O cinema hollywoodiano e a representação latina (original) (raw)

Perdidos na tradução: as representações da latinidade e as versões em espanhol de Hollywood no Brasil (1929-1935)

Esta tese aborda a circulação no Brasil de versões em espanhol produzidas por estúdios de Hollywood nos primeiros anos do cinema sonoro. Procuramos identificar nestes filmes algumas representações que os produtores norte-americanos vincularam à identidade latina. Temos o Rio de Janeiro e São Paulo como recorte geográfico, a partir da pesquisa histórica de recepção nas revistas Cinearte e A Scena Muda e nos jornais Correio da Manhã e O Estado de São Paulo. Entre 1930 e 1935, esses periódicos mencionaram uma série de produções hollywoodianas em língua espanhola, que nossas revistas consideraram inferiores aos filmes originais em inglês devido à barreira da língua e aos padrões de qualidade cinematográficos estabelecidos. Visamos demonstrar como a recepção das versões pela imprensa carioca e paulistana marcou o distanciamento que alguns grupos de nossa elite cultural projetavam em relação à América Latina, bem como um espelhamento nos Estados Unidos, afirmando uma relação imperialista pela via da cultura.

A representação musical do nativo americano no cinema

Revista da Tulha, 2018

Este artigo busca demonstrar as formas de representação do nativo americano por meio da música no cinema ao longo do século XX, partindo das primeiras coletâneas utilizadas para acompanhamento musical durante o cinema silencioso até a música original composta para filmes dos anos 1930 a 1990. Para tal, estenderemos o conceito de tópica musical, tal como formulado por Ratner, Agawu e Hatten, para o âmbito da música de cinema, a fim de compreender o desenvolvimento das tópicas nativo americano selvagem e nativo americano nobre, bem como experiências de inclusão da autêntica música indígena na trilha musical cinematográfica.

As línguas nativas no cinema da América Latina

IMAGOFAGIA No 6, 2012

As Línguas Nativas no Cinema Latino-americano Poucos são os filmes falados em língua nativa latino-americana. Em 1937, Humberto Mauro introduziu algumas frases em tupi no filme Descobrimento do Brasil, com o objetivo de formular um mito fundador do Brasil que reunisse o índio, o português e seus respectivos idiomas como origem do povo brasileiro. Esse filme fazia parte do projeto do Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE), que seguia as diretrizes da política do Estado Novo. O governo de Getúlio Vargas promoveu a

PAISAGENS URBANAS E ESPAÇOS DE REPRESENTAÇÃO NO CINEMA LATINO- AMERICANO

O objetivo deste trabalho é identificar as paisagens urbanas construídas nos filmes Pelo Malo (Mariana Rondón, 2013), 7 Cajas (Juan Carlos Maneglia e Tana Schémbori, 2012) e Ausência (Chico Teixeira, 2015) como cenários para a representação dos processos sociais vigentes, respectivamente, nos países da Venezuela, Paraguai e do Brasil. Visto isso, entendemos que os três filmes latino-americanos constituem um painel imagético por onde percebem-se os diferentes modos de subjetividades e de construção de identidades nos espaços de representação e que os espaços urbanos representados corporificam as mudanças sócio-políticas das cidades. Dessa forma, através de suas narrativas sociais os filmes contribuem para identificar como estão postas as perspectivas, os desafios e os paradigmas existentes nos recortes espacial, histórico e cultural da América Latina.

Cinema e América Latina estética e culturalidade

Cinema e América Latina: estética e culturalidade , 2016

Os capítulos publicados neste livro são o resultado dos trabalhos apresentados no Seminário Temático Cinema e América Latina: hibridismos, debates estético-historiográficos e culturais, iniciado em 2013, cujo objetivo principal foi discutir a produção audiovisual na América Latina, considerando suas especificidades, hibridismos e paralelismos. Os ensaios analisam a totalidade do fenômeno audiovisual, a saber, produção, distribuição, exibição e recepção, buscando estabelecer um campo de reflexões sobre o audiovisual e o continente latino-americano e suas relações com países vizinhos. Para esse intuito, lançamos mão de análises sobre aspectos culturais, estéticos, econômicos, políticos, sociais, institucionais e tecnológicos. Nossos agradecimentos à SOCINE, por ser um fórum privilegiado para a pesquisa e ensino do audiovisual no Brasil e pelo suporte e confiança em nosso trabalho. A partir dos anos 1960, com a irrupção do Nuevo Cine Latinoamericano (NCL), o cinema da América Latina chamou a atenção internacional, estabelecendo um diálogo com a crítica e a teoria estrangeiras ao buscar se auto definir, ou seja, compreender as suas singularidades estéticas e ideológicas, a partir sobretudo de contraposições às produções estrangeiras ou regionais anteriores ao NCL. Portanto, ao se tornar um marco referencial nas discussões sobre cinema e América Latina, o NCL sofre o risco de “monumentalização”, convertendo-se no código pelo qual tudo o que deve ser entendido por “cinema latino-americano” deve ser interpretado. Frisamos que a maior vítima desse impulso “monumentalizador” é o próprio NCL, uma vez que se apagam, desse modo, as suas nuances e contradições, inerentes a qualquer processo artístico. Portanto, o propósito de reunir pesquisas sobre o Audiovisual e a América Latina objetivou estabelecer um campo de reflexões sobre o tema seguindo o esteio da revisão historiográfica. Por isso, a necessidade de um procedimento interdisciplinar ao estabelecer novos recortes e vieses de estudo. Assim, o presente livro visa divulgar o trabalho de pesquisadores preocupados em propor outros métodos teórico-metodológicos na abordagem sobre a cultura e o fenômeno audiovisual na América Latina. Entre as nossas preocupações está estabelecer outras propostas de estudos sobre movimentos estéticos consolidados na historiografia; analisar filmes e realizadores subestimados pela crítica e historiografia e pelos estudos acadêmicos; acampar estudos em áreas tradicionalmente não abordadas, como a recepção e a preservação; debates sobre a produção e a recepção da produção contemporânea e propor estudos que interrelacionem o audiovisual brasileiro com o restante da América Latina, visando inserir as preocupações em torno do cinema brasileiro com as cinematografias vizinhas. (...) Esperamos que este volume possibilite estabelecer um campo de reflexões sobre a produção audiovisual e cultural na América Latina. As múltiplas perspectivas sobre o assunto, através de um procedimento interdisciplinar, buscaram novos recortes e vieses de estudo. O presente volume buscou também nuclear pesquisadores preocupados em propor outros métodos teórico-metodológicos na abordagem sobre o fenômeno audiovisual na América Latina. Entre as nossas preocupações está estabelecer outras propostas de estudos sobre movimentos estéticos consolidados na historiografia; analisar filmes e realizadores subestimados pela crítica e historiografia e pelos estudos acadêmicos; acampar estudos em áreas tradicionalmente não abordadas, como a recepção e a preservação; debates sobre a produção e a recepção da produção contemporânea e propor estudos que interrelacionem o audiovisual brasileiro com outras experiências latino-americanas e inter-hemisféricas, visando enfatizar aproximações e distanciamentos entre o cinema brasileiro e as cinematografias outras. Desejamos uma boa e produtiva leitura a todos.

A REPRESENTATIVIDADE DE MULHERES LATINAS NO CINEMA: REVISÃO SISTEMÁTICA

Boletim de Conjuntura (BOCA), 2023

Cinema is a form of artistic expression that has great social impact, contributing to the formation of values, opinion, dissemination of ideas, ideologies and cultures. Thus, the present study is a systematic review whose objective was to analyze, in the human sciences, articles, theses and dissertations published on the participation of Latina women in cinema. The research was carried out in four databases: PePSIC, Google Scholar, Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) and ProQuest, and the last one includes nine other databases, chosen by convenience in the period from December 16 to January 3, 2023. The descriptors "cinema", "latin women" and "representation" in Portuguese, English and Spanish, and the Boolean operators "AND" and "OR" were used, and 15 studies were located (eight articles, five theses and two dissertations). Three categories of analysis were elaborated: 1) Cinema, a look at the Latin woman; 2) Cinema and the eroticization of the Latin woman; and 3) Cinema as feminine resistance analyzed in the light of the Cultural-Historical Psychology theory. The results indicated the scarcity of scientific work in the area, the eroticization of the female figure, the colonial and patriarchal look, and the perpetuation of stereotypes. However, the female struggle to find her own space and tell her own story, to break with the standards imposed by years of slavery and forced subservience, was evident.

O Western Noir e a influência germânica no cinema de Hollywood

A influência germânica no cinema de Hollywood, traduzida na emergência do film noir em meados da década de 1940, fez-se igualmente sentir em géneros clássicos como o western, no qual surgiram obras caraterizadas por um profunda ambiguidade formal, resultado da introdução do estilo e dos temas do film noir no mais americano dos géneros cinematográficos. Frequentemente classificados de western-noir, filmes como Blood on the Moon e Pursued, representaram não só uma importante etapa na evolução western, como também um prenúncio da agonia do cinema clássico.

Cinema Clássico Hollywoodiano

Desde 1895, ano oficial que os críticos e historiadores dizem ter sido criado o cinema, que os filmes são realizados em diferentes culturas e com diferentes propósitos. Diversas escolas e gêneros apareceram durante a história do cinema, mas foi o chamado Cinema Clássico Americano o responsável pela formação da indústria cinematográfica. Com a I Guerra Mundial (1914Mundial ( -1918 em curso, a produção cinematográfica européia foi abalada e já nesta época Hollywood começava a despontar com seus grandes estúdios e realizadores como D W. Griffith, por exemplo, e no final da primeira década do século XX chegava à liderança do mercado mundial. Hollywood, com um novo sistema de produção, trabalhava os filmes numa escala industrial para serem distribuídos e exibidos mundialmente: criou o sistema de empréstimo de filmes (anteriormente pertenciam a quem os comprasse e os projetasse), e criou a padronização da película (35 mm) e dos filmes (criação de gêneros: fórmulas próprias e cultivo de público cativo). E é assim até hoje com os famosos Blockbusters (arrasa-quarteirões), conseguindo fazer com que a indústria cinematográfica americana ocupe um dos primeiros lugares no ranking da economia dos Estados Unidos. Atravessou a década de 1920 se estruturando e trazendo muitos profissionais europeus para a América, gente como Charles Chaplin, por exemplo; entrou na década de 1930 com suas indústrias cinematográficas cada vez mais poderosas e continuou trazendo profissionais europeus, gente como Lang, Hitchcock, Wilder, Siodmak e muitos outros. Cada um com sua experiência criativa e com sua contribuição artística a oferecer e a somar com os realizadores americanos, mas todos, sem exceção, embora cada um conseguisse burlar o esquema de um jeito ou de outro, tinham que seguir o modelo hollywoodiano de fazer cinema. Modelo este que tinham opções individualistas onde o personagem principal (a estrela) era de certa forma "fabricado" e os filmes tinham objetivos puramente espetaculares e comerciais (nada diferente dos dias de hoje, não é?), e mantinham uma narrativa alienante fazendo com que o espectador arrebatado pelos aspectos pseudológicos e afetivos da trama narrada não tivessem a possibilidade de refletir ou assumir um distanciamento crítico com relação à visão do mundo que lhe é apresentado. Esta narrativa clássica tinha coerência e impacto dramático, fazendo com que o espectador fosse capturado pelo filme. Dizem os críticos que Hollywood inventou uma arte que não observava o princípio da composição contida em si mesma e que, não apenas eliminou a distância entre o espectador e a obra de arte, mas deliberadamente criou a ilusão, no espectador, de que ele estava no interior da ação reproduzida no espaço ficcional do filme. Naquele tempo o espectador assistia aos filmes no cinema, diferentemente de hoje que há outras opções, e se encontrava numa sala escura, isolado do mundo exterior, e se encontrava num estado para-hipnótico propício para ser arrebatado pela narrativa do filme e então se identificava com o personagem principal dando a resposta esperada dos produtores dos grandes estúdios. E desta forma descarregava o peso do dia a dia, aliviando as próprias paixões, através das situações vividas pelos atores, canalizando seus desejos e frustrações. E desta forma saía da sessão de cinema satisfeito e apaziguado, pronto para retomar sua vida cotidiana. Algo como acontece com os filmes americanos da fase contemporânea (após 1970), quando utilizam a narrativa melodramática da época da fase de ouro de Hollywood, mesmo que estes filmes não sejam obras-primas no tocante a sua realização sem retoques e sem defeito. Um exemplo é o filme "Titanic" (1999) de James Cameron, por exemplo, que comprova que o bom e velho melodrama ainda funciona muito bem com o espectador. Ainda que com tomadas de câmeras mais rápidas do que os clássicos da fase de ouro de

O Imaginário Pandêmico No Cinema Hollywoodiano

2023

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Filmação e representação

RESUMO O presente artigo discute como a produção de um filme com o batuque de Ponto Chique e outros grupos de batuques vizinhos, ligados pelo rio São Francisco, mobiliza processos sociais e estéticos, ou seja, como o filme, enquanto processo de produção e exibição, se insere nessa relação entre drama estético, drama social e drama ritual. A partir do diálogo com autores da teoria da performance, o ponto de partida é discutir categorias como representação, drama e montagem, compreendendo a filmação como a materialização desse espaço fluído em que se assenta a cultura batuqueira/vazanteira. A partir do método etnográfico, o artigo busca refletir sobre as relações entre as montagens batuqueiras e as montagens do filme como ficção e fricção entre passado e presente. Opera-se com a hipótese de que os fragmentos do passado organizam o tempo fílmico e podem constituir uma temporalidade própria dos batuques.