Raça, gênero e classe no Rio de Janeiro da década de 1870 a partir do olhar do viajente Herbert Smith (original) (raw)
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Vida literária e homoerotismo no Rio de Janeiro de 1890
Via Atlântica, 2013
O objetivo desse estudo é investigar a presença do homoerotismo na vida literária do Rio de Janeiro na última década do século XIX. Supondo que o homoerotismo da ficção do período já tenha sido bem estudado, nosso interesse é encontrar indícios de uma sociabilidade entre os jovens escritores republicanos que incluía sujeitos que amavam pessoas do mesmo sexo. Isso sugere que o homoerotismo era um dado concreto da existência cotidiana desses jovens artistas, para além das escolas literárias.
Revista Crítica Histórica, 2016
Os afrodescendentes e a comunidade portuária do Rio de Janeiro do final do século XIX ao início do XX 1 Brazilian african descendents and the portray community of Rio de Janeiro from the end of the 19th century to the beginning of the 20th century Cezar Honorato * Resumo: O presente artigo tem como objetivo principal perceber a participação dos afrodescendentes na comunidade portuária do Rio de Janeiro entre o final do século XIX e o início do século XX. Para tanto, buscamos explorar o conceito de comunidade portuária na perspectiva de apreendermos suas características territoriais-a região portuária-e suas características sociais específicas-suas redes de sociabilidade-no contexto do Rio de Janeiro do período em apreço utilizando dados censitários e demais informações quantitativas e qualitativas. Finalmente, optamos por apontar algumas características do grupo baiano inserido na comunidade portuária.
RUA
O presente artigo analisa a circulação dos personagens pelas ruas do Rio de Janeiro do século XIX nos dois primeiros romances do escritor Joaquim Manuel de Macedo – A moreninha (1844) e O moço loiro (1845). Observa-se que na ficção inaugural do escritor circulavam pelas ruas da cidade os escravos, os homens e os jovens galanteadores. As moças se punham com frequência à janela, pois a rua era um lugar para serem vistas apenas de relance, sempre acompanhadas de familiares ou pessoas amigas. A análise permitiu-nos estabelecer relações com os temas da escravidão, da condição da mulher e da política-jurídica do Império.
O presente trabalho é uma reflexão acerca da experiência homossexual masculina contemporânea, estudada a partir da proposição de dezenove imagens de sociabilidades construídas no texto da cidade por homens que se relacionam sexualmente com homens. Apoiando-se, essencialmente, nos estudos de Walter Benjamin sobre a modernidade européia entre os séculos XIX e XX e, também, nos originais trabalhos de Michel Foucault sobre a emergência de uma ciência da sexualidade moderna, o trabalho busca dialogar com a textualidade da cidade contemporânea, colhida através da deambulação do pesquisador por espaços sociais ocupados por homens que se relacionam com homens. O trabalho sustenta-se numa dupla enunciação, de um lado voltada para o reconhecimento das imagens suscitadas pela temporalidade frenética do Rio de Janeiro contemporâneo, representado por espaços considerados centrais e, também, por espaços periféricos e, de outro, voltada para a composição do texto que ora se apresenta. O objetivo central do trabalho é recolher e interpretar alguns dos signos emitidos pela experiência homossexual masculina no Rio de Janeiro, a partir da elaboração metodológica de um espaço para o pesquisador que não o anule como sujeito do seu próprio tempo, mas que não o mantenha na função de uma elaboração solipsista. Neste sentido, o trabalho incorpora a ambição da ciência histórica benjaminiana, que busca apresentar a história, abrigando objetos que se degradam no tecido da construção teórica. A principal ambição é considerar que a percepção sobre a experiência homossexual masculina pode se dar a partir da exigência de uma transformação do ato banal de “ver” em um vetor de problematização teórica da intensidade das relações entre homens em alguns fragmentos do Rio de Janeiro. A partir das imagens construídas sobre a relação entre homens na cidade, o trabalho também problematiza a escrita e a experiência, noções essenciais para a articulação de uma percepção sensível sobre a história das práticas sexuais entre homens, principalmente aquela que se desenrola na atualidade, apreendida nos interstícios da cidade, marcada por hierarquias econômicas, valores contrastantes e, também, pela criminalização dos espaços públicos. O trabalho visa a reconsiderar o caráter político e coletivo da experiência homossexual, numa contraposição aos modelos teóricos puramente extensivos – do ponto de vista histórico – que têm se apropriado das práticas sexuais entre homens. Palavras-chave Experiência Homossexual; Experiência; História; Escrita; Cidade.
Le Corbusier 1929: raça no Rio de Janeiro e na América Latina
ARS (São Paulo), 2023
A partir de uma perspectiva que leva em consideração mecanismos de validação estrangeira sobre a cultura brasileira, este texto dialoga com Eugenics in the Garden [Eugenia no jardim], de Fabíola López-Durán, ao elaborar uma análise sobre a aparente mudança de postura de Lucio Costa diante da participação da população preta na sociedade brasileira. A primeira visita de Le Corbusier ao Rio de Janeiro, em 1929, parece crucial para que Lúcio Costa tenha podido transitar em direção a posições mais afastadas de postulados eugenistas, reproduzindo, a partir da década de 1930, um discurso marcadamente menos racista e machista em relação às décadas anteriores.