Non multum sed multa: falando sobre ética (original) (raw)
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2022
Coitinho faz, na realidade, um exercício socrático em torno dos temas do cotidiano. Com isso, resgata um antigo sentido da filosofia. Falar para o público mais amplo, para os não especialistas, e discutir sobre os temas que realmente importam, sobre o como viver e como seguir em frente, em um mundo que, frequentemente, nos parece inviável. Seu método é atrair o leitor para o campo de batalha, ainda que suavemente. Lançar proposições e, ato seguinte, testar cada uma com exemplos e argumentos na direção contrária. No fundo, é o que deve fazer um professor de Filosofia, desde que não queira ser um profeta, como Weber sugeriu que não fosse, no seu texto clássico. Sua estratégia é coerente com a ideia de que o aprendizado ético é, antes de tudo, um exercício coletivo. Ele supõe um jogo. Contesta a epistocracia de Jason Brennan, por exemplo, mas abre um espaço para considerar seu argumento relevante. Ele parece não concordar com nada que Brennan propõe, mas topa aceitar a premissa de que vale investigar os limites das democracias, inclusive não tomando o sufrágio universal como um axioma inegociável. A concessão permite que o diálogo se estabeleça. É o modo de evitar que o discurso ético se transforme em algum tipo de moralismo ou troca de maus-humores dogmáticos. O convite vai na direção oposta, da reflexão aberta e da tolerância intelectual. Cá entre nós, não é pouca coisa, em uma época marcada pelo radicalismo e o espírito de tribo, em particular no universo digital.
Penas e medidas alternativas: ética como caminho
Revista Polis e Psique
A Vara de Execuções de Penas e Medidas Alternativas da Grande Vitória (ES) vem utilizando um Curso de Educação em Direitos Humanos como maneira de seus munícipes cumprirem Penas e Medidas Alternativas (PMAs), com um projeto intitulado “Exercendo Cidadania”. Dessa forma, por meio de uma pesquisa-intervenção, acompanhamos o Projeto, analisando como se efetuam as PMAs na região, visando conhecer as práticas existentes e os efeitos do seu cumprimento sobre os modos de vida dos beneficiários. Utilizamos, como metodologia, vivências no curso, diários de campo e entrevistas com cinco apenados. Os dados foram analisados por meio da análise arqueogenealógica. Como resultado, percebemos o curso ora como um espaço de intensa troca de experiências, no qual a ética era o elemento norteador das discussões; ora um espaço onde a moralização de comportamentos e formas de vida eram priorizados, não restando espaço para a reflexão.
Para começar a falar sobre ética
Filosofia e Educação
O tema da ética tem ganhado espaço em praticamente todos os campos e setores da nossa sociedade, sejam eles acadêmicos, educacionais, profissionais, empresariais, políticos e científicos. Contudo, as discussões em seu entorno têm se pulverizado numa variedade imensa de abordagens, pautadas em distintas e até mesmo contraditórias bases teóricas, perspectivas e interpretações. Diante disso, estes escritos objetivam distinguir, problematizar e relacionar as noções de moral, ética e deontologia no intuito de preservar tanto o sentido filosófico das proposições éticas quanto o rigor argumentativo das discussões emergentes tanto de contextos teóricos não-filosóficos como e de situações vivenciais.
O código é mutável, aperfeiçoado ao longo dos anos. Ética? Exercício de reflexão sobre os princípios do contexto em que se vive. Moral: leis, princípios, cultura, valores, bem estar comunitário, sendo introjetados pelo meio, porém é individual (diz o que é certo).
Introdução: ética para situações-limite
2011
Índice Prefácio Introdução Pedro Vistas Uma ética para situações-limites ou os limites da ética? Silvestre Ourives Marques Leis do pensamento e padrões do amor: vislumbrar interligações entre os fundamentos da lógica e os fundamentos da ética
Breves notas sobre a ética a partir de Adília Lopes
e-Lyra. Adília Lopes: o visível e o invisível, 2019
Resumo: Este artigo pretende demonstrar como, nos poemas de Adília Lopes, a maldade tem impacto psicológico e interpessoal em episódios em que muitas vezes se estabelece um pacto autobiográfico. A maldade manifesta-se como vaidade, hipocrisia social ou vontade de poder, também denunciadas no mundo da arte. Na poesia de Adília, a pessoa sempre se sobrepôs à grandeza pressuposta na noção de autor. A sua obra desconstrói lugares comuns da linguagem por forma a atestar a arrogância da ideologia. Consubstancia uma ética e um desejo (segundo o Roland Barthes final) que tenta vencer o desencanto: existe a possibilidade de se ser "mulher-a-dias", de viver cada dia entregue a textos, leituras e ao exigente ofício da bondade. Talvez Adília Lopes seja a legenda mais acertada para as suas fotografias de infância e juventude, o nome de guerra com que a autora civil vive a sua vocação. Abstract: The article aims to demonstrate that, in Adília Lopes poems, evil has a psychological and interpersonal impact in episodes in which it is established an autobiographical pact. Evil manifests itself as vanity, social hypocrisy or will to power, also denounced in the art-world. In Adília's poetry, the person has always superimposed itself upon the grandeur presupposed in the notion of author. Her poetic work deconstructs linguistic commonplaces in order to show the arrogance of ideology. It embodies an increasingly consistent ethic and desire (according to the final Roland Barthes) that try to overcome disenchantment: there is a possibility of to be a "mulher-a-dias", who lives every day dedicated to texts, to readings and to the demanding task of kindness. Perhaps Adília Lopes is the most accurate caption for her childhood and youth photographs, the war name with which the civil author lives her vocation.
Entre a prática da escrita e a ética
Vale lembrar uma parte do artigo sobre “Definições exatas de conduta científica” publicada na revista Fapesp de São Paulo em edição número 204 – Fevereiro de 2013 escrita por por Daniel Bueno. “Após avaliar centenas de publicações, um grupo de pesquisadores da Universidade de Barcelona, Espanha, e da University of Split School of Medicine, Croácia, constatou que, sem a formulação de políticas que definam explicitamente quais são os tipos de más condutas na ciência e quais procedimentos devem ser adotados, a padronização das boas práticas acadêmicas é dificultada.. … Dos 399 periódicos científicos analisados, 140 forneceram definições explícitas de má conduta. Falsificação foi diretamente mencionada por 113 publicações; fabricação de dados, por 104; plágio, 224; duplicação, 242; e manipulação de imagem, por 154.
Ensaio de um opúsculo de Richard Rorty em discussão ainda com o papa Bento XVI sobre o papel da ética, se controlando de um ponto de vista único a ação humano ou se pluralista e pragmática.