Platão. Górgias. (original) (raw)
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Archai, 2019
Translation of Plato's Hippias Major into Portuguese with a few notes. Versão final (publicada) da tradução do 'Hípias Maior' de Platão para o Português, com algumas notas.
Letras Clássicas, 2008
Para Filomena, que me ensinou a apreciar os trágicos, do eterno admirador e aluno. Resumo: Este texto pretende analisar o conhecido relato do Oráculo de Delfos na Apologia de Sócrates, como um caso exemplar de um procedimento tipicamente platônico de retomar formas discursivas tradicionais, para criticar a visão de mundo que as fundamente, de modo a defender suas próprias ideias e filosofia.
A imagem do kinaidos no "Górgias" de Platão
Archai: As Origens do Pensamento Ocidental, 2018
Na parte final do Górgias, Sócrates usa um exemplo para tentar embaraçar Cálicles e, com isso, confrontar sua posição hedonista. O termo kinaidos pode causar certo constrangimento nos tradutores, intérpretes e leitores contemporâneos do diálogo – a expressão é traduzida, em edições em português, como “devasso” e até mesmo “veado”. Sócrates sugere que, se aceitarmos a identificação entre bem e prazer, seria preciso admitir que a vida do kinaidos é a vida de uma pessoa feliz. Mas o que exatamente é a vida do kinaidos? Por que ela não pode ser o exemplo de uma vida feliz? Ainda que a imagem seja rapidamente abandonada, o artifício argumentativo de Sócrates mostra-se decisivo para o desenrolar da discussão do Górgias. Portanto, enquanto essas perguntas não forem adequadamente respondidas, o argumento de Sócrates permanecerá parcialmente ininteligível. Inicio o presente artigo tentando demonstrar a importância do kinaidos como exemplo culminante em um processo de refutação por imagens desencadeado por Sócrates. Em seguida, analiso o estado da questão e demonstro por que os estudos do nível de importância de Charles Kahn, Kenneth Dover e John Winkler ainda não foram capazes de contemplar todos os aspectos do emprego desta imagem no Górgias. Por fim, tento propor uma interpretação segundo a qual a menção ao kinaidos seria uma resposta de Platão contra teses anti-intelectualistas em voga, tal qual a presente na Antíope de Eurípides. Essa resposta, por sua vez, cumpre papel crucial no projeto platônico de legitimar e delimitar a filosofia contra a prática da retórica.
A Retórica segundo Górgias e os clássicos
O presente trabalho tem como finalidade chegar a uma visão mais objetiva da retórica como transmissora de conhecimento, confrontando a ideia apresentada por Platão em seu diálogo intitulado Górgias e aquela apresentada pelo próprio Platão em Fedro e por três autores posteriores: Aristóteles, Cicero e Quintiliano. Em um primeiro momento se apresentará um breve contexto histórico da Grécia Clássica com o objetivo de entender o rol da retórica na sociedade grega, e depois, passando pelas diversas interpretações dos autores sobre a retórica, trataremos de dar uma visão objetiva sobre este ponto.
Letras Clássicas, 2000
Tem este texto por objetivo evidenciar relações que Aristóteles estabelece entre a poesia, a retórica e a sofística, principalmente na Poética, na Retórica e nos Elencos sofísticos, confrontando-as com o que transparece dos escritos de Górgias, sobretudo o Elogio de Helena. O ponto de partida é um rol de procedimentos da linguagem – isto é, da léxis e não do logos – que, tanto na Poética como nos Elencos, Aristóteles identifica como sendo distintos dos da dialética. Nas duas obras, a lista de procedimentos é idêntica, mas, em um caso (na Poética, eles são legitimados em termos da propriedade elocutiva da poesia e, no outro (nos Elencos, são rejeitados como fazendo parte das falácias sofísticas.
Sofística e Retórica no Górgias de Platão
Araucaria. Revista Iberoamericana de Filosofía, Política, Humanidades y Relaciones Internacionales, 2020
O presente artigo versa sobre as origens do pensamento grego sobre a retórica no período clássico. Partindo da tese de Edward Schiappa e Thomas Cole segundo a qual retórica, enquanto disciplina bem delimitada em oposição a outras formas de discurso, só pode ser considerada como tal após o diálogo Górgias de Platão (e, posteriormente, ao tratamento de Aristóteles na Retórica), buscamos mostrar como o pensamento filosófico do séc. IV a.C. se apropriou de tópicos e especulações de viés teorizante presentes na literatura do final do séc. V e início do séc. IV a.C. Para tal fim, analisamos três passagens-chave da História Guerra do Peloponeso de Tucídides (Th. 2.65, 3.38, 5.85), em que o historiador reflete de maneira crítica sobre a prática da oratória política no contexto da democracia ateniense, para mostrar como problemas atinentes ao discurso político discutidos ali reaparecem no tratamento sobre a retórica no Górgias de Platão.
A retórica platônica no diálogo Górgias
Revista Ética e Filosofia Política, 2022
A presente pesquisa busca refletir, a partir do Górgias de Platão, sobre a controversa estratégia que Sócrates utiliza para desqualificar a retórica sofista, definida por ele como uma falsa tékhne no âmbito da justiça. Surpreende neste diálogo a intensa carga dramática aplicada por Platão nas refutações de Sócrates contra as convicções de Górgias, Polo e Cálicles, combinando recursos retóricos, a fim de levá-los à contradição e, assim, “vencer” o debate. O uso da makrologia, da crítica ad hominem, de uma terminologia ambígua e, claro, da vergonha que suscita em seus oponentes, nos apresentam uma face singular do elenchos socrático, que desperta diretamente os protestos e a hostilidade por parte de Polo e Cálicles. Mas o que justifica a forte carga dramática platônica que aproxima a habitual retórica sofista do método usado por Sócrates? O estudo aqui apresentado, apoiando-se no cruzamento tanto das leituras textuais e subtextuais, como das argumentativas e dramáticas no Górgias, vê na genialidade literária platônica um lugar de destaque para uma articulação de sua prática discursiva com a mesma sofística que ele combatia, e que o teria levado à arena do visceral embate político ateniense.
As retóricas na crítica do Górgias de Platão (MYNSSEN, 2021)
As retóricas na crítica do Górgias de Platão (MYNSSEN, 2021), 2021
Bacharel em Direito pela UFJF. Mestrando em Filosofia pela UFMG Palavras-chave: Retórica; Górgias; Platão. 1. Introdução O presente resumo aborda a questão do significado do Górgias no tratamento feito por Platão em relação ao tema da retórica. Apresenta parte de investigação sobre a extensão da crítica feita no diálogo frente às práticas persuasivas e atua como provocação às interpretações que o leem como uma ofensiva a toda e qualquer atividade retórica. O resumo desenvolve-se na seguinte ordem: faz-se breve apresentação da problemática que motiva o estudo; explicamse os principais movimentos de cada ato do Górgias; expõe-se hipótese interpretativa de que o diálogo critica um tipo de retórica, mas propõe modalidade alternativa da prática; e, por último, são feitas considerações sobre as conclusões destacadas no texto. 2. Problemática O Górgias é um diálogo plural: apresenta reflexões variadas sobre retórica, justiça, poder, felicidade, política e diversos outros assuntos no longo debate entre Sócrates e seus interlocutores (Górgias, Polo e Cálicles). A sua pluralidade temática é acompanhada ainda por uma pluralidade de interpretações sobre a intenção de Platão ao criar a obra. Nas discussões sobre retórica, por exemplo, por muito tempo considerou-se o Górgias um ataque do filósofo à prática, que seria por ele entendida como prática persuasiva repudiável, associada à atividade dos sofistas e percebida como contraparte da arte filosófica discursiva por excelência-a dialética 1. Nas últimas décadas, entretanto, esta visão tradicional, de um Platão inimigo de toda retórica, vem perdendo espaço para uma nova linha interpretativa, que considera a crítica realizada no Górgias como uma investida voltada apenas a um tipo específico de retórica 2. Para esclarecer a questão dos contornos da crítica de Platão à retórica no Górgias, fazse necessário analisar as principais etapas da investigação (ou confronto) de Sócrates com seus