Luiz Nazario - Sodomia e fascismo segundo Pasolini (2015) (original) (raw)

Luiz Nazario - Pasolini 'noir' (2017)

Pier Paolo Pasolini (Bologna, 1922 -Roma, 1975 cedo demonstrou sua fascinação pelo universo noir ao evocar na novela autobiográfica Amado mio, escrita entre 1946 e 1948, e publicada apenas em 1982, os números musicais glamorosos de Rita Hayworth em Gilda (Gilda, 1946), de Charles Vidor, como um ritual de iniciação à homossexualidade. 1 Nos anos de 1940-1950, o cinema noir encantava Pasolini, que não perdia um filme de Alfred Hitchcock, decepcionando-se apenas com North by Northwest (Intriga internacional), conforme escreveu num balanço que fez do cinema do ano de 1959: "Entre os filmes americanos, lembrarei somente a primeira decepção que me fez Hitchcock, com Intriga internacional. Digo bem a primeira, depois de dezenas e dezenas de êxitos maravilhosos." 2 . Ao iniciar sua carreira no cinema como roteirista profissional, Pasolini imprimiu na trama dos filmes que escreveu para outros diretores uma visão sombria não apenas da juventude burguesa, mas também dos jovens marginais, que ele já via se tornando cada vez mais violentos sob o efeito do consumismo. Nesses roteiros também encontramos a lembrança da fase mais sombria e assassina do fascismo italiano, quando, sob a ocupação alemã, depois de deposto e encarcerado, Mussolini foi resgatado pelos alemães e passou a governar no norte do país, na chamada República de Salò. A carreira de roteirista de Pasolini começa com La donna del fiume (A mulher do rio, 1954), de Mario Soldati. Com esse primeiro trabalho professional no cinema, o escritor, que vivia à míngua numa casa pobre de Ponte Mammolo, na periferia de Roma, não precisou mais lecionar em Ciampino por um salário miserável, e mudou-se para um apartamento confortável da Via Fonteiana, no elegante bairro de Monteverde.

Luiz Nazario - Arte nazista em documentários (2018)

Revista de Estudos Judaicos, 2018

Página 1 de 28 ARTE NAZISTA EM DOCUMENTÁRIOS Luiz Nazario Doutor em História Social pela USP e Professor Associado IV na área de Cinema e História na Escola de Belas Artes da UFMG. Bolsista de Produtividade do CNPq, com a pesquisa Cinema e Holocausto. Autor de diversos livros, dentre os quais: Autos-de-fé como espetáculos de massa (Humanitas, 2005); Todos os corpos de Pasolini (Perspectiva, 2007); e O cinema errante (Perspectiva, 2013). Resumo: Breve panorama do papel da arte no 'Terceiro Reich', seus registros nos cinejornais da época e os questionamentos que ela suscitou nos documentários produzidos no pós-guerra, que tentaram compreender como e porque artistas renomados colaboraram de forma intensa com o regime: o arquiteto Albert Speer, em Arquitetura da destruição (Undergångens arkitektur, 1989), de Peter Cohen; o escultor Arno Breker, em Tempo dos deuses (Zeit der Götter, 1993), de Lutz Dammbeck; e o compositor Norbert Schultze, em Beijando o traseiro do diabo (Den Teufel am Hintern geküßt, 1993), de Arpad Bondy e Margit Knapp.

Luiz Nazario - O outro cinema (2007)

Capucine e Madonna. Em The Hollywood Lesbians, Boze Hadleigh destaca as comediantes Patsy Kelly, Nancy Kulp e Marjorie Main, esta, famosa por seus papéis de mãe durona e esposa autoritária, e que teve um affair com Spring Byington, atriz que encarnava mães doces, frágeis e carinhosas.

Luiz Nazario - Jacques Tati, ou a catástrofe da modernidade (2020)

Desdobramentos das linguagens artísticas: Diálogos interartes na contemporaneidade Bene Martins & Joel Cardoso Organizadores Programa de Pós-graduação em Artes (PPGARTES-UFPA, 2020

Toda forma de arte, porém, nasce e vive de acordo com suas leis particular. Quando as pessoas falam sobre as normas específicas ao cinema, fazemno em geral em comparação com a literatura. Na minha opinião, é extremamente importante que a interação entre cinema e literatura seja explorada e exposta o máximo possível, para que as duas atividades possam, afinal, se separar e nunca mais voltem a ser confundidas. Em quais aspectos a literatura e o cinema são semelhantes e correlatos? O que os une?

Luiz Nazario - A propaganda do crime em filmes policiais nazistas (2009)

Crime propaganda in nazi police movies Luiz Nazario* Resumo: Os crimes mais comuns nos filmes policiais nazistas eram a sedução de mulheres, a falsificação de valores, o roubo de documentos e de inventos alemães, a fraude que prejudicava o povo e, sobretudo, o furto de jóias. Os criminosos eram representados com características físicas semelhantes: adiposos, olhar mortiço e sensual, com bigode ornando lábios carnudos. Tais biótipos eram largamente associados aos judeus nas caricaturas antissemitas (nazistas e pré---nazistas), amplamente difundidas nas mídias impressas do Terceiro Reich. Palavras---chave: Cinema. Nazismo. Crime. Abstract: The most common crimes in the nazi movies were the seduction of women, the forgery of amounts, the theft of german documents and inventions, the fraud that damaged the people and overall the theft of jewelry. The criminals were represented with similar physical features: adiposes, dim and sensual look, with mustaches that decorated thick lips. Such biotypes were widely related to the Jewish in the anti Semitic caricatures. Nazi and pre Nazi widely spread in the press media of the Third Reich. Keywords: Cine. Nazism. Crime. No Primeiro Congresso Internacional do Filme (Berlim, 1935) o Ministro da Cultura e do Esclarecimento Público do Terceiro Reich, Joseph Goebbels, ao apontar o realismo como a estética desejada pelo regime, decretou o fim das produções influenciadas pelo dadaísmo, pelo expressionismo e pelo surrealismo; e dos filmes de fantasia e de terror, que tanto haviam marcado o cinema mudo da República de Weimar. Passaram a ser privilegiados gêneros tipicamente alemães, como os Preussenfilme (filmes prussianos); os Heimatfilme (filmes de terra natal), os Ärtzefilme (filmes de médicos) e os Bergfilme (filmes de montanha), além dos gêneros tradicionais do cinema narrativo (comédias, musicais, melodramas, policiais). Os gêneros tradicionais sofriam, contudo, um "tratamento ideológico". O realismo nacional---socialista incluía uma visão de mundo antissemita. Essa visão era mantida como pano de fundo nas tramas e na criação de novos vilões, caracterizados segundo biótipos sociais. Eram eles: o "sedutor", que corrompia a pureza de jovens louras; o "vigarista casamenteiro", que explorava mulheres ingênuas; o "capitalista" (plutocrata, banqueiro, comerciante, financista, mercador), que prejudicava o povo com sua ganância, seu egoísmo, sua avareza, seu amor ao dinheiro; o "falsário", que falsificava valores; o "espião russo", que roubava segredos de sábios alemães; o "colonialista inglês", apresentado como aventureiro inescrupuloso e brutal criminoso; o "jornalista sensacionalista", mostrado como serpente venenosa abrigada nas covas da democracia; o "tirano estrangeiro", homem cruel que protegia os "inimigos da humanidade". Os crimes mais comuns nos filmes policiais nazistas eram a sedução de mulheres, a falsificação de valores, o roubo de documentos e de inventos alemães, a fraude que prejudicava o povo e, sobretudo, o furto de jóias. Em Stern von Rio (1940), de Karl Anton, com ação passada no Rio de Janeiro, um mineiro pobre, descobre numa um precioso diamante ("A Estrela do Rio"), e presenteia---o ingenuamente à sua amada, a mulata Concha (La Jana); o mineiro é preso e o diamante volta à posse do dono da mina, o rico Don Felipe (Gustav Diessl). Concha tudo faz para reconquistar "seu" diamante, tramando o roubo da pedra junto com uma quadrilha. Mas o bando age às costas da mulata. A trama policial é resolvida em Amsterdam com o concurso de um detetive: "A Estrela do Arquivo Maaravi: Revista Digital de Estudos Judaicos da UFMG. Belo Horizonte, v. 3, n. 5, out. 2009. ISSN: 1982---3053.