MARANHÃO Fº, Eduardo Meinberg de Albuquerque. Quando Clio encontra Hermafrodito e Tirésias, mas Narciso está no caminho: Reflexões a partir de história oral em ministérios de “cura” de travestis. Esboços, Florianópolis, v. 23, n. 35, p. 210-228, 2016. (original) (raw)

MARANHÃO Fº, Eduardo Meinberg de Albuquerque. “A travesti morreu, mas carrego ela no caixão” e outras histórias vivas: conversão, transfobia religiosa e morte. Revista Brasileira de História das Religiões, v. 10, n. 9, p. 165-216, 2017.

Apresento algumas das formas como a morte está viva em narrativas de pessoas transgêneras e ex-transgêneras. Essa morte se relaciona, por exemplo, com a conversão de corpo e alma de tais pessoas, por vezes empoderada por igrejas cristãs inclusivas (dentre outros espaços possíveis), bem como com a desconversão que se conecta à reversão de corpo, sexo e gênero, operada por ministérios de “cura, restauração e libertação” da sexualidade. Essa análise se fundamenta especialmente em narrativas de pessoas que se identificam como travestis, ex-travestis, transexuais, ex-transexuais e outras mobilidades generificadas, e se relaciona com um contexto marcado por sofismas como cristofobia e cura gay / travesti, por vezes fomentando episódios de transfobia religiosa a partir de um determinado dispositivo da cisnorma, que se associa a regimes de validação do crer religioso/sexual/generificado.

MARANHÃO Fº, Eduardo Meinberg de Albuquerque. Acampa, mona, que este é o Caminho: (Re/des) fazendo gênero em um acampamento de "cura" de travestis. Paralellus, v.8, n.17, pp. 117-151, 2017.

I present in this paper some of the ways the Acampamona, camping of "healing and deliverance" of transvestites, organized by the evangelical mission Salvation, Love and Deliverance (Salvação, Amor e Libertação / SAL), in conjunction with your anonymous ministry transvestites conversion, operates its religious / sexual / gendered discourse, and as such speech acts in connection with the agency itself transvestites, former transvestites and ex-extransvestites in their conceptions of the connection between body and soul. Keywords: "Healing and deliverance" of transvestites, transsexuals and homosexuals; gender, sexuality and religion; former transvestites and ex-ex-transvestite.

MARANHÃO Fº, Eduardo Meinberg de Albuquerque. "Jesus nasceu pra gente que é travesti e trans também, meu bem". O primeiro Natal do Ministério Séfora's de Travestis e Transexuais da CCNEI. Revista Jesus Histórico e sua Recepção, VIII, 15, p. 131-149, 2015.

Apresento neste artigo descritivo, notas introdutórias acerca da primeira cerimônia de Natal do Ministério Séfora’s de Travestis e Transexuais da Comunidade Cristã Nova Esperança Internacional (CCNEI), bem como sobre a gênese desse ministério. Esse texto é produto de minha tese de Doutorado em História Social, em que analisei algumas das múltiplas (re/des)carpintarias identitárias de pessoas transexuais, travestis e ex-travestis a partir de determinados discursos religiosos / generificados / sexuais – ou melhor explicando, o que algumas destas pessoas fazem com o que determinados discursos fazem (ou tentam fazer) delas.

MARANHÃO Fº, Eduardo Meinberg de Albuquerque. “Matando uma leoa por dia”: ideologia de gênero e de gênesis na “cura” de travestis. Correlatio, v.17, n.2, p.107-148, 2018.

Correlatio, 2018

O artigo apresenta uma breve cartografia sobre algumas das concepções teológicas / sexuais / generificadas (que podem ser entendidas como uma certa “ideologia de gênesis”) de duas missões evangélicas paulistas que tem entre seus objetivos a “cura, restauração e libertação” de travestis, a Comunidade Esperança Nova Aurora (CENA) e a Missão Salvação, Amor e Libertação (SAL). Tal ideologia de gênesis, por sua vez, tem se perpetuado a partir da difusão de um sofisma, a ideologia de gênero, também presente em tais compreensões de mundo. O trabalho se fundamentou em sintética observação participante na SAL e em entrevistas de história oral e possibilitou identificar superficialmente algumas das formas como se constituem tais missões e como elas atuam na “conversão de gênero” / “restauração” / “resgate” de travestis

Narrativas orais e (trans)masculinidade: (re)construções da travestilidade

A partir de um estudo etnográfico realizado entre 2003 e 2004 em uma comunidade de travestis que se prostituem em uma região urbana do Rio Grande do Sul, o presente artigo traz à baila uma discussão sobre a identidade travesti. Mais precisamente, analisa-se a construção discursiva da transmasculinidade, ou seja, a “masculinidade” travesti. Essa “masculinidade” específica é o efeito de posicionamentos interacionais adotados em narrativas orais contadas pelas informantes nas quais características ideologicamente tidas como femininas e masculinas são sobrepostas e, assim, as travestis posicionam-se nas fronteiras dos gêneros. Para essa discussão, duas narrativas sobre violência e sobre sexualidade são analisadas sob o prisma da teoria da performatividade para demonstrar o caráter fragmentado, fluido e sempre em devir da travestilidade.

Narrativas orais e (trans)masculinidade: (re)construções da travestilidade (algumas reflexões iniciais)

2012

A partir de um estudo etnografico realizado entre 2003 e 2004 em uma comunidade de travestis que se prostituem em uma regiao urbana do Rio Grande do Sul, o presente artigo traz a baila uma discussao sobre a identidade travesti. Mais precisamente, analisa-se a construcao discursiva da transmasculinidade, ou seja, a “masculinidade” travesti. Essa “masculinidade” especifica e o efeito de posicionamentos interacionais adotados em narrativas orais contadas pelas informantes nas quais caracteristicas ideologicamente tidas como femininas e masculinas sao sobrepostas e, assim, as travestis posicionam-se nas fronteiras dos generos. Para essa discussao, duas narrativas sobre violencia e sobre sexualidade sao analisadas sob o prisma da teoria da performatividade para demonstrar o carater fragmentado, fluido e sempre em devir da travestilidade.

MARANHÃO Fº, Eduardo Meinberg de Albuquerque. Quando Clio encontra Agrado e Desagrado: Mobilidade de gênero a partir de Tudo sobre minha mãe de Almodóvar. Aedos, 25, 11, 2019, p. 400-422.

Aedos, 2019

Este artigo refletirá algumas das múltiplas situações referentes à sensível arquitetura subjetiva de pessoas que se declaram em situações de transgeneridade e de ex-transgeneridade. Para tanto, serão utilizadas personagens metafóricas criadas com objetivos didáticos/heurísticos e inspiradas no filme Tudo sobre minha mãe, de Pedro Almodóvar, bem como as noções de entre-lugares e de não-lugar, respectivamente de Homi K. Bhabha e de Marc Augé. Palavras-chave: gênero e sexualidade; “cura” de travestis e transexuais; entre-lugares.

MARANHÃO Fº, Eduardo Meinberg de Albuquerque. “Falaram que Deus ia me matar, mas eu não acreditei”: intolerância religiosa e de gênero no relato de uma travesti profissional do sexo e cantora evangélica. História Agora, São Paulo, n. 12, p. 198-216, 2011.

Ser homossexual é pecado, abominação ou deformidade moral? Ou Deus ama a todos sem fazer acepção? Estas indagações apontam para a pluralidade de opiniões que atravessam os discursos religiosos acerca da homossexualidade e homoafetividade. Através de trabalho de história oral realizado com líderes e membros de igrejas inclusivas LGBT (que tem pessoas que se identificam como lésbicas, gays, bissexuais e travestis/transexuais como público majoritário), afloraram nas narrativas vivências traumáticas que envolviam a não-aceitação, a rejeição e a exclusão de pessoas identificadas como homossexuais, travestis e transexuais em igrejas católicas e evangélicas. Os entrevistados relataram a internalização da homofobia/lesbofobia/transfobia e momentos de angústia que transbordaram no desenvolvimento de síndromes psiquiátricas, automutilações e tentativas de suicídio. Para contemplar estas experiências, apresento parte de uma entrevista com Josiane Ferreira de Sousa, travesti evangélica, garota de programa, cantora e líder de uma igreja inclusiva LGBT de São Paulo, a ICM (Igreja da Comunidade Metropolitana).