Na ocasião dos eventos renovam-se cidades -os casos de Barcelona e Lisboa (original) (raw)

As feiras de rua em contextos metropolitanos : Porto e Barcelona

2018

As feiras, enquanto atividade comercial, tem desempenhado um importante papel na dinamizacao das cidades. Depois de quase terem desaparecido das cidades, nos ultimos anos tem reforcado o seu papel na animacao urbana e na atracao turistica. Mas o seu papel, durante a crise e no pos-crise, podera ter-se alterado. Esta pesquisa foca-se na cidade do Porto e em Barcelona. Partindo de um levantamento das feiras e das suas principais caracteristicas socio-funcionais, desenvolveu-se uma tipologia da oferta e das respetivas procuras para a cidade do Porto, atualmente encontra-se em desenvolvimento na cidade de Barcelona. O principal objetivo e demonstrar a relevância intraurbana destas atividades socioeconomicas na animacao dos diferentes sectores destas duas cidades. Neste artigo ir-se-a apresentar os primeiros resultados desta investigacao.

FESTIVAIS COMO MODULADORES DA CIDADE CONTEMPORÂNEA: DIÁLOGOS ENTRE SÃO PAULO E LISBOA

Nunes Junior, P. C. , 2019

A cidade vem sendo transformada, de forma crescente, pela realização de eventos culturais e, mais especificamente, por meio de festivais. Partindo dessa premissa, esta pesquisa tem o intuito de investigar a maneira pela qual estes eventos têm modulado a construção material e imaterial no meio urbano, gerando processos de individuação e regulação segundo formas de controle associadas a espaços de liberdade, como sugerem Gilbert Simondon e Gilles Deleuze. Como casos de estudo foram escolhidos dois festivais urbanos e emblemáticos: a Virada Cultural, promovida desde 2005, em São Paulo (Brasil); e o Mexefest, realizado desde 2011, em Lisboa (Portugal). A investigação colocará foco nos intermediários culturais e organizadores, desses eventos, no mercado da comunicação a eles associados e nas demais esferas institucionais ligadas às cidades em análise. O estudo olha as práticas micropolíticas e as ambiências urbanas geradas por estes festivais, entendendo sua relação com a cidade mediada por dispositivos tecnológicos, em diferentes escalas e medidas de funcionamento. A Teoria do Ator Rede de Bruno Latour e o pós-estruturalismo de John Law são referências importantes na estratégia de desenvolvimento do trabalho. Em proximidade com a etnografia sensorial de Sarah Pink, tais autores enquadram a proposta de metodologia para a efemeridade que é utilizada nesta investigação. A pesquisa empírica está assentada numa abordagem de cariz qualitativo e combina a observação direta de caráter etnográfico com a realização de entrevistas e a análise documental. Construídos sobre o controle de espaços-tempo liminares e insinuando a sensação de liberdade e escolha personalizada, os festivais urbanos têm operado segundo o princípio do poder modular. Através desse dispositivo, eles medeiam subjetiva e objetivamente os sujeitos que deles participam e a eles atribuem valores de significação. A experiência em torno desses eventos tem se projetado não só para outras manifestações culturais - daí o caráter festivalizante assumido, hoje, pelas práticas culturais em geral - mas também para a relação do sujeito com outras esferas de sua vida. Seu cenário espetacularizado e efêmero cria e, ao mesmo tempo, reproduz um tipo de experiência característica dos novos modos de vida urbanos. Com base nesses princípios, os resultados da pesquisa são discutidos, a partir dos casos da Virada Cultural e do Mexefest, estão organizados em torno dos seguintes tópicos: (i) relação entre conflitos e imaginários de segurança na cidade; (ii) projetos de regeneração urbana e processos de gentrificação; (iii) agenciamentos entre mídia e programação dos festivais; (iv) articulação entre comunicação cultural e marketing urbano, (v) relações entre tecnologia, música e experiência urbana; (vi) ambientação, placemaking e estetização do espaço urbano; (vii) cosmopolitismo, turismo e festivalização da cidade; e (viii) patrimônio histórico e mercado de imagens.

O “modelo Barcelona” em questão: megaeventos e marketing urbano na construção da cidade-olímpica

O Social em Questao, ANO XVI, n° 29, 2013

O "modelo Barcelona" em questão: megaeventos e marketing urbano na construção da cidade-olímpica DELGADO, Manuel. La ciudad mentirosa. Fraude y miseria del mode-lo Barcelona. Madrid: Los libros de la Catarata, 2007, 242 p. Por Neiva Vieira da Cunha As transformações urbanas atualmente em curso na cidade do Rio de Janei-ro, motivadas particularmente pela realização da Copa do Mundo, em 2014, e dos Jogos Olímpicos, em 2016, têm provocado intenso debate e polêmica entre distintos setores da sociedade carioca. Acadêmicos, técnicos e gestores públicos, representantes da sociedade civil, organizações do terceiro setor, en-tre outros atores políticos, têm constituído importante arena pública em torno das propostas e ações do estado e do município, visando à preparação da cidade para a realização dos referidos megaeventos. O que está em questão, nesse contexto, é a percepção de que essa pode ser uma importante ocasião para uma discussão mais ampla sobre o legado social que esses eventos podem deixar para cidade, especialmente no que concerne às transformações sociais e à promoção de direitos urbanos fundamentais. Dentre as experiências de realização de eventos de tal magnitude, os Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992, têm sido uma referência obrigatória para pen-sar tanto os impactos que esses eventos podem ter para as cidades organizadoras, quanto para sua projeção em nível internacional. Desse modo, o "modelo Barce-lona", como passou a ser conhecido, tem servido de inspiração primeira para os grandes acontecimentos esportivos que terão lugar no Rio de Janeiro, orientando as propostas de planejadores urbanos e arquitetos para sua transformação em "cidade olímpica". Neste sentido, a leitura do livro de Manuel Delgado, La ciudad pg 325-330

As cidades de Castelo Branco e Covilhã

Pequenas Cidades no Tempo., 2021

2.2. A observação de sistemas socio-ecológicos através dos testemunhos materiais Paisajes superpuestos. El impacto de la conquista islámica en Madīnat-Sālim, una pequeña ciudad de la Marca Media.

Os impactos económicos da Covid-19 em eventos: o caso da Romaria de Santa Marta, Viana do Castelo

Revista Turismo e Desenvolvimento, 2022

O turismo religioso em Portugal tem tido um papel de grande relevo para o desenvolvimento económico das regiões. Este tipo de turismo não se trata apenas de uma visita a locais sagrados. A Romaria de Santa Marta é uma das mais importantes romarias do Alto Minho (Portugal), logo atrás da Romaria da Sra. D'Agonia, inserida no ciclo das romarias de verão da região. Este ciclo inicia-se entre o nal do mês de julho e culmina no início de setembro. A Romaria de Santa Marta é um evento que se realiza no segundo m de semana de agosto, em Santa Marta de Portuzelo, Viana do Castelo, Portugal. Ao longo dos anos tem ganho notoriedade rivalizando com outras romarias se atendermos ao crescente número de romeiros que atrai e ao volume das atratividades que tem no seu programa. Este evento destaca-se, naturalmente, pela vertente religiosa, mas também pelas vertentes etnocultural, artística e desportiva. Procurámos realizar um estudo para perceber o impacto provocado pela Covid-19 do ponto de vista económico e em que medida a pandemia condicionou o plano de atividades para a concretização da Romaria. Metodologicamente, recorremos a uma análise de conteúdo analisando as receitas e despesas que a direção executiva das festas teve nos últimos anos, comparando-as com o ano de 2020, início da pandemia. Através do estudo, foi possível vericar que se registou uma adaptação à realidade então vivida. Os valores das despesas baixaram, mas em termos percentuais, curiosamente, as receitas aumentaram visto que continuou a atrair um grande número de visitantes, sobretudo por causa da vertente religiosa.

LisboaSofia – Cidades bem ditas

Revista Ártemis

O livro de Zlatka Timenova e Alexandra Ivoylova está em três línguas-o búlgaro original das autoras, o chinês e o inglês-mas é sobre Lisboa, perdão, sobre Lisboa e Sofia, cidades capitais e, como diz este livro, cidades das palavras. Zlatka parte em vantagem, conhece melhor ambas as cidades, nasceu numa e vive na outra. Ou, de forma mais precisa, vive em ambas as cidades. Alexandra não tem o benefício (nunca despiciendo, creio) de morar em Lisboa. Todavia, dizer que ela "não mora em Lisboa" pode levar, se dito em voz alta, à auspiciosa junção de 'não' e 'mora'. O que dá um bonito resultado: "Zlatka Timenova nasceu em Sofia e mora em Lisboa; Alexandra Ivoylova nasceu em Sofia e namora em Lisboa". Das três línguas em que é escrito este livro, por duas pessoas mas a quatro mãos (como uma partitura ao piano), só posso ler a versão em inglês, a língua franca e de poder nos dias de hoje. Infelizmente, tanto o original búlgaro como a versão em mandarim são-me território interdito-nem sequer o alfabetvvo consigo entender. Só, como em tempos formulou Ana Hatherly, posso fascinar-me pela forma-e lê-los de outro modo. Aliás, tenho de os ler: estão em cada página e, mesmo que o quisesse, não os poderia ignorar. Estão lá. Dou-me então conta de ser um leitor incompleto, quiçá o mais incompleto dos leitores-o que, convenhamos, até me dá vantagem crítica, pois, na leitura de um livro de poesia, entender pode ser menos pertinente que não-entender. E um crítico que não perceba que não pode entender tudo e isso até é bom, que não pode explicar tudo, dará consigo condenado a dois infernos: a) não perceber nada do seu trabalho, b) a virar editor literário. Este livro ganha assim, pela omnipresença em cada página de três línguas em três alfabetos distintos, uma peculiar multidimensionalidade. Porque só um leitor de tipo raro, um que domine as três línguas, pode confirmar a adequação das versões umas às outras. Do que, sem ofensa para os tradutores, convém duvidar. Uma tradução perfeita é virtualmente impossível. Ainda para mais se for um tecido poético, um terreno estético onde para ser fiel há que ser infiel, para ser leal convém trair (pelo menos no casamento entre ideias e palavras e emoções, até porque desde logo é um ménage à trois, o que já propicia a coisa), que em cada verso traduzido algo se perde-ou ganha. O título, Cities of Words, talvez nem coloque muitos problemas: em português o tradutor terá, pelo menos nesta primeira página, a vida facilitada. Cidades de Palavras, suponho. Mas não estou certo. Talvez Cidades das Palavras? Mesmo entre inglês e português, línguas mais próximas que mandarim, surgem sempre pequenos problemas, os pequenos problemas que, na tradução de poesia, viram enormes.

Lisboa palimpséstica: massificação do turismo e as lições de Barcelona

2020

Considerando o panorama actual de Lisboa e o problema do turismo de massas, pretendeu-se com esta investigação: a) analisar as condições criadas nas últimas três décadas para transformar Lisboa num destino tão apetecível ao turismo, mas também tão vulnerável aos efeitos da sua massificação; b) discutir as repercussões verificadas no mercado imobiliário e na reorganização do tecido social; c) discutir soluções possíveis de reequilíbrio social, urbano e financeiro. Analisaram-se as políticas adoptadas que contribuíram para esta transformação, o seu enquadramento e as questões suscitadas por esta mudança: a mercantilização do espaço edificado, os efeitos no aumento das rendas e do custo de vida em geral, a transformação dos bairros consolidados do centro histórico. Atravésdesta análise e de um olhar sobre pressões semelhantes a que Barcelona foi sujeita, pretendeu-se perceber como se pode encontrar em Lisboa um equilíbrio saudável entre visitantes e visitados.