Da tradição a Modernidade e de volta Novamente – O Caso da Toponímia da Cidade de (original) (raw)

Da tradição a Modernidade e de volta Novamente -O Caso da Toponímia da Cidade de Maputo

O presente estudo, que se enquadra na área de Sociolinguística Urbana e em particular no contexto dos estudos de Paisagens Linguísticas (Linguistic Landscapes) faz uma trajectória histórica do processo de urbanização na Cidade de Maputo, prestando especial atenção a sua toponímia, isto é, aos nomes atribuídos a alguns dos principais bairros, distritos urbanos, avenidas e vias públicas na Cidade de Maputo. O estudo defende que a análise do processo de arruamento ou urbanização na sua vertente de atribuição de nomes às principais artérias da Cidade de Maputo evoca claramente a história pré-colonial e colonial, transmitindo noções de língua e identidade, revisitando o Moçambique pós-independência, a questão das demandas que as línguas presentes na paisagem linguística urbana fazem sobre as abordagens teóricas para o multilinguismo, bem como a orientação e alianças político-ideológicas deste país do sul do índico. Em última instância, este estudo sociolinguístico defende que a nova toponímia da Cidade de Maputo apresenta sinais que indicam um interesse em resgatar as nossas culturas e tradições.

Toponímia e memória: nomes e lembranças na cidade

Linha D'Água, 2014

Resumo: Este trabalho reflete sobre toponímia e memória, considerando o ato de nomear lugares como um discurso em que se entrecruzam a memória oficial (que marca no nome relações de poder) e a memória coletiva (que traz o nome espontâneo, descritivo, e que deixa entrever, nas interpretações, o desejo de pertencimento como motivador). Através da revisão de textos teóricos (Dauzat e Dick sobre toponímia, Lowenthal e Schama sobre memória) e recorrendo, nos exemplos, a investigações já feitas sobre a toponímia de Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, apresenta-se uma relação entre toponímia, história e memória e seu papel determinante nas denominações.

A batalha dos topônimos: reversão toponímica nos primórdios da Cidade de Belo Horizonte

Humanidades & Inovação, Palmas, v. 9, n. 21, p. 84-100, 2022

Este estudo teve como objetivo analisar o processo de reversão toponímica na cidade de Belo Horizonte efetuado pela Lei Municipal nº 182, de 13 de outubro de 1919. A análise teve como fundamento teórico os modelos taxonômicos de toponímia de Dick (1990) e Seabra (2016). Testou-se a hipótese de que a reversão foi motivada pelo fato de as mudanças precedentes na toponímia da cidade, entre 1908 e 1918, não estarem em conformidade com os padrões de atribuição de topônimos de Aarão Reis no planejamento da cidade em 1895. Defendeu-se que a hipótese procede em função de ter havido a inovação de homenagear figura pública vinculada à área da ciência com a Lei Municipal nº 127, de 3 de abril de 1917, tipo de prática ainda inexistente no sistema de 1895. Entretanto, foi possível identificar também um embate de fundo ideológico, relacionado à visão de mundo dos envolvidos, com oposição entre o acadêmico e o político. / This study aimed to analyze the process of toponymic reversion in the City of Belo Horizonte carried out by Municipal Law no. 182, of October 13, 1919. The analysis was based on the taxonomic models of toponymy by Dick (1990) and Seabra (2016). It was tested the hypothesis that the reversion was motivated by the fact that the previous changes in the city's toponymy, between 1908 and 1918, did not conform to the patterns of place names attribution of Aarão Reis in the city planning in 1895. It was argued that the hypothesis proceeds due to the innovation of honoring a public figure linked to the area of science with Municipal Law nº 127, of April 3, 1917, a type of pratice that still did not exist in the system of 1895. However, it was also possible to identify an ideological clash, related to the worldview of those involved, with opposition between the academic and the political.

A toponímia, fonte histórica também para a República

Ao longo de todos os tempos, descerrar uma placa ou lavrar uma inscrição constituiu reflexo de condicionalismos históricos, considerados, no momento, dignos de serem perpetuados. Nesse âmbito, a partir da segunda metade do séc XIX, a toponímia foi alvo predilecto dessas intenções. E a implantação da República postulou, pois, a rejeição do passado e a exaltação dos novos heróis e das novas datas simbólicas – que até hoje perduram na toponímia urbana por todo o País. L’inscription s’est fait toujours l’écho de faits historiques censés dignes d’être perpétués. En tout cas, c’est seulement à partir de la 2ème moitié du XIXème siècle qu’identifi er épigraphiquement un toponyme en milieu urbain est devenu une habitude et un rituel. L’implantation de la République au Portugal (Octobre 1910) a déterminé ainsi la rejection du passé monarchique et, d’autre part, l’exaltation des nouveaux héros et des nouvelles dates symboliques – qui se maintiennent encore aujourd’hui dans la toponymie urbaine du Pays. Inscriptions have always echoed the historical facts that were deemed worthy of being recorded and perpetuated. Nevertheless, it was only after the second half of the 19th century that the epigraphic inscription of toponyms in urban contexts became a habit and a ritual. The establishment of the Republic in Portugal (October 1910) led to the rejection of the monarchical past and the glorifi cation of new heroes and new symbolical dates, which can still be seen today in the urban toponymy of the country.

Cidade Metáfora:(Pós-E Super) Modernidades Construídas

cult.ufba.br

modernidade tudo que é sólido se desmancha no ar. Para Marc Augé os não-lugares são espaços típicos da supermodernidade. Para James Clifford as culturas contemporâneas são viajantes. Para Bruno Latour jamais fomos modernos. Teorias e categorias construídas a partir de contextos-metáforas semelhantes: movimentos das cidades às metrópoles. Esta comunicação problematiza algumas idéias como as citadas. Pensando categorias como moderno, pós-moderno e contemporâneo, que muitas vezes se tornam auto-explicativas e totalizadoras em nosso imaginário, enquanto construções sociais atreladas à diferentes concepções de cidades), seu(s) modo(s) de vida(s) e as formas como são experienciadas.

CIDADES E HISTÓRIA: REFLEXÕES TEÓRICAS NECESSÁRIAS PARA UMA HISTÓRIA URBANA NO TEMPO PRESENTE

O estudo do urbano não é um campo novo na historiografia. Raminelli (1997) nos destaca isso ao debater sobre as primeiras e novas formas de abordagem da história urbana não apenas pelos historiadores, mas também por sociólogos, urbanistas e filósofos. Desde o século XIX que encontramos produções voltadas a história da cidade, estas obras se debruçam sobre os vários períodos da história ao tratarem desde a polis grega ou da cidade medieval, até aos impactos da industrialização promovida pelo capitalismo e às modernas metrópoles de hoje. O surgimento de novos paradigmas (positivismo, materialismohistórico, história nova, etc.) e o avanço da historiografia no que diz respeito à ampliação das fontes históricas, campos de conhecimentos e a interdisciplinaridade, marcaram bastante o norte de estudo desses historiadores que trabalham com objetos inseridos em um contexto urbano: política, economia, religião, cultura, arquitetura, biografias, entre outros. Dessa forma, nos vem a problemática de definição do que seria então a história urbana, já que de uma forma ou de outra a história de cidades, segundo Silva (2002, p 76), "se confunde com a própria história das civilizações e do território (história local, história dos países e das regiões)". Este autor aprofunda o debate acerca da construção da história urbana enquanto campo específico do conhecimento que vai se efetivar a partir principalmente da segunda metade do século XX sob forte influência da historiografia britânica e estadunidense, mas sem superar a polêmica das várias modalidades historiográficas que podem ser trabalhadas sob esse prisma. As tentativas de se construir um saber total, isto é, uma teoria geral sobre o urbano, não conseguiram se efetivar justamente pela pluridimensionalidade desse campo. Barros (2007) e Monteiro (2012) também dialogam nessa perspectiva, variadas 1 Mestrando em História pelo Programa de Pós-Graduação em História do Instituto de Ciências Humanas Comunicação e Arte da UFAL, cuja pesquisa é financiada por um convênio realizado entre a CAPES e a FAPEAL.

O Fandango de Esporas e a façanha mestiça de reinventar-se na cidade

2016

O Fandango de Esporas e uma tradicao cenico-poetico-musical paulista encontrada em localidades que foram marcadas pela presenca do tropeirismo. Retirada do ambiente rural onde nasceu, ressurge agora nas cidades e reflete a potencia criadora do caipira que, desde meados do seculo XX, tenta reinventar-se nas cidades. A riqueza poetica de suas modas de viola, a vitalidade de sua danca sapateada e a religiosidade marcada pela devocao a Sao Goncalo, um santo violeiro que gosta de musica e danca, sao aspectos que denotam tracos iberico-tupi-caboclos prenhes de uma subjetividade barroca propria de nossa civilizacao externo solar. Sua expressao contemporânea sugere uma forma de contornar o epistemicidio ocasionado pelo exodo rural.

Cidade Contemporânea, Suas (Múltiplas) Representações e Representatividades

arq.urb, 2021

O artigo parte da conceituação de ‘representação’ nos estudos culturais para explorar uma gama de imagens e discursos sobre a urbanização contemporânea, sintetizadas em certos adjetivos aplicados à palavra ‘cidade’ que se tornaram agendas com pautas próprias sobre o que as cidades deveriam almejar. Procura-se observar como essas se relacionam com os propósitos declarados da Agenda 2030 e seus Objetivos do Desenvolvimento Sustentável no que diz respeito às cidades, e como determinados segmentos da sociedade são privilegiados ou preteridos na aproximação ou distanciamento entre os objetivos dessas diferentes abordagens da cidade na atualidade.

A Cidade na Pós-Modernidade: entre a Ficção e a Realidade

Geographia, 2009

Telas falam colorido de crianças coloridas de um gênio, televisor E no andor de nossos novos santos o sinal de velhos tempos: morte, morte, morte ao amor Eles não falam do mar e dos peixes nem deixam ver a moça, pura canção nem ver nascer a flor, nem ver nascer o sol e eu apenas sou um a mais, um a mais a falar dessa dor, a nossa dor (Fernando Brandt 1974) 1