FREQUÊNCIAS FORMÂNTICAS DE VOGAIS EM JOVENS, ADULTOS E IDOSOS FALANTES DO PORTUGUÊS BRASILEIRO (original) (raw)

PADRÕES DE FLEXÃO VERBAL EM PORTUGUÊS BRASILEIRO INFANTIL: MORFOLOGIA OU FONOLOGIA?

Revista Inventário, 2019

O processo de troca de conjugação é frequente na gramática de crianças adquirindo o Português Brasileiro (PB) e tem sido abordado por pesquisadores sob diversas perspectivas teóricas. Para alguns autores, as trocas entre conjugações (TC) decorrem da sobregeneralização de regras e padrões morfológicos produtivos na aquisição. Contudo, ao analisar 121 formas verbais de crianças de 2-5 anos, constatei um padrão flexional diferente do esperado: de 77 trocas de conjugação, 51 (66,2%) consistem em aplicações da desinência-i, de 1ª pessoa do pretérito perfeito de 2ª e 3ª conjugação, no lugar da estrutura-ei, da 1ª. Dado o fato de que a 1ª conjugação é tida como a mais produtiva, o esperado seria que as trocas se dessem no sentido inverso. Neste estudo, exploro a possibilidade de o padrão observado não consistir, de fato, em uma troca entre desinências, mas sim em uma tentativa malsucedida de produção da desinência-ei causada por uma dificuldade de realização fonética desta estrutura, aqui analisada como uma sílaba VG (vogal e glide). Para testar esta hipótese, discuto a literatura sobre a aquisição dos ditongos decrescentes no PB, buscando oferecer uma análise mais global acerca do tema.

A GRAFIA NÃO-CONVENCIONAL DE VOGAIS PRETÔNICAS MEDIAIS: EVIDÊNCIAS DE CARACTERÍSTICAS FONOLÓGICAS DO PORTUGUÊS

As vogais pretônicas mediais no Português do Brasil (doravante, PB) têm sido objeto de investigação por propiciarem reflexões acerca do tratamento da variação fonológica que se verifica tanto em uma mesma variedade quanto entre variedades da língua portuguesa (cf. LEE; OLIVEIRA, 2003). Para além de serem constatadas diferentes realizações das vogais mediais, verificam-se, também, grafias não-convencionais dessas vogais em textos de alunos em fase inicial de aquisição da escrita que, em certa medida, guardam relação com as realizações atestadas nos enunciados falados. Neste texto, nosso objetivo é discutir em que medida podem se identificar evidências do sistema fonológico das vogais em posição pretônica do PB, por meio da análise da escrita não-convencional de , , , 1 em sílabas pretônicas, tanto em verbos quanto em não-verbos

A AQUISIÇÃO DAS VOGAIS PRETÔNICAS EM PORTUGUÊS BRASILEIRO

Revista ALFA, 2018

O artigo discute a aquisição de vogais pretônicas em português brasileiro, por 3 crianças monolíngues adquirindo o dialeto paulista, com idade entre 1;4 e 3;5, e sua relação com a aquisição das vogais no ambiente tônico. Com base em Miranda (2013), partimos do pressuposto de que a aquisição das vogais pretônicas está sujeita à instabilidade desse subsistema, e, portanto, segmentos afetados por processos fonológicos seriam adquiridos mais tardiamente nessa posição. As produções mostram que as vogais altas pretônicas são adquiridas em contraste com as vogais médias, (/i,o/ e /e,u/), sendo a pretônica /o/ adquirida antes de /e/. Analisamos nossos resultados à luz da Hierarquia Contrastiva de Traços (DRESHER, 2009), para a qual a representação lexical dos segmentos é especí ca de cada língua, trazendo somente os traços contrastivos e ativos em processos fonológicos naquele sistema, e propomos que a aquisição da pauta pretônica é regida por um Princípio de Contraste Máximo: devido a instabilidade dessa posição, os segmentos devem ser maximamente contrastivos, ou seja, por ponto e altura vocálica. A pretônica /e/, por ser a mais instável (cf. CALLOU; MORAES; LEITE, 2002, VIEGAS, 2001 e YACOVENCO, 1993), é a última a ser adquirida, trazendo consigo a pretônica /u/.

PERCEPÇÃO AUDITIVA E VISUAL DAS FRICATIVAS DO PORTUGUÊS BRASILEIRO

IX SEMINÁRIO DE PESQUISA EM ESTUDOS LINGUÍSTICOS, 2017

RESUMO Neste trabalho, nosso objetivo é avaliar o papel das informações auditiva e visual na percepção das fricativas do no Português Brasileiro, quando apresentadas com ambiguidade / manipulação do sinal acústico. Nossos resultados indicaram que os índices de identificação das fricativas foram maiores quando elas apresentavam a informação audiovisual. Evidencia-se que, quando as fricativas têm seu sinal manipulado seu desempenho perceptual aumenta nos casos em que a informação visual é apresentada com a auditiva, ou seja, diante da manipulação do sinal, as fricativas apresentam médias de recuperação mais altas com a informação audiovisual do que com a informação, apenas, auditiva. PALAVRAS-CHAVE: Percepção. Fricativas. Informação auditiva e visual. INTRODUÇÃO No âmbito da percepção da fala, a visão ganhou atenção e relevância a partir do momento em que a percepção deixou de ser vista como um processo apenas monomodal. Ao longo dos anos, alguns trabalhos, como os de Sumby e Pollack (1954) e McGurk e MacDonald (1976), evidenciaram que a percepção da fala é

Reflexões De Aspectos Morfofonêmicos Das Vogais Do Português

2008

O papel desempenhado pelas vogais em Reflexoes de aspectos morfofonemicos das vogais do portugues, no contexto dos estudos estruturalistas. Este e o objeto de estudo deste trabalho. Pressupomos, baseadas nos autores indicados no texto, que ha uma estreita relacao entre as regras fonologicas e as regras morfologicas, no que diz respeito a problemas empiricos tratados pelas duas areas de estudo, ao que ressaltamos a importância do papel das vogais como ponto de interseccao no tratamento dos dados morfofonicos. O trabalho tem como suporte maior os pressupostos teoricos de Câmara Jr. (1977, 1998, 2001, 2005).

EPÊNTESE VOCÁLICA NO PORTUGUÊS DO SUL DO BRASIL: VARIÁVEIS EXTRALINGÜÍSTICAS

2003

egundo Roncarati e Mollica (2001, p. 52), é natural que se dê continuidade ao desenvolvimento de análises de fenômenos lingüísticos variáveis que possam favorecer a interação entre os grupos de pesquisa no Brasil, visando, de um lado, mapear a variação lingüística no território nacional e, de outro, participar da discussão teórica internacional sobre a relação entre variação e mudança lingüística, variação e mudança de código e variação inerente e gramáticas em competição.

AS RELATIVAS PREPOSICIONADAS PADRÃO SÃO NATURAIS AOS FALANTES DO PORTUGUÊS DO BRASIL? EVIDÊNCIAS DE PESQUISA

RESUMO: O presente artigo descreve e comenta um experimento de leitura automonitorada aplicado com 20 sujeitos de nível superior falantes do português brasileiro. Nesse experimento, comparou-se o desempenho dos sujeitos com relação à leitura e à interpretação do segmento pied-piping (preposição + pronome) em relativas e em interrogativas, com o objetivo de argumentar em favor da "Hipótese da antinaturalidade de pied-piping em relativas" (KENEDY, 2007). Segundo essa hipótese, pied-piping é um tipo de construção impossível de ser gerada naturalmente pelo sistema computacional da Faculdade da Linguagem quando o tipo de estrutura em questão são as relativas preposicionadas, por contraste à naturalidade de pied-piping em interrogativas preposicionadas. Essa assimetria teórica entre relativas e interrogativas é aqui posta à prova experimentalmente.

FORMALIZAÇÃO FONÉTICO-FONOLÓGICA DA INTERAÇÃO DE RESTRIÇÕES NA PERCEPÇÃO DA EPÊNTESE VOCÁLICA NO PORTUGUÊS BRASILEIRO

RESUMO: O trabalho ora apresentado tem como objetivo a proposição de uma formalização para o fenômeno da epêntese vocálica, com o suporte do Modelo de Processamento Bidirecional de L1-palavras que contenham o contexto de plosiva em coda medial, a partir de uma análise empírica/acústica e formal/fonológica. O presente estudo, em sua integralidade, está concentrado na formalização da percepção de palavras formadas pelas sequências heterossilábicas /p.t/, /p.n/ /t.n/ (" apneia " , " etnia " , " rapto "), no Português Brasileiro (PB), em um modelo fonológico de análise linguística que une a capacidade de compreensão e produção da fala humana e que, apesar de apresentar multiníveis de processamento e lidar com outro tipo de restrição (cue constraints) não previsto no modelo da OT Standard, tem comportamento semelhante ao modelo original no que diz respeito ao modo de avaliação dos candidatos. A partir do estudo proposto, foi possível a retomada do debate sobre a relação entre a percepção e os estudos fonológicos, assumindo-se que a percepção é fonológica, além do debate sobre a bidirecionalidade das restrições de pista e de fidelidade e sobre o uso de restrições estruturais, tanto na percepção quanto na produção. Investigar um fenômeno em variação no português é um contributo importante que pode enriquecer discussões sobre variação e mudança na língua, além de favorecer investigações teóricas que propõem estabelecer relações entre línguas ou discutir casos de empréstimos linguísticos. PALAVRAS-CHAVE: epêntese no PB; percepção; modelo BiPhon.