatiza-se a importância de estudos acerca dos processos positivos, os quais propõem uma leitura mais abrangente do desenvolvimento humano em contextos de vulnerabilidade e que não estejam baseados exclusivamente no levantamento de indicadores de risco vivenciados por essas populações. Palavras-chave: Satisfação de vida, afeto positivo, afeto negativo, adolescentes, situação de rua.